Escura 30/04/2024
Pode ser legal deixar o senso crítico um pouco de lado
Na saga de ler os livros que tenho e que fizeram parte de minha infância e adolescência, resolvi iniciar por crepúsculo.
Não foi a primeira série da minha vida - acredito ter sido a segunda; mas foi bem marcante. Lembro como os livros eram uma febre - vendiam até na revista da Avon. Os filmes então, nem se fala - quem nunca assistiu um dvd pirata da saga, gritou por um Jacob sem camisa na tela do cinema, acompanhou o pseudo triângulo amoroso dos atores ou considerou a cena de jogo de beisebol uma obra de arte, certamente não faz parte da minha geração.
Num primeiro momento, o livro me trouxe algumas lembranças da saga há muito esquecidas em minha mente. Então é curioso ler a história depois de tanto tempo. Primeiro, por perceber que não lembrava de muita coisa, quase nada. Segundo, por perceber que tem muita coisa que antes eu sequer percebia/entendia.
Eu entendo perfeitamente todas as críticas relacionadas a crepúsculo. Entendo quem não goste da construção da personagem principal e de como é o romance entre Bella e Edward, por exemplo. Mas li apenas com o intuito de me divertir. E eu me diverti à beça lendo crepúsculo.
Achei o livro extremamente ENGRAÇADO! Não achei um livro ruim. Mas acho que achar ele engraçado já é um atestado de livro ruim, afinal, não era esse o intuito do livro.
A questão é: ter gostado do livro não me impede de achar que Bella precisa de uma boa terapia. Por um longo tempo, inclusive. (E tempo é o que não vai faltar pra ela caso ela se transforme em vampira - falei ?caso? por mera casualidade, em 2024 todos nós sabemos esse desfecho).
Lendo crepúsculo em 2024 me atentei aos detalhes que não lembrava ou que talvez nunca tivesse reparado. Na minha cabeça, a menina Bella Swan ODIAVA SOL e calor? de onde eu tirei isso?? Não lembrava de praticamente nada da história, então foi como uma redescoberta.
Achei a leitura bastante fluída. É muito fácil imaginar cada cena pq elas são detalhadas o suficiente para que a gente consiga elabora-las na mente, mas não tão descritivas a ponto de se tornarem maçantes - exceto nessa insistência em descrever quão brancos são os personagens ou quão desastrada-dependente-impotente-insegura é a personagem principal.
Inclusive, essa insistência nesse lado desastrado e até meio burro parece destoar bastante da personagem, ao mesmo tempo em que faz bastante sentido: ela tem só 17 anos. Quem viveu sabe!!!
Crepúsculo não é um romance para ter como inspiração, não é um romance para ter como meta, não é uma história para espelhar. Mas é um ótimo livro para se divertir. Adolescentes fazendo escolhas ruins, acreditando que são donos da razão, que sabem de tudo, brigando por atenção, rivalidades mortais entre espécies e bandos, lendas locais e muita falta de terapia.
Se lermos crepúsculo apenas por diversão, toda obviedade da história pode, por mais impossível que pareça, nos trazer boas surpresas. Eu me surpreendi com o desenvolvimento final do livro. Gostei bastante do tom mais intrigante e de mistério. E já terminei correndo para pegar Lua Nova.