Carlos Nunes 25/04/2023
Minha primeira leitura desse ganhador do Nobel, que muita gente considera um autor japonês, mas eu acho isso um equívoco, já que ele cresceu na Inglaterra, escreve em inglês e sobre temas bastante britânicos. A história desse livro também se passa na Inglaterra, mas naquela Inglaterra das fantasias medievais, das histórias do rei Arthur e seus cavaleiros - aliás, um deles, o Gawain, é um dos personagens principais do livro. E nessa Inglaterra bastante mística, povoada por dragões, ogros e fadas, nós acompanhamos a viagem de um casal de velhinhos muito fofos que saem em viagem a uma outra aldeia distante, em busca do filho do qual não têm notícias há muito tempo. A questão é que toda a região é coberta por uma estranha névoa que provoca o esquecimento, e eles não têm nem mesmo a certeza de que têm realmente um filho. E no decorrer dessa viagem, irão passar por várias situações de perigo e conhecer pessoas que talvez não sejam o que parecem ser. O próprio desenvolvimento da história é bastante nebuloso, é como se nós também estivéssemos envoltos nessa névoa e só aos pouquinhos fôssemos percebendo as coisas tomando forma. E, apesar de uma história de fantasia, o foco do livro está na luta do casal para manter suas lembranças e o amor que os une. É um tema bem diferente, que não costumamos encontrar com muita frequência, numa narrativa sensível, bem escrita e muito bonita, mas também bastante lento e esse ambiente de fantasia pode não agradar a todo mundo. Eu não achei um livro memorável, mas gostei bastante da leitura, vale dar uma chance.