Crátilo

Crátilo Platão




Resenhas - CRÁTILO


8 encontrados | exibindo 1 a 8


spoiler visualizar
India (2023) 13/12/2023minha estante
Não sabia que tinha sido traduzido.Que coisa boa!


Danilo 13/12/2023minha estante
Tem algumas traduções diferentes. Eu li uma edição que continha o Teeteto e o Crátilo juntos.


India (2023) 13/12/2023minha estante
Na capa vi que foi traduzido direto do grego! Quando eu não tinha dor na lombar, eu li em espanhol, não havia tradução!


India (2023) 13/12/2023minha estante
Na capa, faltou uma coma ali!


Danilo 13/12/2023minha estante
Em espanhol se tem boas traduções também.


India (2023) 13/12/2023minha estante
Sim, mas nem todos meus alunos falam espanhol e, de coração, eu prefiro ler em português quando não posso ler o original:D




Beatriz 09/10/2023

Primeiro livro que li pra faculdade, recomendado pela professora de linguistica. gostei muito das reflexões a respeito da língua que o diálogo traz.
comentários(0)comente



Juliana 30/04/2022

Crátilo foi um dos primeiros textos clássicos da filosofia que peguei para ler e tive algumas dificuldades. Como li em uma disciplina, acaba que consegui entender melhor o sentido, as discussões da obra. Para quem estuda linguagem, acho que é um texto riquíssimo, já que ele debate se os nomes são nomeados de forma arbitrária ou se os nomes contém a essência das coisas, já que a questão era saber se através dos nomes era possível conhecer as coisas. Pretendo voltar a esse livro quando a filosofia já estiver mais próxima de mim
comentários(0)comente



Monique 20/02/2022

Dos livros desse mesmo estilo que eu já li, esse foi o que mais gostei. Bem interessante, apesar de a leitura ser pesada.
comentários(0)comente



Sergio.Silva 16/12/2021

A relação entre as palavras e as coisas
Platão trata no livro a relação existente entre as palavras e as coisas, por exemplo a tela pela qual esta lendo este texto tem o nome tela, eu posso alterar o nome tela sem ferir sua natureza, a relação entre o objeto pelo qual esta lendo este texto é natural ou é apenas uma convenção, eu poderia alterar este nome caso seja uma convenção, ou isso fere a sua natureza?
No livro os personagens Crátilo e Hermogenes defendem ponto de vistas diferentes, para Crátilo existe uma relação entre as coisas, a essência da tela esta em seu nome o que contribui para o conhecimento da realidade pois mantem uma relação com as coisas pelas quais designa, Hermogenes tem outra visão, para ele o nome dado é apenas uma convenção, para ele as palavras não contribuem para o conhecimento da realidade, pois os nomes foram dados pelos homens, pela sua vontade.
Platão analisa as duas posições e chega a conclusão que o naturalismo do Crátilo defende a existência de uma língua original, entretanto, esta língua originária não pode ser mais encontrada, por outro lado se tudo é convenção, um acordo travado entre os homens, entretanto para que os homens possa fazer isso eles precisavam fazer uso de uma linguagem existente, isto cria um impasse, concluindo Platão afirma que precisamos ir além das palavras, pois por meio delas não podemos chegar na realidade.
Uma reflexão que nos ajuda nos dias de hoje é a influencia dos legisladores na linguagem, tomando por exemplo a utilização ou não do gênero neutro na linguagem.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



