Tiago Toy 14/07/2015
Ótimo.
Sou autor de ficção e da série Terra Morta, lançada pela editora Draco, e sei o quanto é gratificante receber uma resenha de um trabalho que passamos tanto tempo lapidando. Acredito que retorno financeiro é ótimo (todos temos contas para pagar), mas saber o que estão achando do nosso trabalho é tão bom quanto, pois assim podemos saber onde acertamos, e onde devemos melhorar.
Adquiri Deserto dos Desejos por acaso. De início, foi a capa que chamou minha atenção. Depois, a sinopse. Melhor ainda pelo fato de eu estar querendo um livro rápido, e não havia tantas páginas.
Comecei a ler também por acaso. Comecei A Hora do Vampiro, mas depois de ler dois livros de Stephen King numa rodada estava precisando de algo diferente. Procurei entre as centenas de livros em meu tablet, e pensei: "Vamos ver o começo deste aqui." Me pegou de primeira.
OBS: Não vou encher linguiça na resenha falando sobre a história do livro; a sinopse está ali pra isso. Vou me ater ao que achei dela.
Capítulos curtos, leitura fluída, sem enrolação, vai direto ao ponto. Algumas transições entre os capítulos dão saltos tão grandes que não cansa o leitor; pega de surpresa. Enquanto alguns autores preferem enrolar e enrolar, Pablo Amaral Rebello optou por ir direto ao ponto.
Outro fator favorável é a forma como a história se desenrola. Quando você pensa que o foco será um (ligado ao tal desejo), o texto sofre pequenas reviravoltas que levam para um caminho inimaginável. Sinceramente, eu não esperava nada do que aconteceu. Pablo não se acomoda no lugar-comum. Há de tudo aqui.
Os personagens são bem construídos. Não tenho maiores ressalvas a respeito. Cumprem bem seus papéis, marcam de formas diferentes. Meu favorito é Jesse, o irmão crápula do protagonista. Não é um vilão propriamente dito, consigo entender seu ponto de vista, embora este não seja discutido abertamente. Se você é um leitor atento e consegue ler o que está nas entrelinhas, nas atitudes do protagonista, vai poder ver Jesse de outro ângulo e concordar com suas atitudes.
O desfecho é bem interessante, principalmente a forma como o protagonista, Anton, consegue o que quer. Se eu disser que é um final fechado, você que está lendo vai esperar um final fechado. Se eu disser que é um final aberto, esperará um final aberto. Portanto, digo: é um final satisfatório. Não esperei o final, e não estou dizendo "Eu não esperava aquele final"; estou dizendo "Eu não esperava o final daquele jeito, naquele ponto". Acredito que seja uma boa sensação ao leitor.
Deserto dos Desejos prova (mais uma vez) que escritor brasileiro é bom. Não; é mais do que bom. Pode vir de onde você menos espera. Eu não esperava muito do Pablo Amaral Rebello. Hoje espero mais livros dele.
site: https://www.facebook.com/tiagotoy