blanche dubois 20/05/2009
Segunda peça de Nelson Rodrigues, então jornalista, Vestido de Noiva foi escrita em uma época financeiramente difícil para o homem que se tornaria o maior dramaturgo do Brasil. Apesar do autor mostrar-se moralista, suas obras foram sempre revolucionárias. Talvez pelo retrato fiel que faz das pessoas: tão autêntico que causa espanto. Nelson Rodrigues não se limita apenas a escrever sobre a sociedade e sim, sobre a natureza humana.
Seu assunto preferido é o desejo; incestos, bofetadas, estupros, pederastia, espartilhos e suspensórios.
Com personagens endinheirados e referência à obras como Madame Bovary, o diálogo de Vestido de Noiva é culto e cheio de termos em francês, muito usados no Brasil dos anos 40. Porém mesmo com toda a elegância, não são imunes a mesquinharias e sentimentos impuros.
Alaíde, após ser vítima de um atropelamento e entrar em coma, busca em suas alucinações ajuda da falecida cortesã Madame Clessi, que fora dona de um diário que a moça achou no sótão de sua casa, para descobrir sobre o seu casamento... com um desenrolar da trama delicioso, em meio a delírios e realidade, mais do que tudo, Vestido de Noiva fala de vingança e intencionalmente ou não, de vida após a morte, como se vê em outras criações do escritor, A serpente e Valsa nº 6.