Lina DC 03/04/2016
"Predestinadas" é o desfecho das Crônicas das Irmãs Bruxas. Narrado em primeira pessoa pela Cate, a história começa exatamente onde o segundo livro terminou: com Maura apagando a memória de Finn, fazendo com que ele se esquecesse de todo o relacionamento com Cate.
Maura torna-se uma seguidora cega de Inez e com isso, comete atos terríveis. Desde o primeiro livro menciono sobre a imaturidade dessa personagem e seu egocentrismo, mas ela realmente se superou nesse desfecho. Maura é carente de atenção e não se importa nem um pouco em prejudicar qualquer um para conseguir o que quer: É uma personagem que não tem personalidade, deixa-se levar por qualquer um que ofereça um sorriso. É assustador saber que entre aquelas que irão salvar o mundo, exista uma criança tão mimada.
"Quero feri-la da mesma forma que ela feriu Finn e a mim. A dor surda de meu peito evolui para um rugido assim que penso no nome dele; na doçura dele quando fico nervosa; em sua revelação de que meu livro de infância preferido foi escrito por uma mulher. E uma Catherine, nada menos. Na promessa de que, independentemente do que acontecesse, enfrentaríamos juntos."
Cate começa a abrir suas asas nesse livro. Depois de passar a vida inteira protegendo Maura e Tess, ela percebe que existem outras pessoas que precisam e merecem a sua proteção mais do que a sua irmã. E é isso que ela irá fazer. Com o coração partido por conta do que aconteceu com Finn, a protagonista acaba agindo em alguns momentos por impulso também, colocando em risco todas as bruxas.
Nunca achei que haveria algo em mim, algo pequeno, obscuro e vergonhoso, que ficaria contente em ferir minha própria irmã.
Tess, tão jovem e com uma carga tão grande para carregar. Quando todos descobrem que ela é o oráculo, sua vida se transforma. Como se isso não bastasse, ela está sendo acometida de visões terríveis, que podem ou não estar relacionadas com o futuro das bruxas.
Na trama central, temos os Irmãos cada vez mais implacáveis correndo atrás desses "mulheres subversivas". A cada ataque proporcionado por Inez e Maura, eles se vingam machucando ou prejudicando bruxas e mulheres inocentes.
Além disso, a Nova Inglaterra está sofrendo com um terrível surto de uma doença fatal. O surto se expande de tal forma que as proporções são catastróficas. Nesse momento, as bruxas precisam decidir se vão apenas sobreviver escondidas nas sombras ou se unir para salvar as pessoas.
É impossível ler a trilogia e não perceber como a autora usa essa ideia dos Irmãos no poder caçando as bruxas como um equivalente ao tratamento das mulheres na época (infelizmente em alguns lugares, até hoje). As lições dos Irmãos: as mulheres devem ser obedientes, não precisam se educar, devem atender as necessidades dos maridos e assim vai é uma forma de analisar algumas questões sociais e fazer com que o leitor reflita sobre o assunto.
Algumas situações, como o aparecimento do pai das meninas na Nova Inglaterra é um pouco abrupto. Sinceramente, parece que o personagem sofreu uma lavagem cerebral desde o último livro e de pai relapso, torna-se o pai do ano.
É interessante também observar a forma como o próprio povo se rebela e um grupo em particular de "revolucionários" terá um papel importante na trama.
Sem dúvida houve um desfecho muito bem elaborado, repleto de ação, reviravoltas, traição e perdas. A forma como a autora escolheu escrever a grande batalha foi linda, comovente e inspiradora.
Em relação à revisão, diagramação e layout a editora realizou um ótimo trabalho. A capa combina com as capas anteriores.
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