Queria Estar Lendo 13/10/2020
Resenha: Prisioneiros do Inverno
Como que eu explico nessa resenha o quanto meu coração deu umas paradas enquanto lia esse livro? Prisioneiros do Inverno é a segunda obra de terror que leio da Jennifer McMahon só para consagrá-la como uma das autoras que mais me encheu de tensão e medo durante todas as páginas da sua história.
Prisioneiros de Inverno se divide entre duas gerações; uma no ano 1908 e outra atualmente. No passado, acompanhamos Sara e Martin em sua vida de casados na cidade de West Hall, à beira de uma floresta que parece guardar segredos e mistérios terríveis demais para investigar. No presente, conhecemos as irmãs Ruthie e Fawn vivendo na mesma casa que o casal um dia viveu. Numa noite, sua mãe desaparece, e esse desaparecimento parece estar conectado ao passado de maneiras que as irmãs jamais imaginariam.
Jennifer McMahon tem um jeito com as palavras para te fisgar, encher de curiosidade e obrigar a ir até o final da história, não importa o quão aterrorizada ela te deixe.
"- Às vezes quando as pessoas não querem ser encontradas, existe um bom motivo."
O livro intercala muito bem passado e presente, dividindo os pontos de vista entre diversos personagens para manter o clima de tensão. Você sabe que tem alguma coisa sobrenatural acontecendo na floresta, mas a história te dá as respostas aos poucos.
Com Sara, exploramos as infinitas possibilidades que a Mão do Diabo - uma formação rochosa supostamente assombrada - oferece. Também conhecemos muito a respeito da Titia, uma mulher sábia, mas sombria por isso; ela ensinou a Sara tudo que conhece sobre a vida e o que há além dela.
Quando uma tragédia abrupta se abate sobre Sara, anos depois, esses conhecimentos a assombram e a fazem tomar medidas drásticas - e é a partir daí que o sobrenatural se expande. O luto e o horror de se ver sozinha, mesmo com o marido presente, moldam Sara a uma histeria cuja única solução se encontra no desconhecido. O sobrenatural pode trazer de volta o que ela mais ama, mas o preço a se pagar pode ser muito caro.
"Pergunte a ele o que ele enterrou no campo."
Os pontos de vista de seu marido, Martin, estão ali para mostrar medo e hesitação. Ele não entende do que há além, não entende o que está acontecendo com a esposa e nem quais serão seus próximos passos, e tem muito temor de descobrir que está por vir.
No presente, Ruthie e sua irmãzinha, Fawn, estão lidando com o desaparecimento da mãe - que se segue a diversos outros que tem acontecido pela região, todos envolvendo pessoas que se aventuraram dentro demais da floresta - e sua ligação com pessoas desconhecidas que, por sua vez, parecem também ter ligação com a casa em que vivem e a floresta que a cerca.
O livro é muito sobre o terror da morte e o que desafiá-la pode causar. A autora aborda isso de maneira muito bem desenvolvida, e sabe fazer crescer a tensão e o desespero de quem está lendo e acompanhando tudo; junto às personagens, estamos na escuridão em relação a respostas. Cada figura que aparece acrescenta uma nova peça no quebra cabeça que está sendo construído entre passado e presente, e é só quando todas as peças se juntam que a resposta chega - e te choca.
"Quando a neve se derrete e vira água, ela ainda se lembra de que já foi neve?"
Como A Torre do Terror, o outro título da Jennifer que li, esse esquema intercalando antes e depois funciona bem demais para construir o mistério. Junte isso à sensação incômoda de que a floresta está participando de tudo que acontece e pronto, eis um terror perfeito.
As personagens femininas dela são incríveis; mães, filhas, viúvas, mulheres distantes que se juntam à trama para acrescer mais tons de terror a ela. Todas são essenciais para a história.
Para quem quer passar nervoso e ficar com medo de olhar por cima do ombro, Prisioneiros do Inverno é a leitura perfeita. E está disponível no Kindle Unlimited, então aproveita a dica pra esse Outubro!
site: http://www.queriaestarlendo.com.br/2020/10/resenha-prisioneiros-do-inverno.html