Metrópolis

Metrópolis Thea von Harbou




Resenhas - Metropolis


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Heliton 21/09/2020

O cérebro, as mãos, o coração. A inolvidável Metrópolis
Sendo um apreciador de ficção, já conhecia Metrópolis por nome, a partir de obras como Batman e Superman, que foram influenciadas por ela em alguns pontos, ambas pelas cidades apresentadas, e ao ler, algumas outras me vieram a mente; por mais ínfimo que seja, ela está presente em muitas outras obras nesse seguimento do mundo ficcional científico, mantendo e elevando ainda mais a importância dela com o passar dos anos.

A história começa a partir de uma cena onde Freder, o único filho do Senhor de Metrópolis, percebe o quão distorcida e privilegiada é a sua vida em comparação aos "trabalhadores", mas isso foi apenas uma centelha acionada dentro dele no momento em que seus olhos se encontram com os de Maria, uma profetisa e a voz dos operários, que se torna um fascínio para ele e que o faz mudar sua perspectiva de vida. Freder se vê em uma cidade onde muitos vivem bem sobre ela com suas riquezas, seus hobbies e felicidades intocáveis, porém muitos mais vivem no subsolo sem qualquer ilusão de convalescença, pois onde se vê beleza estonteante por fora, uma cidade de tanta luz e dinheiro, há uma outra abaixo dela, obscura e com sua população condenada ao trabalho extensivo para o funcionamento de Metrópolis.

Nesse romance de Thea Von Harbour que se passa em uma cidade de milhões de habitantes, os personagens centrais não são exatamente os que são apresentados a nós; as pessoas, os que surgem na narrativa, servem como uma ponte para explorar justamente O Verdadeiro personagem principal, que é a própria cidade de Metrópolis. Do início ao fim se usa uma linguagem personificada em relação as máquinas, a cidade e a A Nova Torre de Babel, exaltando a magnitude do poder e a beleza dela, um lugar que enche os olhos de quem a vislumbra pela primeira vez com fascínio e encanto.

Pessoalmente falando, achei a narrativa boa, apenas, pois a forma que é contada glorificando a cidade de Metrópolis é bem exagerada, confusa até; no geral, essa edição da editora Aleph faz com que o livro se torne algo bem completo tendo como o prefácio e posfácio para esclarecer os temas abordados em "Metrópolis" e sobre as suas influências no meio. Nessas informações extras é abordado um dos pontos mais sensíveis do livro, que é a relação da autora com o regime nazista, assim como sua vida com seu marido Fritz Lang, bastidores do filme, comparações entre o roteiro do filme com a narrativa original de Thea, entre outras coisas mais além de ilustrações ao fim de cada capítulo.

Vale ressaltar essa questão polêmica da relação da escritora com o nazismo, algo que nos faz questionar sobre a mudança de percepção de uma obra ao conhecer seu criador, e que nos leva a uma pergunta inevitável: Se pode desmerecer uma obra pelo seu autor?

"Metrópolis" faz parte daquelas Obras geniais com autores com princípios diferentes dos nossos ideais. Eu li por curiosidade (ok, leio muita ficção, gosto, mas a curiosidade também foi um incentivo para ler ele antes de outros mais) e ainda relerei ele futuramente, porque querendo ou não, é interessante de várias formas pelo que gerou e pelo que ainda gera no meio fictício.
Manô 30/10/2020minha estante
Tem um livro bem legal chamado sombra de reis barbudos, nacional, cujo autor esqueci
Também fictício e contextualinado vc entende melhor- versa sobre uma cidade em que os moradorea sao oprimidos por regras absurdas, cheia de muros e proibições. Eh uma critica a Ditadura brasileira.


Manô 30/10/2020minha estante
Saber a epoca e local em que foi escrito e algum detalhe sobre o autor faz toda a diferenca


Heliton 30/10/2020minha estante
Interessante, irei vê esse "Sombra de Reis" tbm.


Heliton 30/10/2020minha estante
Exatamente, a perspectiva se torna outra quando se lê.


