A arte de escrever

A arte de escrever Arthur Schopenhauer




Resenhas - A arte de escrever


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@andressamreis 20/12/2015

Inspiração
Este é o livro que sempre tenho perto. Gosto de folheá - lo ao acaso para pescar reflexões fora do lugar comum. Muito bom e atual.
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Thiarlley 14/11/2015

Indicação — A arte de escrever; Arthur Schopenhauer
O livro 479 da L&PM pocket possui capa bem elaborada, chamativa desde a primeira vista. O nome, somado a belíssima capa, faz com que o leitor, ao primeiro momento, pense que a edição trará dicas e macetes para melhorar sua própria escrita, ou que fará alusões aos grandes nomes da literatura mundial, fazendo um paralelo entre eles e nós, meros escritores do século XXI, no início da carreira.

Quem comprou com essa intenção, sugiro que nem leia.

Em todas as suas 169 páginas, tudo o que Schopenhauer faz é criticar a atual literatura alemã e seus escritores. E, por mais que tenha sido escrito na primeira metade do século XIX, continua válido, principalmente nos dias de hoje. O autor critica, da forma mais cômica possível, desde leitores, escritores, eruditos e críticos. Fala da banalização da escrita e do descaso com obras clássicas, além de citar a redução de palavras, pontuação, e displicência nos escritos.

Para ler o restante, acesse: http://just-runningaway.blogspot.com.br/2015/02/indicacao-arte-de-escrever-arthur.html

site: http://just-runningaway.blogspot.com.br/2015/02/indicacao-arte-de-escrever-arthur.html
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José Ricardo 28/07/2015

Escrever com Amor
Arthur Schopenhauer (1788-1860) foi, durante parte da vida, professor universitário, contudo não alcançou reconhecimento público. Ao contrário dele, Georg F. W. Hegel (1770-1831), seu contemporâneo, gozou de muito prestígio e popularidade. Isto tornou Schopenhauer “inimigo” e crítico tenaz das ideias de Hegel, o que influenciou em seu trabalho.

A referência à discórdia entre Schopenhauer e Hegel é aqui relevante, pois “A Arte de Escrever” se inicia com uma crítica aos acadêmicos em geral, provavelmente endereçada a Hegel. Para Schopenhauer muitos acadêmicos não buscam a sabedoria, e sim apenas passar impressão de tê-la. E mais: sabedoria, instrução e informação não se confundem. Estas devem ser veículos (“meios”) para aquela (“fim”). O saber deve ser uma meta. O saber – a sabedoria – é um fim; um fim em si mesmo. Por isso, a produção de qualquer escrita de valor tem como pressuposto a sabedoria. Sabedoria que, para Schopenhauer, implica em ter ideias próprias ou “pensar por si mesmo” e não com “perucas”, como ocorre com o “conhecimento emprestado”, do qual se valem alguns acadêmicos.

Segundo Schopenhauer só haverá sabedoria e, por conseguinte, ideias próprias se o sujeito se ocupar do estudo “com amor”, o que reforça a ideia do saber como um fim em si. Deste modo, o ponto de partida para se atingir uma escrita de impacto deve se alicerçar em 3 (três) pilares: a) busca da sabedoria; b) ideias próprias; c) amor no que se faz.

A par disso, Schopenhauer já se insurgia contra o conhecimento dito especializado. Para ele: “um erudito tão exclusivo de uma área é análogo ao operário que, ao longo de sua vida, não faz nada além de mover determinada alavanca, ou gancho, ou manivela, em determinado instrumento ou máquina.” Curiosamente, esta mesma representação foi levada para o cinema por Charles Chaplin em “Tempos Modernos” (1936). Seja como for, para o filósofo germânico “a verdadeira formação para a humanidade exige universalidade e uma visão geral”.

Schopenhauer criticou também aqueles que se empenham em qualquer atividade acadêmica visando apenas vantagens pessoais, isto é, sem o compromisso em prestar sua contribuição social. Para o filósofo quando isto ocorre tudo se torna previsível e impede o surgimento do verdadeiro novo. Em consequência, não há avanço; há estagnação.

Dois outros pontos ainda merecem destaque no livro. Primeiro, o fato de que a busca do saber não pode ser obtido na superficialidade. Esta postura seria outro desvio de rota para a sabedoria. Segundo, uma vez obtida a sabedoria e germinada uma ideia, esta, a bem da humanidade, deve ficar gravada na História, o que se dá pela escrita, daí a importância da "Arte de Escrever".

