Annie 28/01/2013Um cigarro enquanto espero uma ligação da cabine telefonica...Há alguns meses eu entrei numa caçada aos livros que deram origem aos tão badalados filmes da Trilogia Bourne. Demorei muito para conseguir já que, por eles serem muito caros, eu optei por trocá-los no skoob, e todos sabem que fazer uma boa troca demanda paciência e tempo.
A Identidade Bourne, lançado em 1980 pelo americano Robert Ludlum é um triller fictício de espionagem que te deixa horas preso nas páginas do livro, com reviravoltas, personagens envolventes, alguns repugnantes, e perseguições por vielas comuns ao cenário europeu.
Um homem desconhecido é baleado na cabeça, jogado de um barco no Mar Mediterrâneo. Encontrado ainda vivo por pescadores, em condições precárias, e levadas às pressas para uma pequena ilha, na esperança de o médico local (um alcóolatra que se refugia na pequena ilha de île de Port Noir, na Costa da França) possa salvá-lo. Pelas próximas 3 semanas, aquele estranho estaria num estado de coma, com o médico zelando enquanto observava marcas que haviam no corpo do paciente e palavras pronunciadas sem qualquer sinal de melhora real. Quando finalmente acorda, nenhuma lembrança. É assim que começa.
Ele não tem sequer um nome ou qualquer memória. Seu rosto, parece ter sido feito sob encomenda para ser um camaleão: várias cirurgias plásticas dão o dom de transformá-lo em uma pessoa diferente com pequenas mudanças: um corte de cabelo, um óculos, lentes nos olhos para mudar a cor e então, ele poderia ser um outro homem - um verdadeiro camaleão. Sem falar do microfilme implantado em sua coxa, contendo um número, que com indicações para uma conta bancária com 5 milhões de dólares no tão prestigioso Gemeinschaft Bank em Zurique, Suíça.
Após sua recuperação sob os cuidados de seu alcóolatra médico Dr.Washburn, o homem desconhecido decide partir com destino à Suíça, numa escapada muito bem descrita pelo autor, para o que seria a primeira pista sobra a sua identidade: Jason Bourne. Esse é o nome que encontra quando consegue acesso à conta numerada no Gemeinschaft (me deixem comentar, deve ser um luxo ter uma conta não identificada num banco suíço). (Mas será esse o nome dele??)
Porém, movimentar uma conta desse tipo, cria red flags em todo o tipo de agências de informação. Jason Bourne é abruptamente jogado nas perseguisões (que já era tido como morto). A notícia de seu aparecimento em Zurique corre pelas salas da CIA, como um pesadelo sem fim. Na outra ponta do espectro, Carlos - um assassino profissional – mobiliza toda a sua rede de informantes, numa perseguição insana e sem limites à pela cabeça de Bourne.
No meio do caminho Bourne acaba sequestrando Marie St. Jacques, um tipo de gênio financeiro que viria a completar o intricado quebra-cabeça formado no thriller escrito por Ludlum. E que por mais que a princípio queira fugir de Bourne, ela se vê acusada numa conspiração mundial, com a carreira ameaçada e agora pode ser o único caminho para solucionar esse labirinto que é a Treadstone.
Da primeira à última página, Robert Ludlum não decepciona! Ele mantém todo o suspense e o mistério. Aqueles ganchos que te tiram o fôlego durante a leitura podem ser encontrados em qualquer lugar do livro e não somente no final do capítulo, o que particularmente é muito legal num livro assim. Torna tudo muito dinâmico.
Os cenários são incríveis e muito bem descritos. Uma Europa ainda não invadida pela loucura da tecnologia moderna (e você vai se lembrar disso nas diversas cenas em que eles precisam usar cabinas telefônicas para se comunicar ao invés de telefones celulares não rastreáveis ou ligações por ip).
Redes de espionagens, traições, intrigas, incertezas, muito dinheiro, mentiras e uma história a ser escondida. Foi tudo isso que me fez querer ler a “Identidade Bourne”. Se você viu o filme, pode esquecer tudo e criar um novo conceito para o título. Eles destroçaram a história e transforam o livro numa referência distante, que em minha opinião, reescreveu todo este universo.