Raniere 28/08/2015
A HISTÓRIA DE CAIFÁS, O SUMO SACERDOTE QUE CONDENOU JESUS À CRUZ.
Quando comecei a ler A Urna Sagrada, esperava algo ao estilo de Indiana Jones, uma aventura divertida com algo de sobrenatural. O que li foi algo completamente diferente, mas isso não fez com que eu deixasse de gostar do livro, muito pelo contrário.
Urna Sagrada é baseada na descoberta do túmulo de Caifás, sumo-sacerdote que condenou Jesus Cristo à morte na cruz, encontrado na cidade de Talpiot em 1990. De fato, todo o livro se baseia em questões religiosas, históricas e geográficas, tendo como pano de fundo um arqueólogo, Randall Bullock, viúvo e com dificuldades de se relacionar com sua filha Tracy, de 19 anos. Existe, sim, um drama familiar no livro, mas a abordagem histórica é tão impressionante que consegue ofuscar o enredo criado por Bob Hostetler.
O livro aborda dois tempos simultaneamente: no primeiro, ambientado no presente, Randall encontra o túmulo de Caifás, ao mesmo tempo em que sua filha vai ao seu encontro, em Jerusalém. Randall enfrenta dificuldades com o governo local, que realmente existem e são explicadas nas notas históricas, ao final do livro (falaremos delas mais tarde); no segundo, ambientado no passado, o autor nos conta a história de Caifás.
No presente, temos o arqueólogo Randall que, por causa das constantes viagens a trabalho, não conseguiu manter uma boa relação com sua filha, Tracy. Após sua esposa morrer, Rand entrou em uma depressão que afetou, inclusive, o seu trabalho. Quando seu amigo Yigal Havner é informado de uma valiosa descoberta em um parque arqueológico em Talpiot, ao sul de Jerusalém, ele envia Randall, para ajudá-lo a salvar a carreira. Simultaneamente à esta descoberta, Tracy, após ser expulsa da faculdade, resolve, sem avisar ao pai, ir para Jerusalém encontrá-lo.
Este drama familiar é, na verdade, bem bobinho. Vemos um pai que não cumpriu bem suas obrigações paternas e quer recuperar seu tempo perdido. Porém, sua filha chega bem no meio de uma importante descoberta. O interessante, nesta história, é o quanto a descoberta do túmulo de Caifás consegue mexer com a religiosidade de ambos os personagens e como o autor explorou as características culturais e históricas de Jerusalém.
Intercalada com a história de Randall, vemos a história de Caifás, o sumo-sacerdote que condenou Jesus à crucificação e, depois disto, se arrependeu. Ao contrário dos demais livros que falam desta época histórica, o autor não se foca em Jesus Cristo, mas sim em Caifás, que se encontra no túmulo encontrado por Randall. Os relatos do autor respeitam bastante o que se encontra na Bíblia e outros livros históricos.
O fato de Bob Hostetler se referir à Jesus ao nome mundialmente conhecido no presente e por Yeshua (em hebraico, ישוע/ יֵשׁוּעַ), na época de Caifás, é bem interessante. Yeshua é uma forma alternativa de Yehoshua ( que significa “Javé Salva” ou “Javé é Salvação”, Iesous na transliteração para o grego, e na forma latina, Jesus), e é o nome completo de Jesus: Jesus Yeshua Hamashia.
Ao final do livro, vemos várias notas históricas, falando sobre cada fato histórico de cada capítulo. Algumas pessoas podem dizer “mas não tem as referências”, mas elas existem, sim. O autor, na nota de cada capítulo, especifica os livros que ele usou como pesquisa, como The Temple: It’s Ministry and Services, de Alfred Edersheim, e a própria Bíblia Sagrada.
Enfim, mesmo aqueles leitores que comprarem o livro esperando ler uma aventura estilo Indiana Jones não irão se arrepender de ler. A trama de Bob Hostetler é bem construída, os fatos históricos e culturais são bem respeitados e, por último, quero lembrar que Indi se interessaria muito pelos fatos relatados neste livro.
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