MiCandeloro 12/06/2015
Melhor livro sci-fi sobre o espaço que já li!
Mark Watney foi enviado a Marte, juntamente com outros cinco astronautas, para participar da Ares 3. A ideia era de que eles ficassem por lá durante 31 dias coletando rochas e solo marciano para análise. Porém, em Sol 6, uma tempestade de areia atingiu o local em que o Hab estava instalado e a Nasa os obrigou a abortar a missão. Enquanto a tripulação corria até o VAM, em meio a ventos de 175km/h, sem nenhuma visibilidade, uma antena se desprendeu do aparato de comunicação e atingiu Mark, rasgando seu traje espacial, danificando o seu equipamento e matando-o.
A comandante Lewis teve que tomar uma difícil decisão e deu a ordem a Martinez para decolar o VAM, deixando o corpo do amigo para trás. Um resgate naquelas péssimas condições colocaria a vida de todos em risco. Assim que tal fatalidade foi noticiada pela Nasa, a mídia enlouqueceu! Acamparam feito abutres no Centro Espacial Johnson, ansiando por novidades. O mundo parou para chorar por Mark Watney, que se tornou um mártir.
Porém, o que ninguém podia imaginar é que, por causa de uma sequência ridícula de acontecimentos, Mark Watney havia sobrevivido. Agora, ele estava perdido em Marte, incomunicável, com um número limitado de suprimentos, vivendo numa estrutura que havia sido criada para durar por 31 dias e tentando quebrar a cabeça para descobrir como se manter vivo.
"Se o oxigenador quebrar, vou sufocar. Se o reaproveitador de água quebrar, vou morrer de sede. Se o Hab se romper, vou explodir. Se nada disso acontecer, vou ficar sem alimento e acabar morrendo de fome. Então, é isso mesmo. Estou ferrado."
Apesar do péssimo prognóstico, as esperanças de Mark não estavam completamente perdidas. Outros astronautas pousariam no planeta vermelho, em quatro anos, quando a Ares 4 chegasse. O problema é que, para ser resgatado, Mark teria que percorrer 3.200 quilômetros da sua localização, sozinho.
Mark precisava traçar um plano, e seu objetivo principal resumia-se em consertar o rádio e fazer contato com a Terra. Ele ia precisar de toda a ajuda possível para resistir naquele local inóspito.
Querem saber o que vai acontecer? Então leiam.
***
Li Perdido em Marte sem nenhuma pretensão ou expectativa e me surpreendi demais com a história, a começar pela escrita irônica e com uma ótima pitada de humor negro de Andy Weir, que muito me agradou. Não imaginava que fosse encontrar diversos pontos de vista durante o texto, intercalados entre a primeira e a terceira pessoa, algo que deixou a trama bem dinâmica e intrigante, já que nunca sabíamos o que esperar logo em seguida.
Num primeiro momento, compartilhamos com Mark as suas angústias e temores de ter sido deixado para trás em Marte. Por ser formado em botânica e engenharia mecânica, e por ter uma mente muito imaginativa e atitudes meio insanas que quase o mataram por diversas vezes, Mark tinha reais chances de sobreviver. Ele sabia como racionar comida e estender a sua duração, como produzir mais água e, se algo viesse a quebrar, ele poderia consertar. Mas Watney tinha consciência de que, se não conseguisse se comunicar logo com a Nasa, não seria resgatado, e nenhum plano mirabolante seria suficiente para mantê-lo vivo para sempre no planeta vermelho. A morte pairava sobre a sua cabeça dia após dia.
Enquanto isso, a tripulação da Hermes não tinha ideia de que Mark estava vivo. A Nasa decidiu não comunicá-los para que pudessem concentrar-se na sua volta para casa. Já na Terra, a equipe do Centro de Comando Johnson tentava lidar com a pressão da mídia a respeito do fracasso da Ares 3, receando que a repercussão negativa da missão custasse no cancelamento dos próximos lançamentos aeroespaciais.
Durante a leitura, me imaginei na pele de Mark, visualizei tudo o que ele fazia e temi pela sua vida a cada instante. Como sou fascinada por tudo o que envolve o espaço, desde pequena, esta obra foi um prato cheio para matar a minha curiosidade.
E o final, o que foi aquele final, gente? Quase arranquei os cabelos e roí todas as unhas! Fiquei o tempo inteiro tensa, com medo, e tendo ataques de nervos pelos imprevistos que aconteciam. O desfecho foi lindo, mas, como qualquer fã, fiquei ansiando por maiores informações que não vieram, ou seja, Andy poderia ter escrito umas duzentas páginas a mais que eu leria de bom grado! kkkk.
No entanto, sinto que devo fazer um breve alerta a respeito da obra. Este é um livro que não irá interessar a todos os leitores por conter muito linguajar técnico, de difícil compreensão, e cenas completamente descritivas, sem ação e sem diálogos. Todavia, nada disso me incomodou ou me impediu de curtir a história, ao contrário, aproveitei cada momento do enredo. Portanto, o que recomendo, é que ao menos deem uma chance a Perdido em Marte e vejam se vão gostar deste tipo de escrita.
Perdido em Marte foi certamente o melhor livro de ficção científica que já li na vida. Fiquei simplesmente chocada com a originalidade do assunto e com o vasto conhecimento do autor a respeito do espaço, física relativista, mecânica orbital e história de voos espaciais tripulados. Andy Weir é um nerd assumido, e em entrevista publicada no seu site, nos contou que escreveu todas as informações cientificamente precisas e que se divertiu trabalhando nos cálculos de matemática e de física feitos por Mark na história. Além disso, construiu o seu próprio software para calcular os vários caminhos orbitais envolvidos no enredo e rastrear trajetórias constante-axiais.
O mais impressionante disso tudo é que Perdido em Marte é apenas o primeiro livro do autor. Por meses, o ebook ficou disponível gratuitamente para download em seu site, até que alguns leitores pediram para que ele postasse uma versão Kindle, que ficasse mais fácil de baixar e ler. Andy cadastrou a obra na Amazon e o colocou à venda pelo preço mínimo. Em pouco tempo, virou um estouro de vendas e quando menos percebeu, estava assinando um contrato de publicação e de adaptação cinematográfica com menos de uma semana de diferença cada.
Quando perguntado a respeito dos seus próximos projetos, Andy respondeu que tem muitos planos à vista, e que um deles irá envolver uma história sci-fi numa temática completamente diferente de Perdido em Marte. E o que tem de mais legal do que um livro sobre o espaço? Um thriller policial, envolvendo a resolução de crimes por um inteligente agente do FBI. Aiii, eu mal posso esperar.
Descobri, apenas recentemente, que Perdido em Marte será adaptado para os cinemas e que Mark Watney será interpretado por Matt Damon. O trailer já foi lançado e promete um filme eletrizante. Entretanto, notei pequenas modificações no roteiro, de coisas que não aconteceram no livro. É sempre assim, né?! Nenhuma adaptação é perfeita, mas espero gostar.
site: http://www.recantodami.com/