Guga 31/10/2020minha estante
Você já viu o filme?? Vale a pena ver também! É perfeito (ainda não li o livro, mas pretendo ler o mais rápido possível)


Jô Santos 31/10/2020minha estante
Eu vi o filme, achei perfeito, quero muito comprar o livro, mas é tão caro


Erudito Principiante 31/10/2020minha estante
Vi um anime chamado Metrópolis, e achei excelente! Eu sabia que era baseado nessa obra de Thea, bem como no filme. Sobre desmerecer a obra pelos ideais do autor, bem... há casos e casos. H.P. Lovecraft era racista, anti-semita, homofóbico e xenófobo, mas ainda assim considero sua obra excelente. E parabéns pela resenha. Me fez querer ler mais ainda Metrópolis!


Heliton 31/10/2020minha estante
Eu vi sim, achei muito bom! Perfeição demais, ainda mais considerando a época e a história por trás de sua produção. Heróis são aqueles que resgataram o filme para disponibilizar pro mundo.


Heliton 31/10/2020minha estante
Obg Jadier! Vale a pena, leia sim.


Manô 31/10/2020minha estante
Heliton. Acho q Sombra de reis barbudos eh de Jose J Veiga


Heliton 01/11/2020minha estante
Eu vi pelo skoob aqui, um livro de 1988 ao que parece, é Jose J veiga msm. Vou lê-lo futuramente. Obg!




Guga 13/02/2021

Tão bom quanto o filme!
Metrópolis sempre foi e sempre será um dos meus filmes favoritos. Sobre o livro, então, não chegou a ser diferente. Apesar do conflito ideológico entre os pensamentos da autora e a história em si (Thea Von Harbou se filiou ao partido nazista antes mesmo da segunda guerra) o que chega a ser no mínimo controverso, é uma história excelente e tem como característica uma narrativa bem melodramática.

É possível notar muitos aspectos do romantismo e passagens completamente simbolistas na escrita. O livro é detalhado e, em aspectos específicos, muito diferente do filme. Uma questão que foi tratada no próprio posfácio dessa edição é se devemos considerar a obra apesar do conflito ideológico com sua autora, o que, ao meu ver, considerando que foi adaptado ao cinema pelo Fritz Lang, a história, por sofrer modificações de outras pessoas, torna-se diversificada em ideários políticos.

Metrópolis é um clássico do expressionismo alemão e não tem um caráter nacionalista característico do nazismo, por se passar em lugar nenhum e em tempo nenhum. Precursor do gênero de ficção científica e muito influente, é uma das melhores obras já criadas. Nessa edição, contamos com um comentário de Anthony Burguess (autor de Laranja Mecânica) sobre a importância que o filme teve em sua vida. Recomendo ler o livro antes de ver o filme.
Antonio.Neto 19/02/2021minha estante
O filme é interessantíssimo!


stormsetwinds 25/03/2021minha estante
Resenha muito pertinente!


Guga 27/03/2021minha estante
Muito obrigado, druedain! Fico muito feliz com o comentário!


Guga 27/03/2021minha estante
Oi Antônio! É realmente muito interessante, já leu o livro?


Antonio.Neto 10/01/2022minha estante
Ainda não li o livro, Guga!




@prazerliterariooficial 29/09/2022

OK
História confusa. Pode ser porque é datada.
Personagens pouco cativantes.
Ambientação simples e pouco imaginativa.
Lyta @lytaverso 05/10/2022minha estante
Poxa, que pena, eu sou muito curiosa pra assistir ao filme, não sabia do livro mas agora desanimei em tentar ler kkkkk


@prazerliterariooficial 05/10/2022minha estante
Mas leia. Eu criei espectativas e a história não me prendeu como imaginava. Vai que pra ti funcione. O filme verei final de semana.


Lyta @lytaverso 05/10/2022minha estante
Depois conta o que achou!


@prazerliterariooficial 05/10/2022minha estante
Conto, sim. ?




Naty__ 13/03/2020

Perfeito!
O livro já começa nos assustando. Primeiro porque Thea Von Harbou não é quem a gente pensa, não tem uma visão tão agradável quantos muito gostariam… Mas o livro já inicia com uma nota dos editores mostrando a grandiosidade da história e nos deixando cientes que a autora se filiou ao partido nazista, e ainda, durante o governo de Hitler, foi presidente da Associação Alemã de Autores de Filmes Falados, que estava alinhada à Câmara de Cultura do Reich.

