Relato de um certo Oriente

Relato de um certo Oriente Milton Hatoum




Resenhas - Relato de um Certo Oriente


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Socorro Rolim 20/05/2014

O mar tempestuoso da memória
Temos um mundo visível, palpável, e outro que “lateja em nossa memória”. Esse último é o que nos constrói.
Sugiro que leia esse livro. Sugiro também que antes de ler o primeiro capítulo você leia o último, depois volte para o primeiro, pule para o terceiro, volte ao segundo e siga...
Dizem que o presente só é explicado pelo passado. Concordo.Concordo também que compor uma vida é muito parecido com fazer uma colcha de retalhos: você vai escolhendo os melhores retalhos lá da sua cestinha e vai costurando uns nos outros e montando a colcha. Assim é a vida. Às vezes um retalho novinho que você acabou de cortar é costurado a um que você cortou ontem ou a outro que você carrega a mais de 20 anos. Eles vão se juntando, se conectando (usando uma linguagem mais de hoje) e tudo (a colcha ou a vida) vai tomando forma e no final você tem sua peça única, exclusiva.
É assim nesse livro ma-ra-vi-lho-so!
Nossas vivências nos constroem. “A vida começa verdadeiramente com a memória” e a memória de uma vida não é uma peça única,linear. É um conjunto de peças, de tempos e espaços e contextos diversos que devidamente ordenados dão sentido ao todo.
Lembra aquela história que sempre ouvimos de que antes de morrer a vida nos passa como se fosse um filme? É assim esse livro. É com se fosse um filme (tenho certeza que ainda vão transformá-lo em um filme) um filme incrível, magnífico, porem não editado. A edição é trabalho do leitor que vai lendo e “editando”, montando o filme, escolhendo as cenas e diálogos para compor a história. E ainda sobram mistérios no final. É perfeito.
Como bem sabemos, as memórias utilizam-se de todos os sentidos. Lembranças de imagens, de sabores, de odores, de texturas e sons. Cada um de nós tem uma vida inteira, um mundo só nosso guardado no baú. No baú de nossas memórias. E não estou falando daquele bauzinho que está lá no armário com fotos, cartas (quando ainda haviam cartas) e anotações, e lembrancinhas...essas coisas que guardamos com todo cuidado pela vida a fora. Falo do baú que está na nossa mente. Evocar a memória é necessário e às vezes é perigoso. Sabe Deus o que pode sair do teu baú.
Milton Hatoum constrói uma história costurada de memórias,misturando com delicadeza de forma encantadora, como se fossem ingredientes de um bolo improvável as coisas mais diversas: Manaus e Meca, Nossa Senhora e o Alcorão, tâmaras e cupuaçu, “As Mil e Uma Noites” e a Biblia Sagrada, almíscar e jasmim, Rio Negro e cedros do Libano... uma “Evita Peron” do Amazonas, uma adolescente grávida, uma criança surda muda, um suicida, um botânico fotógrafo,um curandeiro, dois gêmeos inomináveis... tudo e todos enveredando por trilhas que hora ou outra se fundem e se confundem “como se fossem dois rios que se juntam e viram um”.
Invariavelmente, para praticar o “conhece-te a ti mesmo” que Sócrates recomendou, é preciso sim abrir o baú e “navegar no mar (às vezes tempestuoso) da memória. Boa leitura.
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Ocelo.Moreira 18/05/2014

RELATO DE UM CERTO ORIENTE
A literatura é um meio mais completo de examinar a condição humana. E isso o autor amazonense, Milton Hatoum, faz com maestria em seus romances pomposos.

O primeiro livro do autor que li foi, Relato de um Certo Oriente, livro do qual estreou na literatura nacional. Ele relata a volta de uma mulher, após longos anos desde que se ausentara de sua cidade natal, Manaus, num diálogo com o distante. A obra trata-se de um regresso à vida em família, na verdade é um relato de uma complexa viagem ao passado, no qual o destino da personagem se confunde com a do grupo familiar na tentativa de encontrar a si mesmo e o outro.

O romance é uma reconstrução imaginária, ou seja, reformular no lugar de origem as lembranças e recônditos do esquecimento, a casa demolida. Um mundo enigmático e cheio de nostalgia.

Com uma viagem irresistível e uma prosa evocativa e fascinante, Milton Hatoum, no meandro de suas frases nos leva ao regresso à cidade ilhada pelo rio e a floresta amazônica, a conhecer o drama dessa ilha familiar por meio de uma família de imigrantes que ali há muito radicada, vive suas paixões, suas culpas e melancolias por meio do passado retrospectivo nas vozes de outros personagens encaixadas na voz da narradora.

