Deserto de ossos

Deserto de ossos Chris Bohjalian




Resenhas - Deseto de ossos


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Marcia.Lara 04/11/2023

Tema Atual
Em época de guerra, um livro sobre guerra... Imperio Otomano...Genocídio, não lembro te ter visto isso em aulas de história. Um milha e meio de pessoas mortas...
Essa história se passa em 1915, 100 anos já... e a história se repete, só muda a nacionalidade. O massacre dos armênios no deserto Sírio.
Para "amenizar", temos o romance de Elizabeth e Armen. Temos tb Nevart e Haunton, duas armênios que sofreram no deserto e sobreviveram. Vale a leitura para quem gosta de história, densa, pesada.
"Como um milhão e meio de pessoas morrem sem ninguém ficar sabendo? SIMPLES, você as mata no meio do nada.".
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Renatinha 17/02/2022

É por meio de livros como esse que podemos ver a que ponto de crueldade o ser humano pode chegar. Homens, mulheres e crianças sendo mortos de forma cruel e as vezes lenta. Famílias separadas, exterminadas, crianças sem infância.
Um romance que se passa em mais um período sombrio da história da humanidade.
Recomendo a leitura.
Lo Souza 17/02/2022minha estante
Gostei da resenha. Deu vontade de ler


Renatinha 17/02/2022minha estante
Obrigada! Realmente vale muito a leitura, um extermínio que eu não sabia que havia ocorrido.


Lo Souza 17/02/2022minha estante
Já vou colocar na lista




Valéria Cristina 03/02/2022

Estarrecedor
"Como um milhão e meio de pessoas morrem sem que ninguém veja?"
"Eu estava chorando pela morte de um milhão e meio de pessoas, e uma civilização no leste da Turquia que fora reduzida a uma montanha de ossos sobre as areias de Del-er-Zor."
A história do genocídio armênio sempre despertou meu interesse. Li outros dois livros sobre o assunto - Alma Armênia e Fé no Inferno (decepcinante) -, nenhum se compara a este.
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Larissa Benevides (Clã) 26/09/2017

Resenha: Deserto de ossos
“ A resposta curta para aquela primeira pergunta – Como um milhão e meio de pessoas morrem sem que ninguém saiba? - é realmente muito simples. Você as mata no meio do nada.”

Logo que li a sinopse desse livro me interessei. Fiquei realmente chocada de como um fato histórico dessa proporção não é ensinado e nem mesmo comentado nas mídias.
Digo isto, pois durante a escola, nas aulas de história, estudamos bastante sobre a segunda guerra e as atrocidades que foram cometidas nos campos de concentração. Todo 11 de setembro, temos reportagens que nos lembram do atentado terrorista nas torres gêmeas. Então como um genocídio pode ser tão desconhecido assim?
Deserto de Osso então vem nos mostrar fatos que aconteceram durante a Primeira Guerra. Em 1915 aconteceu um massacre de milhares de armênios no deserto Sírio.

“O dia 24 de Abril de 2015 marca o aniversário de cem anos do cerco dos intelectuais, profissionais, editores e líderes religiosos armênios em Constantinopla, que resultou na execução da maioria deles. Era, indiscutivelmente, o começo dos oito anos mais torturantes da história armênia – embora o pior fosse ocorrer nos doze meses seguintes, culminando com os massacres de Ras-el-Ain e Del-el-Zor em abril de 1916.”

O livro é um romance inspirado nos acontecimentos dessa época. O autor utilizou várias pesquisas para inspirá-lo e deixar a história um pouco mais próxima da realidade.
O livro intercala momentos do passado com o presente. No presente temos Laura, uma mulher em busca das histórias sobre o genocídio armênio e principalmente das histórias de seus avós, o armênio Armen Petrosian e a americana Elizabeth Endicott.
Assim temos as passagens do passado, que são lembranças de pessoas que estavam presenciando as atrocidades de perto. A maioria das vezes, são de Elizabeth e Armen, mas também temos passagens de soldados e de vítimas.

Elizabeth Endicott foi para Alepo em uma missão com seu pai, tinha como função escrever relatórios para a Instituição “Amigos da Armênia”. Seu principal papel era passar todos os fatos que ela presenciasse no período em que estivesse no local, seria a testemunha ocular do Massacre, ajudando a Instituição arrecadar mais fundos para axiliar os necessitados.
O que ela não esperava era encontrar em meio tamanha tragédia e tristeza um homem por quem seu coração batesse mais forte.

“Enquanto ela sobe a escada escura para o seu quarto, acha interessante que o pai tenha considerado que a filha havia correspondido à atração que os soldados alemães pareciam ter sentido por ela. Mas até aí, talvez Elizabeth não devia estar surpresa. Eles eram altos e loiros. Ainda assim, a verdade era que ela não havia pensado muito naquela dupla. Ela havia pensado quase somente no armênio.”

Durante todo o livro podemos perceber a força e inteligência de Elizabeth, uma mulher muito solidária e que busca ajudar as pessoas que encontra durante a viagem. Não abaixa a cabeça e procura deixar sempre a sua opinião, além de buscar aprender a língua e o corão durante sua visita. Uma real inspiração para todos nós.

Já Armen é um armênio, engenheiro, fala inglês e um verdadeiro sobrevivente. Um rapaz cheio de feridas na alma, muitas das quais impulsionam sua vida e aumentam a vontade de entrar na batalha contra os turcos. Armen busca informações em todos comboios de sobreviventes que encontra, tudo o que deseja é saber um pouco mais sobre o fim que teve sua esposa e sua filha, que tinha menos de 1 ano. Angústias, raiva, vontade de vingança, remorso e tristeza. Com este personagem temos vários momentos em que os fantasmas atormentam os pensamentos e como o amor é o único sentimento capaz de nos fazer seguir em frente pensando em um futuro, quando tudo o que queremos é que a dor passe.

