Villette

Villette Charlotte Brontë




Resenhas - Villette


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Coruja 03/11/2015

Levei quase dois meses para conseguir vencer as quase seiscentas páginas de Villette. Parte da culpa é minha: comecei o livro justo na semana da mudança de apartamento e para além do caos natural que se segue mesmo após todas as caixas terem sido desocupadas – você sempre acha alguma coisa nova para arrumar e trocar de lugar – teve férias, viagem, aniversários e confraternizações. Em suma, toda vez que eu me sentava e achava que ia conseguir avançar mais que uma ou duas páginas de vez, alguém me chamava para ajudar em alguma coisa.

Contudo, não foi só minha maneira truncada de ler o livro que atrapalhou. Villette é um livro complexo, e cheio de questões de levantam interesse, mas ao longo de pouco mais da metade do volume, quase nada parece acontecer: a narrativa de Lucy Snowe é uma longa procissão de acontecimentos que não parecem desembocar em nada. E assim é que passei uns quarenta dias para ler quatrocentas páginas, e quando a coisa afinal engatilhou, foram duas tardes para ler as últimas duzentas páginas.

A história segue Lucy, uma jovem inglesa típica, que após um longo histórico de perdas e tristezas, atravessa o canal para Labassecour – reino ficcional inspirado na Bélgica – onde acaba arranjando emprego como professora de inglês num pensionato para garotas.

Lucy é muito diferente de Jane Eyre, a personagem mais emblemática pela qual Charlotte Brontë ficou famosa. Em ambos os livros, são as protagonistas que narram a história, mas, enquanto Jane convida o leitor para perto, faz dele seu cúmplice, Lucy é oblíqua, desconfiada e parece estar sempre fugindo de fazer qualquer afirmação mais incisiva, diminuindo os acontecimentos de tal maneira que nos tornamos confusos sobre seus verdadeiros sentimentos.

É isso que acontece em seu relacionamento com o bom Doutor John Bretton. Ela dá a atender num suspiro que as atenções do médico tinham-na levado a devaneios românticos, e no parágrafo seguinte apaga todos os castelos no ar com uma mão descuidada, afirmando que tudo não passa de afeição inocente, fraternal. De princípio, afirma que no futuro, John a faria sofrer, e páginas adiante, é ela quem faz a ponte entre ele e a verdadeira musa do rapaz, tudo com o maior prazer e boa vontade em ver duas pessoas tão boas que se merecem, assim como todas as bênçãos com que são ambos cumulados.

Jane Eyre é um ser passional, que não esconde sua intensidade, enquanto Lucy Snowe se acomoda em sua existência e tenta reprimir a todo custo seus impulsos. E ela o consegue… exceto em alguns momentos, especialmente quando provocada pelo professor Monsieur Paul Emanuel.

Todas as melhores cenas do livro, na minha opinião, são as que apresentam Monsieur Paul – ou pelo menos tocam tangencialmente em sua existência. Ele é quase um alívio cômico em muitos pontos – por motivos que não sei explicar, a imagem dele na minha cabeça ficou igual ao do Hercule Poirot de David Suchet (até porque os dois personagens são belgas…) – mas, ao mesmo tempo, ele é um verdadeiro herói romântico: generoso e gentil, irascível e ciumento em alguns momentos, mas pronto a reconhecer suas falhas e fazer as devidas contrições, trabalhando nos bastidores para aplainar o caminho de Lucy.

Lucy me lembra muito a protagonista de Mansfield Park, Fanny Price. Ambas são, ao longo de boa parte de suas respectivas histórias, mais observadoras do mundo ao redor delas que agentes ativas de seus destinos. Mas quando afinal decidem tomar as rédeas de suas vidas, fazem-no de maneira espetacular. Lucy desafiando Madame Beck é Fanny dizendo não ao tio: elas deixam de serem peões para se tornarem jogadoras.

