Lizzy 03/01/2015
Que leitura esplêndida. Penelope Williamsom me impressionou desde o livro The Outsider, no entanto esse me envolveu igualmente. A escrita é fantástica, ambientação riquíssima, tudo em detalhes sem ser cansativo. Cada personagem, sejam coadjuvantes ou protagonistas, possuem um momento em destaque. Suas almas são desnudadas ao leitor para que tenhamos nosso próprio ponto de vista. São personagens muito humanos e díspares, com seus segredos e por vezes carregados de culpa e ressentimentos, com questões relevantes a serem resolvidas.
Nesse contexto vive a heroína Emma Tremayne. Ela é uma dama da sociedade de Bristol. Linda, criada com todos os requintes que o dinheiro pode proporcionar, porém a jovem está longe de viver uma vida transparente e feliz. Sua mãe é severa e mesquinha; a irmã paralítica; o irmão cometeu suicídio; o pai abandonou a família; o noivo não é o homem dos seus sonhos mais secretos.
Emma questiona ainda mais profundamente o seu falso modo de vida quando ela conhece o imigrante irlandês Shay McKenna. Os dois não poderiam ser de mundos mais contrapostos. Ele é um trabalhador, um pescador, um lutador de rua, ela uma filha da proeminente e centenária família Tremayne. Ele a impressiona, suas cicatrizes, suas enormes e bonitas mãos cheias de marcas. Ele é rude e a despreza, mas ela não consegue esquecê-lo.
Aos poucos as peças do destino vão se mexendo e Emma constrói uma amizade profunda com Bria, uma trabalhadora da fábrica têxtil do seu noivo. O que ela não sabia é que Bria é a esposa de Shay. Sim, ele é casado e pai de três filhos, portanto totalmente proibido.
As filhas de Shay são adoráveis, especiais. Esse é o momento em que as condições subumanas dos imigrantes irlandeses são reveladas. As crianças trabalham na fábrica têxtil e essa situação comove e aproxima Emma da família Mackenna de um modo irrevogável. O livro constrói um caminho tortuoso para a heroína que se vê consumida por um amor que a domina, oculto dentro de si. Com a morte de Bria, a trajetória de Shay e Emma começa a se construir, mas os obstáculos parecem ser intransponíveis.
Uma bela amizade é retratada entre duas mulheres que amam o mesmo homem. Shay é magnífico, um lutador, um sonhador, ambas reconhecem o valor desse homem jovem, endurecido pela vida e pelos trágicos acontecimentos que o trouxeram para a América.
Enfim, não contarei mais nada. Há muitas reviravoltas, revelações e acontecimentos chocantes na trajetória de Shay e Emma. Há momentos marcantes, emocionantes. Foi bastante emblemático o momento em que Shay alimenta uma raposa junto com Emma...Leia para entender. Prepare-se para conter as emoções. Lindo!