“Quando parece que você não tem nada pelo que viver, a morte não é assim tão assustadora. […] “estou com medo agora porque comecei, novamente, a sonhar com um futuro””.

Não posso deixar de citar dois personagens que também se destacam nessa trama, Nevart e Hauton. Elas são sobreviventes que receberam toda a atenção de Elizabeth, e tiveram dela a consideração de um membro de família.
Nevart, uma mulher, esposa de um médico que não teve a vida poupada, estudada e com conhecimentos em enfermagem. Durante a longa caminhada que as refugiadas tiveram que fazer até Alepo, a personagem se conecta a uma garotinha. Seu instinto materno, apesar de não ter filhos, faz com que busque sempre proteger a criança. E graças a ela, Hauton consegue passar por várias situações cruéis que ira sofrer nesta época. Com ela podemos ver que não são somente os laços sanguíneos que impulsionam as ações de cuidado e carinho.

“- Uma caverna fora da cidade. Eles as conduzem para dentro e então fazem uma fogueira na entrada. As crianças morrem sufocadas lá dentro. […] Há pouco espaço no orfanato. E os turcos podem insistir que eles fechem, de qualquer jeito. […] Sim. Afinal, por que se preocupar em matar os adultos se você vai permitir que a próxima geração viva? Não faz sentido.”

Hauton, uma garotinha, que presenciou durante a infância coisas terríveis que a maioria dos idosos jamais sonharam em presenciar. Uma verdadeira lutadora, que não sucumbiu as tristezas ( e olha que teria mais do que motivos para sentar e chorar por toda uma década) e continua tentando entender o que estava acontecendo. Desta personagem temos a oportunidade de ver como algumas situações cruéis são interpretadas por uma inocente criança. E como aquelas crianças que sobreviveram estarão marcadas por toda a vida.

“Mas Hatoun teme que se começar a falar – a oferecer-lhes mais do que o grunhido monossilábico ocasional ou (mais raro ainda) frases completas, porém muito curtas —, ela não vai ser capaz de parar de chorar. Ela vai ficar como a criança do outro lado da persiana, para quem chorar se tornou sinônimo de respirar.”

Laura nos traz os preconceitos que sua família enfrentou na vida e de várias situações embaraçosas que já passou por conta de seus laços ancestrais. Enquanto as passagens de Elizabeth, Armen e outros vem para nos mostrar o pior que o ser humano é capaz de fazer com seus próprios semelhantes. É totalmente inconcebível.

“Nenhum deus – nem o seu, nem o meu – aprova o que vocês estão fazendo.”

Apesar de ser ficção podemos pegar fatos que sabemos muito bem que podem ser reais. Só de imaginar minha cabeça doía e ficava muito triste de lembrar o quão cruel o ser humano pode ser.
Barbáries são vivenciadas em vários lugares, em vários momentos da história da humanidade. Temos vários rastros de sangue para nos mostrar que devemos sempre estar atentos nas decisões que tomamos e procurar sempre buscar fazer o melhor para o próximo. Somente quando entendermos realmente que a única forma de prosperarmos como espécie é colaborando com o próximo, poderemos aproveitar o máximo que a nossa capacidade intelectual tem a oferecer.

É um livro muito intenso e que me fez refletir bastante. Além é claro de instigar a minha pesquisa sobre o assunto. Deixo aqui o link de um site bem interessante que tem vários outros links sobre a história.

site: http://www.cladoslivros.com.br/2015/09/resenha-deserto-de-ossos-de-chris.html
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ritita 23/05/2016

Impactante.
DESERTO DE OSSOS - Chris Bohjalian

E a prepotente aqui achou que já conhecia todos os horrores da 2ª guerra mundial!

No livro, primeiramente narrado por neta de armênios, Armen e Elizabeth, que curiosa com o silêncio de seus avós sobre sua vida na Armênia e a participação na guerra, começa a ler as cartas da avó e vai “destrinchando” o que realmente ocorreu.
Misto de realidade e ficção e escrito por um armênio. O livro me contou o que não, eu não suspeitava, imaginava nem longe que poderia ter havido coisa parecida ou pior, em termos de maldades, que o holocausto.
Os turcos simplesmente decidiram “limpar” a Armênia, fazendo com que sua população, na grande maioria mulheres, anciãos e crianças, vagassem em direção aos campos no deserto em Alepo e Der-el-Zor, sem água ou comida, para morrerem de insolação, desnutrição, diarréia, estupro, crucificação e empalamento. As crianças eram encaixotadas vivas e atiradas no Mar Negro e os fetos, arrancados dos ventres das mães, jogados para o ar e aparados na espada.
Inúmeros armênios foram queimados vivos, afogados, envenenados ou caíram vítimas de doenças
O que mais impacta o leitor é a questão do genocídio e a forma como os turcos são impiedosos em suas ações, matando os homens e forçando as mulheres a caminharem por um deserto sem fim, direto para a morte iminente.

Chris Bohjalian soube mesclar muito bem ficção com realidade e trazer ao leitor perguntas fundamentais, nos fazendo questionar se as guerras entre raças e religiões que tentam demonstrar-se superiores algum dia irão ser dignas de todas as mortes inocentes que foram geradas.
No meio desta desgraceira toda e, talvez, para suavizá-la, há o difícil e improvável romance entre Armen, um engenheiro armênio contratado pelos alemães para a construção de uma estrada de ferro e Elizabeth, avós da narradora.
Existem outros personagens fortes no livro, principalmente Nevart, que conseguiu sobreviver e Hatoun, uma garota dentre as deportadas, que viu a mãe e irmã serem assassinadas durante a longa marcha pelo deserto e perde a fala.
Como um milhão e meio de pessoas morrem sem que ninguém saiba? - é realmente muito simples. Você as mata no meio do nada.'' Pág. 319
Tanto a capa quanto a parte interna do livro são muito bonitas. Na divisão dos capítulos há detalhes delicados. A diagramação e ortografia são perfeitas. Percebe-se que o livro foi feito com cuidado e dedicação.
Claro que ao terminá-lo, curiosa como sou, fui pesquisar sobre este genocídio. E não é que até os dias de hoje os turcos não o reconhecem desta forma?
Joane 09/11/2016minha estante
Amei sua resenha?


ritita 09/11/2016minha estante
Obrigada.




