Maria - Blog Pétalas de Liberdade 17/01/2015Vítimas Narrado em terceira pessoa, "Vítimas" conta a história de Vítor, um empresário bem sucedido, na faixa dos 50 anos. Vítor ia bem nos negócios, tinha uma boa esposa, uma boa filha, bons empregados, porém, após sofrer dois atentados dos quais escapou por pouco, ele estava ficando paranoico. O medo de um novo ataque e o desejo de vingança lhe consumiam intensamente.
Até que um psiquiatra, muito amigo da família, sugeriu que Vítor tirasse uns dias de férias, fosse repousar em um lugar tranquilo. Segundo Afonso, o psiquiatra, dias longe do estresse da cidade grande poderiam fazer com que Vítor voltasse a ter paz.
Com grande incentivo da família, Vítor foi sozinho para Lambari, cidade turística mineira. E parecia que o tratamento estava dando certo, o ar puro da cidade surtia efeito e ele se sentia mais calmo. E foi em Lambari que ele conheceu Sarah, uma jovem linda!
O que ele não sabia era que Sarah não havia cruzado seu caminho por acaso. Vinda de uma família muito pobre, ela viu numa proposta feita pela tia, que morava em São Paulo e parecia ser rica, uma forma de ter uma vida melhor. Pela proposta, Sarah devia seduzir Vítor e fazer com que ele se separasse da esposa, ela receberia um bom dinheiro para isso.
A diferença de idade entre os dois era grande: 34 anos. Mas Vítor se apaixonou loucamente por Sarah, não queria partir, retornar para São Paulo e nunca mais vê-la. Naquela altura da vida, depois de quase ter sido morto, ele não mereceria um pouco de felicidade? Decidiu levá-la para a cidade grande, comprou um apartamento para ela morar, onde passaram a se encontrar frequentemente.
Sarah se viu surpreendida pelo sentimento que nasceu inesperadamente dentro dela, seria amor? O dinheiro passou a não ser o mais importante, ela precisava de Vítor, precisava dele ao lado dela, precisava do amor dele.
Mas, como nada é perfeito, a culpa pela traição, a grande diferença de idade e a incerteza do futuro fizeram com que o ciúme nascesse no coração de Vítor, transformando-se em uma nova paranoia, que voltaria a corroê-lo por dentro, causando grandes consequências.
"Por obra do imprevisto ou de um destino maligno, Vítor e Sarah tornaram-se aves voando em direções opostas e sem lugar para chegar..." (página 11)
"Vítimas" é um daqueles livros que temos que ler com a cabeça aberta. Casos de homens que se envolvem com mulheres mais jovens são super comuns na vida real, e quem somos nós para julgarmos de forma justa se os sentimentos dos outros são verdadeiros ou não, quando sequer conhecemos bem os nosso próprios sentimentos? Temos o direito de rotular as relações dos outros? Qual sentimento é mais puro e legítimo? Ninguém é só bom ou mau, Sarah e Vítor não eram perfeitos, eram apenas humanos.
"Um escravo do que sentia não podia ter culpa..." (página 141)
"Vítimas" me trouxe várias suposições: e se Vítor tivesse largado tudo para ficar com Sarah? Se ela não tivesse sido deixada sozinha em longas noites naquele apartamento? Se eles tivessem sido fortes o bastante para lutar pelo que realmente queriam, fechando os olhos para as opiniões alheias, os preconceitos da sociedade e os medos plantados por terceiros? De que outras formas essa história poderia ter terminado?
Me pareceu que o autor focou bem mais no lado psicológico do personagem Vítor, ainda assim, os demais personagens foram bem trabalhados e tiveram suas histórias desenvolvidas paralelamente. Por ser narrado em terceira pessoa, houve a possibilidade de retrocessos no tempo, onde a vida dos personagens secundários era resumida até o presente momento, um fato que me agradou bastante.
Senti que a trama manteve um ritmo constante, sem altos e baixos. A parte emocional foi mais trabalhada que a parte do mistério sobre quem estava por trás dos atentados e tentando destruir o casamento de Vítor, e se seria a mesma (ou as mesmas) pessoa (as). Cheguei a formular algumas hipóteses e a suspeitar de alguns personagens, no fim, até que acertei.
Gostei do livro. É uma história com grande carga de realidade, relativamente pesada, um romance para adultos, pouco meloso, com uma forma de escrita direta e fácil de se ler, que retrata o que o ciúme pode provocar na cabeça de uma pessoa e numa relação.
"Estendeu-a sobre si como se pretendesse cobrir-se com ela. Poderia não existir nada além daquele instante. Página de uma agenda sem nenhuma anotação. Pureza confundindo-se com beleza. Descobrira naqueles dias o lado podre de uma imaginação doente. Só a ingenuidade dela poderia existir. Queria capturar para si a inocência que a envolvia sempre: flor frágil, carente de cuidados especiais." (páginas 221 e 222)
Achei a capa bonita, condizente com a história, gostei da combinação de cores. A diagramação está boa: margens, espaçamento e fonte de bom tamanho. As páginas são amareladas e lisas.
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