O mestre e Margarida

O mestre e Margarida Mikhail Bulgakov




Resenhas - O Mestre e Margarida


226 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Israel145 02/02/2017

O MESTRE E MARGARIDA é uma das narrativas mais bem construídas e complexas da literatura Russa. Impossível fazer qualquer resenha que se preze abstendo-se de traçar paralelos com o FAUSTO de Goethe.
Infelizmente, não li a obra de Goethe até a presente data (grande e imperdoável falha), mas pretendo mesmo assim me arriscar a comentar algumas linhas das multinarrativas presentes na obra.
De antemão, é bom salientar que correm pelo menos 2 histórias paralelas à história principal que convergem para a mesma conclusão. O que seria o eixo principal é a chegada do Diabo na Moscou revolucionária, que assumiu o nome de Woland no livro e seu séquito infernal composto por Koroviév, Azazello, Hella e o gato preto gigante Behemoth (nome deveras interessante para uma banda de Death Metal).
Paralela ao eixo principal surge a versão romanceada dos últimos dias de Jesus sob o jugo de Pôncio Pilatos. Os capítulos que trazem a história paralela é de uma beleza e perfeição que chegam a um patamar só alcançado por Gustave Flaubert no seu clássico TRÊS CONTOS. A maneira como Bulgákov conduz a narrativa, mostram o grande escritor que foi, transportando o leitor para presenciar os fatos numa perfeição narrativa sem igual.
A segunda história paralela seria a que batiza o livro, a história do Mestre e Margarida. O personagem do mestre causa consternação ao leitor, pois é o típico escritor atormentado pela busca da perfeição. Depois de queimar o exemplar do romance ao qual dedicou a vida abandona sua amada Margarida rumo a um autoexílio num manicômio (seria o mestre inspirado em Gógol ou teria o mestre se inspirado em Gógol?). O romance do mestre (que o leitor vai descobrir do que se trata) seria o fio condutor de todas as 3 histórias.
A brincadeira metalinguística da obra só prova a genialidade e dedicação do autor que destinou dez anos de sua vida para escrevê-lo, sendo lançado somente postumamente.
Outro aspecto que não deve ser ignorado é a sutil mordacidade do livro no que tange à revolução russa ou a outros aspectos sociais, culturais e políticos da época. Impossível captar todas as referências, insinuações e brincadeiras que Bulgákov encravou na obra sem conhecer o Zeitgeist na Moscou de então. Muito da leitura se perde, mas não a inviabiliza.
O grande mérito do autor é fundir uma escrita elegante amparada na arte de escrever romances, nas lendas, na sátira e no folclore russo com as ideias modernas e erevolucionárias da época.
Cabe ao leitor mergulhar de cabeça na obra e sorver das suas páginas uma história envolvente, única, mordaz e consideravelmente perturbadora na sua essência e entrelinhas.
Bulgákov ganhou seu lugar merecido no panteão russo com sua magnum opus O MESTRE E MARGARIDA conferindo à humanidade um clássico universal para deleite dos leitores.
Thiago 03/02/2017minha estante
Ótima resenha meu caro.


Israel145 03/02/2017minha estante
Obrigado, amigo :)


Josiane.Bengtsson 01/03/2017minha estante
Ótima resenha, estou com o livro aqui, começo amanhã! ?


Israel145 01/03/2017minha estante
Obrigado, Josiane! :) esse livro é perfeito. Pena não ter quase mais nada do Bulgakov publicado no Brasil. Acredito que vc irá gostar. Otima leitura pra vc! :)


Thiago 01/03/2017minha estante
Israel, existe uma coletânea de contos e novelas lançadas por uma editora universitária, e eu creio que juntamente a esse romance é tudo ou quase tudo que ele escreveu.


Israel145 02/03/2017minha estante
Sim, estou ciente. A editora da EDUSP. https://www.skoob.com.br/livro/210953ED236140 Pode ser encontrado a preços humanos na estante virtual e mercado livre. Está na wishlist.


Mateus.Cogo 14/09/2017minha estante
Amigos, a biografia do Bulgákov, tbm lançada pela Edusp (O diabo solto em Moscou, do Homero Freitas de Andrade), inclui alguns contos escritos pelo autor, inclusive alguns da época em que atuou como médico.. Está na minha lista! rs




Max 16/05/2023

O diabo...
Desde o dia em que "Crime e Castigo" de Dostoievski e "Guerra e Paz" de Tolstoi chegaram às minhas mãos, a literatura russa sempre esteve entre as minhas favoritas. Agora com Mikhail Bulgákov se abre um novo horizonte, cheio de inventidade, romance, crítica social e principalmente bom humor.
Em meio às peripécias do diabo e seu séquito em Moscou, há também uma estória paralela de Poncio Pilatos muito interessante.
Recomendo!
aartemesalva-nat 16/05/2023minha estante
Esse está na minha lista. A literatura russa é incrível mesmo. ?