Entre Resenhas 08/11/2015

Deserto de Ossos, de Chris Bohjalian
Quando recebi a lista de lançamentos da Editora Nacional e me deparei com a capa e sinopse desse livro, confesso que me apaixonei no mesmo instante e esperei ansiosamente o recebimento do mesmo, e não me arrependo em nenhum momento pela espera.
E assim que terminei a leitura, passei um tempo contemplando a capa do livro em absoluto silêncio tentando colocar em ordem meus sentimentos.

Chris Bohjalian, usou como pano de fundo a primeira guerra mundial em 1915 e um dos maiores genocídios da história para nos presentear com esse romance incrível e inesquecível, Deserto de Ossos.

Muito é comentado sobre a Segunda guerra mundial, a perseguição dos nazistas e atrocidades cometidas por eles contra os judeus, mas, com relação à primeira guerra mundial, e principalmente o que Chris Bohjalian descreve em Deserto de Ossos sobre um dos maiores genocídios da história contra os armênios, quase não se vê falar à respeito. E depois disso eu me pergunto, não só como um milhão e meio de pessoas morreram sem que ninguém tenha visto, mas também, como o ser humano pode ser capaz de cometer tantas atrocidades e devastação?

Não existem palavras para descrever o que os turcos fizeram aos armênios, principalmente contra mulheres, jovens e crianças em meio ao deserto longe dos olhos do mundo.

A história é narrada por Laura, neta de Armen Petrosian, um engenheiro armênio e Elizabeth Endicott, uma americana que junto do pai se voluntariou para ajudar refugiados armênios, e em meio a tanta destruição e mortes, se apaixonam.

Devo dizer que por mais que a história tenha sido chocante, trágica e estarrecedora, Chris escreve de maneira encantadora, ele arrebata o leitor já nas primeiras páginas, não consegui largar o livro, ele soube, de maneira harmoniosa, em meio a tanto caos, mortes e destruição, nos presentear com uma linda história de amor.

O autor intercala a narrativa em duas partes, onde Laura conta toda a história dos avós baseada em cartas escritas por Elizabeth à Armen, um diário e documentos enviados na época de 1915 aos Amigos da Armênia, e - dias atuais, onde ela narra como se sente e conta sobre sua obsessão pela história dos avós e assim descobre um segredo guardado por gerações, este, de partir o coração.

Chris criou personagens fortes e intensos, cativantes, cada qual à sua maneira, mesmo os personagens secundários deram à trama um toque todo especial e marcante.

Deserto de Ossos mexe com nosso emocional. Aqui o leitor se sensibiliza, chora, ama, odeia e questiona, tudo ao mesmo tempo.

Chris conduz a narrativa de maneira fluída e interessante, por mais impactante que tenha sido os acontecimentos- bem descritivos por sinal, a escrita de Chris é romantizada e tocante, me cativou do início ao fim.

Deserto de Ossos é uma história bem construída, sem pontas soltas, tudo se enlaça de maneira perfeita.
Um romance com uma narrativa incrível e apaixonada.

Deserto de Ossos, se tornou mais um dos meus romances preferidos que ganhou um lugar especial na minha estante, digno de ser lido novamente.

Forte. Tocante . Impactante e Cheio de paixão

A capa e a edição estão lindas.

site: http://entreresenhas.blogspot.com.br/2015/05/resenha-deserto-de-ossos-de-chris.html
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Clã 03/10/2015

Clã dos Livros - Deserto de Ossos
“ A resposta curta para aquela primeira pergunta – Como um milhão e meio de pessoas morrem sem que ninguém saiba? - é realmente muito simples. Você as mata no meio do nada.”

Logo que li a sinopse desse livro me interessei. Fiquei realmente chocada de como um fato histórico dessa proporção não é ensinado e nem mesmo comentado nas mídias.

Digo isto, pois durante a escola, nas aulas de história, estudamos bastante sobre a segunda guerra e as atrocidades que foram cometidas nos campos de concentração. Todo 11 de setembro, temos reportagens que nos lembram do atentado terrorista nas torres gêmeas. Então como um genocídio pode ser tão desconhecido assim?

Deserto de Osso então vem nos mostrar fatos que aconteceram durante a Primeira Guerra. Em 1915 aconteceu um massacre de milhares de armênios no deserto Sírio.

“O dia 24 de Abril de 2015 marca o aniversário de cem anos do cerco dos intelectuais, profissionais, editores e líderes religiosos armênios em Constantinopla, que resultou na execução da maioria deles. Era, indiscutivelmente, o começo dos oito anos mais torturantes da história armênia – embora o pior fosse ocorrer nos doze meses seguintes, culminando com os massacres de Ras-el-Ain e Del-el-Zor em abril de 1916.”

O livro é um romance inspirado nos acontecimentos dessa época. O autor utilizou várias pesquisas para inspirá-lo e deixar a história um pouco mais próxima da realidade.

O livro intercala momentos do passado com o presente. No presente temos Laura, uma mulher em busca das histórias sobre o genocídio armênio e principalmente das histórias de seus avós, o armênio Armen Petrosian e a americana Elizabeth Endicott.

Assim temos as passagens do passado, que são lembranças de pessoas que estavam presenciando as atrocidades de perto. A maioria das vezes, são de Elizabeth e Armen, mas também temos passagens de soldados e de vítimas.

Elizabeth Endicott foi para Alepo em uma missão com seu pai, tinha como função escrever relatórios para a Instituição “Amigos da Armênia”. Seu principal papel era passar todos os fatos que ela presenciasse no período em que estivesse no local, seria a testemunha ocular do Massacre, ajudando a Instituição arrecadar mais fundos para axiliar os necessitados.