Como disse antes, não parece existir realmente um plot a seguir (e a ambiguidade do final quase me fez tacar o livro na parede, porque eu não queria acreditar no que era deixado implícito), mas Villette compensa muito pelo estudo psicológico feito de Lucy.

Charlotte Brontë explora bastante no romance questões de gênero, em especial os papéis impostos pela sociedade a cada sexo e também a independência feminina. Lucy não é uma mocinha protegida, tremendo diante das realidades do mundo, dependente do herói: por mais que se acomode em certos aspectos, quando é forçada pelas circunstâncias ela é capaz de tomar corajosas atitudes que rompem com o padrão da época – vide sua decisão de deixar a Inglaterra e seguir para Villette sem qualquer plano definido além de ‘procurar trabalho’ quando chegar lá. Ela é levada a essas decisões pelo desespero (ainda que tente ocultar esse sentimento), mas isso não diminui a importância de uma heroína com vontade própria e disposta a fazer o que for necessário para garantir seu sustento.

Há também o conflito cultural – Lucy não sabe francês quando chega a Villette e vai aprendendo aos poucos a linguagem. Suas origens, sua religião (ela é protestante, enquanto todos ao seu redor são católicos) e sua dificuldade com a língua forçam-na a um isolamento que a leva a determinada altura da história a um esgotamento nervoso.

O mais interessante do livro, claro, é a teoria de que mais que um romance, Villette é uma autobiografia. Charlotte foi uma criatura extraordinariamente sofrida e ela sabe muito bem emprestar esse sofrimento à personagem. Por mais que Lucy tente se reprimir, é impossível não perceber nas entrelinhas o quanto ela está cansada e esmagada por sua situação, pelas cobranças sobre seus ombros, pelas pequenas decepções que se sucedem sem parar.

Não é um livro fácil. São muitas as nuances e reflexões colocadas ao longo da história. Mas creio que valha à pena se aventurar pelos jardins e ruas de Villette, acompanhando Lucy em suas tentativas de encontrar seu lugar no mundo.

site: www.owlsroof.blogspot.com,br
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Cláudia - @diariodeduasleitoras 14/01/2021

Villette
?Não há nada como encarar tudo o que você faz com uma expectativa modesta: isso mantém a mente e o corpo tranquilos; enquanto as noções extravagantes podem levar ambos a um estado febril.?

Romance de Charlotte Brontë dispensa apresentação. Num é?! Pois vou encher de elogios kkkkkkk... em síntese, Villette é um romance publicado originalmente em 1853, o qual narra a vida de Lucy Snowe, uma jovem de poucos recursos que sai da Inglaterra com destino a cidade de ?Villette? e acaba tornando-se professora de inglês em um internato. A partir daí são contados na primeira pessoa os eventos que vão alterando a sua pacifica vida.

A história aborda vários temas diferentes. Há dois romances, embora só um seja principal; há a questão da emancipação da mulher (tão precoce e inovadora na altura em que foi escrita a obra), e ainda há a questão da diferença e tolerância religiosa entre católicos e protestantes que denotam a diferença cultural entre ingleses e franceses. Entre vários outros; há espaço para o gótico! Rsrs. CHARLOTTE, né meus caros.. Charlotte.

A cidade Villette seria uma versão ficcional de Bruxelas, na Bélgica, onde a autora estudou com sua irmã Emily. Todo o romance tem elementos que indicam ser um relato autobiográfico de Charlotte Brontë (como já mencionei para vcs em todas as outras resenhas das irmãs), o que faz com que nós, leitores e fãs da autora, nos tornemos ainda mais próximo da heroína Lucy Snowe, em seus devaneios e sofrimentos.

O único ponto negativo que vou destacar são as inúmeras expressões em francês que quebram o embalo da leitura, por estarem traduzidas apenas no posfácio, obrigando o leitor a interromper a leitura para ir ao final do livro em busca da tradução. O ideal seria notas de rodapé, né?! Mas esse estilo de referência foi uma orientação da própria autora à época, algo que a editora optou por obedecer.