Regis 16/05/2023minha estante
Adorei a resenha, Max. ?
Mais um autor russo para a lista. ?


Max 16/05/2023minha estante
Obrigado, Regis, querida!?


Débora 17/05/2023minha estante
Já tinha vontade de ler esse livro. Agora fiquei querendo mais ainda! Ótima resenha, como sempre, Max!?


Max 17/05/2023minha estante
Obrigado, querida Débora! ?




Gláucia 11/03/2018

O Mestre e Margarida - Mikhail Bulgakov
Nem sei o que dizer sobre essa leitura.
Já imaginava que não iria gostar. Atendeu plenamente minhas expectativas.



Esperando alguém dizer que não entendi o livro em
3
2
1
Thiago 11/03/2018minha estante
kkkkkkkkkkkkkkkk


Gláucia 12/03/2018minha estante
Chato demais.


Paulo.Gutierrez 30/03/2018minha estante
A leitura é cansativa mesmo, mas achei que no final vale a pena


Gláucia 31/03/2018minha estante
Bom quando isso acontece. Infelizmente comigo foi chato até o final




Felipe Sanches 19/08/2020

Legal mas....
Alguém mais achou a cena do baile meio racista? Na Russia dos 1920 é compreensivel que a composição demográfica não seja muito diversa, até por que imigração era difícil na época, então por que conjurar pessoas negras nessa historia pra serem os serviçais..... e o uso deliberado da expressão [parafraseando] ''seus rostos se tornaram de um marrom sujo de emoção'', não podia ser 'colorido' no lugar de sujo? kkkk Enfim, fica a reflexão, não vi ninguém falando disso em lugar nenhum. Às vezes é coisa da minha cabeça! O livro é legal mas achei o final meio ruim
Felipe Sanches 19/08/2020minha estante
Ah é, a unica outra instancia onde aparece uma pessoa negra é o literal ESCRAVO AFRICANO do Pilatos. Bom, pelo menos nesse caso já dá pra argumentar que é mais historicamente provável?


Virgínia 16/09/2020minha estante
Te amo vc é muito inteligente.


Virgínia 16/09/2020minha estante
Acho que eu nunca usei a palavra instancia na minha vida kkkk. Te amo vc é muito inteligente.


gabi.rodrigues. 23/06/2023minha estante
Eu percebi. Mas tendo em vista que até pouco tempo atrás as "empregadas" das novelas da globo eram sempre negras...




João Vicente 04/08/2018

Chispa!
Tem vezes que eu penso com os meus botões - e vejam que é sempre com os botões que eu penso, nunca com o zíper da calça ou com os cadarços dos sapatos – que algo só passa a ter real valor para nós se for único. Mas para ser único, vocês bem devem saber, é preciso personalidade - coisa que, assim como Roma, não se constrói da noite para o dia.

Pois bem, "O mestre e Margarida" levou aproximadamente 11 anos para ficar pronto (1929 – 1940). Nos últimos suspiros de vida, Bulgákov ainda ditava à esposa pequenas correções sobre seu manuscrito.

E que manuscrito.

O livro é perfeito? Naturalmente, não. A mim, por exemplo, pareceu que o autor “esqueceu” de definir um mote específico para sua obra. Ele manda você catar coquinhos ao não entregar, de bandeja, a ”moral da história”. Principalmente em sua primeira metade. Amor, magia, literatura, censura soviética, história, arte x Estado, bem x mal, burocracia russa... Tudo isso são assuntos aos quais o livro apenas toca superficialmente. Pincela. Sem aprofundar-se em nenhum deles.

E cá entre nós, eu dei graças aos céus por não ter que fazer a leitura com a Wikipédia aberta do lado, bem no tópico sobre Revolução Russa, Stálin e etecéteras. (Mania de quem é de exatas, talvez. Rs)

Mas João, por que diabos o negócio é tão “bão” então??

Ôpa, ôpa... Não fala no tinhoso que ele aparece.

Certo, vocês lembram de eu ter comentado sobre PERSONALIDADE no início da resenha? Aqui ela é definida pelo seguinte: carisma. A história é extremamente cativante, carai! Lembrem-se (pois tenho certeza que já esqueceram), foram 11, 12 anos amarrando a narrativa, tim tim por tim tim; criando os pormenores, os diálogos, cenários, desenvolvendo os personagens... E que personagens!!!

De cara o texto apresenta Woland (vulgo Satanás) defendendo a existência de Jesus, numa legítima conversinha de boteco. Sacou o nível da sátira? E pode crer que são 450 páginas recheadas de sutilezas cômicas da mais alta qualidade!

Outro personagem que rouba a cena (e por que não o filme inteiro?) é o gato preto Behemoth. Sim, esse é o nome do bichano. Grandão, peludo, capaz de tagarelar feito gente e servir lealmente ao diabo. Lembra até o Salém (aquele mesmo da Sabrina). Folgado, ainda é capaz de eriçar o pelo e chispar as pessoas do seu apartamento, só pra não ser incomodado. Um gato chispando um humano. Hilário demais!