O que ela não esperava era encontrar em meio tamanha tragédia e tristeza um homem por quem seu coração batesse mais forte.

“Enquanto ela sobe a escada escura para o seu quarto, acha interessante que o pai tenha considerado que a filha havia correspondido à atração que os soldados alemães pareciam ter sentido por ela. Mas até aí, talvez Elizabeth não devia estar surpresa. Eles eram altos e loiros. Ainda assim, a verdade era que ela não havia pensado muito naquela dupla. Ela havia pensado quase somente no armênio.”

Durante todo o livro podemos perceber a força e inteligência de Elizabeth, uma mulher muito solidária e que busca ajudar as pessoas que encontra durante a viagem. Não abaixa a cabeça e procura deixar sempre a sua opinião, além de buscar aprender a língua e o corão durante sua visita. Uma real inspiração para todos nós.

Já Armen é um armênio, engenheiro, fala inglês e um verdadeiro sobrevivente. Um rapaz cheio de feridas na alma, muitas das quais impulsionam sua vida e aumentam a vontade de entrar na batalha contra os turcos. Armen busca informações em todos comboios de sobreviventes que encontra, tudo o que deseja é saber um pouco mais sobre o fim que teve sua esposa e sua filha, que tinha menos de 1 ano. Angústias, raiva, vontade de vingança, remorso e tristeza. Com este personagem temos vários momentos em que os fantasmas atormentam os pensamentos e como o amor é o único sentimento capaz de nos fazer seguir em frente pensando em um futuro, quando tudo o que queremos é que a dor passe.

“Quando parece que você não tem nada pelo que viver, a morte não é assim tão assustadora. […] “estou com medo agora porque comecei, novamente, a sonhar com um futuro”.

Não posso deixar de citar dois personagens que também se destacam nessa trama, Nevart e Hauton. Elas são sobreviventes que receberam toda a atenção de Elizabeth, e tiveram dela a consideração de um membro de família.

Nevart, uma mulher, esposa de um médico que não teve a vida poupada, estudada e com conhecimentos em enfermagem. Durante a longa caminhada que as refugiadas tiveram que fazer até Alepo, a personagem se conecta a uma garotinha. Seu instinto materno, apesar de não ter filhos, faz com que busque sempre proteger a criança. E graças a ela, Hauton consegue passar por várias situações cruéis que ira sofrer nesta época. Com ela podemos ver que não são somente os laços sanguíneos que impulsionam as ações de cuidado e carinho.

“- Uma caverna fora da cidade. Eles as conduzem para dentro e então fazem uma fogueira na entrada. As crianças morrem sufocadas lá dentro. […] Há pouco espaço no orfanato. E os turcos podem insistir que eles fechem, de qualquer jeito. […] Sim. Afinal, por que se preocupar em matar os adultos se você vai permitir que a próxima geração viva? Não faz sentido.”

Hauton, uma garotinha, que presenciou durante a infância coisas terríveis que a maioria dos idosos jamais sonharam em presenciar. Uma verdadeira lutadora, que não sucumbiu as tristezas ( e olha que teria mais do que motivos para sentar e chorar por toda uma década) e continua tentando entender o que estava acontecendo. Desta personagem temos a oportunidade de ver como algumas situações cruéis são interpretadas por uma inocente criança. E como aquelas crianças que sobreviveram estarão marcadas por toda a vida.

“Mas Hatoun teme que se começar a falar – a oferecer-lhes mais do que o grunhido monossilábico ocasional ou (mais raro ainda) frases completas, porém muito curtas —, ela não vai ser capaz de parar de chorar. Ela vai ficar como a criança do outro lado da persiana, para quem chorar se tornou sinônimo de respirar.”

Laura nos traz os preconceitos que sua família enfrentou na vida e de várias situações embaraçosas que já passou por conta de seus laços ancestrais. Enquanto as passagens de Elizabeth, Armen e outros vem para nos mostrar o pior que o ser humano é capaz de fazer com seus próprios semelhantes. É totalmente inconcebível.

“Nenhum deus – nem o seu, nem o meu – aprova o que vocês estão fazendo.”

Apesar de ser ficção podemos pegar fatos que sabemos muito bem que podem ser reais. Só de imaginar minha cabeça doía e ficava muito triste de lembrar o quão cruel o ser humano pode ser.

Barbáries são vivenciadas em vários lugares, em vários momentos da história da humanidade. Temos vários rastros de sangue para nos mostrar que devemos sempre estar atentos nas decisões que tomamos e procurar sempre buscar fazer o melhor para o próximo. Somente quando entendermos realmente que a única forma de prosperarmos como espécie é colaborando com o próximo, poderemos aproveitar o máximo que a nossa capacidade intelectual tem a oferecer.

site: http://cladoslivros.blogspot.com.br/2015/09/resenha-deserto-de-ossos-de-chris.html
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Larissa Benevides 13/09/2015

Resenha: Deserto de Ossos - Chris Bohjalian
“ A resposta curta para aquela primeira pergunta – Como um milhão e meio de pessoas morrem sem que ninguém saiba? - é realmente muito simples. Você as mata no meio do nada.”

Logo que li a sinopse desse livro me interessei. Fiquei realmente chocada de como um fato histórico dessa proporção não é ensinado e nem mesmo comentado nas mídias.
Digo isto, pois durante a escola, nas aulas de história, estudamos bastante sobre a segunda guerra e as atrocidades que foram cometidas nos campos de concentração. Todo 11 de setembro, temos reportagens que nos lembram do atentado terrorista nas torres gêmeas. Então como um genocídio pode ser tão desconhecido assim?
Deserto de Osso então vem nos mostrar fatos que aconteceram durante a Primeira Guerra. Em 1915 aconteceu um massacre de milhares de armênios no deserto Sírio.

