literan.du 16/04/2021
Uma história contada em três partes: uma fantasia contemplativa
Para quem busca literatura fantástica que deixe no coração a sensação de estar lendo algo grandioso e épico, tão ricamente construída que merece estar ao lado dos clássicos como "O Senhor dos Anéis" e "As Crônicas de Gelo e Fogo", "O Nome do Vento" é uma boa pedida. Aqui, vemos uma fantasia que não tem medo de seguir seu próprio curso e ritmo: criação minuciosa de universo e personagem.
Minha jornada com Kvothe começou em 2020, quando peguei o livro para ler — já o tinha na minha estante há uns bons anos, mas nunca tinha me interessado, até assistir uma resenha sem spoilers da Tatiane Feltrin sobre o livro. Confesso a vocês que não foi uma jornada fácil (aliás, o livro não é fácil se você é acostumado com fantasias mais rápidas, de ação). Abandonei a leitura por um tempo e só retornei a lê-lo agora, em 2021.
Fico feliz de ter dado uma nova chance, de ter abraçado e aceitado o modo como o Pat decidiu contar esta história. A Crônica do Matador do Rei não é uma fantasia para ser devorada — embora, é claro, os leitores mais ávidos possam fazê-lo em poucos dias. Esta história é contemplativa: nos sentamos na beirada da página e mergulhamos no universo dos Quatro Cantos, e conhecemos o nosso personagem principal, o Kvothe.
Aliás, eu particularmente terminei o livro com uma estranha sensação que sou amigo do Kvothe. De querer ser mais amigo dele. Acabamos criando uma conexão com ele tão forte que, ao fechar o livro, já sentimos falta.
E o jeito como o autor encerra este primeiro dia é muito interessante. Despretensiosamente, ou talvez nem tanto, Pat coloca novas informações que nos deixam em palvorosa para o segundo volume ("O Temor do Sábio", já publicado no Brasil). Personagens que pareciam meros coadjuvantes de repente ganham novas camadas. E o que parecia ser, já não era.
Ah sim, ao contrário do que muitos possam achar, esse livro passa e ao mesmo tempo não passa em um único dia. O que acontece é que há duas linhas temporais na história: a atual, do Kvothe contando ao Cronista (outro personagem muito interessante) sua história, narrado em terceira pessoa; e os tempos do passado, narrados em primeira pessoa, que é próprio Kvothe contanto sua trajetória de vida.
Não creio que eu tenha algo a mais para acrescentar aqui. Muito já se falou sobre esses livros. Minha recomendação é que, se você é fã de literatura fantástica, dê uma chance a O Nome do Vento. Você dificilmente sairá decepcionado dessa leitura.