Mais adiante, Schopenhauer não deixa de salientar os benefícios da leitura para se ter uma boa escrita. No entanto, para escrever bem é necessário “que se tenha algo a dizer” e para se ter esse algo a dizer é preciso pensar. Desta maneira, a leitura deve ser um diálogo contínuo com o texto, de maneira a ampliar os horizontes do leitor, e não algo pronto, acabado, dogmático e imposto. A leitura deve fomentar o pensar; o pensar por si próprio.

Portanto, uma boa escrita se faz com pensamentos; mas com pensamentos próprios; originais. E uma boa escrita tem de ser inteligível. “O ininteligível é parente do insensato”, do mesmo modo que a “simplicidade sempre foi uma marca não só da verdade, mas também do gênio”.

Resumindo: uma boa escrita está condicionada à busca da sabedoria; a uma leitura constante, mas uma leitura crítica e ativa; à formação de pensamentos próprios, constituídos pelo amor ao que se faz e transmitidos de modo inteligível. Só assim a escrita será capaz de transmitir pensamentos, ideias, as experiências de seu autor e, deste modo, prestar uma contribuição social.


site: http://www.jrav.com.br/
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Cássio 06/07/2014

Muitas ideias interessantes, principalmente - acho que a mais batida pelo escritor - a de que ler muito é pernicioso ao espirito , pois inunda-o com pensamentos alheios, deixando pouco espaço para a criação de ideias próprias. Porém, no que concerne as opiniões a cerca de linguística, é preciso, no mínimo, saber alemão para entender os pensamentos de Schopenhauer, o que eu, particularmente, não tenho. Enfim, a maioria das ideias são boas, salvo a parte onde tem algumas dicas de estilística, que achei bem escassa, e as ideias de linguística, que, como já disse, não consigo avaliar.
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Lucio 03/07/2014

Um Panorama Geral do livro (seguindo a cartilha adleriana)
[o resumo completo, página por página, encontra-se no histórico]

Classificação do Livro: ‘A arte de ler’ é uma obra expositiva. Esse é um livro teórico no que diz respeito a reflexões sobre linguística e semiótica. Mas é um livro prático ao dizer o que estão fazendo de errado e como fazer certo, ou, sendo mais específico, ao dizer o que maus escritores fazem, para que não façamos, e o que bons escritores fazem para que possamos ser bons escritores.

Unidade do Livro: o Livro é uma coletânea de pequenas reflexões de Schopenhauer sobre a escrita e a erudição. Junto às definições sobre o que é um bom escritor: alguém conciso, poliglota, que pensa por si mesmo e que lê bons livros; ele critica os equívocos linguísticos, particularmente na língua alemã, enaltece as línguas antigas e critica a qualidade da produção de muitos escritores que disfarçam sua falta de conteúdo com técnicas retóricas. Schopenhauer também conclui que ser um bom escritor é questão de talento inato, e observar suas ponderações apenas aguçará as aptidões.
Multiplicidade do Livro: no primeiro e segundo capítulo, “sobre a erudição e os eruditos” e “Pensar Por Si Mesmo”, Schopenhauer trabalha a questão do pensamento próprio, típico dos bons pensadores, dos filósofos e gênios. Para ele alguém que lê sem parar é tão estúpido quanto um analfabeto, pois não desenvolve os próprios conceitos, as próprias ideias, e sem reflexão e introspecção não há como entender as problemáticas de outro autor. O escritor torna-se um mero papagaio.
O terceiro capítulo, “Sobre a Escrita e o Estilo”, fala sobre a questão do estilo como reflexo da capacidade do escritor como pensador. Um estilo conciso e claro é preferencial e reflete a clareza e coerência dos pensamentos do próprio autor. Os maus autores são prolixos e fazem milhares de rodeios, valendo-se até mesmo do obscurantismo, para disfarçar o fato de que não têm nada pra falar.
No quarto capítulo, “Sobre a Leitura e os Livros”, ele retoma a questão sobre a leitura. Volta a falar sobre a leitura excessiva, a ‘sofomania’, e recomenda que leiamos bons livros, clássicos, mas não sem reflexão. Os antigos são particularmente recomendado e as modas, as inovações, são profetizadas como ciclicamente falidas.
Por fim, no quinto capítulo: “Sobre a Linguagem e as Palavras”, Schopenhauer faz reflexões linguísticas para observar que o aumento vocabular, principalmente oriundo de outras línguas, são essenciais para a boa expressão da alma, do espírito, no papel. Ele defende a necessidade de sabermos várias línguas (criticando, inclusive, o ato da tradução) e a pertinência da linguagem para expressar o pensamento, quando bem empregada, conscientemente, claro.
Não dá para não observarmos as várias ‘agulhadas’ que Schopenhauer dá em Hegel, filósofo popular na sua época, que lhe ‘roubava’ os alunos na Universidade. O livro não deixa de ser um desabafo de Schopenhauer por conta de a Alemanha de seu tempo ter preferido Hegel a ele e isso, para o autor, tem uma explicação: são idiotas.
Indicação: o livro tange a assuntos relacionados à retórica, gramática e filosofia da linguagem. Portanto, todos que se interessam por esses assuntos encontraram um manjar neste livro. Mas, no final das contas, todo estudante que pretende-se por pensador deveria avaliar-se ante os olhos de Schopenhauer.
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Ricardo Silas 15/04/2014