Em nota, já deixa-nos claro que essa edição é inédita no Brasil, traduzida direto do alemão e publicada com apoio do Instituto Goethe, mas que não tem a intenção de apagar e nem tampouco diminuir o envolvimento da autora com o regime nazista. Pelo contrário, traz à tona este importante documento histórico, além de encontrarmos conteúdos extras ao final do livro, como um posfácio de Franz Rottensteiner, famoso editor de ficção científica de língua alemã; um texto inédito da cineasta Marina Person a respeito do filme; assim como um relato do autor de Laranja Mecânica, falando sobre o impacto do filme em sua vida.

Para quem não sabe, Metrópolis foi um filme alemão lançado em 1927, dirigido por Fritz Lang, que se tornou esposo de Thea Von Harbou. E, ainda que ela tenha tomado um rumo não muito aceitável, como disse, em contrapartida temos uma história incrível criada de uma forma genial. É possível constatar tais acontecimentos nos dias atuais, acreditem. Parece que a autora escreveu o livro hoje, pois é tudo muito real.

Em 2026, na cidade futurística de Metrópolis, a população divide-se em dois andares. No primeiro, uma elite dominante dispõe de todos os privilégios e desfruta os prazeres da vida; no segundo, subterrâneo, os trabalhadores empobrecidos e miseráveis lutam para sobreviver em jornadas estafantes; trabalhando constantemente para operar as máquinas que fornecem o poder aos ricos dirigentes.

Quando Freder, o filho do Senhor da grande Metrópolis e habitante do primeiro andar, se apaixona por Maria, da cidade subterrânea, começa a conhecer melhor as condições às quais os trabalhadores são submetidos. Uma revolta começa a surgir entre os operários, e só o que faltava para uma revolução era uma líder. Quando ela surge, nada pode conter a fúria dos oprimidos.

Temos personagens marcantes e Freder se tornou o mais querido, não acredito que seja novidade para quem leu. Ele é sábio, bate de frente com as ideias egocêntricas do pai e vê coisas que o seu pai não é capaz de enxergar: rostos em lugar de máscaras. Essas pessoas que manuseiam as máquinas são meros objetos para o Senhor da grande Metrópolis. Mas nosso sábio Freder não observa as coisas dessa maneira. E ele pode provar isso.

Esse livro me lembrou Charlie Chaplin com seu clássico filme “Tempos modernos”. É impossível ler e não pensar em como essas pessoas não têm uma vida digna após o trabalho, aliás, nem deveria ser chamado de labor e sim de um local em que são exploradas e tratadas como objetos, com insignificância, sem olhar que, por trás daquelas roupas, daquele rosto escondido, existe uma vida, um coração. É uma coisa aparentemente tão pequena, mas que me deixou reflexiva.

Acredito que não é necessário falar mais da história, já que o seu sucesso fala por si. E não recusem a leitura apenas pelo fato que citei no início da resenha. É uma obra grandiosa com uma das melhores edições que tenho na estante.

Sobre a edição:
A capa conta com tons em preto e dourado, a diagramação é impecável, com folhas em preto, ilustrações e conteúdos extras que enriquecem o trabalho da editora Aleph. Sem dúvidas, é um ótimo presente para si e para as pessoas.

site: http://www.revelandosentimentos.com.br/2020/03/resenha-metropolis.html
Angela Cunha 09/04/2020minha estante
Quando abri meu pacote ontem e vi este livro dentro, meu coração disparou!Nunca imaginei que seria um livro tão lindo e não falo só em matéria da capa e do jogo de cores. Mas a diagramação está linda demais, letras em tamanho confortável e agora sei que ao ler a obra, vou amar mais ainda!!!!
Muito, muito obrigada. Será uma de minhas próximas leituras!!!!!
Beijo


Luh 26/04/2020minha estante
Essa edição é lindíssima!
Não vi o filme, mas vi o trailer e parece ser interessante.
O enredo envolve o leitor com as atrocidades cometidas com o povo pelos nazistas, mas além de triste é uma leitura que enriquece.
Beijos


Michelle 20/07/2020minha estante
Um clássico moderno que todos devem ler




Cristine.Tecchio 29/06/2022

Uma das melhores distopias que eu li. Tanto o romance, quanto a parte emocional e a política foram muito bem desenvolvidos e trouxeram a reflexão a tona
LuaTeresa 11/07/2022minha estante
Desculpa a pergunta mas pode me dizer se tem algum gatilho? Tem alguma cena sexual? Não gosto


Cristine.Tecchio 12/07/2022minha estante
Que eu me lembre, não tem nada. Talvez alguma coisa de violência, mas bem leve.