Enfim, Charlotte Brontë é Lucy Snowe e Lucy Snowe é um pouquinho de cada uma de nós, mulheres.
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Vai Lendo 15/12/2020

O último romance escrito por Charlotte Brontë, Villette, foi publicado pela primeira vez no ano de 1853 e, desde então, vem ganhando diversas edições pelo mundo. Aqui no Brasil, ele chegou pela editora Martin Claret em duas edições diferentes: a primeira em brochura, em 2016, e a segunda, em capa dura, com lombada exposta e corte colorido, no início deste ano, de modo que não podemos dizer que nada de bom veio de 2020.

Villette é a narrativa da vida da personagem Lucy Snowe. Feita em primeira pessoa, traz uma infinidade de pensamentos e reflexões da personagem, assim como toda a sua trajetória. Lucy não possui ninguém que cuide dela, então precisa conquistar seu lugar no mundo com as habilidades que tem em mãos. Com pouco dinheiro e sem muita aptidão para ser dama de companhia de senhoras idosas, ela parte em direção à França com esperanças de conseguir seu sustento e prosperar na vida. Após a travessia do Canal da Mancha, várias coincidências a levam até a cidadezinha de Villette, onde passa a morar e a trabalhar em um pensionato para moças.

Sem sombra de dúvidas, Charlotte Brontë fez de Villette um livro denso e, de certa forma, mais difícil de ser lido, mas isso não acaba com a maestria de sua obra. Com personagens muito bem descritos e totalmente tridimensionais, reflexões sobre a dificuldade de uma mulher sozinha para se sustentar em uma sociedade na qual as mulheres deveriam ficar em casa, não ter pensamentos próprios nem uma grande educação, além de mostrar as diferenças de tratamento recebidas pelas diversas classes sociais e uma grande discussão sobre tolerância religiosa, o livro deixa de ser um simples romance e passa ser uma obra revolucionária para sua época, com lições que podemos usar até os dias de hoje.

A nossa personagem é, por natureza, uma pessoa extremamente observadora que prefere não interferir nos acontecimentos à sua volta. Isso faz com que ela nos entregue descrições primorosas dos outros personagens e dos lugares pelos quais passa. Você é realmente capaz de acreditar que esses seres fictícios são seus conhecidos, através da narrativa ricamente apresentada.

Pequenas coisas me incomodaram, tanto na edição que eu li (a de capa dura) quanto na forma em que a história foi escrita. Vamos falar primeiro da edição: por mais que ela seja linda, a lombada aberta me causou bastante nervoso e me impossibilitou de ler na maioria das posições que eu prefiro, devido à capa na parte frontal não estar presa ao resto do livro. E, mesmo sendo o objetivo deixar o livro totalmente aberto na página que está sendo lida, isso não acontece e, durante toda a leitura, tive que ficar segurando. A lombada aberta também coloca um estresse na parte de trás da capa por ser o único lugar em que o miolo está preso, tornando bem sensível a rasgos.

Outra coisa na edição que fez com que a leitura não fosse tão fluída foi o fato de todas as traduções das falas em francês estarem em um glossário na parte final do livro, e esse ir e vir acabava desanimando bastante o prosseguimento da leitura. Acho que esses pontos como notas de rodapé seriam mais interessantes.

Agora, vamos para o que me incomodou na história, que foram só duas coisinhas: a primeira é que a personagem Lucy, muitas vezes, começa a viajar em seus próprios pensamentos de forma tão filosófica que, em alguns momentos (ok… muitas vezes), eu precisava voltar e reler porque não tinha conseguido entender nada do que ela estava querendo dizer, o que fez eu demorar mais a ler o livro; e a segunda é a enorme quantidade de coincidências que ocorrem durante a narrativa, o que faz todo o enredo ser bem menos crível.

Depois de ter lido Villette e Jane Eyre posso dizer, com certeza, que Charlotte é minha irmã Brontë favorita.