Schopenhauer: Críticas tenazes.
Livros como este são bem curiosos. Conhecer a linha de raciocínio crítico de grandes filósofos, como o Schopenhauer, é quase sempre bombástico. Com notória sagacidade, o autor expõe e defende sua perspicácia literária utilizando-se de artifícios linguísticos estridentes (além da forte simpatia aos termos latinos como fonte opulentadora do dialeto germânico). Devo confessar que, em alguns instantes, a carapuça coube em mim.

Convirjo com ele no tocantes às leituras inúteis em detrimento do abandono das obras dos "grandes espíritos" (no sentido metafórico) que contribuíram, e contribuem, com seus profícuos estudos para o desenvolvimento do intelecto social das gerações subsequentes. Ademais, Schopenhauer exprime críticas destemidas voltadas aos escritores tacanhos que visam o lucro medíocre e degeneram a qualidade erudita da época. Poucos são isentados dos rótulos de poetastros e filosofastros, seguidos de adjetivos depreciativos disponibilizados pelo léxico schopenhaueriano.

Outra curiosidade marcante foi a incitação ao pensamento independente. Schopenhauer não deslegitima em nenhum instante a relevância das leituras como fonte instrutiva. Pelo contrário... sua lucidez ao abordar certas nuances chega a ser estimulante para os seus leitores. Devemos nos embasar sem nos apegar inexoravelmente às ideias alheias. Somos capazes de emitir nossos próprios escritos, externar nossos pensamentos e elaborar ideias preponderantes, desde que não sejamos omissos para com nossos neurônios.

Gosto sempre de enaltecer os livros que desencadeiam mudanças consideráveis em mim durante e após as leituras. Comecei a ler este livro com uma concepção equivocada de como lidar com certos tipos de leitura. Agora, parece que posso fazer mais por mim desatando o apego à trivialidade literária. Acho que "A arte de escrever" mostrou-me algo mais... Eu poderia dizer que tenho uma breve noção da minha peculiar arte de ler.
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Juliana 14/11/2013

"A presença de um pensamento é como a presença de quem se ama."
O primeiro impacto do leitor é: quanta criticidade! Mas, ao decorrer do livro, mesmo discordando de imediato, há de se convir que Schopenhauer tem razão analisando-se o lado dos eruditos. Este, porém, é um extremo que muito pouco pode ser aplicado em nosso meio capitalista.
Ainda sobre a erudição, aparece na obra a face preconceituosa do escritor, como em "a introdução do espírito pequeno-burguês nas literaturas nacionais foram um verdadeira infortúnio para as ciências na Europa". Contudo, somos logo levados a concordar se analisarmos os estudantes atuais: qualidade de meia tigela.
Assim, em meio a inúmeras críticas e a comparações brilhantes, Schopenhauer pode nos mostrar não somente a arte de escrever, mas também a de ler e pensar, com objetivo de maior valor: a instrução.
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Carina 29/10/2013

Sem papas na língua
Ainda que não concorde com Schopenhauer em muitos aspectos (principalmente nos mais preconceituosos), não posso negar que o livro é divertido. O autor, com o seu ar de superioridade em todas as questões, é um crítico mordaz da sociedade de intelectuais da época.

Trechos:


Poucos escrevem como um arquiteto constrói: primeiro esboçando o projeto e considerando-o detalhadamente. A maioria escreve da mesma maneira com que jogamos dominó. Nesse jogo, às vezes segundo uma intenção, às vezes por mero acaso, uma peça se encaixa na outra, e o mesmo se dá com o encadeamento e a conexão de suas frases. Alguns sabem apenas de modo aproximado que figura terá o conjunto e aonde chegará o que escrevem. Muitos não sabem nem isso, mas escrevem como os pólipos de corais constroem: uma frase se encaixa em outra frase, encaminhando-se para onde Deus quiser. A vida da “atualidade” é uma grande galopada: na literatura ela se manifesta por sua extrema frivolidade e desleixo.

**
Seria bom comprar livros se fosse possível comprar, junto com eles, o tempo para lê-los, mas é comum confundir a compra dos livros com a assimilação de seu conteúdo.

Exigir que alguém tivesse guardado tudo aquilo que já leu é o mesmo que exigir que ele ainda carregasse tudo aquilo que já comeu. Ele viveu do alimento corporalmente e do que leu, espiritualmente, e foi assim que se tornou o que é. Mas, da mesma maneira que o corpo assimila o que lhe é homogêneo, o espírito guarda o que lhe interessa, ou seja, o que diz respeito a seu sistema de pensamentos ou o que se adapta a suas finalidades. Certamente todos têm as suas finalidades, mas poucas são as pessoas que possuem algo semelhante a um sistema de pensamentos, de modo que não é um interesse objetivo que os move, e é esse o motivo pelo qual nada do que lêem é assimilado e eles não conservam coisa alguma.
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Por isso, quando alguém aprende uma língua estrangeira, precisa delimitar várias esferas inteiramente novas de conceitos em seu espírito, desse modo surgem esferas de conceitos onde antes não havia nenhuma.
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Aos apreciadores de exemplos dedico esta amostra: “A próxima publicação de nossa editora: fisiologia científica teórico-prática, patologia e terapia dos fenômenos pneumáticos denominados flatulências, que são apresentados de maneira sistemática em suas relações orgânicas e causais, de acordo com seu modo de ser, como também com todos os fatores genéticos condicionantes, externos e internos, em toda a plenitude de suas manifestações e atuações, tanto para a consciência humana em geral quanto para a consciência científica: uma versão livre da obra francesa l’art de péter [a arte de peidar], provida de notas corretivas e excursos esclarecedores.”
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Pois, como diz Sêneca: unus quisque mavult credere, quam judicare [qualquer um prefere crer do que julgar por si mesmo]
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Também se pode dizer que há três tipos de autores: em primeiro lugar, aqueles que escrevem sem pensar. Escrevem a partir da memória, de reminiscências, ou diretamente a partir de livros alheios. Essa classe é a mais numerosa. Em segundo lugar, há os que pensam enquanto escrevem. Eles pensam justamente para escrever. São bastante numerosos. Em terceiro lugar, há os que pensaram antes de se pôr a escrever. Escrevem apenas porque pensaram. São raros.
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É sempre um erro querer transferir para a literatura a tolerância que, na sociedade, é preciso ter com as pessoas estúpidas e descerebradas que se encontram por todo lado. Pois, na literatura, eles não passam de invasores desavergonhados, e desmerecer o que é ruim constitui uma obrigação em face do que é bom. Se nada parece ruim a alguém, também nada lhe parece bom. Em geral, a cordialidade proveniente da sociedade é um elemento estranho na literatura, com freqüência um elemento danoso, porque exige que se chame o ruim de bom, contrariando diretamente tanto os objetivos da ciência quanto os da arte.
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Quanto aos escritores descritos antes, as palavras do mesmo poeta que se aplicam a eles são: “et qui parlant beaucoup ne disent jamais rien” [e que, falando muito, nunca diz nada]. Uma outra característica deles é a de evitarem, quando possível, todas as expressões precisas, de modo que possam sempre tirar a corda do pescoço, quando necessário. Assim, eles escolhem, em todos os casos, a expressão mais abstrata, enquanto as pessoas de talento escolhem a mais concreta porque ela expõe o assunto à claridade, que constitui a fonte de toda evidência.
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A maior parte de todo o saber humano, em cada um dos seus gêneros, existe apenas no papel, nos livros, nessa memória de papel da humanidade. Apenas uma pequena parte está realmente viva, a cada momento dado, em algumas cabeças. Trata-se de uma conseqüência sobretudo da brevidade e da incerteza da vida, mas também da indolência e da busca de prazer por parte dos homens. Cada geração que passa rapidamente alcança, de todo o saber humano, somente aquilo de que ela precisa. Em seguida desaparece. A maioria dos eruditos é muito superficial. Segue-se, cheia de esperanças, uma nova geração que não sabe nada e tem de aprender tudo desde o início; de novo ela apanha aquilo que consegue ou aquilo de que pode precisar em sua curta viagem, depois desaparece igualmente. Assim, que desgraça seria para o saber humano se não houvesse escrita e imprensa! As bibliotecas são a única memória permanente e segura da espécie humana, cujos membros particulares só possuem uma memória muito limitada e imperfeita. É por isso que a maioria dos eruditos resiste tanto a deixar que seus conhecimentos sejam examinados, tendo o mesmo comportamento dos comerciantes em relação a seus registros de vendas.
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Em geral, um erudito tão exclusivo de uma área é análogo ao operário que, ao longo de sua vida, não faz nada além de mover determinada alavanca, ou gancho, ou manivela, em determinado instrumento ou máquina, de modo a conquistar um inacreditável virtuosismo nessa atividade. Também é possível comparar o especialista com um homem que mora em sua casa própria, mas nunca sai dela. Na casa, ele conhece tudo com exatidão, cada degrau, cada canto e cada viga, como, por exemplo, o Quasímodo de Victor Hugo conhece a catedral de Notre-Dame, mas fora desse lugar tudo lhe é estranho e desconhecido.
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No entanto, mesmo entre os escritores pouco numerosos que realmente pensam a sério antes de escrever, é extremamente reduzida a quantidade daqueles que pensam sobre as próprias coisas, enquanto os demais pensam apenas sobre livros, sobre o que outros disseram.
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Não há nenhum erro maior do que o de acreditar que a última palavra dita é sempre a mais correta, que algo escrito mais recentemente constitui um aprimoramento do que foi escrito antes, que toda mudança é um progresso.
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O que o endereço do destinatário é para uma carta, o título deve ser para um livro, ou seja, o principal objetivo é encaminhá-lo à parcela do público para a qual seu conteúdo possa ser interessante. Por isso, o título deve ser significativo e, como é constitutivamente curto, deve ser conciso, lacônico, expressivo, se possível um monograma do conteúdo. São ruins, por conseguinte, os títulos prolixos, os que não dizem nada, os que erram o alvo, os ambíguos, ou então os falsos e enganosos, que acabam dando a seu livro o mesmo destino das cartas com o endereço de destinatário errado. Entretanto, os piores são os títulos roubados, isto é, aqueles que já pertencem a um outro livro, pois se trata não só de um plágio, como também da comprovação ostensiva da mais completa falta de originalidade.
***
Assim, logo que nosso pensamento encontrou palavras, ele já deixa de ser algo íntimo, algo sério no nível mais profundo. Quando ele começa a existir para os outros, pára de viver em nós, da mesma maneira que o filho se separa da mãe quando passa a ter sua existência própria.
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Fory 06/08/2013