“O dia 24 de Abril de 2015 marca o aniversário de cem anos do cerco dos intelectuais, profissionais, editores e líderes religiosos armênios em Constantinopla, que resultou na execução da maioria deles. Era, indiscutivelmente, o começo dos oito anos mais torturantes da história armênia – embora o pior fosse ocorrer nos doze meses seguintes, culminando com os massacres de Ras-el-Ain e Del-el-Zor em abril de 1916.”

O livro é um romance inspirado nos acontecimentos dessa época. O autor utilizou várias pesquisas para inspirá-lo e deixar a história um pouco mais próxima da realidade.
O livro intercala momentos do passado com o presente. No presente temos Laura, uma mulher em busca das histórias sobre o genocídio armênio e principalmente das histórias de seus avós, o armênio Armen Petrosian e a americana Elizabeth Endicott.
Assim temos as passagens do passado, que são lembranças de pessoas que estavam presenciando as atrocidades de perto. A maioria das vezes, são de Elizabeth e Armen, mas também temos passagens de soldados e de vítimas.

Elizabeth Endicott foi para Alepo em uma missão com seu pai, tinha como função escrever relatórios para a Instituição “Amigos da Armênia”. Seu principal papel era passar todos os fatos que ela presenciasse no período em que estivesse no local, seria a testemunha ocular do Massacre, ajudando a Instituição arrecadar mais fundos para axiliar os necessitados.
O que ela não esperava era encontrar em meio tamanha tragédia e tristeza um homem por quem seu coração batesse mais forte.

“Enquanto ela sobe a escada escura para o seu quarto, acha interessante que o pai tenha considerado que a filha havia correspondido à atração que os soldados alemães pareciam ter sentido por ela. Mas até aí, talvez Elizabeth não devia estar surpresa. Eles eram altos e loiros. Ainda assim, a verdade era que ela não havia pensado muito naquela dupla. Ela havia pensado quase somente no armênio.”

Durante todo o livro podemos perceber a força e inteligência de Elizabeth, uma mulher muito solidária e que busca ajudar as pessoas que encontra durante a viagem. Não abaixa a cabeça e procura deixar sempre a sua opinião, além de buscar aprender a língua e o corão durante sua visita. Uma real inspiração para todos nós.

Já Armen é um armênio, engenheiro, fala inglês e um verdadeiro sobrevivente. Um rapaz cheio de feridas na alma, muitas das quais impulsionam sua vida e aumentam a vontade de entrar na batalha contra os turcos. Armen busca informações em todos comboios de sobreviventes que encontra, tudo o que deseja é saber um pouco mais sobre o fim que teve sua esposa e sua filha, que tinha menos de 1 ano. Angústias, raiva, vontade de vingança, remorso e tristeza. Com este personagem temos vários momentos em que os fantasmas atormentam os pensamentos e como o amor é o único sentimento capaz de nos fazer seguir em frente pensando em um futuro, quando tudo o que queremos é que a dor passe.

“Quando parece que você não tem nada pelo que viver, a morte não é assim tão assustadora. […] “estou com medo agora porque comecei, novamente, a sonhar com um futuro””.

Não posso deixar de citar dois personagens que também se destacam nessa trama, Nevart e Hauton. Elas são sobreviventes que receberam toda a atenção de Elizabeth, e tiveram dela a consideração de um membro de família.
Nevart, uma mulher, esposa de um médico que não teve a vida poupada, estudada e com conhecimentos em enfermagem. Durante a longa caminhada que as refugiadas tiveram que fazer até Alepo, a personagem se conecta a uma garotinha. Seu instinto materno, apesar de não ter filhos, faz com que busque sempre proteger a criança. E graças a ela, Hauton consegue passar por várias situações cruéis que ira sofrer nesta época. Com ela podemos ver que não são somente os laços sanguíneos que impulsionam as ações de cuidado e carinho.

“- Uma caverna fora da cidade. Eles as conduzem para dentro e então fazem uma fogueira na entrada. As crianças morrem sufocadas lá dentro. […] Há pouco espaço no orfanato. E os turcos podem insistir que eles fechem, de qualquer jeito. […] Sim. Afinal, por que se preocupar em matar os adultos se você vai permitir que a próxima geração viva? Não faz sentido.”

Hauton, uma garotinha, que presenciou durante a infância coisas terríveis que a maioria dos idosos jamais sonharam em presenciar. Uma verdadeira lutadora, que não sucumbiu as tristezas ( e olha que teria mais do que motivos para sentar e chorar por toda uma década) e continua tentando entender o que estava acontecendo. Desta personagem temos a oportunidade de ver como algumas situações cruéis são interpretadas por uma inocente criança. E como aquelas crianças que sobreviveram estarão marcadas por toda a vida.

“Mas Hatoun teme que se começar a falar – a oferecer-lhes mais do que o grunhido monossilábico ocasional ou (mais raro ainda) frases completas, porém muito curtas —, ela não vai ser capaz de parar de chorar. Ela vai ficar como a criança do outro lado da persiana, para quem chorar se tornou sinônimo de respirar.”

Laura nos traz os preconceitos que sua família enfrentou na vida e de várias situações embaraçosas que já passou por conta de seus laços ancestrais. Enquanto as passagens de Elizabeth, Armen e outros vem para nos mostrar o pior que o ser humano é capaz de fazer com seus próprios semelhantes. É totalmente inconcebível.

“Nenhum deus – nem o seu, nem o meu – aprova o que vocês estão fazendo.”

Apesar de ser ficção podemos pegar fatos que sabemos muito bem que podem ser reais. Só de imaginar minha cabeça doía e ficava muito triste de lembrar o quão cruel o ser humano pode ser.
Barbáries são vivenciadas em vários lugares, em vários momentos da história da humanidade. Temos vários rastros de sangue para nos mostrar que devemos sempre estar atentos nas decisões que tomamos e procurar sempre buscar fazer o melhor para o próximo. Somente quando entendermos realmente que a única forma de prosperarmos como espécie é colaborando com o próximo, poderemos aproveitar o máximo que a nossa capacidade intelectual tem a oferecer.