Por @encalhadosnaestante

site: https://www.vailendo.com.br/2020/10/05/villette-de-charlotte-bronte-resenha/
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Giulipédia 14/10/2020

Como é estar verdadeiramente sozinho?
Esse livro conta a história de Lucy Snowe, uma jovem inglesa vítima de um trágico acontecimento que a torna órfã de família. Sem ter para onde ir, ou a quem recorrer, essa perseverante jovem decide se aventurar no exterior e acaba indo parar em um pensionato para moças de Madame Beck em uma cidadezinha francesa, chamada Vilette. Lá Lucy nos faz descrições de como é viver em meio aos franceses, e ainda por cima católicos, nossa jovem é protestante como uma boa inglesa deve ser. Também trás uma boa descrição das frivolidades das meninas ricas e o contraste do cenário educacional de Madame Beck para com o resto do mundo.

Foi uma leitura que me deu bastante sobre o que refletir, acho que acima de tudo Vilette, no meu ver, é um livro sobre estar sozinho. Como seria a sua vida se você fosse privado de todos que conhece? Se você se encontrar verdadeiramente sozinho, a ponto de sua morte não afetar a vida de ninguém?

Lucy trás muitas reflexões sobre estar só no mundo, como ela tem momentos de desespero por não ter nem uma alma que esteja ao lado dela, nem um parente, nem um amigo, nem sequer um bichinho de estimação. Mas em meio a isso ela também nos mostra a perseverança de continuar caminhando, mesmo que a própria presença ou ausência não faça a menor diferença na vida de ninguém e acho que isso é o mais belo, construir uma vida por si, e não por outros, viver por você. Minha reflexão no mundo atual me diz que poucas pessoas verdadeiramente conhecem esse significado, eu mesma desconheço a profundidade de uma vida assim.

O livro aborda muitas outras questões envolvendo a redenção de alguns personagens, trás problemáticas também sobre comportamentos masculinos aceitáveis para época, mas que hoje são considerados extremamente machistas, mas que ainda infelizmente se fazem presentes nos tempos atuais. Lucy também faz uma crítica polêmica bem maciça ao Catolicismo Romano, mas que também relevamos pela diferença de tempo que o livro foi escrito.

Porém apesar dessas críticas e mesmo sabendo que esses comportamentos não são aceitáveis para os tempos atuais, ainda sim são mesclados em nossa sociedade, então mesmo que não sejam tão escancarados como eram no séc. XIX, ainda hoje se encontram presentes de forma bem mais disfarçada, mas ainda presentes e praticado por nós sem nosso próprio conhecimento, então mesmo que tenha se passado séculos de diferença entre a realidade de Lucy e a minha, compartilhamos dos mesmos problemas em níveis diferentes, nesse caso vemos um romance atemporal presente aqui.

Mas já falei demais, para aqueles que me acompanharam até aqui, faço um convite para conhecerem Lucy e a cidadezinha de Vilette, tirem suas próprias conclusões, as minhas estão bem evidentes acima, foi uma leitura difícil com toda a problemática trazida, mas foi uma leitura igualmente gratificante pelo mesmo motivo e que me deu muito o que refletir, mais uma vez agradeço a Charlotte Brontë, pelo seu legado e educação ética e moral através de suas obras, recomendo a leitura a todos!
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Gizalyanne 25/12/2018

Surpreendente!!
Nesta estoria conhecemos Lucy snowe uma jovem pobre porém muito determinada a conseguir os seus objetivos e para isso ela viaja para a França . Lá consegue emprego em uma escola , conhece pessoas e reencontra outras se apaixona se sente solitária e descreve seus sentimentos em relação as pessoas.
Eu gostei muito pois já havia lido uma biografia romanceada da autora , Diários secretos de Charlotte Brönte da Syrie James e pude identificar claramente as referências da vida pessoal que ela colocou no livro, também achei interessante como ela incluí várias referências bíblicas que eu consegui acompanhar pois sou cristã e leio a Bíblia mas não sei se uma pessoa que não vai compreender. O livro pode ser chamado de feminista pois a autora novamente como em Jane Eyre mostra uma mulher solteira lutando pela sobrevivência e não por um casamento. A personagem principal é uma professora e a estória se passa na sua maioria em uma escola . Em suma leiam é bom!!!
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jacqueline 04/10/2020

