Camille.Pezzino 09/01/2020
MISTURA FOLCLÓRICA
Embora poucos saibam, os mitos – na verdade, lendas – arturianos podem e devem ser considerados como folclore. Folclore é, literalmente, aquilo que deriva do conhecimento popular, sendo a justaposição de duas palavras inglesas folk (povo) somado a lore (saber).
O Legado de Avalon, um livro focado no público infanto-juvenil e pensado para este, tem como principal teor fantástico esse sincretismo folclórico, o que quer dizer o seguinte: há uma mistura entre conhecimentos culturais e fantásticos tanto brasileiros quanto celtas e cristãos, miscigenando os lugares, tradições e personagens lendários do folclore brasileiro com detalhes, ideias, objetos e personagens das lendas arturianas, pautado na percepção de Thomas Malory, autor de Le Morte d’Arthur.
Com essa ideia, Goldfield – pseudônimo do autor – traz para sua obra algo que falta, em larga escala, nas histórias brasileiras contemporâneas: ele introduz o Brasil, explora a nossa cultura e, ao mesmo tempo, acaba nos ensinando sobre nós mesmos e nosso povo. Por mais que isso não seja uma obrigatoriedade de nenhuma literatura, muito menos da nossa, deve-se destacar que esse sincretismo cumpre duas funções: (1) suscitar a curiosidade para aquilo que é nacional e, ao mesmo tempo, (2) previamente cativar o público já interessado em outras culturas.
Por vivermos em certo viralatismo, entendemos – muitas vezes – que o que vem de fora é melhor do que aquilo que há dentro, contudo, essa premissa não deve ser considerada verdadeira. Isso pode ser observado em uma livraria, cuja parte dedicada a livros estrangeiros é muito maior do que a de nacionais, além do público que se dirige a elas. No entanto, Goldfield engloba o estrangeiro e não esmaga o nacional, fazendo com que ambas as culturas confluam e dialoguem não só entre si, mas com o leitor. Isso é um mérito inegável da obra, posto que é bem elaborado, bem marcado e muito bem feito.
Esse norteador da obra vai se intercalando com alguns detalhes que deixam a desejar – como variantes vocabulares – e outros que surpreendem, como o conhecimento histórico e geográfico de lugares e pessoas. Aliás, conhecimento não falta, principalmente pela formação do autor.
Mais uma vez, reforça-se que o público-alvo da obra é o infanto-juvenil, sendo um ótimo exemplo de livro didático para apresentar as crianças, misturando a aventura dos personagens principais com conhecimentos de diversas áreas do saber, até mesmo português. Dessa maneira, considero essa uma obra que não pode faltar na formação colegial e literária das crianças brasileiras.
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