LuaTeresa 12/07/2022minha estante
Ótimo. Obrigada por avisar




gabriel 20/11/2021

História mediana, filme clássico e bom material

É impossível falar deste livro sem falar do filme homônimo, o Metrópolis, de 1927. As duas obras estão associadas como gêmeos xifópagos, são braços de uma mesma coisa. Inegável, no entanto, que a obra cinematográfica seja muito superior. Isso não é nenhuma surpresa, já que o livro foi feito pensando no filme, sendo praticamente uma espécie de roteiro romanceado dele. A autora era esposa do diretor e trabalhava com ele, fornecendo roteiros aos filmes dele.

Que o filme é melhor que o livro, não há problema algum, a grande surpresa pra mim foi o quão ruim é o livro em si mesmo. Não achei muito bom, odiei o estilo de redação dela (apesar de ter alguns bons momentos), tudo é muito exagerado, pesado e sentimentaloide. Pode-se argumentar que isso é um traço do expressionismo alemão, e se é assim, então talvez eu não tenha aderência estética a esta escola. Ou então pode ser que seja uma porcaria, expressionista ou não.

Metrópolis é um esforço de imaginação futurista em plenos anos 1920, e entender Metrópolis é entender um pouco a nós mesmos cem anos atrás. Talvez ele diga mais a respeito daquela sociedade do que a um suposto futuro, ainda que ambas as leituras se interconectem. É uma obra extremamente influente, uma espécie de bisavô do chamado "cyberpunk" (que retrata futuros apocalípticos e pessimistas), bem como da ficção científica de uma maneira geral. A importância histórica, porém, não diz respeito à qualidade do livro, que eu achei muito baixa.

A primeira metade do livro foi a pior para mim. Esperava uma aventura crítica, pessimista, grandiosa, mas o que eu encontrei foi um texto quase que infanto-juvenil (no pior sentido que isso possa ter), porém sem as vantagens deste último (como leveza ou diversão). Seria, então, uma obra infanto-juvenil ruim e pretensiosa. O estilo é quase dos contos de fadas, com muita repetição de termos, imagens que vão se repetindo e pouco (ou nenhum) desenvolvimento dos personagens. Freder se apaixona do nada por Maria, o calcanhar de Aquiles dos piores romances. Mesmo boas obras pecam neste quesito. Aqui, o livro é medíocre e afunda bastante neste aspecto.

Muitos dos fatos do livro são confusos, e quase impossíveis de serem percebidos se a pessoa não assistiu ao filme. Não quero entrar muito em detalhes para não dar spoilers, mas um fato envolvendo certo objeto tecnológico fica perdido em meio à bagunça do enredo. Ela joga tudo meio de qualquer jeito e o leitor que se vire. Se fosse ao menos divertido, poderia valer a pena, mas é só incômodo, ainda que passe uma sensação factível de caos.

Mais para a última metade, o livro dá uma melhorada, pois ela é razoavelmente competente em descrever cenários apocalípticos. A linguagem grandiloquente dela (que soa bastante falsa na maior parte do tempo) acaba beneficiando este lado. A história também começa a ganhar mais emoção, tendo mais um lado de ação, sendo que no começo é só uma pasmaceira bocejante.

A crítica social do livro é ambígua e enigmática. Pode ser vista pela esquerda e pela direita tanto em tons críticos como elogiadores. Dizem que Hitler adorou o filme, tanto que contratou a Thea depois (a autora do livro), que se filiou ao partido nazista. Este é um dos fatos controversos que é explorado pelos textos de apoio, sabiamente colocados ao final do livro (sem aqueles odiosos spoilers, portanto).

A narrativa em si é "gaga", ela não tem fluência nenhuma, é tudo muito engessado, ainda que o texto consiga carregar alguma poesia dentro de si. Não sou grande fã de parágrafos longos, mas aqui ela exagera, mas no sentido oposto: tudo é muito curto, as sentenças são sumárias, alguns parágrafos são compostos apenas de uma frase. Falta uma fluidez ao texto e ele é bem desagradável de ler.