São momentos de criatividade ímpar. O resto, confrades, deixo para vocês descobrirem.

A história é riquíssima, e a experiência, ao lê-la, eu diria que quase onírica. A todo instante, faz sua imaginação disparar.

Separem a vodca (álcool puro serve), a vassoura, besuntem o rostinho com o creme do Azazello, preparem-se para o baile...

E que o diabo vos carregue!

Observações finais:

- Li a edição da Alfaguara, capa marrom, com o “gato” de roupão. Essa capa, aliás, na minha opinião, é bem mais legal que a da Editora 34 (fofinha demais, branquinha). Enfim, combina mais com a temática do livro. A tradução de Zoia Prestes direto do russo também me agradou; considerei impecável;
- Baixei via torrent uma série russa de 2005, adaptação direta da obra. Não comecei a assistir ainda, porém achei válido comentar por aqui. Parece interessante. Dito isso, fui!
Fernando 05/09/2018minha estante
Excelente resenha!!! Vou procurar essa série!


Mariana Faggioni 16/04/2019minha estante
Ótima resenha! E divertida também!


Rosa Santana 27/08/2019minha estante
Muito boa sua resenha. Estou entrando no universo do Woland e de seu espantoso gato...




Lucas 11/08/2019

Os manuscritos não ardem: Nunca um livro foi tão atrelado à uma premissa
Mikhail Bulgákov (1891-1940) foi um grande dramaturgo ucraniano, que sofreu na pele, algo recorrente em seu meio, a opressão do Estado Soviético, que muito contribuiu para que a literatura russa sofresse um nítido processo de estagnação por quase todo o século XX. Principalmente como dramaturgo, Bulgákov chamava a atenção das autoridades por seu brilhantismo em expor, de forma velada, as características midiáticas opressoras que o governo da URSS, especialmente em seus primeiros anos, impunha ao seu próprio povo.

Apesar de ser no teatro que Bulgákov construiu um legado mais amplo, é na literatura que ele acabou se popularizando no Ocidente, com a obra O Mestre e Margarida, lançada postumamente no fim da década de 60, primeiro na Alemanha Ocidental e depois na URSS, em 1973. O romance consumiu os últimos doze anos da vida do seu criador, que sofreu com a censura estatal e até queimou uma parte do manuscrito, com medo de ser punido.

Tirando a carga do absurdo (que será explicada mais a frente), muitas das passagens e até mesmo a postura geral do protagonista masculino da obra são baseadas na própria vivência de Bulgákov. A narrativa se passa em algum momento da década de 20, provavelmente em 1929, quando a ainda jovem URSS passava pelos primeiros anos do governo que mais a definiu (para o bem e para o mal) até seu fim em 1991: Joseph Stálin (1878-1953), ditador que levou aos recônditos mais radicais a Revolução de 1917, com extermínio, medo e opressão. O protagonista, Mestre (não é denominado de outra maneira, o que pode caracterizar a universalidade de seus dilemas) é um escritor decadente que escreveu um romance sobre Poncio Pilatos e sua atuação como procurador (pelo menos a tradução da obra define sua ocupação desse modo) junto ao "processo" que condenou Jesus à crucificação (na obra, Jesus é nomeado por seu nome em hebraico, Ieshua Ha-Notzri). Dono de uma compreensão literária bastante robusta, o Mestre acaba por se apaixonar por Margarida, a protagonista feminina, doce figura que exerce influência sobre ele e sobre a grande temática da narrativa, que é a opressão midiática que agia nos mais diversos meios literários no início da URSS.

Por mais que sejam, de fato, os protagonistas, tanto o Mestre quanto Margarida aparecem na narrativa aos poucos: o primeiro aparece de forma mais direta apenas no capítulo 13 (a obra possuiu 32 capítulos e um epílogo), ao passo que Margarida surge com um capítulo próprio na segunda e última parte. Nesse interlúdio inicial, antes da descrição do Mestre e suas desilusões, Bulgákov coloca em suas páginas muito do absurdo, satírico e trágico que define, o romance. Na realidade, a narrativa em seu início descreve o aparecimento em Moscou de Woland, um misterioso estrangeiro que se apresenta como mestre de magia e que estava na cidade para apresentar shows de mágica baseadas em magia negra. O passar das páginas, todavia, revela que Woland é na verdade uma entidade satânica, capaz de muitas maldades.

