Resenhas - A Mulher, o Estado e a Revolução

Pedro.Henrique 29/04/2021

Um soco no estômago
Acho que o livro demonstra muito bem o que seria uma sociedade socialista se libertando das amarras do capitalismo. Através de tentativas e erros os/as soviéticos foram tentando formar uma sociedade mais igualitária e justa para ambos os sexos. Mostra as mazelas herdadas depois da revolução de 1917 e a dificuldade em supera-las. Logicamente (infelizmente) quem mais sofreu com isso foram as mulheres, que ao mesmo tempo que assumiram maiores cargos e responsabilidades continuaram com as tarefas de casa para cumprir. Acho que deveríamos aprender e muito com as ideias soviéticas de cuidados de casa nas mãos do estado e até certo ponto, do cuidado das crianças. Uma coisas que me impressionou muito foi a voz das mulheres no poder soviético, tinham espaço, menor infelizmente, mas com certeza muito maior em relação as ditas sociedades "livres". Outro ponto a ser tocado é o "amor livre" que acabou se provando um tiro no pé, por conta do machismo preexistente. Enfim, leitura muito gostosa apesar de um conteúdo denso a autora soube trazer inúmeras fontes e escreveu de um maneira muito confortável um conteúdo tão complicado de se abordar quanto esse.

Natasha.Louredo 16/04/2023

Uma análise da Revolução Russa
Este livro "Mulher, Estado e Revolução", da autora Wendy Goldman faz uma análise da Revolução Russa, relatando com maior enfoque nos direitos das mulheres, na participação feminina nos movimentos revolucionários, no amor livre, no poliamor e na evolução dos Códigos da Família daquela época.

Desde o começo, a autora e historiadora deixa bem claro que defende o  movimento feminista de esquerda e o quanto a União Soviética se mostrou avançada em relação aos direitos das mulheres, garantindo a elas direitos que até hoje os ocidentais não foram capazes de garantir, como o direito ao aborto.

O livro retrata também as dificuldades enfrentadas para defender esta posição, destacando cada retrocesso e cada avanço na expectativa de extinção da família. Além disso, mostra as contradições e dificuldades na implementação do direito ao divórcio como elemento fundamental se avançar na realização da união livre.

A autora relata a vida das famílias que vivem na cidade e que tem jornadas duplas ou triplas de trabalho, das que vivem no campo e enfrentam tudo sem ao menos ter direito a terra e relata também a vida das crianças que não tem lar, os que foram abandonados pelos pais e o que o governo tenta fazer para ajudá-los.

Giovanna 22/05/2020

quantos anos será que ela levou pra escrever esse livro porque tem tipo MUITAS fontes e é muito bem pesquisado. minha única "crítica" é que a análise sobre a política estatal do Stalin podia ser um pouco mais aprofundada, mas no geral, como diria o prof Tiago Duque, para se pensar muitas coisas...

Marina 21/08/2022

A Revolução Russa me interessa muito e adorei ler esse livro que mostra com detalhes como foi a participação da mulher soviética na revolução e na sociedade, quais problemas ela enfrentava, como a teoria do movimento foi barrada pelo dia a dia e pelo pensamento machista presente na maior parte da população. Os fatos tratados datam dos primeiros anos da União Soviética.
É impressionante perceber como a revolução foi vanguardista na questão dos direitos das mulheres e da igualdade de gênero, sendo inclusive mais progressista que o Brasil do século XXI. E é igualmente triste ver porque esses ideais não deram certo.
Livro muito bem escrito, muito bem fundamentado e imprescindível para quem se interessa pelo tema.

Pedro Henrique Quiste 09/11/2020

O melhor trabalho de pesquisa que já li na vida - e essencial para o século XXI
Não consigo enfatizar o suficiente quão bom esse livro é. Wendy Goldman fez um trabalho fenomenal coletando centenas (literalmente) de fontes, citações e documentos oficiais e não-oficiais. Mas, acima de tudo, esse é um livro que fornece ajuda para uma reflexão sobre os direitos das mulheres e crianças no século XXI.

A obra é uma releitura perfeita da vida social da União Soviética entre 1918 e 1936, mas a descrição das ideias progressistas e dos códigos populares ali na década de 20 faz o livro se tornar atual. Podemos observar ideias que existiam naquela época e ainda são renegadas no Brasil do século XXI, por exemplo.

Apesar de ser uma pesquisa bastante específica sobre o contexto russo, há muito para aprendermos com o progressismo da primeira década da URSS e muito para evitarmos da segunda década em diante. Um livro atemporal e importantíssimo.

Kristhine Santos 31/12/2022

Ótimo livro
Esse livro nos mostra como, mesmo com toda a dificuldade e contradições, a URSS foi o país em que os direitos das mulheres evoluíram mais e que as conquistas dos nossos direitos só acontecerão com uma mudança estrutural do sistema.

Mari 19/06/2023

Leitura importantíssima
A condição feminina vinculada aos fatores materiais é descrita em detalhes por Wendy Goldman nessa obra. ?O legado do subdesenvolvimento russo, a falta de recursos estatais, o peso da economia, da sociedade e das tradições camponesas atrasadas, a devastação da base industrial durante o período de guerra, o desemprego, a fome e a pobreza foram fatores que minaram gravemente a primeira visão socialista?