Ela passa uma sensação de quem está genuinamente se empolgando com a própria história, o que dá um ar amador, falso e exagerado a ele. Em vários momentos ela completa as frases com "sim, sim, aí ele fez isso", como se fosse uma criança empolgada. Não que isso seja um defeito capital, mas é revelador de uma falta de cuidado, ou de habilidade literária.

O texto da editora diz que a história se passa em 2000 e qualquer coisa, mas em nenhum momento do livro é falado em qualquer data concreta. Foi retirado do filme? Mas o livro aqui deveria ter sua autonomia, então ele deixa vago de que ano se trataria, ou mesmo se seria até uma humanidade fantasiosa (estilo Star Wars), num lugar genérico qualquer. De toda forma, é um livro que tem o futurismo como tema.

A história do filme é interessante, pois boa parte dele ficou perdido até 2008, sendo encontrado num cinema antigo em Buenos Aires. A versão anterior, ultra censurada e editada, deixava de fora vários momentos importantes. Tanto é que hoje, se você assistir ao filme, vai notar que partes dele tem uma qualidade bem inferior: são os momentos recuperados no cinema de Buenos Aires. Aliás, o filme é facilmente encontrável hoje (novembro de 2021) no YouTube, dado que é uma obra de domínio público. Tem tudo legendadinho bonitinho lá, inclusive.

O filme é uma obra impressionante, caríssima para a época (quase quebrou a produtora), com efeitos visuais pioneiros. O livro já nem tanto, mas pode agradar a quem é muito fã do filme, ou do cinema de ficção de uma maneira geral. É um belo material histórico, mas que como livro puramente não se sustenta muito. Claro que falo a partir do meu gosto (e há gosto nesse mundo pra tudo), então cada um vai ter sua visão.

O material em si é ótimo, a Editora Aleph está de parabéns aqui. A edição é belíssima, trabalhando muito bem o visual preto-e-branco (uma referência ao filme). As artes são econômicas e pontuais, abrilhantando a leitura, e visualmente de acordo com o tema. Ao final, temos três ensaios excelentes, explorando algumas implicações do livro e do filme de maneira bem aprofundada, e só eles já fazem uma ótima leitura. Aliás, o fato de que os ensaios ao final sejam melhores que o próprio livro, já diz muita coisa sobre ele.

Trata-se, então, de um livro umbilicalmente ligado à sua contraparte cinematográfica, eu recomendaria mais mesmo esquecer este livro e apenas ver o filme, que é um clássico da sétima arte (ainda que também não seja lá grandes coisas também), mas o cuidado da editora, sendo muito bem apresentado, e contextualizado com ótimos ensaios, e visualmente muito bom (capa dura, e tal), podem fazer um belo presente ou coleção.

Os textos finais, aqui mencionados, incluem material de divulgação da época, um texto muito pessoal e comovente de Anthony Burgess (autor de "Laranja Mecânica", e que viu o filme na época, sendo ele criança nos anos 1920), um texto equivocadíssimo da ex-VJ Marina Person (que compara a atrocidade nazista com as puladas de cerca do diretor, buscando fazer um julgamento pessoal da autora, desnecessário aqui), e algumas observações de H.G. Wells, que odiou tanto o filme quanto o livro. Aliás, interessante como estes textos jogam com a questão da qualidade do livro, sendo portanto uma seleção de bastante lucidez, e que não tenta "passar o pano" para as suas falhas literárias.

A nota final (três estrelas) tenta contemplar todos estes aspectos: o cuidado da editora, a boa seleção de textos de apoio, o cuidado gráfico e o romance em si que, apesar de não ser exatamente brilhante, contém bons momentos e interessante simbologia, e serviu de base para um filme crucial para o desenvolvimento da sétima arte.

Michele Duchamp 04/01/2022minha estante
Sua resenha está muito boa! Eu estava em dúvida se comprava físico ou apenas lia o e-book, porque achei o preço um pouco salgado, e sua opinião me ajudou!


gabriel 19/01/2022minha estante
Oi Michele! Desculpa, só vi sua resposta agora. Agradeço o feedback e fico feliz que tenha ajudado.