Contudo, a obra não trata Woland como um herói inapropriadamente diabólico. Este tipo de preconceito é enraizado muitas vezes em crendices populares, mas se for averiguado mais a fundo por leitores curiosos, percebe-se que Woland e seu séquito (composto por Korôviev, espécie de tradutor e ilusionista; Azazello, de feição vampiresca; Behemoth, o famoso gato preto falante e cômico; e Hella, criada de Woland) não agiam por mal de forma gratuita. As primeiras dezenas de páginas reforçam isso, já que o mencionado estrangeiro surge numa ocasião onde se defendia a inexistência de Jesus Cristo. Esta tese, que estava em voga no contexto político soviético da época (um dos traços do Stalinismo era a negação de religiões, não só na crença ao Filho de Deus) é desconstruída com provas plausíveis pelo "Diabo". Esta é somente a primeira de inúmeras situações que não visam colocar um sentido dogmático de luta entre Deus e Satã, mas sim trazer uma nova tônica à narrativa, que caracteriza toda a oralidade presente na obra: a sátira.

Ela se faz presente em praticamente todas as "cenas" do romance; por vezes de forma indireta ou em alguns momentos expondo situações totalmente absurdas, a sátira faz d'O Mestre e Margarida um livro engraçado, mas baseado num "humor negro" que, com a mesma facilidade que possui em trazer risadas, traz repugnância ao leitor. São inúmeras as situações aleatórias que muito contribuem para que a obra seja um misto de estilos, onde o cômico e o surreal sobrepõem-se sobre todos os outros.

Este outro elemento, a aleatoriedade narrativa, é recorrente nas páginas. Em realidade, Bulgákov mostra um espantoso fluxo imaginativo, que lembra um pouco o realismo mágico sul-americano que surgiu quarenta anos depois (na década de 60), mas de uma forma totalmente crua, sem apegos poéticos. Um dos incontáveis exemplos pode ser extraído dessa parte, longa, mas cuja exposição aqui é necessária para que se atente a leitores mais realistas: "[...] teve a impressão de voar para algum lugar em que avistava montes de ostras em imensos tanques de pedra. Depois sobrevoou um chão de vidro acima de fornalhas infernais a arder, com diabólicos cozinheiros brancos agitando-se entre elas. Depois, em algum lugar, tendo parado de compreender qualquer coisa, divisou porões escuros, onde ardiam uns castiçais, onde moscas serviam carne sibilando no carvão em brasa, onde se bebia em grandes canecas à sua saúde". Principalmente na segunda parte, o livro abriga várias descrições surreais similares que, se fazem com que o livro se torne cinematográfico em excesso, também podem cansar a leitura. O viés do absurdo é previsível ao se tratar de um tema tão mítico quanto o Satanás, mas há na leitura uma sensação intermitente de que se está em um "rolê aleatório".

O Mestre e Margarida é livremente inspirado em Fausto, um poema épico do alemão Johann Goethe (1749-1832), que envolve um personagem desiludido com a vida e que trava conhecimento com Mefistófeles, uma entidade diabólica. Fausto, como obra, serve como uma fonte cultural desconhecida na URSS da época, já que as similaridades entre a obra-prima de Goethe e o séquito de Woland não são percebidas de forma imediata e por todos que presenciam as peripécias deles. Fica a impressão de que Bulgákov tratou essa ignorância como uma forma de alfinetar o Estado, que controlava todo tipo de literatura que estava disponível aos soviéticos e acabou por isentá-los, ao menos temporariamente, de grandes obras literárias da época (Vida e Destino, de Vassili Grossmann, é um exemplo disso). Não é, contudo, o único tipo de crítica indireta que o autor faz às autoridades opressoras: há dezenas de outras espalhadas de forma explícita ou contextual nas quase 400 páginas da edição sempre bem-cuidada da Editora 34.

Além dos absurdos satíricos, Bulgákov traz em O Mestre e Margarida um "romance dentro de um romance". Isso porque os escritos do Mestre no seu trabalho próprio sobre Poncio Pilatos aparecem em capítulos específicos, que contrapõem ao aleatório relatado no contexto de Moscou. Ao descrever a relação de Pilatos com Jerusalém (também chamada pelo seu nome em hebraico, Ierushalaim) e as últimas horas de Ieshua, o leitor terá uma versão "alternativa" dos Evangelhos no que se refere às descrições de todo o martírio de Cristo. São várias as alterações, mas muitos nomes conhecidos se mostram, dando a entender que, no fim das contas, por mais que o Mestre quisesse inovar, os Evangelhos acabaram por ser a fonte principal da sua inspiração, até mesmo no sentido espiritual, de mensagem sagrada que Ieshua transmitiu em seus momentos derradeiros. O foco aqui está em Pilatos, personagem importantíssimo dentro dos Escritos Sagrados, mas cujo caráter individual foi sendo desfocado ao longo dos séculos. Mesmo assim, o romance do Mestre guarda vários momentos maravilhosos, como a conversa entre Pilatos e Ieshua, que lembra um pouco o capítulo O Grande Inquisidor, presente em Os Irmãos Karamázov (1881), de Fiódor Dostoiévski (1821-1881).

