Poesia completa

Poesia completa Arthur Rimbaud




Resenhas - Poesia Completa


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Estrangeiro 05/03/2024

Uma poesia muito truncada, cheia de elementos, termos únicos, fruto de um poeta brilhante, uma fera da natureza.

Recomendo a poesia de Arthur Rimbaud!
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Adriana Scarpin 23/08/2017

Edição espetacular não só por ser bilingue e ter os versos de Rimbaud em seu idioma original, mas sobretudo pelo dinamismo de Ivo Barroso que o traduziu e inseriu vasto conteúdo através de notas. Sublime.
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 26/06/2010

Arthur Rimbaud - Poesia Completa
Editora Topbooks - 392 páginas - Publicação 1994 - Tradução, prefácio e organização de Ivo Barroso.

Arthur Rimbaud (1854 - 1891) representa com seus poemas revolucionários, ainda hoje, o verdadeiro espírito de modernidade na literatura. Muito de sua obra se confunde com a marca de rebelde e maldito que Rimbaud soube encarnar como poucos. A sua precocidade é um caso único na poesia, pois não se conhece outro autor que tenha escrito obra de tamanha profundidade e originalidade estilística antes de completar vinte anos. Por outro lado, Rimbaud não conseguiu dar prosseguimento à sua vocação literária pois, após um romance tumultuado com o poeta Verlaine, nunca mais se dedicou às letras, tornando-se negociante e traficante de armas no norte da África e Oriente Médio, vindo a morrer de câncer aos 37 anos.

Esta edição apresenta um trabalho extremamente cuidadoso de tradução de Ivo Barroso que Antônio Houaiss, o tradutor de Ulisses de James Joyce, chamou de "reencarnação". O próprio Ivo Barroso definiu as premissas do espinhoso sacerdócio da tradução no seguinte trecho do prefácio:

"Em nosso trabalho, não tomamos liberdades com Rimbaud; mas houve passos em que, por já nos escassear tempo de vida ou paciência de espera, tivemos de "traí-lo". Nem sempre nos foi possível vertê-lo "sinfonicamente", ou seja, observando imagem sentido, metro e rima. Em alguns de seus poemas longos, principalmente da fase inicial, entre desfigurar ou simplificar demasiadamente o conteúdo para mantê-lo rimado, a exaustão nos levou a optar por uma transposição "de orquestra de câmara", ou seja, mantivemos a métrica mas sacrificamos a rima. Contudo, em 90% dos poemas a orquestra tradutória se apresenta au grand complet (...)"

Selecionei um exemplo que demosnstra bem a dificuldade de tradução mencionada por Ivo Barroso. Adicionei também as notas originais (parciais - por uma questão de espaço) desta edição, absolutamente necessárias, como se pode constatar abaixo.

Le châtiment de Tartufe

Tisonnant, tisonnant son coeur amoureux sous
Sa chaste robe noire, heureux, la main gantée,
Un jour qu'il s'en allait, effroyablement doux,
Jaune, bavant la foi de sa bouche édentée,

Un jour qu'il s'en allait, " Oremus ", - un Méchant
Le prit rudement par son oreille benoîte
Et lui jeta des mots affreux, en arrachant
Sa chaste robe noire autour de sa peau moite!

Châtiment !... Ses habits étaient déboutonnés,
Et le long chapelet des péchés pardonnés
S'égrenant dans son coeur, Saint Tartufe était pâle!...

Donc, il se confessait, priait, avec un râle!
L'homme se contenta d'emporter ses rabats...
- Peuh ! Tartufe était nu du haut jusques en bas!

O Castigo de Tartufo (1)

Na casta veste negra, atiçando, atiçando (2)
O amor no coração, feliz, mão enluvada, (3)
Um dia em que passava, horrivelmente brando,
Céreo, babando fé da boca desdentada, (4)

Um dia em que passava, "Oremus", - um Malvado (5)
Com rudeza o agarrou pela sagrada orelha
E nomes vis lançou-lhe, após ter arrancado
A casta veste negra à sua carne velha!

Castigo!... Os trajes seus estão desabotoados,
E o rosário sem fim dos pecados perdoados (6)
Desfia-se no chão... Tartufo perde a cor!...

E o santo se confessa, e reza, em estertor! (7)
O homem só lhe arrancara o colarinho, e, em vez (8)
- Tartufo estava nu desde a cabeça aos pés!

(1) Tartufo é a personificação do hipócrita em Molière, onde o personagem, embora não seja padre, aparece sempre vestido de negro a fim de aparentar decoro e austeridade. Rimbaud utiliza-o como símbolo da hipocrisia sacerdotal, o indivíduo de aspecto piedoso mas lúbrico, que oculta sua sensualidade sob o véu (ou melhor, a batina) da candidez e do fervor religioso.

(2) O poema começa com um iterativo Tisonnant, tisonnant, que, para Steve Murphy, 'mima' verbalmente o ato masturbatório. Levando em conta essa exegese, mantivemos, na tradução, o verbo repetitivo, embora deslocado para o fim do verso. Tartufo está nu sob a batina, e, enquanto caminha pela rua com ares contritos, secretamente se masturba. Ao ser surpreendido por um "Malvado", que lhe arranca a batina pela gola, o Tartufo de Rimbaud se assusta e ejacula em plena via pública, praguejando e rezando diante de sua nudez revelada.

(3) Coeur, literalmente, é "coração", mas Rimbaud emprega a palavra no sentido especial de sexo (...). Mão enluvada é um eufemismo para o ato de masturbar (...).

(4) O verbo baver (babar) adquire significados especiais na sutil alquimia de Rimbaud e em alguns casos, segundo Jeancolas, está associado a esperma.

(5) Oremus (do latim, oremos, rezemos) evoca o vocabulário religioso do Tartufo de Molière e suas invocações à prece (...)

(6) Imagem arrojada de Rimbaud, que compara a ejaculação ao desfiar das contas de um rosário que rolassem pelo chão. Os pecados perdoados mostram a perseverança masturbatória do personagem, capaz de se autoperdoar indefinidamente.

(7) Para acentuar o impacto, Rimbaud chama Tartufo de Saint Tartufe, ironia que, indiretamente mantivemos com "E o Santo...".

(8) Rimbaud que se compraz na utilização de um vocabulário preciso e específico usou ses rabats, designativo do colarinho eclesiástico em francês. Numa das versões do poema, procuramos manter a especificidade terminológica e traduzimos por "volta", mas como o termo em português tem várias outras acepções e dificilmente informaria o leitor na compreensão imediata do texto, acabamos optando pelo genérico mas determinante "colarinho" (...).
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