Vivi 29/12/2020

Uma leitura difícil.
Eu não consegui me conectar com esse livro. Foi bem difícil concluir esta leitura, já que por muitas vezes me senti totalmente perdida.
arthurzito 29/12/2020minha estante
A autora desse livro escreveu o roteiro do filme do livro, talvez vc goste mais da história vendo o filme. Ele é antigo e mudo mas eu gostei muito.


Vivi 29/12/2020minha estante
Vou procurar. Obrigada pela dica.




davidplmatias 08/11/2020

Envelheceu mal
Envelheceu muito mal... Sinceramente eu não via a hora de terminar de ler... Péssimo... Só dou uma nota melhorzinha porque é o gênero de livros que gosto
DanielSchaefer 08/11/2020minha estante
Poxa espero não detestar tanto, é a minha próxima leitura e eu estou lendo O Conto da Aia, ao qual estou amando. Bem, pelo menos vou preparado caso o baque seja ruim kkkk'


davidplmatias 08/11/2020minha estante
Vou ler aia ainda, valeu Daniel




Gui tac 11/03/2024

Incoerente demais para um livro, porém perfeito como longa
Metropolis é toda metrópole, vista obviamente por uma lente pessimista e distorcida, porque pega o macro, que é pautado em opressão e sofrimento, claro que a proposta da autora foi essa, criticar o capitalismo da década de 20, e isso é observado ao longo da narrativa.
A narrativa, porém perde sua coerência em muitos momentos, o que torna a leitura confusa e maçante, tinha dias que eu não queria olhar para o livro de tão cansativa que era a leitura, apesar de ter uma premissa tão interessante, o a autora se perde em muitos momentos, não assisti o filme ainda, mas isso é um roteiro, um roteiro muito bem feito, porém não é um livro, é incoerente demais para ser um livro.
Tiveram amarrações com a Bíblia e mitologias, que se bem feitas imortalizam a obra, como feito em senhor dos anéis, Star wars e outras obras, independentemente da plataforma.
Derek8 03/05/2024minha estante
Nesse caso, o filme é muito melhor do q o livro hehe




Wellington 27/01/2021

Metrópolis: 9,75
Metrópolis: 9,75

Escrito por uma autora que se tornaria importante figura do nazismo, e transformado em filme pelo seu então marido, Metrópolis levanta o ponto do quão valiosa é uma contribuição feita por alguém com ideais ultranacionalistas ou, de alguma forma, repulsivos. Isso é apontado pelo excelente posfácio da edição: "como separar a obra do autor?".

Pessoalmente, não acredito nem em pessoas-demônios nem em pessoas-anjos; todo mundo é bom E mau, e, assim como Hannah Arendt expôs no seu trabalho, as piores atrocidades são cometidas por pessoas comuns. Dessa forma, consigo apreciar a obra em sua totalidade sem me esquecer de que foi escrita por uma nazista, mas sem deixar que isso contamine a minha visão.

Metrópolis é um livro extraordinário; desde o começo, há o choque entre uma realidade opulenta e uma de miséria. Sinto que a redenção é, talvez, a temática principal: praticamente todos os personagens têm seu momento de redenção, sendo as mais belas terreno de spoilers que não darei. Uma cena, em particular, me moveu o bastante e me fez descrevê-la para várias pessoas queridas.

É impressionante como isso foi escrito na década de 1920, há quase cem anos; o centenário do filme será em 1927. As temáticas são futuristas até para os padrões atuais: máquinas com emoções humanas, o conflito entre ser humano e robô, o culto a uma cidade artificial que nada condiz com a natureza daqueles que a veneram, o torpor da alienação - são inúmeras as facetas que podem ser facilmente transplantadas para o mundo de hoje. Escritas há cem anos.

A vontade é grande de dar spoilers, tamanha a beleza de várias passagens. Considero positivo que meu primeiro contato tenha sido com o livro; construí a história através disso, e, quando eu ver o filme, terei duas versões de uma magnífica história.

Como um ponto negativo, no meio do livro senti certa confusão a respeito de qual personagem estava sendo descrita ou retratada, pois há duas com o mesmo nome. Sobre isso a autora tem um excelente álibi: a confusão não é só do leitor, mas também dos personagens presentes. Outro ponto é que a rixa entre religiosos e tecnocratas poderia ter sido melhor explorada, já que houve uma grande construção para um ápice que não aconteceu.