Halfleggr 24/10/2018

Que revolução!
O livro é ótimo pra quem gosta de saber mais sobre a revolução russa, trazendo aspectos e informações que passam despercebidos em outros trabalhos. Sabemos muito das revoltas, da parte econômica e militar pós 1917, mas a parte familiar e da mulher é quase um fantasma.

Nesse livro temos informações precisas e bem técnicas sobre todos esses aspectos. Conseguimos entender com a leitura como as ideias revolucionárias abordavam esses assuntos e como elas foram sendo modificadas ao longo da década de 1920.

Recomendo demais a leitura, mesmo sendo um pouco cansativa por tratar de muitos números e estatísticas. Vale a pena o tempo investido.

Oluwa 19/05/2021

Pra quem se interessa pelo vertente marxista do feminismo, esse livro vai te dar uma base muito completa sobre o assunto.
A leitura não é difícil e é muito didática.

biatoledo_11 27/02/2023

Mais fácil mudar a política do que mudar mentalidades
O trabalho de pesquisa e embasamento feito por Wendy é simplesmente surreal. Me ajudou muito a traçar um perfil do que foi a URSS pelo viés feminino, o tanto de ideias progressistas que incluem muito mais as mulheres na política e mercado de trabalho em uma sociedade de camponeses que não compactuavam com essas iniciativas que rompiam tanto o patriarcalismo (ainda vigente). Apesar da parte jurídica em extensa e lenta, um livro imprescindível para uma visão ampliada sobre os âmbitos das crianças, do aborto, do divórcio no contexto histórico da união soviética.

Elida Kassia 15/01/2024

Sensacional
O livro aborda brilhantemente os projetos sobre a família na década de 20 e as diferenças do projeto stalinista na década de 30. Fundamentalmente, discute como essas questões afetaram as mulheres com as questões do direito aborto, pensão alimentícia, ingresso no mundo do trabalho e qualificação nos estudos, etc.

Recomendo demais, livro muito bom!

jhagmolina 15/02/2020

Leis modernas, mas condições materiais insuficientes na URSS
Este livro aponta contradições entre a moderna lei da família e tutela no Código soviético de 1918, onde diversos direitos estavam ali presentes, tais como: o divórcio, o aborto, a união livre e por fim, se acreditava que a família tradicional aburguesada teria seu fim em pouco tempo.
Mas num território arrasado pelo ônus da Primeira Guerra Mundial e de uma Guerra Civil no pós 1917, as condições materias mínimas não estavam garantidas, sofrendo assim mais fortemente as mulheres e crianças numa sociedade marcada por antaginismos entre o campo e a cidade, além do trabalho assalariado, trabalho domésticos, jornadas duplas e diferenças salariais e preconceitos seculares.
Por fim, o embate entre a união livre moderna e criação revitalizada da família soviética se opuseram em pensamentos e ações para tratar desta questão que Marx já previa em situações revolucionárias em países subdesenvolvidos. Impossível não fazer um paralelo entre a Constituição Cidadã brasileira de 1988 que garante igualdade perante à lei, mas não assegura esta igualdade numa materialidade de país tão desigual.

Romeu Felix 23/02/2023

Fiz o fichamento sobre esta obra, a quem interessar:
"Mulher, Estado e Revolução" é um livro escrito por Wendy Goldman, historiadora e professora da Universidade de Carnegie Mellon, que aborda a história das mulheres na União Soviética durante o período de 1917 a 1936. O livro foi publicado em 2014 pela editora Boitempo e tem 400 páginas.

A obra de Goldman é dividida em 12 capítulos, que abrangem temas como a luta das mulheres pela igualdade de direitos, a participação feminina na Revolução Russa, a construção do Estado Soviético e as mudanças na vida social das mulheres. O livro se baseia em uma ampla pesquisa de arquivos e documentos históricos, bem como em entrevistas com mulheres que viveram na União Soviética durante esse período.

Goldman começa o livro descrevendo a situação das mulheres na Rússia pré-revolucionária, destacando a discriminação de gênero e as desigualdades econômicas e políticas. Em seguida, ela aborda a participação das mulheres na Revolução Russa e na construção do Estado Soviético, destacando a luta pela igualdade de direitos e pela participação política.

O livro também discute a política de gênero implementada pelo Estado Soviético, que buscava transformar a família e as relações de gênero. Goldman analisa as mudanças na legislação sobre o casamento, o divórcio e a educação das crianças, bem como a criação de instituições para cuidar de crianças e idosos, que permitiam que as mulheres trabalhassem fora de casa.

Um dos principais argumentos do livro é que a política de gênero implementada pelo Estado Soviético foi ambígua e contraditória. Por um lado, o Estado procurava empoderar as mulheres e garantir a igualdade de direitos. Por outro lado, as mulheres muitas vezes eram submetidas a um controle rígido pelo Estado e pelos partidos políticos, que buscavam impor uma visão particular de como deveriam ser as relações de gênero.

