Léo 28/04/2024
A ficção A Letra Escarlate, escrita por Nathaniel Hawthorne e publicada em 1850, narra a história de Hester Prynne. Vivendo na Salém do final do século XVII, é condenada pelo crime de adultério e obrigada a ostentar uma letra A no peito. A partir desse momento, sua vida -- e a dos demais personagens envolvidos no caso -- muda completamente.
São quatro os principais personagens da história, desconsiderando a sociedade puritana, que constrói prisões e cemitérios, e que condena Hester.
Hester Prynne, tendo que viver com a marca escarlate estampada, vai enfrentar o repúdio da sociedade dos puritanos, ao mesmo tempo em que, de forma resiliente, encontrará forças não somente para criar sua filha, fruto do adultério, mas também dedicar-se humildemente ao bem estar da comunidade que a julgou e condenou.
Pearl, filha de Hester com o reverendo Dimmesdale, uma menina de beleza exuberante e de personalidade indômita, assume o papel ambíguo das consequências do ato. Amorosa, mas também ácida, seria ela fruto do mal ou uma benção de Deus?
O reverendo Dimmesdale, inteligente e de oratória invejável, é visto quase como um santo pela comunidade de colonos. No entanto, de forma um tanto egoísta e ensimesmada, sente na carne a culpa pelo adultério. Ao não assumir publicamente seu erro, torna-se uma figura dupla. "Santo" em seu exterior, mas marcado pela letra em seu espírito, o reverendo começa a definhar aos poucos.
O Doutor Chillingworth, marido de Hester que aparece logo após sua condenação, é um homem que dedicou a vida toda aos estudos. Deformado fisicamente, vai vendo também, por conta do desejo de vingança, a alma deformar-se de forma quase satânica, sentindo prazer ao observar o reverendo corroer-se de culpa.
Apesar dos aspectos históricos serem bem marcados e importantes para a narrativa, o coração da história reside no interior (ou, se preferir, na alma) das personagens. Por isso, elas assumem diversas vezes uma personalidade mais arquetípica do que real, tornando a narrativa mais simbólica e instigante.