Um livro pra quem realmente gosta de ler
Livro pra quem aprecia o comportamento e as nuances dos sentimentos do século XVIII. Achei interessante e um pouco cansativo.
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@garotadeleituras 05/12/2016

Uma leitura densa, extremamente deliciosa e contagiante para o leitor!
Publicado originalmente em 1853, villette é considerado autobiográfico e foi o último romance publicado em vida de Charlotte Brontë. A protagonista feminina do livro, Lucy Snowe, é sozinha e precisa delinear seu próprio caminho no mundo. Num primeiro momento, aos 14 anos, a moça inglesa está estabelecida na casa da sua madrinha, a Senhora Bretton, que tem um filho, o carismático John Graham Bretton, e posteriormente também hospedará a peculiar criança Paulina, apelidada carinhosamente de Polly, que, diga-se de passagem, uma menina intensa, devotada ao pai e ao filho da sua anfitriã. Um pouco depois, o pai da pequena Polly vem buscá-la e Lucy também parte. O cenário descrito nesse momento é a rotina doméstica, a forma como a própria Lucy se comporta nesse meio onde é enxertada e os conflitos internos que irão amadurecer durante toda a narrativa.

"Eu não sabia, então, que a tristeza é o melhor sentimento para alguns espíritos, nem refleti que algumas ervas, embora inodoras quando inteiras, exalam perfume quando esmagadas”. (p.134)

Lucy é descrita como uma mulher calma, independente, inteligente com algumas dificuldades intelectuais para a aritmética, sem nenhuma beleza e sem parentes vivos. Embora geralmente reservada e emocionalmente controlada, Lucy tem fortes sentimentos e afeições para aqueles que ela realmente valoriza mesmo quando a austeridade não permite grande efusão de demonstração. Depois de uma série de acontecimentos pontuais relatados, decide encontrar meios de subsistência, sai da Inglaterra e vai para a França, se estabelecendo na fictícia cidade de Villette.
No inicio, ela começa cuidando de algumas crianças, tornando-se posteriormente professora de um internato para jovens, na Rua Fossette. E é exatamente nesse período, entre as paredes do pensionato de Madame Beck, o olho que tu ver, que a protagonista, também narradora, compartilha com o leitor seus dramas, sejam sentimental ou social (os vínculos estabelecidos durante esse período), as impressões sobre o ambiente e sua existência solitária, assim como, a formação de elos durante a extenuante estadia em Villette.

“Aqueles que vivem recolhidos, cujas vidas têm caído na reclusão de uma escola ou de outras habitações muradas e vigiadas, são susceptíveis de desaparecerem subitamente, por um longo período de tempo, da memória de seus amigos, os habitantes de um mundo mais livre. (p.231)"

Particularmente, achei sensacional a forma como a autora reintroduziu os personagens do inicio, assim como seu desfecho para a encantadora Polly e o Graham, a conduta frívola de Ginevra e a explicação nada sobrenatural para os episódios da Freira “assombrada”, o que contribuiu para a classificação do romance como gótico, assim como não poderia deixar de relatar a aproximação um pouco conturbada entre Miss Lucy e o instável Paul Emmanuel.
Villette é um romance rico em descrições pormenorizadas da psique feminina, suas batalhas na sociedade inglesa da primeira metade do Século XIX, assim como a luta cultural ao deparar-se com costumes ou preceitos religiosos divergentes dos ensinados no âmbito patriarcal, protagonizado pela figura do Padre Silas ao tentar converter a personagem ao catolicismo como solução para aliviar os pesos da alma. Lucy é uma personagem resistente, que carrega dentro de si paixões e anseios. O final ambíguo de Villette propõe ao leitor imaginar o destino da protagonista, embora pressuponha ou deixa a entender que uma grande tempestade interveio nos planos para a felicidade plena.
Em resumo, é uma leitura densa, não é um livro que você lerá em um dia, pois demanda tempo, concentração e degustação, mas extremamente deliciosa e poética; um relato dosado de sentimentalismo e realismo sobre os conflitos pessoais da moça inglesa, que contagia o leitor!

“O espaço em branco é sempre um ponto nebuloso para o solitário”. (p.232)
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Gabi 07/09/2020

Quando comecei a ler Villette, pensei que teria um pouco mais de facilidade de me envolver com a escrita da autora, (a culpa das minhas expectativas sendo totalmente de Jane Eyre por me prender já no comecinho) apesar de não ter sido uma leitura tão envolvente quanto eu esperava, me surpreendi com a história. Gostei muito da Lucy, a personalidade dela me cativou e até me identifiquei com a personagem em alguns momentos. E o final criado pela autora é muito bom, criando diferentes possibilidades na mente do leitor. Mas fui enganada durante toda a história, shippei o casal errado, hahaha. Estou ansiosa para ler os dois livros que faltam da autora.
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iarakessia 24/05/2024

O improvável aconteceu
Lucy Snowe é uma protagonista diferente. Ela não é bonita, não é inteligente, não é rica, não tem nem família. Por infelizes motivos, ela se vê sem saída, e com um ímpeto de coragem, vai de mala e cuia para Villette (lugar fictício na França). Lá ela começa a trabalhar em um Pensionato. Um livro cheio de coincidências e O improvável aconteceu. Uma personagem que sofre com depressão quando nem ao menos existia o tema. Charlotte foi concisa demais.
Achei o final corrido para um livro que pinga descrições de todo tipo.
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Natalia Noce 19/08/2020

Sem sombra de duvidas Charlotte Brontë fez de Villette um livro denso e de certa forma mais difícil de ser lido, mas isso não destrói a maestria de sua obra. Com personagens muito bem descritos e totalmente tridimensionais, reflexões sobre a dificuldade de uma mulher sozinha para se sustentar em uma sociedade que mulheres deveriam ficar em casa, não ter pensamentos próprios e nem uma grande educação, além de mostrar as diferenças de tratamento recebidas pelas diversas classes sociais e uma grande discussão sobre tolerância religiosa o livro deixa de ser um simples romance e passa ser uma obra revolucionária para sua época e com lições que podemos usar até os dias de hoje.

Pequenas coisas me incomodaram tanto na edição que eu li (a de capa dura) quanto na forma em que a história foi escrita. Vamos falar primeiro da edição: por mais que ela seja linda, a lombada aberta me causou bastante nervoso e me impossibilitou de ler na maioria das posições que eu prefiro devido a capa na parte frontal não estar presa ao resto do livro e mesmo sendo o objetivo deixar o livro totalmente aberto na página que esta sendo lida isso não acontece e durante toda a leitura tive que ficar segurando. A lombada aberta também coloca um estresse na parte de trás da capa por ser o único lugar em que o miolo esta preso, tornado bem sensivel a rasgos. Outra coisa na edição que fez com que a leitura não fosse tão fluida foi o fato de todas as traduções das falas em francês estarem em um glossário na parte final do livro e esse ir e vir acabava desanimando bastante o prosseguimento da leitura, acho que esses pontos como notas de rodapé seriam mais interessantes. Agora vamos para o que me incomodou na história, que foram só duas coisinhas, a primeira é que personagem Lucy muitas vezes começa a viajar em seus próprios pensamentos de forma tão filosofica que às vezes (ok... muitas vezes) eu pecisava voltar e reler porque nao tinha conseguido entender nada do que ela estava querendo dizer o que fez eu demorar mais a ler o livro e a segunda é a enorme quantidade de coincidências que ocorrem durante a narrativa, o que faz todo o enredo ser bem menos crível.
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Renata 29/07/2020

perdão, brontë, mas villette não deu pra mim
tenho uma convicção interna de que, excluídas aquelas obras realmente ruins, livro é coisa de momento. bom, esse não era meu momento pra ler villette.

e por que não deu pra mim? simplesmente porque a história é chata (ou pelo menos eu assim a achei)! a escrita é extremamente descritiva, a história não tem nenhuma grande emoção e a mocinha é uma grande bobona. kk

ok, sei que devo dar o desconto do tempo - naquela época as mulheres não podiam fazer muita coisa etc, mas mesmo assim... lucy snowe não faz NADA! não tem um momento de brilhantismo. não levanta a voz nenhuma vez sem que fique "com os nervos abalados".

cadê um pouquinho da rebeldia de uma lizzie bennett? ou um pouquinho da sagacidade de uma emma? nada, nadinha. lucy parece ser uma mera coadjuvante em sua própria história.

no posfácio, escrito pela doutora em letras lilian correa, há o seguinte: "villette traz um mundo à parte, visto nas entrelinhas, talvez fora do alcance daqueles que desconhecem o universo romântico inglês, repleto de peculiaridades". bom, o livro pode ser maravilhoso pra quem estuda o universo romântico inglês, mas pra mim, leitora comum, foi bem enfadonho.
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Báh~ 15/05/2020

Villette Charlotte Brontë
A história é narrada em primeira pessoa, por Lucy Snowe. E a escrita é rica em detalhes. A protagonista traça o perfil e característica de todos, observa com muita profundidade. Ela é irônica e crítica, e conversa com o ?Leitor?, revela fatos que já sabia a muito tempo, o que gera surpresa e dúvidas quanto as coisas que fala ou deixa de falar. Ela tem o sentimento de que sempre as coisas irão dar erradas. Tinha medo de ter esperanças ou de sentir felicidade. E é mostrado uma dificuldade por parte da protagonista em tomar atitudes, mesmo sendo decidida em relação ao que acredita. Faz perguntas e reflexões que o leitor pode se identificar. Foi ótimo acompanhar o crescimento da protagonista.

O livro traz muitas referências da Bíblia, da mitologia grega, de lendas, de livros como ?As Mil e uma noites?, de pintores, etc. É um livro muito rico.

Particularmente, no início, achei M. Paul irritante e engraçado ao mesmo tempo, devido ao temperamento e discussões exageradas. Depois é mostrado um lado mais dócil e como ele é uma pessoa impressionante. E o desenvolvimento do romance de Lucy e Paul foi bonito e angustiante. O sentimento que ela teve por ele foi diferente do que teve pelo Dr. John, em um momento fica claro isso.

Eu já havia lido Jane Eyre da mesma escritora, e Villette tem o seu próprio brilho.


blog: livrosaoredordomundo.wordpress.com (tem a resenha completa). Minha primeira resenha :)
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Ana 05/05/2020

Essa leitura se alterna entre gostosa e de difícil entendimento pelo caráter extremamente poético de algumas passagens.

Apesar de alguns acontecimentos terem me deixado totalmente confusa, no geral me senti inspirada pela personalidade da Lucy diante de tanto sofrimento. Várias vezes me vi chorando porque em várias medidas as dores dela também foram as minhas.

O livro explora muito a carga opressiva da negligência, o peso de ser uma "ninguém", o que me tocou muito.
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fabio.orlandini 24/03/2020

Sublime
Talvez não seja a história mais empolgante das irmãs Brontë. É um livro com uma protagonista sem grandes dotes, seja beleza ou inteligência. Mas, é a história de uma mulher que, sem opções, entrega sua vida ao destino e recebe as dádivas e perigos dessa caminhada.
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