Carol 22/09/2020Impressões da CarolE-book: A arte de escrever {1851}
Autor: Arthur Schopenhauer {Alemanha, 1788-1860}
Tradução: Pedro Süssekind
Editora: L&PM
176p.
Disponível no Kindle Unlimited
Esta coletânea reúne cinco textos retirados do livro "Parerga und Paralipomena", de 1851, cujo tema comum é a literatura: 'Sobre a erudição e os eruditos'; 'Pensar sobre si mesmo'; 'Sobre a escrita e o estilo'; 'Sobre a leitura e os livros'; e 'Sobre a linguagem e as palavras'.
Sobra crítica para todos os lados: literatura de consumo, crítica literária entre compadres, autores que escrevem apenas por dinheiro, leitores que só leem novidades e não buscam os clássicos, degradação da língua alemã, descaso com as línguas antigas, leitores que leem traduções e, claro, Hegel (seu inimigo pessoal).
O mais maravilhoso é que essas críticas ainda são os temas de nossas tretas literárias semanais, no Instagram ou no Twitter. Schopenhauer seria uma arroba e tanto neste nosso mundo líquido. O que torna um autor clássico é sua permanência, diria Calvino.
Você pode discordar do velho Schop, para os íntimos, mas precisa reconhecer que poucos filósofos escrevem tão bem quanto ele. E poucos constroem tantos aforismos de qualidade. Alguns exemplos, para dar um gostinho:
"Em geral, estudantes e estudiosos de todos os tipos e de qualquer idade têm em mira apenas a informação, não a instrução."
"A peruca é o símbolo mais apropriado para o erudito puro. Trata-se de homens que adornam a cabeça com uma rica massa de cabelo alheio porque carecem de cabelos próprios."
"Não há nada mais fácil do que escrever de tal maneira que ninguém entenda; em compensação, nada mais difícil do que expressar pensamentos significativos de modo que todos compreendam."
"Ah, essa pessoa deve ter pensado muito pouco para poder ter lido tanto!"
Quem não ama um filósofo ranzinza e sem papas na língua? "A arte de escrever" é uma ótima introdução ao pensamento de Schopenhauer, comece por aqui.
Ps.: A rivalidade Schopenhauer x Hegel é tudo pra mim.