fabio.ribas.7 24/03/2020

O problema da linguagem em Crátilo - preparando o mundo para a Teoria das Formas (Ideias)
Há quem pense que Platão não se interessa pela questão da linguagem e que Crátilo seria uma obra menor no corpus do filósofo. Contudo, Platão está se dirigindo há duas concepções sobre a linguagem nesta obra: o convencionalismo e o naturalismo. E que, na verdade, será a partir do problema da linguagem que Platão apresentará a sua teoria das Ideias (ou Formas).
O convencionalismo pregava que não há relação alguma entre o Ser e as palavras. Estas, quando dadas às coisas, são meramente etiquetas de identificação sem qualquer vínculo com a essência das coisas. Por outro lado, o naturalismo defendia que, ao nomearmos as coisas, já estávamos dizendo o Ser delas. Assim, as palavras e o Ser das coisas estavam vinculados.
Há um contexto para que possamos compreender melhor os diálogos em Crátilo, a saber, Platão está discutindo com os filósofos pré-socráticos, de um lado Protágoras e de outro Górgias, ambos embasados em Heráclito. Este filósofo defendia duas ideias em relação ao Ser: a doutrina do fluxo de todas as coisas e a doutrina da emanação. O convencionalismo de Protágoras se baseava na doutrina do fluxo de todas as coisas, por isso seria impossível às palavras revelarem algo de uma essência das coisas. O naturalismo de Górgias se baseava na doutrina da emanação, isto é, as coisas emanam algo de sua essência que é captado pelos sentidos não estando as palavras assim totalmente desvinculadas do Ser. Todavia, o naturalismo de Górgias não era uma identificação com o Ser das coisas, mas uma captação. Por que isso é importante? Porque Górgias, embora saiba que algo do Ser é captado pelos sentidos (isto é, a nomeação das coisas não é um processo arbitrário), também concorda que o Ser está em fluxo. Daí Górgias ser o pai da Retórica. Esta é a disciplina que buscará seduzir o ouvinte não pela defesa da verdade, pois esta é inacessível uma vez que o Ser está em fluxo contínuo, mas por meio do discurso mais competente, mais provável, mais bem apresentado. Górgias dará continuidade, portanto, a essa visão mágica da linguagem que é capaz de curar o corpo e a alma dos ouvintes, segundo defendiam os pitagóricos.
Após ler Wittgenstein, e apesar da sua tese de suprimir toda filosofia clássica, tanto ele como Cassirer (no texto de Wittgenstein, há links para outros textos meus sobre Cassirer) estão montados sobre os ombros dos gregos (aceitem eles isso ou não). Mas quem não está? Wittgenstein repete a mesma ideia de Parmênides, 2500 anos depois desse, na frase mais famosa e com a qual ele encerra sua obra o Tratactus…: “Sobre aquilo de que não se pode falar, deve-se calar.” Compare com a frase de Parmênides no poema Da natureza: “É necessário que o dizer e pensar que é sejam; pois podem ser, enquanto nada não é: nisto te indico que reflitas”. Assim, diante de Cassirer e Wittgenstein, percebi que ambos podem ser unidos de certa maneira às tradições gregas (até porque não há nada de novo debaixo do sol). Não podemos esquecer as próprias palavras de Wittgenstein de que sua filosofia é um exercício contra o feitiço da linguagem. Cassirer reage à concepção pitagórica da linguagem e Wittgenstein reage tanto a Górgias, mas, principalmente, a Parmênides, que será apresentado como saída ao problema da linguagem em outra obra de Platão, após a conclusão de Crátilo.
Crátilo se torna especialmente importante para nós não apenas pela ligação com Cassirer e Witttgenstein, mas porque Sócrates vai tratar o nome como uma imagem (lembrando que, para os gregos, “nome” é substantivo, verbo, etc). Do mesmo modo que uma pintura é uma cópia de alguma realidade, também o nome é cópia, imagem de uma coisa em si. Todavia, veremos que é exatamente essa concepção do nome como imagem que vai falir toda a discussão travada na obra e que Platão deverá tentar resolver em Parmênides e no Sofista.
Durante a leitura de Crátilo, peguei-me, por várias vezes, lembrando-me de uma questão ligada à discussão entre Sócrates e seus dois amigos. No povo indígena com o qual eu trabalhei, havia um traço cultural que me chamava muita atenção. Os nomes dados aos filhos eram os mesmos nomes dos avós paternos e maternos. E parecia que iriam faltar nomes, pois cada indígena no correr da sua vida recebe, ao menos, 3 nomes, sendo que são 3 nomes que a mãe dá e 3 nomes que o pai também dá. O pai não chama seu filho pelo nome da mãe e nem a mãe chamará seu filho pelo nome dado pelo pai. Já deu para perceber que cada indígena tem, portanto, 6 nomes. Contudo, como eles acabam tendo muitos filhos, chega uma hora que os nomes acabam e eles começam a adotar “nomes dos brancos”.