Dentre os livros que li do autor, esse é o que tem a linguagem mais rebuscada e um estilo meio hermético. Onde o romance com suas figuras fortes e fugazes nos faz regressar ao passado, e encontrar no relato de volta à casa desfeita, o conhecimento limitado do outro e de si mesmo. Ou melhor, o enigma do ser!
http://ocelomoreira.blogspot.com.br/
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Hugo R 13/12/2013

Arquitetura de Cristal
Se por um lado, Hatoum, jamais exerceu a profissão de sua formação, arquiteto, nada nega que ele seja, por excelência, um arquiteto da memória, como prova o livro "Relato de um certo Oriente".

Em tom epistolar, as histórias do romance são tecidas pela memória de uma mulher que, após uma ausência de longos anos, volta à cidade de Manaus, para reencontrar sua mãe adotiva, a matriarca libanesa Emilie. Ao chegar ao local, no entanto, depara-se com a Manaus do presente e a nostalgia que o simbolismo de certos cheiros, cores, eventos e pessoas provocam em seu pensamento.

No livro, a lembrança é tratada como meio de revisitar o passado para compreender o presente. Para isso, evoca-se a memória na força de sua plenitude, partindo-se da boêmia das noites enfeitas com histórias e fumaça do narguilé à colisão das tradições cristãs do Ocidente com a filosofia do Alcorão.

O contar de histórias permite à narradora comunicar sentimentos ocultos, viajando no tempo sem o esforço de um passo sequer. É assim que suas cartas ao irmão distante tentam encontrar conexões entre situações dispersas no tempo, regenerando as ruínas do passado pela força da memória.

Sensível, poético e misterioso para além da última página, "Relato de um certo Oriente" é, sobretudo, um convite à releitura, quando não das histórias encerradas nas páginas do livro, da nossa própria história. Afinal, a identidade humana se constrói no viés de experiências que, ao cabo da última página, parecem apenas memórias.
Socorro Rolim 21/05/2014minha estante
Foi exatamente essa a minha percepção desse livro. Se tivesse lido essa resenha antes teria evitado de escrever a minha...


Luhhh ^___^ 27/06/2014minha estante
Eu não gostei muito do livro, mas é motivo pessoal mesmo, de não ter me agradado pela história. Apesar de a narrativa me cativar em alguns momentos.
Foi difícil terminar a leitura, até pensei em desistir da leitura...
Muito bom o teu comentário!!!




Christiane 07/01/2013

Reencontro com suas raízes
Uma mulher que não é nomeada retorna ao local de sua infância - Manaus quando sua mãe adotiva, Emilie, falece e começa a se recordar de sua infância, que será narrada por ela, mas também por outros personagens que também se encontram ali devido o mesmo motivo ao se recordarem de Emilie e de suas vidas naquela época.
O Livro também trabalha com antíteses, como a cidade e a floresta, a vida e a morte, mas o mais impressionante é a aproximação que faz entre duas religiões, a católica e a muçulmana, através do casamento de Emilie e seu marido também não nomeado. O Oriente vive no meio da floresta Amazônica, na cidade de Manaus, um certo Oriente com cara de Brasil, onde as diferenças conseguem conviver, mesmo com seus atritos.
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Luís Henrique 28/11/2011

O livro fala da formação e desagregação de uma família de imigrantes libaneses que vieram para Manaus no início/meio do século passado. A partir de uma personagem, filha adotiva do casal central da história que regressa para a sua Manaus natal e, assim, passa a lembrar-se de como ocorreu esta desagregação, o autor nos mostra a história através da memória de alguns personagens, em relatos em primeira pessoa e, por isso, com a sua própria versão para os fatos ocorridos.
Me deu vontade de saber mais da relação da narradora principal com a família, de sua identidade, sua origem. Mas vale pelo estilo de Milton Hatoum contar uma história
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Gláucia 04/07/2011

Relato de um Certo Oriente - Milton Hatoum
Gosto muito desse estilo de livro, cuja trama evoca o passado, as relações familiares e suas repercussões ao longo da vida dos personagens. Acabamos nos deparando com nosso próprio passado e mergulhando em nossas próprias reflexões.
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CRIS 21/06/2011

É uma boa história sobre a família. A única questão que precisa ficar clara é: o livro é narrado por vários personagens e sobre vários momentos; portanto, de difícil entendimento; até mesmo um pouco confuso. Para melhor entendimento é necessário ler e reler várias vezes.
André Fellipe Fernandes 01/01/2017minha estante
Foi difícil perceber a ligação entre os dois primeiros capítulos justamente por essa narração de diferentes personagens, não anunciada. Mas depois que entendi o fluxo, o livro correu bem. Mas de qualquer forma é um livro que deixa você com uma sensação de ter que reler algum dia, e dessa vez já prevenido.




Toni 10/05/2011

Retorno e memória
O viajante tem sido desde a antiguidade uma fonte privilegiada de relatos. Sujeito do movimento, da transformação, do encontro e da troca—da mesma forma que o comerciante que nunca saiu de sua cidade mas vive em pontos de passagem—, ele é construído sob o signo da intersecção, da inevitável miscelânea formada pela confluência de vários caminhos. O lugar do viajante é um devir, um constante estar em movimento suspenso pela travessia, nem origem e tampouco destino: um lugar imponderável que engendra a elaboração da vivência, urgindo que o sujeito se ponha a narrar para compreender. Esse processo une as experiências de si e do outro, e as combina em um trabalho narrativo extremamente fecundo, em que diferentes vozes se entendem e complementam, formando um relato forte e transformador, como toda boa e velha narrativa oral.

De maneira análoga, o retorno ao lar também impulsiona uma força criadora, ainda que fomentada não pelo presente imediato da viagem, mas pela memória vicária das coisas e lugares significativos ao indivíduo que retorna. No entanto, ao contrário do que se poderia imaginar, o retorno é, também ele, uma suspensão: um devir desta vez no tempo, cuja inescrutabilidade do relato torna-o inevitavelmente fragmentado, suspenso entre as lembranças guardadas pelo viajante e memória aprisionada no espaço-tempo da ausência. Neste caso, a compreensão dependerá mais fortemente da voz do outro, do olhar do outro, da elaboração dialógica. Assim, o relato alteregóico será tanto urgente quanto imprescindível.

Os romances “Dois irmãos” e “Relato de um certo oriente” do amazonense Milton Hatoum são construídos, respectivamente, a semelhança dos processos narrativos acima explicitados. O parentesco com as considerações de Walter Benjamin acerca do narrador não é acidental: é dentro desta tradição de transmissão de experiências—associada aos viajantes e comerciantes em constante fluxo—que o autor se situa, como declarou em entrevista concedida de 1993. Ambos os romances circunscrevem-se em uma vertente da ficção brasileira contemporânea de retorno aos gêneros narrativos tradicionais, como o romance memorialista e histórico, acrescentando-lhe aquilo que há de novidade nos estudos culturais interessados em compreender o multiculturalismo presente em configuração latino-americana. No entanto, “sem recorrer aos excessos descritivos que também marcaram parte dos narradores do boom latino-americano, Hatoum consegue absorver em sua ficção o espaço amazonense e relatar seus costumes, sem cair num exotismo hipertrofiado e valorizando referências precisas aos fatos históricos.” (Schøllhammer, 2008).

A produção de Hatoum se situa num momento em que a temática nacional abria espaço à inclusão dos grupos migratórios enquanto constituintes de nossa história, grupos como os dos judeus, dos galegos, dos japoneses, etc. “Relato de um certo oriente” e “Dois irmãos” resgatam a tradição árabe de origem libanesa que se instalou nas ilhas flutuantes de Manaus, tecendo no multiculturalismo de muitas mãos, intrincadamente, o conflituoso encontro de crenças indígenas, costumes islâmicos, natureza extravagante e história nacional.

Duas narrativas sensíveis e sobretudo bem elaboradas, em que o esforço do relato se constrói em conjunto, representando na escassez e na profusão de lembranças a busca pela identidade. Em ambos, "a consciência dos narradores filtra o mundo ao redor para reter apenas as circunstâncias e os detalhes que nela imprimiram sua marca, o que sustenta e realça o impressionismo do 'olhar oblíquo'". (Pellegrini, 2008) Neste processo, a narrativa figura como uma impossibilidade, "que é, dialeticamente, a mesma (...) para todos os homens: a do resgate do passado, da intraduzibilidade do vivido e da incompletude dos sujeitos, os quais, a despeito de sua situação, sempre estarão buscando deslindar algum ponto cego da memória, última e inalcançável fronteira." (idem).
Alê | @alexandrejjr 17/11/2021minha estante
Texto em tom altamente acadêmico que acaba não trazendo a tua experiência de leitura, mas muito bem escrito.


Toni 18/11/2021minha estante
Obrigado pelo comentário. De fato, foi um resumo dos dois livros que fiz para uma apresentação acadêmica e a proposta naquele momento não era aprofundar as impressões de leitura de cada obra. Acabou que para não perder o texto, resolvi colocar por aqui como resenha. =D




Ladyce 19/04/2010

Uma narrativa que seduz como uma dançarina oriental!
Se eu tivesse que expressar visualmente a minha impressão do livro de Milton Hatoum, Relato de um certo oriente, teria que dizer que como leitora, fui habilmente seduzida por um texto cuja história se mostra tímida, escondida nas entrelinhas, e que vai se revelando, a contragosto, com algumas contorções, com gestos delicados e incompreensíveis, com mudanças de ritmo e de perspectiva. Foi como se eu tivesse sido vítima de magia, encantada por uma Salomé, por uma dançarina oriental, debaixo de sete véus. Infelizmente, Milton Hatoum não me deu, como leitora, a oportunidade de descobrir a total beleza da mulher que se desnuda à minha frente. O último véu, aquele que encobria o rosto, aquele que só me permitia, até o último momento, ver só os olhos pelos quais me aproximei da história, esse véu não caiu. A última barreira para a identidade da narradora dessa trama, para o seu nome, fica presa naquela película translúcida através da qual sinto a presença da face. Gostaria de que esse véu tivesse também caído, para saber ao certo, sem quaisquer dúvidas, a identidade dessa personagem, filha adotiva, sem-nome, que volta à casa da infância e se lembra das histórias do passado. Os detalhes do rosto que vislumbro e que imagino, no entanto, nessa dança sedutora, não me são jamais revelados. Foi grande a frustração causada pela narrativa dissimulada, oblíqua da história desta família de imigrantes do Oriente Médio no Amazonas. Terminado o texto, voltei ao início do livro para ter certeza de que não havia perdido algum detalhe que houvesse me desviado para um final inconclusivo, mas continuei, depois de reler o texto, com a inconveniente sensação de uma narrativa que carecia de um único detalhe para um desfecho pleno, satisfatório.

Esse é o terceiro livro de Milton Hatoum que leio. Já havia lido Dois irmãos, de que gostei imensamente, e Órfãos do Eldorado, cuja resenha pode ser encontrada aqui no blog. Esse grande escritor amazonense me agrada. Aprecio sua dedicação à memória, à memória cultural, à memória individual. Sem ela não somos, simplesmente estamos. Milton Hatoum tem uma maneira onírica de contar histórias e é capaz de nos levar facilmente a um mundo meio-sonho, meio realidade, à zona da imaginação que pontua narrativas de um passado não muito distante. Como nos livros citados acima, este romance também se passa em Manaus, essa última fronteira, terra de água e de floresta, de culturas imigrantes e nativas. Ali os mundos se encontram e aprendem a conviver.

A trama é centralizada numa família, cujos principais componentes e eventos que a cercam são contados não só pelas lembranças da principal narradora, uma mulher que, passados vinte anos, retorna ao lar da infância. Ela era a filha adotiva do casal de imigrantes, centro das recordações. A narrativa é composta de diversas memórias, não só dessa filha, mas também de outros membros da família, de amigos, memórias que se entrelaçam e se confundem. Conhecemos assim por pedaços, por insinuações o mundo de Emilie, matriarca desse clã libanês. Ao longo da narrativa tive consciência da herança da cultura oral brasileira e das culturas do Oriente Médio. Com uma narrativa evocativa, o romance ganha profundidade a cada relato, a cada personagem que conta parte da história. Acaba-se com a sensação de se ter lido, de fato um grande romance. Gostaria, no entanto, de fazer a seguinte observação: acho que Milton Hatoum complica um belíssimo texto, mais do que necessário. Se eu, que sou leitura assídua e regularmente inteligente, tenho que pegar papel e lápis para fazer anotações e ver se estou entendendo direito o que acontece na trama, há algo de errado. E foi isso o que aconteceu comigo. Li o livro com papel e lápis na mão. Até um esboço de uma árvore genealógica construí. Não acredito que isso deva acontecer com qualquer romance. Mas mesmo assim, a força narrativa de Milton Hatoum, e seu texto, cuidadoso como hoje já quase não vemos na literatura brasileira, não deixam que eu coloque esse livro de lado.

Vou recomendá-lo, mas advirto, nem sempre o texto tem a clareza que deveria transmitir. Fiquei frustrada e me senti manipulada com essa narrativa oblíqua e dissimulada.
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Adriana Andion 04/09/2009

nao me atraiu muito. Achei meio confuso, me perdi na historia.
enfim.. vou reler essa obra mais adiante.
Adooooooro as obras do Hatoum, mas essa primeira dele.. nao me agradou muito.
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Ana Quintela 10/08/2009

Lindo.
Terminei Relato de um certo Oriente (Milton Hatoun). Eu gostei muito do estilo do livro. Ele conta a história de uma família libanesa que parte para morar em Manaus. O livro é em primeira pessoa e a história é contada pelos próprios personagens que nos colocam a par da vida da família. Além disso, nos leva para "passear" na Manaus do início da 2ª Guerra Mundial e seu pós-guerra. Recomendo.
cid 10/07/2010minha estante
Adoro livros narrados na primeira pessoa. Vou conferir




Claudia Sanzone 11/06/2009

Resumo da obra (os quatro primeiros livros) do escritor está em:
http://clausanzoner.blogspot.com/2009/05/milton-hatoum-em-desordem-cronologica.html
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