É um livro muito intenso e que me fez refletir bastante. Além é claro de instigar a minha pesquisa sobre o assunto. Deixo aqui o link de um site bem interessante que tem vários outros links sobre a história.

site: http://genocidioarmenio.com.br/ http://cladoslivros.blogspot.com.br/
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GIPA_RJ 06/08/2015

Arrebatador
Já faz algum tempo que não me envolvia tanto com um livro , a ponto de não querer parar de lê-lo. Isso aconteceu com 'deserto de ossos'. Chris Bohjalian criou um romance envolvente que me prendeu do início ao fim. Já tive a oportunidade de visitar a Turquia e a Armênia anteriormente e me considero suficientemente envolvido com o tema.
O histórico Genocídio Armênio - o primeiro do século XX - é bem descrito na dose certa , chocando sem afugentar o leitor. O estilo de narrativa com as várias histórias paralelas dos interessantes personagens se alternando cativa e motiva a leitura.
Ao final , continuei com o livro na cabeça , muito impressionado , e não pretendo engatar outra leitura nos próximos dias. Não deixe de ler!
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Livros Encantos 15/07/2015

Deserto de Ossos
O livro Deserto de Ossos se passa na época de uma das menos comentadas guerras da história: o genocídio dos armênios, onde mais de 1 milhão e meio de homens, mulheres e crianças morreram na mão dos turcos, sem que nenhuma nação fizesse nada para ajudar.

A história de Armen Petrosian, um engenheiro armênio e Elizabeth Endicott, uma americana que junto do pai, se voluntariam para ajudar os armênios, é contada pela neta Laura, que resolve que já é hora de escrever sobre seus antepassados e em como isso interferiu na vida de outras gerações.

O livro pode ser dividido em duas partes, a primeira a neta conta toda a história baseada nas cartas dos avós, seus medos, amores, sofrimentos e a outra, onde narra , segundo seu ponto de vista, a história dos avós, incluindo ai um segredo guardado por gerações em um diário.

Com uma narrativa um pouco lenta, as vezes até maçante, o livro de Chris Bohjalian, marcado por personagens fortes, é intercalado por momentos de romance, de emoção e até mesmo raiva, por percebermos até onde o ser humano é capaz numa guerra, seja pela maldade ou mesmo pela indiferença.

O livro tem capítulos bem distribuídos, a capa e a diagramação estão perfeitas, não encontrei erros de ortografia.
A Editora está de parabéns pelo capricho com a Edição do livro.

site: http://www.livrosencantos.com/2015/06/deserto-de-ossos-chris-bohjalian.html
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Julia G 01/07/2015

Deserto de Ossos
Conhecer a História do mundo é algo que sempre me fascinou, e não é raro que os livros que narrem algum momento passado conquistem sempre lugar na minha estante. Por isso, é curioso o fato de que eu não fazia ideia dos acontecimentos pano de fundo de Deserto de Ossos, de Chris Bohjalian: um genocídio armênio no início do séc. XX. Eu tinha ideia superficial da perseguição turca aos cristãos no oriente médio naquela época, por conta da leitura de Amrik, mas não pude imaginar a dimensão das atrocidades cometidas.

Deserto de Ossos é um romance que se passa em dois momentos diferentes: o primeiro, nos Estados Unidos, nos dias atuais, com fatos narrados em primeira pessoa por Laura, escritora, neta de um imigrante armênio, que pesquisa a história dos avós para escrever seu novo romance; o segundo, intercalado aos capítulos do presente, se passa em Alepo, em 1915 e, com narração em terceira pessoa, acompanha quase uma dezena de diferentes personagens - especialmente Elizabeth, Armen, Nevart e Hatoum - e o holocausto armênio nas areias do deserto durante a Primeira Guerra Mundial.

"De qualquer modo, a resposta curta para aquela primeira pergunta -
Como um milhão e meio de pessoas morrem sem que ninguém saiba? -
é realmente muito simples. Você as mata no meio do nada."

Sempre que leio livros que se passam na época das Guerras, sinto o coração se apertar perante a indiferença e a crueldade que toma conta das pessoas, que deixam de ver umas nas outras semelhantes e passam a percebê-las como inimigos e fantoches que podem ser eliminados. Em contrapartida, também é nesses momentos de crueldade humana que surgem os maiores atos de desapego e auxílio, de bondade. E não foi diferente nesta obra.

Apesar da narrativa lenta, que intercalava os acontecimentos de todos os personagens em diversas situações, mesmo as cotidianas, o livro tinha nesses pequenos trechos, que a princípio pareciam dispensáveis, os elementos essenciais de construção psicológica de cada personagem. Depois que o perfil da obra foi construído, o leitor se vê imerso na trama, e quer saber qual será o destino de todos os personagens que acompanhou. E a curiosidade é compensada pelo autor.

"Somente Bob suspeitou da verdade e entendeu que na realidade eu estava chorando por meus avós. Eu estava chorando por Karine. Eu estava chorando por um bebê chamado Talene que não viveu para ver seu primeiro aniversário. Eu estava chorando pelas mortes de um milhão e meio de pessoas,
e uma civilização no leste da Turquia que fora reduzida a
uma montanha de ossos sobre as areias de Del-er-Zor.
Mas, principalmente, eu estava chorando pelas perdas e pelos segredos que
Armen e Elizabeth levaram para o túmulo."

Além disso, existem, na obra, informações pendentes o tempo todo, que só viremos a saber com o passar das páginas. Algumas são situações mal resolvidas, pelas quais esperamos respostas e que nos enchem de expectativa. Outras, são acontecimentos inesperados que vêm mudar o rumo da trama. Por causa disso, a lentidão da narrativa foi equilibrada pelas surpresas da obra, e a leitura se torna agradável.

