Vaca de nariz sutil

Vaca de nariz sutil Campos de Carvalho




Resenhas - Vaca de Nariz Sutil


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igsuehtam 20/04/2023

O homem sutil
Um grande retrato impactante de como uma guerra é capaz de transformar a mente humana num grau imensurável. Vaca de Nariz Sutil é o livro mais curto de Campos de Carvalho, mas isso não queira dizer que não seja tão profundo quantos os outro. É um livro bem desagradável, duro de se ler e com um estilo próprio. Não é romance, não é um diário, e muito menos cartas. É livro que tem o estilo com o seu próprio estilo.
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Markarroni 27/04/2020

Vaporoso delírio
Sem dúvidas, esse foi o livro mais difícil que eu tive que resenhar. Foi tão surreal que as coisas quase não faziam sentido. O autor trata de um veterano que sofre com os vestígios da guerra de uma forma bastante abstrata e filosófica.

Durante várias páginas eu tive que voltar a ler o que tinha acabado de ler, porque não estava entendendo absolutamente nada. Fiquei pensando "Ou o narrador é muito inteligente, ou muito louco, ou eu sou muito burro, ou muito inteligente".

Comecei a questionar a sanidade dele, uma vez que os fluxos desordenados de consciência que estavam sendo narrados, estavam fragmentando qualquer vestígio de segurança intelectual que eu tinha.

O protagonista simplesmente aceita seu fracasso e vai até ele sem se importar em questionar ou mudar os acontecimentos. Foi aí que eu pensei no quão a mente de alguém que vai a uma guerra fica fodida após retornar dela.

Sabe quando você olha pra uma nuvem e tenta adivinhar o formato dela, mas ela não tem formato de nada? É esse o sentimento que esse livro vai te fazer sentir. É um desabafo? Uma confissão de desespero? Uma piada?

Apesar de o autor ter dito que escreveu esse livro aos prantos, parece que ele foi escrito numa espécie de sonambulismo. Cada palavra que foi posta no papel, aparenta que teve o "foda-se" no modo ON para a lógica tradicional. Mas ao mesmo tempo, se mostra tão lúcido que você percebe o quão "fora da caixa" ele é.


site: https://www.instagram.com/marksreading
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jota 09/01/2018

Sutilezas à parte...
O título deste livro, publicado pela primeira vez em 1961 e dedicado ao escritor Jorge Amado, foi tirado de um quadro do pintor francês Jean Dubuffet. Se ele é insólito, porque vaca tem focinho e não nariz (sutil, ainda por cima), assim também é esta narrativa. Do mesmo modo que são plenos de nonsense A Lua Vem da Ásia e O Púcaro Búlgaro, os outros dois romances (seriam isso mesmo?) que li de Campos de Carvalho (1916-1998).

A diferença De Vaca de Nariz Sutil para aqueles livros é que o surrealismo característico das obras de Carvalho, especialmente aquele derivado das guerras, que é o caso desta, foi usado para construir um texto sombrio. Nele, as situações ou ditos engraçados, abundantes nos outros dois livros, se tornam raros, escassos, daí que sua leitura não se traduz num grande apelo para o leitor comum, como acontecia com A Lua... e O Púcaro... O que encontramos em Vaca... é humor negro acompanhado de ironia ácida.

Caso nunca tenha lido o escritor veja este trecho em que o narrador, um ex-combatente do Exército se explica para o leitor: "Tinham me ensinado tanta e tanta coisa que eu me julgava um animal pensante, capaz de criar pensamentos para enfrentar esta ou qualquer vida, como um deus em miniatura, com alma imortal e tudo; de súbito fui virado pelo avesso, quem me virou não sei, o médico disse que fui eu mesmo, e as coisas mais simples se tornaram terrivelmente complexas, como viver por exemplo, ou dormir sobre o lado esquerdo, como havia feito desde sempre."

Ou este trecho, em que depois de ferido na guerra ele é condecorado e mandado para casa: "(...) puseram-me de cama durante um mês, pés e mãos atados, com um enfermeiro encarregado de fazer-me urinar e apenas isso, como se se tratasse, o meu, de um sexo comum e irresponsável. Eu urinava, urinava, o cigarro no canto da boca, até que voltou o ferrabrás e ordenou: pode levantar-se. Eu ou o pênis?" Entende-se: copular era a distração favorita do ex-combatente...

Minha avaliação: 3,2 (fiquei com vontade de desistir da leitura logo no primeiro capítulo, mas fui até o final e se não apreciei o livro tanto assim, como aqueles dois lidos antes, o problema é comigo e não com a obra, claro).

Lido entre 04 e 09/01/2018.
Thiago 09/01/2018minha estante
Eu senti um tom amargo nesse livro, mas gostei um pouco mais do que você, meu caro Jair!


jota 09/01/2018minha estante
Ah, sim, Thiago:li sua resenha e me parece que se Vaca desceu redondo pra você, para mim desceu um tanto quadrado. Ou amargo...




Thiago 23/12/2017

Um homem só, ou vira anarquista, ou vira louco
Publicado em 1961 "Vaca de Nariz Sutil", mantém o mesmo estilo surrealista e anárquico de "A Lua Vem da Ásia", e conta fatos um tanto esgarçados de uma guerra que ninguém sabe porque aconteceu, mas que o narrador aparentemente não gostou de ter batalhado, e a sua relação com um coveiro e sua filha, que culmina com um desenlace sexual dele com a garota em cima de um túmulo, enquanto o pai estava fora, e posteriormente o seu julgamento.
Apesar dos fatos serem narrados de forma obscura, a leitura flui de forma agradável e tranquila, e até dá para dar umas boas risadas pela escatologia e pelas cenas de onanismo do personagem.
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Adriana Scarpin 12/07/2017

Esse livro me persegue há trinta anos, desde que comecei a ler sempre o via nas bibliotecas e sempre me demorava nele achando o título peculiar. Ainda bem que não tentei lê-lo quando tinha oito anos, não só não entenderia o fluxo de consciência usado, como ficaria inevitavelmente chocada com o onanismo contumaz. Rá!
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Márcia Regina 06/10/2010

Um soco no estômago? Um libelo pela paz? Um retrato da desesperança? Um gemido por liberdade? Não sei, mas é bom, muito bom.
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