spoiler visualizarnanda :) 14/01/2024
O Sobrinho do Mago: explorando infanto-juvenis!
“As bruxas, em geral, são assim. Não estão jamais interessadas nas coisas ou nas pessoas, mas na utilidade eventual dessas. São de um espírito prático implacável.”
Antes de tudo, um adendo: eu sou ateia, mas nasci em berço cristão. Meus pais são praticantes e não sabem que não acredito em Deus. Estou lendo esses livros puramente pela fantasia e pelo valor cultural deles, não por causa de religião. Não digo isso para ofender; é só para alinhar as expectativas, caso alguém além de mim venha a ler essa resenha.
Depois da minha decepção com o audiobook de “A Noiva do Capitão”, fui atrás de outros livros nesse formato, mas que não traziam tanta margem para erro. Achei a coletânea completa dos livros “As Crônicas de Nárnia”, e como sempre tive curiosidade e nunca realmente peguei uma série para ler, resolvi começar.
E fiquei positivamente surpresa com o que encontrei! Pensei que esse livro já começaria com o quarteto conhecido dos filmes, mas fiquei surpresa ao acompanhar Digory e Polis durante essa história em que vemos a formação de Nárnia -aliás, como ouvi esse livro, não fazia ideia que o nome do protagonista era escrito assim; que esquisito!
Quando me toquei que o livro seria apenas sobre o Digory e a Polis, e quando percebi que seria sobre a formação de Nárnia, a história, que antes estava me parecendo meio fraca, melhorou muito! Escrevo essa resenha depois de já ter ouvido o segundo livro, “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa”, e vejo que esse aqui tem um humor um pouco mais acentuado que me agradou bastante.
O Digory é uma criança muito honesta, e que segue fortemente o seu coração. É essa virtude que geralmente coloca ele e Polis nas furadas da história, mas foi muito gostoso acompanhá-lo. Ele vai crescendo em você durante a história, e, ao final, eu me importava tremendamente com ele, e fiquei feliz quando a maçã de Nárnia curou a sua mãe.
Apesar de ela ter muuuito menos destaque que o Digory, também gostei bastante da Polly, que é uma menina muito inteligente, e que me vi durante a leitura. Ela me lembrou muito da Suzana, com seu jeito levemente desconfiado e medroso, o que acho totalmente compreensível, quando você está descobrindo novos mundos inteiros.
Foi também uma agradável surpresa ver que existem outros mundos além de Nárna! Esse aspecto sempre me foi esquisito, mas ver que ele é parte de um universo inteiro faz a história ficar ainda mais mágica. Gostaria de ver esse livro adaptado para o cinema, já que consegui ver a formação de Nárnia como se estivesse diante dos meus olhos enquanto ouvia, e pareceu incrível.
Um ponto que me surpreendeu e agradou no livro foram os personagens secundários, em especial a Jade (que se torna a Feiticeira Branca) e o tio do Digory, o tal do Mago. Gostei como eles foram “ridicularizados” na narrativa por causa de suas ambições sem sentido, o que, para mim, combinou muito com o tom do livro.
Em alguns pontos, dá para ver claramente os paralelos com o Cristianismo, em especial com a formação de Nárnia e com a Jade tentando fazer com que o Digory coma a maçã da vida eterna, no final. Foi um aspecto interessante, e não me deixou desconfortável reconhecer isso na leitura, que era algo que temia.
A escrita do C. S. Lewis, apesar de um pouco esquisita, me agradou bastante, e, mesmo sendo beeem descritiva, funcionou nesse livro, já que era a introdução para o universo. Ela tem essa característica de um livro infanto-juvenil, e isso me agradou bastante.
Em geral, gostei da história. Como um livro de fantasia, apesar de não ser nada de outro mundo, é um “pão com ovo” muito gostoso. Pretendo ler -ou, melhor, ouvir- o resto da saga, e, até, rever os filmes.