O único problema que tenho a citar é que havia duas frases no livro - sim, foram duas apenas - que eu li, reli, e não consegui compreender o significado. Acredito que tenha ocorrido algum erro na tradução, que tornou as construções ininteligíveis. No contexto, no entanto, não foram relevantes.

Deserto de Ossos é um livro complexo, não por ser de leitura difícil, mas pelas implicações que traz, como a crueldade com milhões de pessoas e a quase dizimação de um povo, e as tragédias pessoais que marcam cada um ao fim de uma Guerra. Não cheguei a me emocionar com alguma passagem, mas fiquei chocada com os segredos que Elizabeth teve de guardar e, ainda que inconscientemente, torci para um final feliz, que, de uma forma singular e não tão feliz assim, acabou por vir.

site: http://conjuntodaobra.blogspot.com.br/2015/06/deserto-de-ossos-chris-bohjalian.html
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Paula Juliana 22/06/2015

Resenha: Deserto de ossos - Chris Bohjalian

'' - Como um milhão e meio de pessoas morrem sem que ninguém saiba?''

Alguns livros nos levam para belos lugares, e a lindas e românticas histórias de amor, alguns nos levam para lugares sombrios, onde o grande mau veja maior que um simples vilão, nos levam a histórias e a tempos que nunca conseguiríamos ir sozinhos, lugares que em sã consciência nunca iriamos! Como leitora, tenho uma fascinação por livros que falam sobre guerras, sobre opressões, obras que me tiram da minha zona de conforto, do meu mundinho feliz, é dolorido ler sobre alguns fatos, algumas realidades que abrangem essa atmosfera mais negra, Deserto de ossos do autor Chris Bohjalian é assim, ele fala sobre guerra, morte, sobre horrores, tendo como pano de fundo o massacre de um milhão e meio de civis mortos, de Armênios mortos, o genocídio de 1915. A grande catástrofe!

'' Mais uma vez ela não estava preparada para tamanha beleza em meia a tanta dor.''

O grande cenário histórico é a Primeira Guerra Mundial, 1915, no deserto sírio, onde um milhão e meio de Armênios foram assassinados pelos Turcos, é engraçado como a gente conhece muito sobre a Segunda Guerra Mundial, e acaba deixando a Primeira meio de lado, já li muitos livros com o cenários da Segunda Guerra, o mesmo quanto a filmes, toda parte do Nazismo, e superioridade Alemã e tudo o mais, e nunca tinha percebido como eu tinha visto poucas coisas sobre a Primeira Guerra, então lendo essa obra, eu tive uma bela noção histórica daquela época, o livro foca bastante no lado sombrio e sanguinário do que estava acontecendo em Alepo e Der-el-Zor, foca muito no preconceito religioso, racial, social, os Turcos no caso queriam acabar com todos os Armênios, queriam acabar com a raça por assim dizer, foi uma época muito feia, muito desumana.

Em Deserto de Ossos Laura conta a história de seus avôs, um século depois perto do centenário do genocídio, a neta do casal Elizabeth e Armen, que é escritora, vai descobrindo e fica obcecada pelas coisas que vai achando do passado de seus avôs e escreve um livro contando essa tremenda história.

Laura narra alguns trechos em primeira pessoa, conta sobre sua infância, sua família, sua história, e como chegou ao ponto de escrever sobre seus avôs, mas quando a história volta para o passado é intercalado com um narrador observador relatando tudo sobre Elizabeth e Armen.

''Meu marido não conhecia os detalhes da história deles até então; eu também não. Uma vez que descobrimos a verdade, anos mais tarde, ele mudaria de ideia sobre se eu tinha autoridade moral para explorar o horror particular de meus avós. Porém, eu já estava obcecada pela história e ninguém podia me parar.''

Elizabeth é americana, se voluntariou para uma missão humanitária, chegando a Alepo começa a ver os horrores da guerra e a ajudar da melhor maneria que consegue, distribuindo alimentos junto de seu pai, ajudando como enfermeira doentes, auxiliando principalmente mulheres e crianças, e é lá que ela conhece Armen, uma Armênio de grandes olhos que é um jovem engenheiro, acabou de perder sua esposa e filha durante a deportação em massa e está em uma missão de vingança.

''Ela conta para ele que sente enjoo no mar. Que prefere gatos. Que gosta de Dickens. Ela fala e fala, pois sempre que fica em silêncio se pega olhando para ele e isso a faz perder um pouco o fôlego.''

Mesmo no meio da feiura da guerra os dois acabam se apaixonando, mas antes de entrarem realmente em uma relação são separados e cada um tem que lidar com os horrores que aparecem no seus caminhos.

''- Vocês armênios têm olhos bem grandes - Helmut diz, quase ignorando o retorno de seu colega de quarto. - Especialmente algumas das garotas. Olhos redondos enormes. Você deve saber disso. Eles parecem absorver tudo, de bom e de mau. E seus olhos não são exceção.''

A parte física da obra é linda, a capa, o capricho das folhas, letra, realmente impecável.

O enredo me comoveu, gostei muito da parte histórica mesmo, é um livro que foi bem pesquisado, bem enriquecedor, gostei dos personagens, e o desenvolvimento que tiveram ao longo da leitura tantos os protagonistas, como Laura também que acaba contando sua própria história, e com partes da sua infância e família, deixando tudo mais leve, os personagens secundários eram ótimos, alguns tão bons que realmente roubavam a cena, a doce menina Hatoun e sua cabeça de boneca Alice, a forte enfermeira Nevart, o ''príncipe'' Ryan...

