Ruan34 07/06/2023
Francisco foi um poeta que fez de sua vida um poema.
Essa brevíssima introdução não só mostrou a vida de um homem que corria para entregar-se inteiramente a Deus, como ele fazia ao correr aos cuidados dos mendigos antes de sair da casa de Pietro Bernardone, seu pai. Chesterton mostra a capacidade de um único santo de humilhar-se tanto ao ponto de ser um bobo da corte de Deus, ou mesmo um malabarista de Deus, ou como próprio autor fala um Jongleur de Dieu. Um homem cujo a graça foi de deixar-se maravilhar com a Criação e inflamar-se com o amor que dispunha em cada criatura.
Francisco foi um homem que, no seu tom humorado, foi capaz de fazer um levante de homens a abandonar suas posses e tudo que tinham para viver o Evangelho de Nossos Senhor. Foi um homem capaz de, ao sair despido de casa somente com seu cilício, tecer mais nobres honras e glórias a Deus pelas dores que sentia ao rolar na neve e queimar-se naquele amor divino. Não foi somente um homem que viveu numa época de crise, foi um homem que fez de sua tragédia um triunfo, como diria Viktor Frankl, pois ele não só pegou um mundo decadente com o paganismo, mas pegou também uma igreja decadente.
Ele não só matou seu orgulho de cavaleiro medieval, mas derrotou cada deus e ninfa para trazer a tona as criaturas, suas irmãs. Não andou só a desvelar o mundo dessa neblina, mas ao enxergá-lo de cabeça para baixo, como um verdadeiro bobo da corte, pôde ver o mundo corretamente, essa é a função do catolicismo. Viu o mundo de cabeça para baixo e nessa condição o viu segurado com uma grande piedade pelas mãos de Deus. Viu verdadeiramente um mundo sustentado por um fio que podemos chamar de Amor. Um fio ao qual não se romperá mesmo que o mundo deseje cair. Um fio que poucos se propuseram a enxergar, pois não se permitiram ser jogados na lama, ou na neve, como Francisco, e vê-lo logo ali diante do seu nariz.
Logo, esse livro é uma introdução para o mundo moderno, esse mundo que deseja romper-se desse fio de amor que o sustenta. Um mundo que vê na figura de Francisco um dos mais adoráveis comunistas e um dos mais inigualáveis santos. Esse livro é uma introdução não para aqueles que desejam conhecer meramente essas partes do Santo, mas é uma introdução de como encontrar esse fio de amor, de como maravilhar-se com a Criação, de como inflamar-se em santidade no adorável caminho da pobreza.