Muito bom e de boa leitura. Dá pra ler esse livro em algumas horas tranquilo.
Li até a metade,mais ou menos,sem parar,porém,qndo vai chegando no final começa a ficar um pouco enfadonho porque schopenhauer vai falando mto das palavras alemãs,comparando e tal...e como eu não falo alemão né,rs.
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Incriativos 30/06/2013

A Arte de Escrever
A arte de escrever, de Schopenhauer, filósofo e escritor alemão. Livro dividido em cinco partes: Sobre a erudição e os eruditos; Pensar por si mesmo; sobre a escrita e o estilo; sobre a leitura e os livros; sobre a linguagem e as palavras.
Estes ensaios são da primeira metade do século XIX, mas que podem, sim, ser associados a hoje em dia.
Schopenhauer critica o hábito de ler bastante. Sim, ele critica. Ele “diz” que quem ler muito não tem tempo –ou não consegue- pra pensamentos próprios. “Mas este é o caso de muitos eruditos: leram até ficarem burros” (página 128). “Pensamentos alheios, lidos, são como as sobras da refeição de outra pessoa, ou como as roupas deixadas por um hóspede na casa.” (página 41). E bom, não concordo com isso. Super concordo com o hábito da leitura –quanto mais se ler, melhor.
Ele faz críticas a quem escreve “de modo difícil”. Ele mostra que você pode escrever coisas bem interessantes, e sem usar uma linguagem que ninguém entenderá. “A verdade fica mais bonita nua, e a impressão que ela causa é mais profunda quanto mais simples for sua expressão.” (página 94). “Palavras ordinárias são usadas pra dizer coisas extraordinárias; mas eles fazem o contrário”. (página 90)
Outra crítica, bem explicita, é em relação aos tradutores, e as traduções. “Quase nunca é possível traduzir de uma língua para outra qualquer frase ou expressão característica, marcante, significativa de tal maneira que ela produza exata e perfeitamente o mesmo efeito. (...) Poemas não podem ser traduzidos, mas apenas recriados poeticamente; e o resultado é sempre duvidoso.” (página 150).
E claro, o livro tem muito mais que isso, mas deixo outras coisas pra que descubram na maravilhosa leitura deste livro.

Resenha originalmente publicada no blog Incriativos

site: http://incriativos.blogspot.com.br
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