É sem dúvida um dos melhores livros que li nos últimos tempos, e me soa estranho que não seja tão conhecido ou divulgado. A edição é maravilhosa, toda cheia de detalhes com páginas negras desenhadas em branco; não encontrei um único erro ortográfico, não me entediei no posfácio (raridade) e amei a inclusão das palavras da própria autora a respeito da obra. Há fotos no fim do livro, há o relato dela sobre como foi filmar com tantas crianças encenando situações difíceis. Como pode uma autora assim passar tão despercebida? O mundo elege como presidentes homens brancos que só falam e fazem asneira, mas para apreciar a obra de uma mulher nazista há resistência? É estranho. Talvez, como o posfácio apontou, a obscuridade não se deu pelo nazismo; e sim por ela ter um marido que foi muito mais focado pelos holofotes do que ela. No fim, até isso acaba sendo uma história interessante de se observar: às vezes, o machismo é ainda mais enraizado do que orientações políticas.

Meu sincero desejo é de que esse livro, essa história - tudo isso, brilhe ainda mais forte do que as controvérsias humanas. A arte é cria de quem a faz; não é apêndice. E os filhos não são culpados pelos pecados de seus pais.
Lady Amanda 24/02/2021minha estante
Oi Wellington! Achei muito interessante o seu comentário. Gostaria de saber qual foi a passagem que te marcou e se já assistiu ao filme :)




Alex 04/01/2021

Indispensável pra quem é fã de ficção científica
Muita coisa já foi dita e escrita sobre Metrópolis nos últimos 100 anos então serei breve:

1. Vale a pena investir no livro físico. A edição pela Aleph está primorosa. Da capa, às ilustrações a cada capítulo que remetem ao filme, até o posfácio. É um livro que dá prazer em abri-lo. A tradução me pareceu boa, bem escrita, assim como a revisão, pois não encontrei erros ortográficos ou de sintaxe.

2 É literatura de primeira, e não algo que se lê apenas porque existe um filme famoso baseado. Os capítulos I e II, quando Freder tem seu "despertar" ao sair do Éden, quase como um Sidarta Gautama, são fenomenais, culminando no primoroso diálogo entre e Freder e seu pai:

"Cuidado, Freder, ao considerar as pessoas boas e inocentes apenas porque sofrem."

Outro diálogo incrível, é o do Joh Fredersen, quando vemos o todo-poderoso de Metrópolis ajoelhado aos pés da mãe ouvindo sermões:

"Esqueceu que os amantes são sagrados. Mesmo quando estão errados, Joh: até seu erro é sagrado. Mesmo que sejam tolos, Joh; até mesmo sua tolice é sagrada. Pois onde há amantes está o jardim de Deus, e ninguém tem o direito de expulsá-los de lá. Nem mesmo Deus. Apenas a própria culpa."

Aliás a alusão à maternidade, que aparece algumas vezes, e personagens femininas fortes, como Maria, Hel e a mãe de Joh, evidenciam a riqueza que é ter uma obra escrita por uma mulher, ainda que Maria e Hel tenham uma faceta presa a um clichê romântico.

É inclusive a impetuosidade da Maria, agora em sua versão robotizada, que nos fornece citações poderosas como essa ao incitar os trabalhadores à subversão:

"Vocês são tolos! Estúpidos! Estúpidos! Na manhã, em seu meio-dia, no seu fim de tarde, na sua noite, a máquina uiva por comida, por comida, por comida! Vocês são a comida! Vocês são a comida viva! A máquina os devora como ração e cospe fora!"

Por outro lado a autora tem um estilo romântico que ameniza ou dá profundidade a certas diálogos:

"Eles o capturaram - Josafá cuspiu as palavras - porque procuravam um sacrifício por seu desespero e pela fúria causada por sua imensa e inimaginável dor."

