Amanda 26/06/2014Orange is the new blackLivro: Orange is the new black
Autor: Piper Kerman.
Editora: Intrínseca.
Número de páginas: 302.
Estrelas no Skoob: 4.
Orange is the new black é o livro biográfico de Piper Kerman sobre seu breve período passado no sistema presidiário dos Estados Unidos. Livro que deu origem à aclamada série do Netflix.
Demorei um pouco para ler este livro, por ter me decepcionado um pouco com o fato de não ter quase absolutamente nada a ver com a série. E também pois estava na época da minha mudança de casa, então alguns pequenos detalhes podem acabar me fugindo.
Na década de 90 Piper era nova e recém formada na faculdade de Teatro quando conheceu Nora, uma mulher mais velha e sedutora. E traficante internacional de drogas. Ela achou que estivesse apaixonada, ou algo parecido, e quando sua paramour a pediu para carregar uma mala contando milhares de dólares de tráfico em um vôo internacional, ela disse por que não?. Dez anos depois ela acabou pagando por esses deslize. O cartel de drogas comandado pelo chefão africano (com nome complicado e que esqueci) desmoronou e alguém a dedurou.
Algo que me impressionou foi que após o FBI ir até sua casa e a indiciar pelo crime, ainda demorou quase 7 anos para que Piper fosse realmente presa. Para ver a eficiência e rapidez do sistema judiciário americano (depois reclamam do Brasil).
Nesses anos ela e seu namorado, Larry, tentaram viver o mais normalmente possível, sem nunca saberem quando ela iria ter que ir para a prisão. Algo que deve ser extremamente excruciante. Mas o dia marcado para comparecer ao presídio de Danbury, Connecticut, chegou em 2004.
O livro é narrado em primeira pessoa e conta a história pessoal da autora em seus treze meses, de uma sentença de quinze, na prisão de segurança mínima. Até aí a série é bem fiel ao livro, mas quase só até aí. Estarei fazendo algumas comparações a partir de agora, mas não haverá nenhum spoiler de nenhum dos dois.
Uma das grandes diferenças que notei foi o senso de comunidade feminina, que muda muito. No livro, Piper é recebida de braços abertos pela sua tribo as brancas , ainda sem o dinheiro para comprar coisas na cantina da prisão (como chinelos, escova de dente, shampoo e essas coisas básicas), as mulheres em sua cela provisória a ajudam muito, sendo que uma delas realmente a toma como protegida. Já na série, Piper é a nova no pedaço. Há a recepção de sua tribo uma escova de dente e um sabonete -, mas nada mais. É realmente cada um por si.
O livro é muito mais pessoal e, por ser em primeiro pessoa, foca mais nos aprendizados da autora como ser humano e mulher. Há muitas partes que realmente te fazem pensar, principalmente no fim de sua sentença, quando há os programas de reabilitação e insersão de volta à sociedade. Uma das palestras é sobre higiene e saúde, e, ao invés de um profissional desta área palestrar, alguém da administrarão do presídio, que mal sabe sobre o que está falando, que a ministra.
Na série há diversos personagens marcantes, Piper não é sempre o centro de tudo. Nela descobrimos sobre o passado das principais prisioneiras, desde a cozinheira russa que está lá há mais de dez anos à única mulher transgênera do pavilhão.
Essas personagens também estão presentes no livro, mas senti curiosidade de descobrir algo real sobre elas, e nada é mencionado além do que se passa no presídio. Os nomes em ambos são diferentes, mas mesmo assim consegui reconhecer alguns dos personagens da série no livro.
Fica evidente o escambo que acontece na prisão que não é exclusivo dos filmes e os maus tratos sofridos pelas prisioneiras pelos guardas e pessoal da administração.
A atriz que interpreta Piper (esquerda), com a verdadeira Piper (direita)
Algo que me fez refletir foi que se nos EUA com um sistema carcerário tão avançado (há uma cantina para se comprar coisas e as prisioneiras trabalham e recebem por isso, mesmo que uma mixaria) e eles ainda o acham ruim, o que achariam do daqui.
De acordo com o prefácio do livro, os Estados Unidos tem 5% da população do mundo, mas abriga 25% dos presos do mundo! Outro fato incrível é que o governo americano gasta milhões no sistema carcerário, ao invés de gastar em programas culturais, esportivos e em escolas, que ajudam E MUITO a prevenir que as pessoas se tornem criminosas.
Hoje em dia Kerman é do conselho da Womens Prison Association, onde ajuda mulheres que, assim como ela, cometeram erros e fizeram más escolhas e acabaram na prisão, mas, diferente dela, não tinham as mesmas condições quando foram reintegradas à sociedade sem quase nenhuma ajuda ou orientação. Acabando, muitas vezes, de volta à prisão.
Aconselho que aos que acham que o livro é igual a série que tirem isso da cabeça, mas que não deixem de ler! É uma ótima leitura e com certeza o fará refletir. E também não deixem de ver a série, já está com 2 temporadas completas no Netflix e vou chorar ter que esperar mais um ano pela terceira!
P.S: A coisa que mais me deixou bolada foi a falta de conteúdo lésbico no livro que na série até transborda.
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http://escritoseestorias.blogspot.com.br/2014/06/resenha-6-orange-is-new-black.html