A saga de Pilatos balanceia bem com o satírico presente na Moscou da década de 1920, e faz com que O Mestre e Margarida seja um romance razoável em termos de qualidade. Bulgákov quis demonstrar que o grande mal, o verdadeiro "diabo" está num Estado totalitário, que não tem capacidade para entender o subjetivo ou o abstrato (os últimos capítulos da obra e as informações reveladas no ótimo posfácio do tradutor Irineu Franco Perpetuo, da citada edição, reforçam esse contraponto). O autor faz isso abarcando uma imensidade de temas, que, se não possuem estruturação própria, amarram-se para construir uma história cômica e sombria, romântica e aterradora, entre outros dualismos que surgem e ressurgem num piscar de olhos.
Sheila Lima 11/08/2019minha estante
Como eu gosto das suas resenhas.
Sempre gostei!


Lucas 12/08/2019minha estante
Obrigado Sheila. :)


Rosa Santana 27/08/2019minha estante
Estou a ler o livro! Gostando bastante. Sua resenha está excelente. Parabéns!!




Alan Martins 21/08/2018

Censura, fantasia e bom humor
Título: O Mestre e Margarida
Autor: Mikhail Bulgákov
Editora: Editora 34
Ano: 2017
Páginas: 408
Tradução: Irineu Franco Perpetuo

“[…] mas algo de mau se esconde nos homens que fogem do vinho, do jogo, da companhia de mulheres sedutoras, das conversas à mesa. Esse tipo de gente ou é bem doente, ou odeia em segredo quem está a seu redor.” (BULGÁKOV, Mikhail. O Mestre e Margarida. Editora 34, 2017, p. 210)

Um livro censurado pelo governo soviético que, anos após a morte de seu autor, acabou se tornando um clássico, a obra mais aclamada de Bulgákov, um dos predecessores do realismo mágico.

HOMEM DE CORAGEM
Mikhail Bulgákov [1891-1940] é tido como um dos mais importantes escritores russos do século XX, sempre presente em listas sobre os maiores autores desse gigantesco país. Formado em medicina, voluntariou-se, durante a Primeira Guerra Mundial, para trabalhar para a Cruz Vermelha e foi enviado diretamente ao front de batalha.

Todavia, nutria grande interesse pela arte. Tinha como ídolos escritores como Gógol, Dostoiévski e Goethe. Escreveu, ao longo de sua carreira, diversas peças de teatro, que fizeram grande sucesso; algumas delas foram apreciadas até mesmo por Stalin.

Sua obra-prima, ‘O Mestre e Margarida’, escrita entre 1928 e 1940, durante o regime de Stalin, foi vítima da forte repressão política desse ditador. Porém, por conta da censura soviética, a obra só foi publicada na Rússia em 1967 e mesmo assim com muitas partes censuradas. Apenas anos mais tarde o povo russo conheceu a versão sem censura da obra, depois de o resto do mundo já a ter conhecido.

“Sim, o homem é mortal, mas isso é desgraça pouca. O pior é que ele é subitamente mortal, esse é o cerne. Em geral não consegue dizer nem o que vai fazer hoje à noite.” p. 23

E SE O TINHOSO APARECESSE NA SUA CIDADE?
A história começa com dois literatos caminhando pelas ruas de Moscou, quando encontram um sujeito, que tomam por estrangeiro. O primeiro capítulo chama-se ‘Nunca fale com desconhecidos’ e teria sido melhor se os personagens tivessem seguido esse conselho.

Woland, o estrangeiro (que estava acompanhado por duas outras figuras estranhas), começa a contar aos dois amigos uma história sobre Pôncio Pilatos, insinuando que estava presente quando este participou da condenação Jesus. A partir desse momento, muitas coisas estranhas começam a acontecer com esses dois literatos e com pessoas da arte, escritores e donos de teatro, conectadas a eles.

Mais adiante, as personagens que dão título ao livro serão apresentadas. A história de ambos é uma espécie de romance que mudam um pouco o rumo da narrativa. Essa obra apresenta uma viagem mágica e surrealista, com momentos engraçados e outros críticos. Um livro único e surpreendente.

“A humanidade gosta de dinheiro, não importa do que ele é feito, de couro, de papel, de bronze ou de ouro.” p. 131

MARCO DA LITERATURA
Podemos considerar essa obra como um dos primórdios do realismo mágico, gênero que consagrou grandes autores, como Gabriel García Márquez e Haruki Murakami, um estilo de escrita que coloca elementos mágicos e fantásticos dentro de uma narrativa realista.

Pelo seu caráter satírico, criticando aspectos da ditadura implementada pelo regime soviético, o livro acabou sendo censurado por Stalin. É possível identificar essas críticas em diversos detalhes do enredo.

A obra é dividida em duas partes. A primeira, de certa forma, tem um clima mais sério. Na segunda, muitas situações surrealistas acontecem, repletas de exageros, até parece um livro de fantasia — é o que dá brilho à obra, parte da sátira, um exagero intencional. Para citar um exemplo, temos personagens transformadas em bruxas, que sobrevoam Moscou, nuas.

