Filino 24/04/2021
Uma obra acessível para se conhecer um dos grandes nomes da Modernidade
A edição reúne o "Novum Organum" e a "Nova Atlântida". O texto introdutório é bastante didático e já introduz o leitor nas ideias principais que vão ser desenvolvidas nos dois textos - sobretudo no "Novum Organum". A vida de Bacon e a sua trajetória política junto à Coroa inglesa é retratada de modo que o leitor se depara com um personagem não muito virtuoso, por assim dizer.
O "Novum Organum" é composto de dois livros e estruturado, cada um deles, em aforismos. O livro I contém os fundamentos da reflexão baconiana acerca do conhecimento. Aqui, o autor trata de limpar o terreno, mostrando os empecilhos que dificultam a investigação científica, merecendo particular atenção as caracterizações dos "ídolos". Eles são quatro: da tribo (correspondente à condição humana, falível), da caverna (diz respeito ao homem individualmente considerado, com suas paixões, sua criação própria etc.), do foro (relacionado ao emprego errôneo de palavras e noções) e do teatro (correspondentes aos sistemas de pensamento, por vezes calcados em bases fragilíssimas e deslocados da realidade). Não seria exagero afirmar que a crítica de Bacon continua bastante atual, quando lemos o desenvolvimento que ele dá às reflexões acerca desses ídolos.
A segunda parte do seu "Organum" apresenta uma linguagem mais propositiva, exemplificando o que mencionara no livro anterior acerca de tábuas utilizadas para avançar no conhecimento, bem como o que ele relaciona como instâncias prerrogativas. Aqui o leitor pode achar a leitura enfadonha, mas em alguns pontos é possível colher observações pertinentes.
A "Nova Atlântida" é uma pérola. Trata-se de um texto inacabado que nos apresenta uma ilha utópica, habitada por uma sociedade cristã e tolerante, que valoriza seus cidadãos e tem, na Casa de Salomão, um verdadeiro centro do saber - nas mais diversas áreas do conhecimento. Bacon é pródigo em suas descrições acerca da estrutura dessa Casa e dos experimentos a que ela se dedica. É possível observar a paixão que movia o autor dessas páginas - um indivíduo ávido pelo saber científico e sobretudo pela experimentação.
É uma edição acessível para os que não são versados em filosofia. O estilo de Bacon é fácil e agradável de se ler. Uma boa obra para quem se interesse no progresso do saber, no combate a tudo aquilo que o impede, além de uma bela história com toques de fantasia.