3. O fato de a autora ter se filiado ao partido nazista (extrema-direita) não tira o brilho da obra, de sua boa escrita, das alegoria e interação máquina-homem, sejam no sentido "duro" com alavancas e botões (o que fazia mais sentido na época) ou cerebral na forma de um androide, porque é um romance visionário e que trata de questões universais, não sendo contaminado (ao menos em demasia) pela ideologia da autora, implicando o que todos já sabem: influenciou a ficção científica para sempre e até os dias de hoje filmes, clipes, quadrinhos, jogos trazem elementos de Metrópolis. Ou seja, quem é fã do gênero de ficção científica deve conhecê-lo.
Guga 04/01/2021minha estante
Amo! Comprei o livro recentemente, pretendo ler logo. Um dos meus filmes prediletos




Bruna Martins 14/05/2020

Eu não lembrava que existia um livro de um dos filmes mais marcantes do cinema e da ficção cientifica. E que edição maravilhosa essa! Daquelas que a gente manuseia com cuidado.
Apesar do estilo melodramático, fui bem cativada pela escrita. Agora preciso rever o filme :)
caio.lobo. 14/05/2020minha estante
Parece uma mistura de Admirável Mundo Novo e 1984, porém é anterior aos 2 livros. A autora realmente foi brilhante.




Carlos R. A. Amorim 15/03/2020

Decepcionante para mim
Adoro livros de ficção científica, entretanto, esse esteve longe de me cativar.
A narrativa é confusa e traz elementos místicos que não condizem com esse gênero. Além disso, o que poderia ser uma parte interessante, a história pregressa da Metrópolis, não é explorada.
O livro tem o seu valor histórico pelo pioneirismo da temática abordada, e pelo aclamado e revolucionário filme que ele inspirou, e esse é o único elogio que eu posso fazer.
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deardean 17/05/2024

Moral duvidosa mas interessante
Eu e 4 amigos resolvemos ler esse livro juntos e só eu não abandonei (por honra).

O enredo em si é interessante, assuntos pontuais pra época (1925) que também funcionam hoje - a industrialização e máquinas na sociedade, precarização dos trabalhadores e a falsa revolução.

Mas dizer que o livro consegue desenvolver essa história de forma fluida é impossível. Toda hora acaba preso em devaneios sem fim de um personagem sobre o divino e outras mil e uma metáforas, interessante as vezes, mas muito maçante na maioria, é tão intenso que nos perdemos na obra ou temos sensação de superficialidade. Isso só melhora depois do meio do livro.

Os personagens também são "superficiais", "estereotipados", cada um tem seu começo, meio e fim, são claramente destinados pra uma lição de moral no final ou para ajudarem o protagonista a avançar na narrativa, porém pra esse livro essa simplicidade neles funciona no proposto.

É um livro para a classe dominante.
Recomendo o livro e leria de novo - inclusive, acho que o livro deve ser mais aproveitado numa releitura do que no primeiro contato com ele, já que você acaba se acostumando com a escrita conforme lendo e entende a mensagem que ele quer passar.
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William 26/05/2020

Uma obra para refletir.
Metrópolis me lembra a letra da música O cidadão de Zé Ramalho (“Tá vendo aquele edifício, moço? Ajudei a levantar. Foi um tempo de aflição. Era quatro condução. Duas pra ir, duas pra voltar. Hoje depois dele pronto. Olho pra cima e fico tonto. Mas me vem um cidadão. E me diz, desconfiado, Tu tá aí admirado, Ou tá querendo roubar? ...”). E assim na história temos os trabalhadores exauridos e paupérrimos que lutam para sobreviver em jornadas fatigantes para operar as máquinas que fornecem o poder aos ricos habitantes da Metrópolis, que vivem na superfície usufruindo do bom e do melhor, enquanto eles vivem no subterrâneo sobrevivendo de migalhas. A história também conta com elementos de ficção cientifica como por exemplo Maria robô e cidade futurística, ideias de céu e inferno e romance. Consegui ler o livro rápido, mas tem algumas narrativas tem que ter paciência para lê-las. De um modo geral gostei do livro e me fez refleti bastante sobre vários assuntos: a relação entre trabalhadores e patrões, o uso da tecnologia pode ser para o bem ou para mal dependendo quem a controla, a carência do povo em seguir um profeta. Sobre a edição está de parabéns a editora Aleph. Ficou muito lindo a capa, a diagramação ficou perfeita, os conteúdos extras deixaram o trabalho mais rico.
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