Certa vez, perguntei ao cacique onde estava o meu aluno chamado Kamaluhe. E ele disse, para meu espanto, que não sabia quem era esse tal de Kamaluhe. Ora, o tal Kamaluhe era filho dele! O problema é que com a chegada da carteira de identidade e da escola há certa confusão nessa questão dos nomes. No caso do Kamaluhe, este era o nome dado pela mãe e, por isso, o pai não o identificou. Tudo isso pode parecer tolice ao leitor desavisado, mas vai ao encontro de pelo menos duas das teorias sobre a linguagem encontrada em Crátilo. Ora, se o Ser está em fluxo e, portanto, se mudamos com o tempo (nascimento, adolescência e vida adulta), um nome só não captaria a nossa essência naquele momento (Heráclito). E mais: para a mãe e para o pai há uma compreensão diversa do ser do filho (Protágoras).
Crátilo — Platão
Os nomes conseguem apreender a essência das coisas? Sócrates irá se aprofundar nessa pesquisa junto com Hermógenes e Crátilo. Este defende a posição naturalista da linguagem e aquele, a nomeação das coisas como apenas uma convenção, um acordo social.
Protágoras dizia que o “homem é a medida de todas as coisas”, mas, para opor-se a Crátilo, Sócrates apresenta a subjetividade e o relativismo dessa ideia em relação ao nome das coisas. Se o nome dado às coisas é uma ação individual (em algum momento alguém nomeou algo pela primeira vez), sendo cada homem a medida de todas as coisas e cada um nomeando segundo bem lhe parece, então seria impossível adquirir o conhecimento, a verdade sobre as coisas. Nem poderíamos discernir entre homens sensatos e insensatos se tivéssemos que aceitar suas percepções da realidade como verdades inquestionáveis. Ao contrário, porque há homens sensatos e insensatos é que não podemos admitir que todos, de igual modo, estejam sendo exatos em suas nomeações das coisas.
Sócrates leva Crátilo a concluir que não sendo possível que cada um seja a medida de todas as coisas e que há homens sensatos e outros insensatos em seus julgamentos, além disso, nem todos veem as coisas da mesma maneira e nem as coisas se apresentam de igual modo a todos, deve haver, portanto, uma essência em cada coisa que nos leve a nomeá-las por elas, pela natureza, e não pela imaginação de cada um.
Sócrates apresenta a Crátilo qual a função do nome: distinguir uma coisa de outra e ensinar sobre essa coisa. O nome é um instrumento educacional. Só podemos aprender sobre o mundo, se o nomeamos. E, como já fora defendido por Sócrates, não nomeamos as coisas aleatoriamente, mas segundo a essência, a natureza de cada coisa. Podemos, então, aprender com os nomes sobre as coisas.
Vamos retornar e acompanhar o raciocínio de Sócrates até aqui: há homens sensatos e outros insensatos, logo esta é uma das razões de não podermos depender dos homens para a nomeação das coisas. Soma-se a isso o fato de, assim como nem todos os homens são tecelões, carpinteiros e forjadores, só aqueles que possuem a arte, a técnica, o são, do mesmo modo, nem todos os homens são os que nomeiam as coisas, mas só os que possuem essa arte, esta técnica de discernir a essência, a natureza das coisas. O legislador é aquele que nomeia as coisas e nem todos são legisladores.
O legislador, que, segundo Sócrates, dentre os artesãos é o mais raro dos homens, vem a instituir nomes segundo um modelo da coisa em si. O exemplo de Sócrates para entendermos isso é simples: se um tecelão quebra a sua máquina de tear, ele irá construir outra segundo aquela que quebrou, olhando para ela, ou se voltará para o modelo que serviu para aquela que agora está quebrada? A conclusão de Sócrates é que o tecelão sempre se voltará para o modelo original. E do mesmo modo como existe uma lançadeira para cada tipo de tecido, deve haver um nome para cada coisa. E não importa que os gregos coloquem um nome e os bárbaros outro nome para uma mesma coisa, pois o ferreiro faz espadas de tamanhos, tipos e materiais diferentes, mas a ideia-espada é a mesma. O mesmo ocorre com o nome. A ideia da coisa, sua essência, sua natureza, foi passada e cada legislador vai usar dos sons e da organização da sua língua para transmitir essa ideia. E semelhantemente como ocorre com o produto de cada artesão que precisa ser testado se convém ao uso destinado, o produto do legislador, o nome, deve ser testado pelo dialético, que é quem usará o nome.
Neste ponto, Crátilo pergunta a Sócrates como ele poderia ter certeza de todas essas coisas. Sócrates diz que é preciso testar os nomes com quem os usa: os sofistas. Contudo, eles são caros. Já que Crátilo não possui verba para tanto, Sócrates apela a Homero, poeta, utilizador de nomes e, portanto, alguém em quem Crátilo poderá verificar e tratar da correção dos nomes.
