Paulo 04/07/2022
Já tinha lido duas vezes uma mesma coletânea de Manuel Bandeira e percebi uma mesma coisa nesta aqui, que une dois de seus livros: há tanto poemas pessimistas, suicidas, digamos, quanto poemas alegres, doces ou ensolarados. Mas aqui, além desses, os temas que mais se fazem presentes são a nostalgia, o saudosismo, a observação e "captação" de detalhes do cotidiano (poeta, oras) e, um pouco menos, o romance com um pouco de erotismo. Nos poemas nostálgicos, parece, ou é dito, que Manuel nunca viveu alegria como viveu na infância, o saudosismo é uma das suas maiores angústias.
Nessa união de dois livros lançados por ele, em que há uma satisfatória introdução biográfica e cronológica de sua vida, existem variados tipos de poemas, com métricas e ritmos diferentes, e a depender do tipo, rimas ou não.
No livro que comprei num sebo existem em várias páginas diversas breves anotações sobre os poemas, que parecem acadêmicas, provavelmente da última e ou dona original. Apesar de eu ser um leitor necessitado, diário, que estuda, por conta própria, idiomas, gramática, crítica literária e de filmes, que escreve, essas anotações foram nada menos do que mais uma aula extremamente útil e capacitante de interpretação e um lembrete de que existem níveis de entendimento e subtextos nos poemas ainda que se ache que os tenha entendido. Por um lado, é bastante frustrante que eu, enquanto poetastro e leitor diário de poesia, ainda perceba assim que ainda me falta capacidade de compreensão mesmo que eu nem perceba isso, e muitas vezes percebo.