spoiler visualizarJunho 08/05/2023
O livro se trata, resumidamente, de uma ficção urbana com mistério que se passa em Brasília. Aqueles que têm alguma ligação com o lugar ou que conhece a cidade, poderá sentir uma maior conexão com o que é narrado, pois poderá imaginar com melhor exatidão os lugares descritos. Achei a ideia bem original. Ela inova a forma comum com que estamos acostumados a ver por aí quando se trata de viagem no tempo. O que se destacou bastante foi a profundidade que o autor conseguiu inserir em cada personagem, até mesmo àqueles que aparecem por um curto espaço de tempo na história. Cada um possui traços de personalidade únicos, que são devidamente trabalhados durante as interações que os personagens têm entre si e nos momentos de reflexão consigo mesmos. Demonstrando trejeitos e pensamentos diferentes entre eles. Isso evidencia a habilidade do autor em criar personagens profundos, sem parecerem meros figurantes inseridos preguiçosamente para prosseguir com a narrativa.
Gostaria que o cenário de ?Fantasmagoria? tivesse sido mais explorado, talvez isso tenha ocorrido na versão e-book do livro, que conta com mais páginas e trechos que foram retirados desta versão física (já fica a dica para os novos leitores).
Gostei muito da sinergia que os personagens Carlos e Matheus têm juntos quando estão enfrentando as ressonâncias. Fiquei imaginando uma série de TV com personagens iguais a eles enfrentando criaturas desse tipo, numa mistura de Arquivo X com Miami Vice.
Algo que me incomodou um pouco foram os momentos em que a narrativa voltava um pouco no tempo, mostrando o que ocorreu no passado com outro personagem antes dele se encontrar, no presente, com o personagem do capítulo anterior da leitura. Dava a sensação de que a leitura nunca estava sendo feita no ?momento atual?. Isso também ocorre em ?A Batalha do Apocalipse?, do Eduardo Spohr. Talvez por já ter presenciado isso na obra citada anteriormente, consegui me acostumar rápido a isso no livro desta resenha e com o tempo deixou de ser um verdadeiro incômodo.
Outra coisa que também me incomodou, mas que acredito não ter sido culpa do autor, foram diversos trechos em que algumas letras, e até palavras inteiras, haviam sido excluídas, trocadas de lugar e/ou apareciam repetidas, o que atrapalhava um pouco na compreensão da sentença lida. Haviam momentos em que era necessário pensar um pouco no verdadeiro sentido em que estava querendo ser dito em uma frase, devido ao que esse defeito causava no trecho. Creio que isso foi ocasionado por algum erro na revisão feita pela editora.
É um ótimo livro. Além da ficção trazida por ele, também há diversos parágrafos que trazem ótimas reflexões para levarmos para a vida, ainda que não sejamos um adulto levado repentinamente ao passado para o nosso corpo de criança.