Algumas partes do livro abordam temas religiosos, contando a história de Ieshua e Pilatos. Esse elemento também causou um pouco de euforia na Rússia, onde, com o regime soviético, uma forte propaganda ateísta estava sendo espalhada. E, de certa forma, o fato de Satã aparecer, em pessoa, na cidade de Moscou deve ter sido um tanto quanto assustador.

Leitura divertida (apesar de alguns momentos cansativos e enrolados), com muito humor e exageros, além de conter muitas críticas ao que ocorria na política russa da década de 1930, da forte censura e repressão. Um clássico inspirado em ‘Fausto’, de Goethe, tanto que ficou conhecido como ‘O Fausto russo’.

“Às vezes, de modo completamente inesperado e traiçoeiro, ela [a misericórdia] se infiltra nas menores fendas.” p. 285

SOBRE A EDIÇÃO
Edição comum. Brochura, capa com orelhas, miolo em papel Pólen Soft 70g/m², boa diagramação.

Tradução de Irineu Franco Perpetuo (muito boa, aliás), direta do original em russo. Em 2010, a Alfaguara publicou essa mesma obra, com tradução de Zoia Prestes, também direta do russo. Irineu foi o revisor técnico dessa tradução, então ele já possuía certa intimidade com a obra, o que, certamente, deve ter ajudado em sua própria tradução. O diferencial dessa edição da Editora 34 é a base utilizada para a tradução, que foi a última edição crítica da obra, publicada na Rússia em 2014. Além da tradução, Irineu também escreveu um posfácio à edição e diversas notas de rodapé, que ajudam o leitor a se contextualizar.

Um fato curioso sobre a tradução: o tradutor teve seu notebook de trabalho roubado. Ele já havia traduzido os catorze capítulos iniciais e teve que começar tudo de novo.

“[…] e se interrogássemos algumas bisavós, especialmente aquelas que desfrutam de uma reputação de humildade, descobriríamos os mais espantosos segredos […]” p. 256

CONCLUSÃO
Quando uma obra irrita tanto um governo, ao ponto de ser censurada, é um sinal de que se trata de uma leitura que traz algo a mais, que expõe atrocidades, como esse governo explora e subjuga sua própria população. Era assim na Rússia soviética de Stalin, que sofria com um regime altamente autoritário e controlador, as pessoas não gozavam de muita liberdade. A sátira de Bulgákov é magistral e corajosa. Leitura gostosa, com um bom humor sempre presente, expondo, de maneira muito inteligente, aquilo de pior que o corria na política soviética. Quem gosta de Kafka vai gostar desse livro, pois o surrealismo impera, as situações são sempre exageradas. O caráter fantástico agradará os fãs de fantasia, apresentando fortes características desse gênero. Conheça o’ Fausto russo’, uma obra cheia de referências e tão boa quanto a de Goethe. Um clássico do século XX.

“Venha comigo, leitor! Quem lhe disse que não há no mundo amor verdadeiro, fiel, eterno? Que cortem a infame língua desse mentiroso! Venha comigo, meu leitor, apenas comigo, e lhe mostrarei tal amor!” p. 221

Minha nota (de 0 a 5): 4

Alan Martins

Visite o blog para ler outras resenhas.

site: https://anatomiadapalavra.wordpress.com/2018/08/17/minhas-leituras-82-o-mestre-e-margarida-mikhail-bulgakov/
Fernanda Sales 21/08/2018minha estante
Se tiver mais curiosidade sobre a vida do autor, recomendo o livro "O Diabo Solto em Moscou", publicado pela USP. O livro conta absolutamente tudo sobre Bulgákov, desde sua infância, carreira médica até chegar a sua vida como escritor.
Adorei sua resenha, você escreve muito bem, parabéns!


Alan Martins 22/08/2018minha estante
Obrigado pelo elogio, isso é um grande motivador para que eu continue escrevendo resenhas!
Agradeço sua dica, vou procurar esse livro. A vida do autor me pareceu bastante interessante.
Abraço.


Edméia 22/01/2019minha estante
*Adorei a sua resenha , Alan ! Muito obrigada ! Vou comprar este livro no formato digital , aqui , na Livraria Amazon ! Uma pergunta : - A tradução de Zoia Prestes não é boa ?! O.O
*Alan , vou visitar o teu blogue !
*Boa semana pra ti ! Boas leituras ! Fiques com Deus ! Um abraço !




