Antônio 20/10/2020
A necessidade de reler As Veias Abertas da América Latina me veio no ano passado depois de inúmeras intervenções estadunidenses nos países latinoamericanos: o preocupante incentivo à "Iniciativa América Cresce", as intervenções militantes e econômicas na Venezuela durante todo o ano de 2019, o estreitamento das relações geopolíticas entre Brasil e EUA, dentre tantos outros exemplos que escancararam o interesse de Trump nos países daqui.
O livro terminou de ser escrito por Eduardo Galeano nos últimos dias de 1970. Eu o li pela primeira vez em 2015 e hoje, em 2020, a obra continua extremamente atual, como uma das grandes referências anticapitalistas dos nossos tempos. A razão disso se evidencia logo no início do livro quando o autor fala que "a história é um profeta com o olhar voltado para trás: pelo o que foi, e contra o que foi, anuncia o que será".
Recontando a história de exploração, colonização e genocídio dos nossos povos originais e das nossas terras, o livro perpassa pela febre do ouro e da prata, pelos castelos de açúcar, o investimento norte-americano nas empresas de extração do petróleo até chegar na industrialização e no crescente número de bancos estrangeiros em solo latinoamericano. Quando Eduardo Galeano escreveu o livro, a maioria dos países latinoamericanos eram atravessados por ditaduras financiadas pelos Estados Unidos.
O livro nos remonta ao passo a passo que levou ao subdesenvolvimento das nossas terras. Desenvolvimento que "não é uma etapa do desenvolvimento. É a sua consequência. O subdesenvolvimento da América Latina provém do desenvolvimento alheio e continua alimentando-o".