Aline Teodosio @leituras.da.aline 03/03/2019
Sabe aquele livro que tem gostinho de infância? É este. Tantas vezes reprisado na famigerada sessão da tarde, porém, das minhas longínquas lembranças só me vinha à mente o inesquecível e famoso "cachorro-voador", que descobri agora com a leitura ser na verdade um dragão.
Impossível, portanto, não comparar as duas obras; entretanto, ao ler, percebemos logo de cara a superioridade do livro em relação ao filme. Há ação o tempo inteiro e as cenas são construídas e narradas com riqueza de detalhes, conduzidas pela escrita mágica e brilhante de Ende.
A narrativa é dividida em duas partes: na primeira, Bastian, o protagonista desta saga, rouba um livro mágico e ajuda a salvar o reino da Fantasia. Já na segunda parte, em Fantasia, ele sai em busca do conhecimento de si próprio e da sua Verdade. Essa segunda parte, por sinal, foi longa, descritiva, cheia de aventuras, e por vezes, deu a impressão de que era mesmo uma história sem fim. Sem dúvidas, uma trama permeada de encantos, magia, lutas e fortes emoções.
Mas engana-se quem pensa tratar-se apenas de uma aventura de fantasia infanto-juvenil. A obra é imbuída de metáforas da vida. O autor levanta a questão do bullying e dos efeitos psicológicos que ele acarreta, fala das relações familiares e do peso delas na formação da criança, questiona estereótipos, fala de amizade, lealdade, caráter, empatia, e, sobretudo, de auto-aceitação e amor ? próprio.
Um romance de formação leve, mas ao mesmo tempo denso e cheio de aprendizados, que em muitas passagens nos faz refletir, renovando as nossas esperanças em nós mesmos e no outro. Sonhar é preciso, contudo mais preciso ainda é conseguir tomar as rédeas da própria vida.
"Mas há muitas coisas que não se aprendem só pensando, é preciso vivê-las."