Ana 24/03/2022
Aborda temas importantes, mas é problemático...
Esse livro, considerado um clássico do feminismo, foi publicado nos EUA em 1991, no Brasil em 1992 e relançado em 2018. Foi escrito pela jornalista estadunidense Naomi Wolf. Ele aborda sobre como o ideal de beleza molda, prejudica e aprisiona as mulheres. Como esses valores de beleza e aparência física nas mulheres são construídos a partir do machismo e do patriarcado e impede as mulheres a serem livres e ter seus direitos respeitados.
A autora defende que o ideal de beleza é um instrumento de controle, Dominação social, politico, econômico e sexual para manter as mulheres em Posição subalterna e dependente com o objetivo de manter o patriarcado e o status quo de uma sociedade machista e misógina.
A autora denomina essa pressão de ser bonita de qualquer forma, a qualquer custo de a donzela de ferro. Que assim como o instrumento de tortura medieval mutila e molda as mulheres a ficarem muito parecidas umas com as outras e eliminar qualquer traço de diferença, talento, personalidade, enfim, idiossincrasias entre elas. Dessa forma tbm se tornam descartáveis, já que podem ser substituídas facilmente. Quando todas se tornam iguais. Nenhuma é valorizada.
O mito da beleza coloca as mulheres em um beco sem saída. É exigido beleza e eficiência. Mas se é bonita, não é considerada inteligente. Se é inteligente, não é considerada feminina o suficiente. Se for feminina é assediada e se for mais masculina, Sofre preconceitos
O livro relata que a ideia do mito da beleza, que é introjetado nas mentes pelos meios de comunicação, promove a Competição entre as mulheres. Tanto no que tange a tentar conquistar a Admiração de um homem, quanto por respeito, atenção ou até mesmo por um Produto que promete ser antienvelhecimento ou um sapato da moda. Incentiva a rivalidade e as separa, dessa forma Dificultando que percebam que sofrem as mesmas opressões e desrespeitos.
Outra questão abordada é a discriminação sexual. O que é aceitável, normal, comum para um homem não o é para a mulher, além delas serem obrigadas a vivenciar situações constrangedoras que os homens não sofrem como suportar determinados tipos de roupas apertadas, desconfortáveis, fazer procedimentos estéticos dolorosos ou comportamentos de assédio. Assim como a disparidade dos salários e das jornadas de trabalho. A mulher trabalha mais e ganha menos.
Distúrbio alimentares tbm são consequência dessa obrigação de ser considerada bonita e atraente. Não importa a saúde da mulher, desde que ela corresponda às expectativas masculinas.
Mas esse livro tem problemas...
O primeiro deles é a prolixidade, Tem uma parte que a autora relaciona a ideologia da beleza e a virilidade do homem com o sadomasoquismo. Os homens acreditam que é másculo ser agressivo durante o sexo e as mulheres serem submissas devido a disseminação da pornografia. Que elas gostam de alguém que as domine( e olha que isso foi antes de 50 tons de cinza hein?) Aí ela descreve muitos dados estatísticos e percentagens sobre violência contra a mulher, estupros e agressões e ela alonga demais essas partes. Dando a sensação de estar enrolando. Eu já entendi a Ligação que vc faz entre o mito da beleza e a cultura do estupro. Agora vamos pra frente.
o segundo problema é não ter fontes confiáveis e ele é recheado desse tipo de "informação". Exemplo: Pesquisas indicam que as mulheres ganham 30% a menos que os homens. Estudos indicam que 80% das mulheres já sofrerem estupro. Tá, que pesquisas? Quem as fez? Aonde foram feitas? Quando? No final do livro as notas de onde ela tirou a grande maioria desses dados são de revistas femininas ou programas de televisão. É como fazer um trabalho acadêmico e ter como fontes a revista caras ou a capricho. Essas fontes não são fidedignas. Ainda mais quando pesquisando sobre a autora é revelado que ela foi banida do twitter por divulgar fake news.
O terceiro problema é o feminismo branco. Ela repete muitas vezes no texto a mulher de classe média, a mulher dos EUA. Mas e as outras? E as que não são de classe média, brancas, cisgêneros? Sabemos que o feminismo branco acaba sendo um desserviço ao movimento feminista exatamente por ser excludente e preconceituoso. Não adianta nada ser feminista e ser racista ou transfóbica, pois vc luta contra uma opressão mas alimenta outras opressões. E ninguém é uma coisa só. Daí o conceito de interseccionalisade. Uma mulher sofre numa sociedade machista, mas se ela for lésbica tbm vai sofrer homofobia, se ela for um mulher negra e trans sofrerá ainda mais!!! E Ela ignora qualquer outra mulher que não seja desse padrão branco, classe média e cisgênero.
Enfim, é um livro que toca em questões importantíssimas, mas acaba sendo problemático. É necessária uma leitura crítica para não acabar comprando gato por lebre.