Goldman também discute a participação das mulheres na política e nas organizações sociais durante o período estudado. Ela destaca o papel das mulheres nos sindicatos, nos partidos políticos e em organizações de trabalhadores, além da luta das mulheres pelos seus direitos dentro dessas organizações.

Em resumo, "Mulher, Estado e Revolução" é uma obra importante para entender a história das mulheres na União Soviética durante o período de 1917 a 1936. O livro destaca a luta das mulheres pela igualdade de direitos, a participação das mulheres na construção do Estado Soviético e as mudanças na vida social das mulheres. Além disso, a obra traz uma análise crítica da política de gênero implementada pelo Estado Soviético e das contradições e ambiguidades dessa política.
Por: Romeu Felix

Gustavo.Borba 15/04/2019

Ideais X Realidade
#LivrosQueLi



Mulher, Estado e Revolução: política familiar e vida social soviéticas, 1917-1936, de Wendy Goldman. Ed. Boitempo. Iniciei este livro sob a influência do Dia Internacional das Mulheres, no que fez todo o sentido após a leitura. O livro relata como a Revolução Bolchevique de 1917 e o regime soviético trataram diversas questões de interesse das mulheres, e como elas foram evoluindo com o passar dos anos, desde Lenin até Stalin. Os propósitos revolucionários de libertação dos indivíduos influenciaram enormemente nas políticas que foram implantadas no novo governo soviético após a revolução, de forma a garantir a liberdade também das mulheres. Isso se manifestou no objetivo manifesto de acabar com a família, que era vista como um modelo de controle e opressão de base burguesa. Para isso, a legislação foi mudada de forma a facilitar divórcios, abortos e reconhecer a liberdade sexual das mulheres. Pregava-se o amor livre. No entanto, a prática e suas consequências diretas logo evidenciaram que não basta ter boa vontade e belos objetivos como mote a fim de trazer uma verdadeira transformação social no sentido de promover melhorias a uma sociedade, sem que se considere a situação real em que ela se encontra. No caso prático, a sociedade russa do início do séc. XX era extremamente rural e os camponeses viviam sob um regime tradicional comunal já há séculos, de forma a dificultar o sustento das mulheres e seus filhos diante de um divórcio, já que não havia como dividir a propriedade a fim de garantir a parte da mulher de quem o homem se divorciava, uma vez que a posse era de toda a comunidade, e não apenas daquele homem. O aborto também se tornou um problema prático, uma vez que o Estado soviético precisava aumentar sua população a fim de garantir seu crescimento econômico com novos trabalhadores, mas as mulheres passaram a utilizá-lo como forma de controlar os gastos familiares, diante de uma sociedade que não tinha como garantir os prometidos cuidados estatais para libertar as mulheres das tarefas domésticas. Devemos nos lembrar que, após a Revolução, a Rússia entrou em guerra civil, o que desestabilizou a produção de riquezas e a quebra de safras agrícolas, causando anos difíceis para todos e trouxe a fome. Com o aumento vertiginoso dos divórcios, com homens abandonando suas mulheres após elas terem um ou mais filhos para que pudessem se relacionar com outras mulheres sem filhos, e com o aumento de desemprego e fome, muitas crianças se tornaram órfãs, ou foram simplesmente abandonadas. Elas acabaram nas ruas, a fim de buscar formas de sobrevivência, causando outro problema para a nascente sociedade socialista soviética, que é de grupos de crianças e adolescentes infratores, soltos pelas ruas e causando furtos, roubos, prostituição infantil. Tudo isso foi levando a uma revisão dos valores nos quais essa sociedade buscava se amparar, trazendo de volta aspectos que eram considerados burgueses ou retrógrados anteriormente. Assim, voltou-se a valorizar a família como sustentáculo da sociedade, diante de um Estado empobrecido para oferecer serviços domésticos comunitários que garantissem a libertação da mulher e sua inserção na sociedade como membro ativo e livre em igualdade de condições com os homens. Se antes a questão das crianças e adolescentes espalhados por ruas ou orfanatos estatais era tratada sob um viés educacional, a ótica repressora e punitiva retorna para retirá-los das ruas. Enfim, é muito bonito ter valores nobres e libertários, mas isso não basta se as bases materiais para sua implementação não estão presentes. Ademais, Stalin representou uma verdadeira subversão dos valores revolucionários socialistas, descaracterizando totalmente a visão de Lenin para a primeira sociedade dos trabalhadores. Enfim, as mulheres voltaram a sofrer pela ausência de condições sociais que lhes permitisse mais autonomia e valorização individual. Um livro muito rico em pesquisa, com discussões detalhadas das questões abordadas. Mostra essa processualidade na mudança de política nos primeiros anos da Rússia soviética. Uma ótima leitura para toda pessoa interessada na transformação social a fim de melhorar as condições para todo mundo. Recomendo.

Dandara 17/09/2020

Mulheres, estado e revolução
Livro essencial para entendermos a importante participação das mulheres no pré, durante e pós revolução russa. A atuação das feministas russas durante a Rússia comunista, escutar suas vozes e conhecer sua força.