Igor.Camilo 14/10/2023

Fui vítima das minhas próprias expectativas
Depois de muitos anos de expectativas e ensaios, finalmente peguei pra ler "Mestre e Margarida", um clássico tido como uma obra prima da literatura russa.
Com expectativas altíssimas fui com muita sede ao pote, e a leitura não fluiu pra mim, infelizmente.
Achei o livro chato e tedioso a maior parte do tempo. Os trechos bem humorados conduzidos por Bulgakov não me foram bons o suficiente pra me manter interessado.
Tô muito frustrado mesmo, como apreciador da literatura russa, esperava gostar muito dessa obra... Não rolou.
Ana Paula Avila 14/10/2023minha estante
A experiência fica muito melhor se vc tiver lido Fausto e se


Ana Paula Avila 14/10/2023minha estante
A experiência fica perfeita se você tiver lido Fausto do Goethe antes dele e se tiver conhecimento de algumas passagens bíblicas. Já li esse livro duas vezes e a cada vez que leio descubro mais camadas e isso sempre torna a leitura fascinante.


Igor.Camilo 14/10/2023minha estante
Pois é Paula, me senti um pouco deslocado. Acredito que tenha me faltado um pouco mais de repertório pra poder apreciar melhor a obra.




fsamanta (@sam_leitora) 19/01/2014

Achei o livro péssimo. Ok, é uma alegoria de crítica ao stalinismo, tem sua importância histórica, mas, se tirarmos isso, não sobra nada.
Nathy 20/01/2014minha estante
Tem certeza que você está falando do maior romance russo de todos os tempos?


Juliana 02/05/2016minha estante
Tá ruim desse ser o "maior romance" da literatura russa, viu Nathy? Existiram Tolstoi. Dostoiévski, Gontcharov, Turgueniev, Gogol...


Israel145 02/02/2017minha estante
Eu discordo do livro. Acho que a ignorância é o pior dos defeitos, não a covardia.




Hildeberto 16/07/2019

Segundo o "Livro da Literatura" (Editora Globo), O Mestre e Margarida "[...] pode ser interpretado como uma validação histórica de dogmas religiosos, uma crítica a regras exageradamente burocráticas e uma sátiras às autoridades soviéticas [...]".

Além disso, a descrição da quarta-capa diz que ele "é um livro com estilo absolutamente original, sobre a liberdade da escrita e a força do amor em tempos adversos".

Comprei o livro justamente por esses elementos e não posso esconder minha decepção com o que li. Não sei se foi a tradução da edição Editora Alfaguara (dizem que a tradução da Editora 34 é melhor), mas achei a escrita truncada e sem fluidez. Estava procurando algo que beirasse ao absurdo, mas que fosse bem construído. Não encontrei. A primeira parte do livro narra diversos acontecimentos com moscovitas que encontram Woland, o demônio, e seu séquito. Sua contribuição para a narrativa é mínima. A segunda parte da narrativa centra-se na Margarida e no mestre do título, em uma festa que o demônio deu e no desfecho do livro. Por fim, alguns capítulos retomam a Jerusalém da época de Jesus e contam uma versão da crucificação de Cristo.

Há alguns elementos interessantes, como um gato sarcástico, a narração de um estória dentro de outra estória, personagens absurdos e misteriosos. Mas, apesar de tudo isso, o livro é pífio. É uma coletânea de elementos que Bulgákov considerava interessantes, mas não formam um todo coeso. O começo não leva ao meio, e este não leva ao fim. Não há nada. Apenas uma coletânea de momentos bizarros.

Alguém poderia dizer que trata-se de um romance escrito para ser no-sense. Sou fã do gênero e, de fato, algumas passagens são deliciosas: um terno que não para de trabalhar, pessoas que cantam a cada dois minutos, baile dos mortos... Enfim, há coisas legais no texto. O problema é que "O Mestre e Margarida" não é uma coletânea de contos; é, ou deveria ser, um romance. E mesmo para os padrões no-sense, deveria haver um mote, uma ideia comum que trespassasse todo o texto. Simplesmente isso não acontece nesse livro. Em diversos momentos nota-se que o autor tentou criar essa conexão, mas não conseguiu. Talvez tenha morrido antes de concluir ou revisar completamente a obra. Mas isso não muda o resultado.

Não posso dizer que foi uma experiência agradável. Foi um pouco monótona e, para uma "leitura divertida de férias", não atendeu as expectativas. Pessoalmente, acho que não faz jus a fama de grande obra da literatura mundial.

E, não esqueçamos, manuscritos queimam. Ideias não.

Talys 29/08/2019minha estante
Nesse caso talvez você goste mais de Camus ou Sartre, eu também tenho problemas com o livro, já comecei 3 vezes e parei pela metade, hoje estou recomeçando, espero agora ir até o fim kkkk


Hildeberto 29/08/2019minha estante
Comecei a ler "O Estrangeiro", de Camus, e você acertou - estou adorando!




Julyana. 23/10/2011

Que livro!

É tanta coisa em um livro só: comédia de costumes, crítica social, fantasia, história de amor, mas penso que fala sobretudo de liberdade.

Gosto da ideia que permeia boa parte do livro de que a covardia é o pior dos defeitos. Gosto também da ideia de que as pessoas são responsáveis pelo mal, não o diabo. É bem verdade que ele dá os meios, mas as pessoas só usam se quiserem.