Homero em seus poemas, lembra Sócrates a Crátilo, dá às coisas tanto os nomes que os deuses lhes dão como a essas mesmas coisas os nomes que os homens dão (e é uma surpresa que essa prática seja muito comum em várias culturas que nunca tiveram contato com a filosofia grega). E Sócrates leva Crátilo a perceber que o nome dado pelos deuses é mais bem dado, porque eles devem dar segundo a natureza das coisas. Por exemplo, Homero lembra que determinado rio “chamam-no os deuses Xanto e os homens Escamandro”.
E por que os deuses o chamam Xanto? Não é muito mais interessante buscar nos melhores legisladores a correção dos nomes? E nos poetas? Não é muito mais interessante ver neles a correção dos nomes? Para Sócrates, então, se queremos aprender, precisamos buscar o uso dos nomes conforme os mais sensatos (e aqui, para horror dos politicamente corretos, mais sensatos são os homens do que as mulheres). Devemos buscar nos legisladores, nos poetas, a razão pela qual usam tais e tais nomes e não outros. O instrumento que Sócrates vai utilizar a partir de agora é a etimologia, pois é na escolha das letras e dos sons que verificamos a natureza das coisas reveladas nas palavras. Nessa concepção, há letras “líquidas”, letras “duras”, letras “frouxas”, etc. E isto ocorre porque as letras, sendo a menor parte das palavras, revelam a natureza que elas representam.
Por partes, as palavras que usamos agora vieram de palavras primitivas e são essas, mais apropriadamente próximas da natureza das coisas, que precisam ser analisadas. Assim, da etimologia vão para a decomposição das palavras primitivas em sílabas e letras na intenção de que essas tenham captado a essência das coisas.
Crátilo defendia a posição naturalista de Górgias, por isso que para ele toda nomeação está boa e condiz com o ser das coisas. Explico melhor, porque esta é uma ideia fundamental para se entender corretamente Crátilo: sendo o nome um captador da essência das coisas, nenhum nome pode mentir ou estar errado, pois se refere ao próprio Ser. Mentir ou nomear falsamente é o mesmo que falar o não-ser. E o não-ser não pode ser falado, pois, se fosse falado ou nomeado, deixaria de ser não-ser. Assim é impossível nomear o não-ser, por isso todos os nomes estão corretos, porque só é possível que eles se refiram ao ser que eles nomeiam. E se alguém olhando para Crátilo disser: “Olá, como vai, meu amigo Hermógenes?”, indaga Sócrates. Cratilo diz que esta pessoa não está nomeando, não está sequer falando, são barulhos, ruídos o que sai da sua boca. Aliás, o diálogo Crátilo se inicia com a entrada de Sócrates diante do fato de Crátilo ter dito a Hermógenes que o nome de Hermógenes não era um nome. O que nós vamos descobrir é que Hermógenes é um nome que, etimologicamente, se relaciona com o deus Hermes, que na mitologia está ligado à riqueza, enquanto Hermógenes não era rico.
Tiro de misericórdia na tese do naturalismo: os nomes são formados por outros nomes mais primitivos que devem ser mais semelhantes às coisas que indicam. E os nomes primitivos se assemelham às coisas que indicam porque são feitos de letras que imitam a natureza das coisas. Finalmente, Sócrates argumenta: o “r” designaria a natureza dura, áspera e o “l”, uma natureza mole. O problema é que as duas letras estão presentes na palavra grega “esclerótes”.
Tiro de misericórdia na tese do Convencionalismo: Sócrates, enfim, indaga como que aquele que primeiro deu o nome às coisas teria dado o nome correto a elas, porque as conhecia, se é pelo nome que se conhece as coisas e, obviamente, esses nomes ainda não existiam?!
Diante desse impasse (nem convencionalismo, nem naturalismo), Sócrates expõe: o que parece o melhor caminho? Aprender da imagem sobre a verdade que ela espelha ou aprender diretamente da própria verdade? Os nomes são imagens e por toda a obra somos levados a perceber que é, no mínimo, uma imagem inexata, imperfeita, obscura da coisa, pois não se assemelha a ela. Os nomes são incapazes de apreender o ser das coisas, pois nem se assemelham ao fluxo e nem ao estático. É preciso uma terceira resposta que dê conta do problema da linguagem.
O livro termina refutando ambas as posições tanto de Crátilo como de Hermógenes. Para essa questão em aberto e para outras acerca da linguagem, Platão deverá trazer sua proposta que será, como veremos num próximo livro, a Teoria das Formas (ou Ideias).

site: https://medium.com/@ribaseribas1
Rúbia 24/03/2020minha estante
Uau! Isso que é resenha!


fabio.ribas.7 04/04/2020minha estante
Obrigado, querida!




8 encontrados | exibindo 1 a 8


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR