Regis 29/05/2024
Segundo livro da série dos robôs
Esse é o segundo livro da série dos robôs de Isaac Asimov; li o primeiro, "Cavernas de Aço", em 2022 e ainda assim não havia esquecido o enredo, os personagens e como o autor trabalhou o relacionamento entre Elijah Baley e R. Daneel Olivaw, desenvolvendo a confiança e a parceria entre eles tornando-os, de certa forma, amigos, apesar da aversão que Baley e todos os terráqueos têm pelos robôs.
Em O Sol Desvelado Asimov escanteia a relação dos dois personagens para manter o foco em Solaria e no comportamento insólito de seus habitantes. Eu, particularmente, senti falta de uma interação mais profunda entre Baley e Daneel, mas percebi que o afastamento foi necessário para que pudéssemos acompanhar o desenvolvimento emocional e mental de Baley ao estar em um planeta distante, do qual sabe pouco (ou quase nada) cercado pelos robôs que odeia e tendo que lidar também com os Siderais que o consideram um ser humano inferior e transmissor de doenças. Afinal, o autor retirou a narrativa da Terra para que nós pudéssemos conhecer melhor os Mundos Exteriores, o jogo político entre os planetas da Galáxia e entender melhor a posição que a Terra se encontra em meio a conspiração política Sideral.
A decisão de tirar Baley de sua zona de conforto e inseri-lo em um planeta que, inevitavelmente, causaria incômodo físico e mental para ele (devido a sua fobia de espaços abertos, já que está acostumado a viver nas cavernas de aço da Terra) também é uma forma de desenvolver melhor o detetive mostrando como ele agiria estando em meio ao preconceito que os Siderais têm pelos terráqueos ao mesmo tempo que lidava com seus próprios preconceitos contra o modo de vida nos Mundos Exteriores. Ele está em um mundo distinto com cultura completamente oposta a sua e terá que aprender rapidamente a entender a complexidade das diferenças culturais se quiser resolver o caso impossível e complicado para o qual foi designado.
Solaria é um planeta diferente dos outros que compõe a Galáxia e os Siderais que habitam sua superfície são completamente diferentes dos que foram apresentados em Cavernas de Aço. Solaria tem um padrão social, desenvolvimento genético, controle de natalidade e um número de cidadãos e robôs que difere do que é encontrado nos outros planetas e através da investigação do assassinato de Delmarre (um fetologista) acompanhamos Baley e Daneel desvendando o curioso modo de viver dos solarianos enquanto o autor nos mostra sua habilidade em criar um mundo totalmente novo e diferente de tudo que já vimos.
O início do livro é permeado por um ódio explícito de Baley pelos robôs, o qual ele verbaliza constantemente tornando um pouco incômodo para o leitor acompanhar. Ele está sempre destilando o seu preconceito contra os robôs de forma que torna a conexão entre ele e Daneel, nesse livro, um pouco fraca, embora a investigação seja totalmente maravilhosa e satisfatória.
Assim como no primeiro livro, Asimov leva o leitor a suspeitar de tudo e todos, permitindo que alcancemos a conclusão apenas no final da investigação de Baley, enquanto tudo que conseguimos ao longo da leitura é teorizar os motivos e conhecer os suspeitos, mas isso acontece de forma muito emocionante e satisfatória.
Ao final do livro vemos que Baley não retorna à Terra apenas com o caso resolvido, mas também retorna com uma percepção completamente nova do que sua experiência em ver o sol desvelado em Solaria lhe deu quanto ao que deverá ser feito para que a população da Terra sobreviva e saiam da posição de mundo condenado em que se encontra.
Agora é ler o próximo livro e ver o que nos aguarda em Aurora, o próximo Mundo Exterior que Baley irá visitar.