Telma 23/05/2015SUI GENERIS"Para Telma
Algumas palavras nos levam para lugares que muitos caminhos não conseguem nos levar. São estas palavras que eu busco... são estes caminhos que eu tento criar! Sempre!!
Um beijo e boa leitura
Aldo Costas
2015"
*suspiro*
A começar pela dedicatória sensível e a terminar numa explosão de sentimentos arrancados de mim, posso dizer que, o mergulhar nesse livro, foi um banho de sonho, pesadelo e, por fim, lucidez.
Obrigada, Aldo.
Eu não achei tarefa fácil resenhar esse livro, (Não achei mesmo, sr. Aldo!) mas vou fazer assim mesmo, já que o impossível me fascina. :p
Igualmente difícil foi traduzir algumas partes do livro que gostei demais, para meu maridão (que serviu de suporte de livro, como podem ver na foto acima).
Eu consigo imaginar a dificuldade de Aldo, ao escrever esse livro da maneira como ele projetou (o que eu imagino que foi mutante, também)... porque a escrita, muito embora tenha me lembrado a de diversos escritores, filmes e até música (vou citar mais abaixo), é uma escrita "sui generis", única, singular, invulgar, ímpar... Essa minha redundância é proposital, como é proposital as de alguns trechos do livro (também exemplifico abaixo).
O final do poema "Vindíctam", me fez vislumbrar a ousadia do autor, ao prever seu possível castigo:
Que será caçado e executado
Será açoitado, violado e decapitado
Por uma lâmina assassina
Por sorrir para uma doce menina
Por olhar nos olhos da Dama prometida
Morrer, se essa for a sua sina...
Há castigo maior para um escritor do que ser incompreendido, criticado e elegido como "ilegível"?
Pode mesmo, ser incompreendido pela massa que segue um líder por não ter que arcar com responsabilidade alguma, mas vai encontrar eco nas pessoas que pensam fora da caixa, sabe?
Aldo, por conta dessa ousadia me fez lembrar a música "Bandolins", de Oswaldo Montenegro. (se quiser, dá uma conferida... vale muito a pena).
Ah! sim... O livro é formado de contos e dentro deles, encontramos poemas, prosas, loucura, tormenta, agonia, estranheza... o indizível.
Por vezes, o autor usa e abusa de adjetivos e é dessa redundância que falei acima... e o que em algum contexto, ficaria "over", na loucura dos contos, refletem o "martelar" de uma mente agonizante. (Não temos todos um pouco de TOC?)
Essa tosse seca que me rasga os pulmões não é forte o suficiente para abrandar a densa escuridão deste quarto negro que se fecha sobre mim. Destes pregos que ininterruptamente são martelados em minha mente, esmagando totalmente meu crânio. Esse venenoso engano, essa penitência, esse calabouço úmido que goteja dia e noite irritantemente sobre meus pensamentos, sobre minhas lembranças (...). O silêncio não existem nem por um simples momento. Inútil! Não consigo ouvir nem meus próprios gritos! As vozes sussurram a cada instante: com lamento, com sofrimento. Com lamento, com sofrimento!
Percebe o clima criado?
Não me diga que não!
Eu escutei o martelar (dentro da minha cabeça) de cada palavra enquanto lia...
Na maioria das vezes é difícil saber se estamos acordados ou dentro de um sonho, de um pesadelo; de um mundo que talvez só exista para nós mesmos.
Os contos, todos, trazem reflexões dentro de si... trazem a solidão que sentimos quando olhamos para dentro de nós mesmos e a agonia que isso pode (e deve) causar. É difícil alguém conseguir por em papel tudo isso... ele pôs. Ele, Edgar Allan Poe, George Orwell, Dean Koontz, Neil Gaiman, Stephen King, Natsuo Kirino, Clive Barker e tantos outros.
Um convite a reflexão... Até quando disfarçaremos o egoísmo, justificando que vivemos numa selva de pedras e a lei que impera é a lei do mais forte? E, quem é o mais forte? Talvez a morte.... Talvez a sorte... e talvez... talvez você se importe.
Para terminar, a fofura da gratidão e do partilhar. O último capítulo é dedicado a todos os escritores contemporâneos. (lindo, isso!)
Se me perguntar o conto que mais gostei, vou responder de maneira diferente, em diferentes momentos do dia, ou do mês.
Nesse momento eu respondo que foi o "Senhor dos Bichos"... (daqui a 5 minutos eu responderei que foi "Lágrimas em Montparnassse").
Enfim... o livro me afagou como um soco no estômago da alma.
Um beijo, surtadinhos meus....
PS.: Para ver as fotos e outras imagens inseridas na resenha, dirija-se até o blog. Se beber, não dirija!
site:
http://surtosliterarios.blogspot.com.br/2015/05/resenha-reinos-de-cinzas.html