Contra o Ocidente

Contra o Ocidente Alexander Dugin




Resenhas - Contra o Ocidente


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caio.lobo. 26/05/2023

Livro doutrinário
Nesta obra Dugin é menos geopolítico, mas mais ideológico. A velha e eterna luta histórica entre Ocidente x Oriente se intensifica nesse século com o atlantismo buscando a vitória absoluta através da globalização e globalismo, tornando o mundo monocultural, onde a cultura ocidental seja a única, mais especificamente a cultura ocidental moderna, liberal e norte-americana. A Rússia vive um impasse histórico com o Ocidente em meio a uma crise econômica e ideológica, pois desde a queda da União Soviética perde sua identidade, se tornando mais europeia, mas Dugin planeja que a Rússia seja o polo de um mundo multipolar.

O mundo globalizado faz com que problemas no núcleo do Ocidente afetem todos os países periféricos, gerando prejuízos econômicos e culturais expressivos. A adesão à globalização torna-se inescapável para países como a China e a Índia, mesmo que não aceitem seus valores ideológicos. A busca pela paz parece trivial, pois o discurso pacifista cresce junto com o derramamento de sangue e o sofrimento (e o discurso de paz é estratégia ocidental). Mas Dugina prefere guerra à paz, pois ela é natural e um modo de lutar por valores fundamentais. A história dos sérvios ilustra como a fidelidade à terra e o espírito nacional podem levar as pessoas a morrer por um lugar sem valor estratégico, mas parte de sua identidade, por amor a aquilo que se é. Diante do desafio de enfrentar um império, é preciso que outros impérios se juntem em uma estrutura assimétrica, levando a um mundo multipolar.

O atlantismo busca romper com as tradições antigas, religiões, filosofias e modos de ser. Os objetivos eurasianos aspiram liderar a Rússia e transformá-la em um Império Eurasiano continental, participando na transformação do mundo, para retomar valores e para que cada povo tenha sua própria cultura, própria lógica, própria política e o seu próprio Dasein. É importante reconhecer que diferentes culturas possuem valores distintos, e os valores ocidentais não são inerentes à história e sociedade russas, nem às tradições e crenças religiosas de outras miríades de pessoas e povos.

O conceito de ?Leviatã? ressurge aqui, representando o poder do Estado, inspira medo por sua punição, levando a rebeliões que buscam inverter o poder e causar medo no governo. A Rússia é um Behemoth que sonha em ser Leviatã, mas nega. Nessa batalha entre o Leviatã e o Behemoth tem um preço, que se paga com vidas humanas, mas como diria Gramsci ?guerra é guerra?. Podemos fazer uma analogia e alegoria com os dois monstros do Apocalipse, mas agora o Leviatã como besta que subiu do mar, monstro de sete cabeças, e o Behemoth como besta que subiu da terra e seus dois chifres; a uma besta foi permitido fazer a guerra e tem poder sobre toda tribo, língua e nação, e a outra besta faz descer fogo do céu e mata todos os que não adoram a imagem da besta. ?Quem é semelhante à besta? Quem poderá batalhar contra ela?? (Apocalipse 13).

Neste livro doutrinário Dugin faz do ?ser russo? uma metafísica. Rússia é uma essência, assim como cada povo é uma essência em si. O espaço não é neutro, tem qualidade inerentes que não dependem apenas das coisas que estão ali, mas são um modo do eterno. E o modo eterno da Rússia é sempre lutar.
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