A única nota triste é o autor não ter podido ver sua obra publicada. Mas como 'os manuscritos não ardem' hoje ela tem a importância merecida.
[^Angie^] 06/05/2015minha estante
Sempre ouço falar muito bem desse livro!

Gostei dos seus comentários. :)


Maria 27/10/2021minha estante
Resenha perfeita!




Icaro 27/04/2013

Livro do gato! Um dos livros mais doidos que já li! E olha que já li até livro escrito por maluco comprovado. O autor consegue juntar em um único livro vários mistérios da humanidade, Deus e o Diabo, Moscou, Jerusalem, Pôncio Pilatos. A narrativa é ágil, mas entrecortada, preste atenção mos nomes russos, são muitos e podem confundir. Gostaria de ver uma adaptação para o cinema! Seria sensacional!
Mateus.Cogo 30/10/2017minha estante
Amigo, pode ser uma minissérie? Rs
Dê uma olhada:

http://www.imdb.com/title/tt0403783/


Fernando 04/12/2018minha estante
Você me indicou esse livro e estou lendo agora, pqp é difícil parar rs




MMo 04/06/2022

O Mestre e Margarida.
O Mestre e Margarida, romance escrito por Mikhail Bulgákov, entre 1928 e 1940, passou por diversas elaborações e reelaborações antes de sua publicação, sendo uma obra que permeia o período stalista, o autor tinha plena consciência de que jamais seria publicada em sua época por conta das críticas ao regime soviético.
.
O livro possui duas linhas narrativas temporais. De um lado, temos a chegada do diabo a Moscou em 1930, convidado ao teatro variedades para uma sessão de magia negra juntamente com seu séquito. De outro, a crucificação de Jesus Cristo na antiga Jerusalém. Uma sátira que nos prende do início ao fim e sem dúvida, uma leitura que marca a vida de quem a lê.

?? ???????
DANILÃO1505 12/06/2022minha estante
Parabéns, ótimo livro

Livro de Artista

Resenha de Artista!


MMo 12/06/2022minha estante
Obrigada, Danilão. ?




Adriana1161 26/05/2019

Diabólico
Gostei do livro, a escrita é excelente. Um humor surreal, semelhante ao de Gógol.
A história tem três eixos temáticos: a história de Woland e seu séquito, a do Mestre e Margarida, e a de Pôncio Pilatos.
O livro é uma crítica à burguesia, crítica ao consumismo no Estado Soviético.
Há uma inversão da lógica, com muitas críticas veladas à URSS, mostrando que até o diabo era bom, comparado à essa época russa.
É o trabalho de uma vida toda de Bulgákov, e a obra tem uma relação direta com Fausto de Goethe.
Faz sátira aos companheiros de viagem. E cada viagem inusitada! De vassoura! Aborda tb a nudez, de maneira inusitada. Por vezes, me fez lembrar o humor do grupo Monty Phyton, chegando a ter mesmo, uma linguagem cinematográfica.
Mas não é um livro muito fácil, merece uma segunda leitura.
Rosa Santana 19/10/2019minha estante
Gostei muito, mas me perdi um pouco entre tantos personagens, com nomes difíceis de serem rememorados!


Adriana1161 20/10/2019minha estante
Verdade!




Fernanda 07/03/2022

Não vou nem amenizar: Foi uma das leituras mais difíceis que já fiz. É um livro permeado de significados, tanto explícitos, quanto implícitos, mas uma vez que se engata na leitura, encanta muito. Durante a leitura, e agora depois, eu fiquei obcecada em pesquisar sobre os detalhes da inspiração, da época, dos sentidos que Bulgákov quis dar aos personagens, acontecimentos, e enredo, tanto da parte moscovita, quanto da história de Pilatos. É um livro brilhante, e que solidificou minha preferência pela literatura russa.
Carol 06/05/2022minha estante
Você encontrou alguma referência com pilotos? Terminei a leitura agr e tô meio confusa


Fernanda 05/06/2022minha estante
Oi, Carol. Encontrei sim, inclusive vou deixar aqui o link desse site https://www.masterandmargarita.eu/en/index.html. É de uma pessoa que leu o livro há quase 20 anos e ficou apaixonados pela obra e significados e desde então se dedica a compilar as referências e afins do livro. Não só Pilatos, mas ele separou os personagens por tipo (De Moscou, da bíblia, demônicos, etc) e o significado de cada um. Os personagens da bíblia e a história que o mestre escreveu também tem várias referências e críticas aos soviéticos, de acordo com o site: "There are many references to the Soviet system in the novel. Caesarea Stratonova refers to the luxury dachas of the Sovjet apparatshiks, and the progress of the establishment of the ratification of Yeshua's death penalty reminds of the arranged interrogations and verdicts in the Stalin era.". O site não tem em português, mas tem em inglês, francês, neerlandês e russo, é bem interessante.




226 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |