Calma Sem Pressa 10/02/2016
Paradoxo é uma história sobre o que é ser humano de fato...
Pense em um mundo onde os humanos são submetidos a constante violência por parte das máquinas, pense num futuro no qual não há esperança para a humanidade, agora pense em um planeta constantemente frio e com um céu vermelho, como um pôr do sol infinito. Pensou? Então bem vindo ao Red Dawn. "O Futuro começou".
No ano de 2078 Sammy, uma inteligencia artificial, é o maior temor da humanidade, criada para substituir a tecnologia como conhecemos hoje, a criação venceu seu criador e com o auxilio de um exercito robótico controla homens e mulheres para que estes sirvam ao interesses exclusivos das máquinas.
"Eles são uma nova espécie, o novo topo da cadeia alimentar, fazendo nada mais do que assegurar sua sobrevivência. Nós fizemos isso [...] milhares de anos atrás quando modificamos o planeta para que nossa espécie se sentisse mais confortável, mais inteligente, mais dona do mundo."
Nossa protagonista Sofia Strause é uma jovem de 18 anos, que após entrevistar um trabalhador negro, vê sua vida mudar completamente, descobertas aterradoras começam a cair sobre ela, que ao longo da narrativa irá perceber que seu futuro está intimamente ligado ao da espécie humana. A personagem possui um único amigo Rafael, que gosta muito da garota e se preocupa com ela, os sentimentos do rapaz ficam evidentes logo no início da leitura.
Há um triângulo amoroso mas muito diferente de tudo que eu já vi por aí, nada de uma jovem indecisa e inconstante, mais um ponto positivo para a leitura.
Há algum tempinho que eu não lia nenhuma distopia e devo confessar que esse livro me surpreendeu demais. Pense em um enredo repleto de linguagens técnicas ligadas ao mundo da internet e tecnologia, que traz um futuro medonho e deixa o leitor roendo as unhas durante a leitura. Paradoxo é assim, apesar da linguagem incomum e de um mundo totalmente diferente do nosso, a história é fluída e as explicações ao longo da narrativa tiram qualquer dúvida que um leitor leigo possa ter voltado a tecnologia, sem contar nos termos criados pela própria autora. Ao final do livro há um glossário também detalhado caso alguma dúvida possa ter ficado ou que pode ser consultado ao longo da leitura.
A ambientação também é um ponto que me agradou demais, a história se passa em São Paulo e é muito, muito bem feita, as explicações de como o mundo ficou dominado pela máquinas também foi muito bem construída e a autora não deixou margem para nenhum furo. O desenvolvimento da protagonista e o desenrolar do enredo me deixaram com vontade de sair lendo mais e mais ficção científica. Sem dúvida um livro mais do que recomendado para quem gosta de ficção e ação!
"[...] eu tinha três verdades incontestáveis, e com as quais eu vivia muito bem. A primeira, que há uma energia que conecta todas as coisas vivas. Chame de Deus, natureza, campo magnético, qualquer coisa, para mim é energia. Segunda, a morte é necessária. Não se pode viver para sempre. É ilógico e improdutivo. Terceira, todas as coisas vivas têm alma. Uma fagulha de ignição, única, como uma impressão digital no universo. E eu não sei o que acontece com ela quando morremos. Eles não têm nada disso e, portanto, não podem ser humanos. Essa era a minha verdade."
E não só isso, Paradoxo é uma história sobre o que é ser humano de fato, sobre o que nos torna humanos diferente de todas as outras espécies. Com ação e muita emoção Paradoxo é também um livro que te faz refletir sobre muitas coisas!
O final mesmo não sendo o que eu esperava foi sem dúvida o mais adequado e crível, a autora está de parabéns, entrou para os favoritos. Confesso que eu gostaria de uma possível continuação!
XoXo!
site: http://www.deixaela.com/2015/11/resenha-paradoxo.html