Rivanio.Raimundo 28/06/2015
Uma excelente pesquisa sobre o combate as epidemias.
Resenha sobre o Livro Cidade Febril.
Uma visão profunda da história dos modos como o Estado Brasileiro e de modo geral a sociedade tratou, curou e higienizou a cidade, especialmente o rio de janeiro, capital do império, no recorte temporal entre 1870-1930. O grande historiador Sidney Chalhoub faz uma pesquisa bem original e conseguir narrar a História sobre a higienização, o tratamento a certas doenças, a profilaxia aplicada nos cortiços, na época lugares considerados de proliferação de doenças, entre elas a febre amarela, a varíola e as formas de resistência a vacinação, fatos estes ocorridos na cidade do Rio de janeiro, então capital do Brasil.
No primeiro capitulo trata como ocorreu o que foi chamado de pelo historiador “uma operação de guerra” contra as classes consideradas perigosas e suas moradias, os cortiços, tendo uma relação ideológica entre pobreza e a proliferação das doenças, daí ocorre na cidade do Rio de janeiro, no período do final de século XIX, a derrubada e destruição dos cortiços, lugar de moradia destas classes, agora sofrendo uma operação de segregação pelos métodos de higienização aplicados pelo Estado Nacional, uma espécie de batalha travada pelo poder público para a obtenção de um espaço urbano “limpo”.
No segundo capitulo, há a exposição de como foi a relação e o tratamento da febre amarela, as teorias médicas sobre a doença e as formas de proliferação, e de como certas raças, as brancas, sofriam mais do que outras os efeitos destas enfermidades, e os métodos de higienização e combate a estas epidemias que ocorreu no Rio de janeiro neste período estudado.
No terceiro capitulo é construída a história da luta contra a varíola, a vacinação como método de evita doença, a vacinofobia, uma espécie de resistência das populações contra a vacinação operada pelo governo, como forma de combate a proliferação desta doença. Esta resistência tem relação com as raízes culturais religiosas africanas, de cultos e devoções a orixás e suas formas de oferendas, as lutas de domínio do governo contra os vacinófobos, a ação dos médicos higienistas na vacinação e combate a varíola, era a política do governo na prática higienista de combate as doenças.
Portanto, este livro é uma excelente obra para balizar estudos sobre a história das doenças e da saúde, que possamos empreender e ao mesmo tempo termos uma maior compreensão sobre as políticas públicas no Brasil no período do final de século XIX e o inicio do XX sobre epidemias, obras sanitárias e as reformas urbanas empreendidas para não somente combater doenças, mas para o embelezamento da cidade em consonância com os modelos europeus..