Desenhando em Letras 11/10/2015
Aventura em mundo mágico
Primeiro, devo fazer uma observação: a Mylena é uma grande amiga minha, nos conhecemos, inclusive, graças a essa obra, ainda no ano passado. Fiquei muito contente quando recebi o exemplar, óbvio, no entanto, independente da nossa amizade, serei sincero na minha análise. Bora lá:
A Herdeira de Ótavos, da Mylena Araújo, é o primeiro livro da trilogia Valera, uma série de fantasia. Nesse período da história, a ênfase está sobre Eena, uma garota aparentemente normal, mas que, sem saber, descende de uma linhagem real de um mundo mágico.
Asha, sua mãe, é filha de Barron, o príncipe que usurpou o trono do próprio pai, o rei Ótavos, e que governa o mundo com mãos de ferro. O reino de Valera foi muito bem elaborado; há uma variedade considerável de povos e cada povo tem sua própria linguagem, seus costumes e, claro, suas leis. Isso implica que, se um descendente for parar nos domínios dos anjos caídos, por exemplo, essa criatura terá de ser submetida às leis daquele povo. Obviamente, por haver algumas discordâncias entre todas as linhagens, também há bastante guerra civil dentro do reino. Alguns rebeldes, outros traidores ou seres que visam destruir tudo ao seu redor mesmo.
Eena é levada à Valera às pressas, pois está ligada a uma antiga profecia. Aí entra o dilema da história: Eena se vê como uma humana, não como um ser mágico, ela acredita fielmente que os pais, Mara e Cleiton, mortos semanas antes em um acidente de carro, não teriam capacidade de serem dotados de magia. E, então, a garota acaba descobrindo a verdadeira história sobre sua origem - sem spoiler.
Como consequência, Eena resolve aprender sobre seus costumes originais, a manusear armas e dominar a magia que está em sua essência. Em contrapartida, Barron trama destruí-la para que a profecia não se cumpra.
Eena não é uma pessoa burra, como tenho observado muitos dizerem por aí, ela é apenas uma adolescente em fase de adaptação. Se imagine no tempo de colegial quando você foi obrigado a se mudar de escola e ter de estudar com outras pessoas que desconhecia completamente e o olhavam com desdém. Não é desconfortável? Agora imagine-se em um mundo onde a magia é natural, onde tem plantas que podem matar com um simples toque, onde anjos andam de lá pra cá munidos de flechas, como se sentiria? Essa é a questão que a envolve, ela está assustada, desconfiada e mesmo assim arrisca a própria vida para que os amigos recém-descobertos possam viver em paz em suas tribos.
Em todos os sentidos, A Herdeira de Ótavos foi bem construído: a história dos personagens, no decorrer da leitura, vai se misturando de tal forma que, em determinado ponto, o leitor percebe que tudo e todos podem fazer parte de algo muito maior do que imaginavam a princípio e, além disso, o livro traz reflexões sutis sobre a humanidade de cada um. Mostra que o amor materno é a única salvação em tempos sombrios e nos ensina que ninguém pode estufar o peito para exclamar ser melhor que o outro, afinal as situações se alteram, e o pior de hoje pode ser o melhor de amanhã.
site: http://desenhandoemletras.weebly.com/blog/resenha-a-herdeira-de-otavos