Don Giuliano 04/03/2017
Mais uma aula de história do Mestre Forsyth
Ler um livro de Frederick Forsyth é o mesmo que participar de um curso intensivo de história, sem ver o tempo passar e sem querer que ela acabe. Quer saber um pouco mais sobre mercenários atuando em guerras africanas? Leia "Cães de Guerra"; Quer saber como se iniciou a perseguição pelos criminosos nazistas no pós-guerra? Leia " O Dossiê Odessa"; Quer saber mais sobre o processo de independência das colônias francesas e suas consequências? Leia o famosíssimo 'O Dia do Chacal" (por sinal o melhor deles). E por fim, quer entender mais como são os novos inimigos das superpotências após a guerra fria e o 11 de Setembro em meio ao bum tecnológico do séc XXI? Leia "A Lista".
Inegável que o octogenário mestre da espionagem está em forma com mais uma produção de altíssimo nível. A riqueza no detalhamento de fatos, acontecimentos e personagens reais entorno da narrativa me deixaram vidrado e com uma curiosidade cada vez maior sobre o seu desfecho. Aliás, essa é uma característica já conhecida do escritor, dispensando assim maiores rodeios sobre. Mas impressiona, tanto que me faz imaginar como deve ter sido o processo de concepção deste livro (pesquisas, entrevistas, contatos, consultores,...).
O livro é uma narrativa que acaba por descrever a realidade que os agentes de segurança dos EUA, Grã-Bretanha e seus aliados vivem hoje devido ao terrorismo atual, bem como as novas práticas criminosas ao redor do mundo, com destaque especial à pirataria praticada na costa da Somália. Tudo azeitado pela tecnologia da informação atual.
Drones, celulares via satélite, hackers, redes sociais,... toda uma parafernália tecnológica descrita e aplicada a narrativa onde se acaba por demonstrar as novas facilidades e ao mesmo tempo as novas brechas e os novos desafios dos organismos de segurança dos países nos dias de hoje. A obra também descreve as diferentes forças de defesa e segurança das potencias. Seals, Delta Boys, SAS, Pathfinders, CIA, MI-6 e toda a rede de comunicação e cooperação entre estas na tentativa de deter inimigos comuns que usam os mais rústicos instrumentos da engenhosidade humana para atacar e se esconder. Enfim, um prato cheio para quem gosta de ação, mas com uma bela carga de inteligencia e história contemporânea.
Forsyth mantém o padrão de suas narrativas: intensa, complexa, minuciosa, inteligente, mas ao mesmo tempo um pouco cansativa. Confesso que demorei para concluir a leitura do livro pois em determinado momento eu cansei. Mas da metade para o final, a narrativa toma um certo folego e maior velocidade, voltando a prendera atenção. O desfecho também não foge ao padrão Forsyth que, ao meu ver, me decepciona um pouco, mesmo sendo a descrição de uma cena de ação com momentos e detalhes simples.
Valeu!
Adorei o livro e recomendo.