Performance, recepção, leitura

Performance, recepção, leitura Paul Zumthor




Resenhas - Performance, recepção, leitura


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Anthony 23/06/2021

Esclarecedor
Uma leitura complexa sobre um tema aparentemente simples. Levanta algumas hipóteses e responde de alguma forma, a questões importantes sobre o universo da leitura/literatura
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brunossgodinho 24/06/2017

Vozes do passado e identidades do presente
Neste pequeno livro o leitor encontrará o resumo de uma vida. A trajetória intelectual de Paul Zumthor é, sem dúvida, brilhante e vibrante: arguto investigador do passado, apaixonado leitor da história. Aqui Zumthor dá voz às principais ideias que orientaram suas investigações acerca da Idade Média e sua "literatura".

Performance, recepção, leitura são entrecortadas, rodeadas, assentadas em diversos outros conceitos: oralidade, escritura, poesia, "literatura". Flertando com a antropologia (e até mesmo com a fenomenologia), Zumthor dá à história um verdadeiro tranco: os documentos, os textos - especialmente os medievais - adquirem estatuto especialíssimo. O investigador do passado (que é muito mais que o historiador dos tempos da juventude do autor) que se arma desses conceitos precisa ter o peito aberto e os ouvidos atentos. A fonte histórica vai soltar sua voz e impactar seu corpo.

Zumthor propõe que as manifestações culturais da ordem da oralidade e da escritura, os gestos de um ritual ou as letras de um texto, possuem uma força que impacta o observador ou leitor através da presença física. O texto, emaranhado de signos gráficos que compõem um corpo, dialoga com o corpo do leitor: uma determinada posição mais confortável, a exigência do silêncio para a leitura atenta e decodificação da "poesia" por trás das linhas do texto. Na esteira da antropologia, a performance é o fenômeno complexo que lança para o leitor ou observador o impacto do sentimento de alteridade.

No tempo histórico, esse sentimento de alteridade se produz por uma falta. O imediato que se experimenta no oral já não se apresenta mais no escrito. A leitura, experiência incompleta da performance, impele o sujeito à tentativa de restaurar essa falta e, assim, compreender as identidades que se chocam: a do passado que lhe chega através do texto; e a sua própria, que fica em crise até que o ciclo de compreensão se feche.

Esse processo de pesquisa, como delineado pelos conceitos de Zumthor, conclui uma verdadeira reflexão para o sujeito-investigador. Em sintonia com as palavras do também brilhante Alain de Libera, Zumthor propõe que é necessário reconhecer o peso do passado em nossas identidades e deixá-lo agir sobre nós. Esse curto livro delineia, com impressionante força, um interessantíssimo caminho para todos aqueles interessados pelas culturas passadas.
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