O autor tem uma escrita deliciosa, achei que ia ser extremamente sofrido ler sobre o genocídio e claro que foi um pouco, mas não tão quanto eu esperava, a história é sutil, não tem descrições horrendas, mais sim fatos, ele coloca tudo que tem que colocar no enredo, não apela em momento algum e eu gostei muito disso.
O romance é presente, mas não senti sendo o grande foco, temos toda uma história envolvendo aquele casal, mas não é aquele apelo romântico, ou sexy que encontramos em alguns romances históricos, é muito mais focado em uma grande história, e em intercalar várias vidas, destinos e situações!

O mais marcante de tudo para mim foi o sofrimento das mulheres e crianças Armênias, o que faziam com elas e também a visão dos ''Deuses'' naquilo tudo, tem uma cena que acontece uma coisa horrível, e então tem duas pessoas de crenças diferentes, e no diálogo, um deles cita, isso é com o ''meu Deus ou com o seu'', isso foi bem marcante no enredo, fora outras coisitas que não posso falar aqui!

''...estou com medo agora, porque comecei, novamente, a sonhar com um futuro.''

Gostei muito da leitura, gostei de conhecer Chris Bohjalian, é uma obra madura, bem desenvolvida, faltou um tiquinho de romance romântico para mim, mas essa não era a proposta da obra afinal, Deserto de ossos cumpriu muito bem seu papel, é um livro forte, uma história marcante e com personagens muito bons, que fala de fatos terríveis de uma maneira clara, sem apelar, sem ser grotesco, de uma forma chamativa, chocante, contando a vida, o amor desse casal, seus segredos, a história de gerações de uma família.

Preconceitos, fé, a realidade de um Deserto de ossos!

''De qualquer modo, a resposta curta para aquela primeira pergunta - Como um milhão e meio de pessoas morrem sem que ninguém saiba? - é realmente simples. Você as mata no meio do nada.''

Paula Juliana

site: http://overdoselite.blogspot.com.br/
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Fernanda 16/06/2015

Resenha: Deserto de ossos
CONFIRA A RESENHA NO BLOG:

site: http://www.segredosemlivros.com/2015/06/resenha-deserto-de-ossos-chris.html
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Ricardo Brandes 15/06/2015

Deserto de Ossos
Existem livros que chegam sem querer, e acabam marcando profundamente nossas vidas. Deserto de ossos chegou em minhas mãos por um acaso do destino: Na mesma semana que li na Folha de São Paulo uma matéria sobre o aniversário do Genocídio dos Armênios pelos Turcos na Primeira Guerra Mundial, recebi o convite para ler esta obra. E, claro, topei o desafio, com a curiosidade de decifrar esse romance dramático histórico.
Bestseller do New York Times, Deserto de Ossos toca fundo na ferida e desafia o leitor a entender como um milhão e meio de pessoas foram mortas em um dos maiores genocídios da história, sem que ninguém tenha visto. E entre a guerra, lutas e convulsões sociais, também surge o amor. De forma tocante, ele se apresenta na figura de Armen Petrosian e Elizabeth Endicott, que se apaixonam em meio a esse cenário marcado por sangue e ossos.
O renomado autor Chris Bobjalian, descendente de Armênios, baseou seu romance em elementos de sua própria vida, pois seus avós sobreviveram ao genocídio na Primeira Guerra Mundial.
O livro é dividido entre o passado, onde temos o cenário da Primeira Guerra Mundial e o genocídio Armênio, e o presente, onde um século depois, a neta do casal principal procura descobrir e entender a história de sua família. O livro é extenso, e conta com 344 páginas. No inicio, demorei a me adaptar a história, mas aos poucos fui enfrentando o desafio e me apegando aos personagens e fatos de forma muito marcante e intensa.
O experiente autor desta obra, com mais de 15 romances publicados, sabe construir cenas e momentos de forma muito poderosa, seja nos momentos da guerra, das lutas, dos massacres, ou mesmo nos momentos de amor e paixão.
Deserto de Ossos é um livro intenso, que expõe uma ferida na história da humanidade e merece ser lido por quem ama Romances históricos. Recomendo e assino embaixo!

Por Ricardo Brandes / Escritor

site: http://www.amoreselivros.com.br/2015/06/deserto-de-ossos-chris-bobjalian.html
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Leila 11/06/2015

Triste e emocionante
É uma obra de ficção baseada em um fato real: o extermínio de mais de um milhão de armênios. Durante a leitura, confundi várias vezes a realidade com a ficção. Ficava pensando: "será que isso aconteceu de verdade?" Não sabia até que ponto a narrativa é real. No final do livro, o autor explica que se baseou em fatos e relatos reais para construir a história. Recentemente, se falou muito nisso nos noticiários porque o massacre completou um século em 2015.

O livro conta a história de Elizabeth e Armen que, em meio à guerra e à desgraça, vivem uma história de amor. Elizabeth é uma voluntária americana que vai para Alepo tentar amenizar um pouco o sofrimento das vítimas. Armen é um armênio que perdeu a mulher e a filha na guerra. Em busca de vingança, ele se alista para lutar contra os turcos.

É tudo muito triste. Nos faz refletir sobre a humanidade e até que ponto as pessoas podem ser cruéis umas com as outras. Nos faz pensar sobre a estupidez que é uma guerra. Em qualquer guerra, pessoas são obrigadas a matar outras para defender interesses de uma minoria que está no poder. Milhares de inocentes perdem a vida e quem sobrevive fica com sequelas emocionais pelo resto da vida.

A história é forte, chocante. Mexe com o leitor. É impossível não ficar impressionado. Depois de ler, você fica um bom tempo pensando nas atrocidades narradas. Indico para quem quer saber um pouco mais sobre este genocídio esquecido pela humanidade.

Tanto a capa quanto a parte interna do livro são muito bonitas. Na divisão dos capítulos há detalhes delicados. A diagramação e ortografia são perfeitas. Percebe-se que o livro foi feito com cuidado e dedicação.

Resenha publicada no blog Meus Livros e Sonhos

site: www.meuslivrosesonhos.blogspot.com.br
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