MiCandeloro 21/04/2015
Divertido e reflexivo!
Alice sempre foi uma mulher que colocou o bem estar dos outros em primeiro lugar. Quando criança, checava seus ursinhos de pelúcia para ver se estavam bem antes de brincar. Na adolescência, quando todos só pensavam em fazer festa e em parecer descolados, se voluntariou para empurrar a cadeira de rodas de uma menina deficiente para todos os lados. Quando engravidou de Diana, abdicou da sua carreira no mercado editorial e nunca voltou ao trabalho, mesmo depois da filha ter crescido. Sua vida resumiu-se a cuidar da casa, do marido e de Diana.
Agora, aos 44 anos, depois de um divórcio doloroso, da morte da mãe e da ausência da filha, que decidiu se mudar para a África, Alice queria recomeçar, mas se julgava muito velha para isso. Como teria sido se ela tivesse curtido a sua adolescência ao invés de se casar e engravidar, ou então priorizado uma carreira promissora ao invés ser mãe em tempo integral? Essas e outras diversas dúvidas permeavam a sua mente angustiada que não sabia o que fazer para seguir em frente.
"Só nós mesmas temos o poder de transformar nossos sonhos em realidade."
Era noite de ano novo, e Alice tinha um desejo: ela queria ser mais jovem e se reinventar como uma pessoa diferente. De acordo com Maggie, este era um desejo fácil de realizar. Tudo o que Alice precisava era de uma boa tintura de cabelo, uma maquiagem bem feita, roupas que lhe caíssem bem e certamente aparentaria ser mais jovem. Alguns minutos mais tarde, Alice simplesmente ficou embasbacada olhando para aquela loira linda, de 22 anos, no espelho à sua frente.
"A mulher no espelho parecia comigo, de alguma forma, mas era uma versão diferente de mim que nunca existira na vida real."
Agora só dependia de Alice ir atrás de todos os sonhos que deixou em suspenso. Restava saber se ela daria conta de sustentar as suas mentirinhas por muito tempo.
Querem saber o que vai acontecer? Então leiam!
***
Younger me conquistou primeiramente pela capa, para depois chamar a minha atenção com a sinopse, mas quando soube que tinha inspirado uma série de TV, fiquei louca para ler, porque parecia ser aquela típica história divertida e reflexiva com a qual eu iria me identificar.
Narrado em primeira pessoa por Alice, conhecemos os dramas de uma mulher adulta que se arrepende de ter se anulado por tanto tempo em detrimento de outras pessoas e circunstâncias e deseja, veementemente, recomeçar. Entretanto, Alice sente na pele os preconceitos sociais por ser estar na meia idade. Os jovens a julgam ultrapassada e incapaz de se habituar ao ritmo frenético dos dias de hoje. As empresas a consideram velha demais para reiniciar no mercado de trabalho numa posição subalterna, e os homens, bom, eles estão numa fase de quererem mulheres mais novas e cheias de vida. Nem a sua filha, Diana, a respeita. Para ela, Alice serve apenas para realizar todas as suas vontades, como uma escrava branca.
Por isso o seu desejo de ser mais jovem, porque Alice acredita piamente que sendo mais jovem, teria condições de recuperar tudo o que perdeu: seu emprego, o respeito das pessoas e o amor próprio. Quando Maggie, sua melhor amiga, decide fazer a transformação total em Alice, ela recebe a chance que tanto queria de se reinventar. Mas nem tudo é tão simples quanto parece. Alice se sente mal por mentir a sua idade para as outras pessoas, e como uma mentira leva à outra, quando percebe, está envolta numa vida que não lhe pertence, fingindo ser quem não é, e isso a deixa muito dividida.
Paralelamente à história de Alice, também conhecemos os dilemas enfrentados por Maggie, que também tem 44 anos, é lésbica, uma artista fenomenal e, depois de tanto tempo, decidiu que quer ter um filho. Alice primeiramente se choca com a ideia, afinal, Maggie nunca teve instinto materno e, erroneamente, faz com a amiga o que detesta que façam com ela, diz para Maggie que ela já está muito velha para ter filhos. Mas, Maggie não desiste de sua ideia e batalha para conquistar o seu desejo de ser mãe, contrariando a natureza e tudo o que podem pensar dela.
Na cabeça de Maggie, ela pode muito bem continuar trabalhando e cuidando do filho, algo que Alice não conseguiu fazer e, com isso, a autora nos suscita questionamentos sobre o que deve ser mais importante para uma mulher: as suas realizações pessoais ou profissionais, cuidar dos filhos ou da carreira? É possível ser boa em ambos? Como equilibrar as obrigações para que, lá na frente, a gente não se arrependa das decisões que tomamos e não nos sintamos decepcionadas com a vida que levamos?
"Uma das coisas mais inteligentes que alguém já me disse — contei para Maggie — é que antes de ter filhos, você tenta compreender como vai encaixá-los em sua vida. E quando o bebê chega, você tenta compreender como irá encaixar sua vida na dele."
Younger traz em sua premissa discussões muito interessantes que certamente irão interessar as mulheres mais velhas, afinal, depois de muitos aniversários, sei que a idade pesa para alguns, principalmente num mundo tão preconceituoso no qual vivemos, que rapidamente descarta a força de trabalho dos mais maduros e impõe ditaduras de beleza que ficam difíceis de seguir por quem é mais velho. Assim, a competição entre as gerações se torna completamente desleal.
Apesar de ter gostado da obra, não consegui dar uma nota máxima pelo fato de ter me irritado diversas vezes com a protagonista. A postura imatura de Alice, suas milhares de indecisões e sua falta de posicionamento na vida fez com que me parecesse estar lendo um livro jovem adulto e presenciando dramas adolescentes, e não uma história de uma mulher adulta e experiente.
Younger veio para nos lembrar que não devemos julgar uma pessoa tendo como referência apenas a sua idade. Todos podem nos surpreender e amadurecer a qualquer hora.
"E então, me tornando mais jovem, eu tinha, de alguma forma, amadurecido. Eu me tornara o meu real eu adulto."
Para quem tem interesse em assistir ao seriado, saibam que ele estreou dia 31 de março, vai ter 12 episódios e está sendo transmitido pela TV Land. Estou louca para assistir, porque acredito que essa trama tem grandes potenciais para ser adaptado para a TV e deve nos render boas risadas. Assistam ao trailer abaixo.
site: http://www.recantodami.com/