Lobo de Rua

Lobo de Rua Jana P. Bianchi
Jana P. Bianchi




Resenhas - Lobo de Rua


83 encontrados | exibindo 61 a 76
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6


Laís Helena 24/05/2016

Resenha do blog Sonhos, Imaginação & Fantasia
Lobo de Rua introduz o leitor ao universo de A Galeria Creta (livro ainda em processo de escrita) nos apresentando a Raul, um jovem morador de rua com uma condição que torna sua vida ainda mais difícil: a licantropia. Porém, ele é acudido por Tito Agnelli, que, até onde se sabe, é o único outro lobisomem que habita São Paulo nos dias atuais, e com a ajuda dele, compreende o que é ser um lobisomem — desde a contaminação até as consequências de abrigar uma fera incontrolável em seu interior.

Essa premissa simples se desenrola em uma trama bem elaborada, que vai aos poucos ampliando o universo apresentado pela autora, ao mesmo tempo em que deixa o leitor querendo mais, com uma surpresa no final que provavelmente abre caminho para a provável premissa de A Galeria Creta. E, falando em universo, apesar de apenas alguns pequenos detalhes terem sido apresentados nesta novela, vê-se que ele foi muito bem construído: os lobisomens, a Galeria Creta e diversos seres fantásticos (como vampiros e videntes) que foram citados rapidamente na história foram mesclados de forma tão coerente com um cenário real (São Paulo) que não fica difícil imaginar que eles possam existir.

Outra coisa que me agradou muito foi a escrita. Livros de novos escritores (e não somente de escritores brasileiros e independentes) geralmente apresentam a escrita um pouco imatura, muitas vezes relatando a história em vez de mostrá-la e deixar que o leitor a sinta, mas isso não aconteceu com Lobo de Rua. A narrativa apresenta todos aqueles detalhes necessários para me fazer sentir como se estivesse vivendo uma história, ao mesmo tempo em que é fluída, fazendo as páginas se virarem sozinhas (li toda a novela em uma única “sentada”). O único ponto negativo que eu poderia citar é que faltaram descrições, tanto de lugares famosos de São Paulo quanto da Galeria Creta.

Os personagens são poucos, mas bem construídos. Ainda que as motivações de alguns deles não tenham ficado claras, ou que o mistério tenha se mantido, é possível perceber que existem. Além disso, a maneira como a autora retratou seus dramas (especialmente os de Raul, um menino de rua) os tornou mais críveis e humanos.

Também destaco a maneira como foi abordada a licantropia. Podemos reconhecer o mito do lobisomem, que nesta história também se transforma com a lua cheia, mas a autora inovou na forma como a licantropia é transmitida, e também em alguns detalhes sobre as consequências de se transformar em um lobo todo mês. Não falarei muito sobre isso para não estragar a surpresa.

O final encerra essa história de maneira que, embora não previsível, soou adequada à trajetória de Raul. Ao mesmo tempo, deixa algumas pontas em aberto, encaminhando o leitor para as histórias que estão por vir e fazendo-o ansiar por elas. A revisão é impecável, e todo o cuidado de Jana com os aspectos da obra (que possui excelentes ilustrações) nos prova que a publicação independente é uma alternativa, e não a falta dela.

site: http://contosdemisterioeterror.blogspot.com.br/2015/07/resenha59.html
comentários(0)comente



Aline - @vivendoepifania 06/03/2016

Fantástico!
Hoje eu vim falar de mais um livro fantástico da nossa literatura nacional. Lobo de rua é um prelúdio para a série A Galeria Creta (ainda não lançada) de Jana P. Bianchi.
O livro teve seu lançamento de forma independente em 2015, e conta a história de Raul, um jovem que vive nas ruas de São Paulo, e que de repente passa a sentir estranhos incômodos físicos. Seu problema? O jovem é portador da licantropia, que agora está se manifestando. Espasmos de dor, manifestação de uma ferida sem que houvesse se machucado, pressão no maxilar… Esses são só alguns dos males que lhe afeta nas noites de lua cheia, mas o pior é sentir que algo violento e selvagem está aprisionado dentro de si, e ele nada pode fazer.
Em sua primeira noite como um lobisomem, não fazia ideia do que estava acontecendo, mas atraiu a atenção de Tito Agnelli, um senhor italiano também portador da licantropia, que lhe acolhera com carinho, sem se preocupar com a vida que Raul levava.
Tito entende tudo sobre sua maldição – como costuma chamar – e passa todo seu conhecimento para o jovem que lhe despertara a compaixão.

"O garoto sentiu uma súbita vontade de chorar. Engoliu o ímpeto imediatamente, acostumado pela vida nas ruas a nunca demonstrar fraqueza. Franziu mais as sobrancelhas.
– Como? – perguntou, sem saber exatamente o que queria ouvir.
Tito suspirou.
– Você foi contaminado, filho – sentenciou, sério. – Agora, é um lobisomem."

A partir daí Lobo de rua começa a se desenvolver ainda mais, e somos apresentados a esse universo fantástico que acontece dentro de nossa própria realidade. A narrativa de Jana é forte, detalhista e em alguns momentos até bem chocante.
Por ter essa característica de iniciação no mundo da Galeria Creta, o livro, em certos momentos, dá a impressão de ser uma grande apresentação, ou prólogo, para algo ainda maior. O que é definitivamente um ponto positivo, porque atiça a curiosidade e faz com que desejemos não apenas chegar ao final, mas ler o restante da série também.

Vamos aos personagens principais. Mesmo contando com poucas páginas, captamos a essência dos dois personagens que estão em foco nesse livro. Raul é apenas um jovem maltratado pela vida, com seus próprios traumas e inseguranças. Com uma personalidade quase arisca, o jovem desperta não só a piedade de Tito, como a do leitor também. É um personagem extremamente real em sua situação de vida, mesmo dentro de uma fantasia.
Tito Agnelli também possui um jeito meio calejado por se encontrar há anos na condição de lobisomem. Com ares um tanto paternais pelo jovem protagonista, o italiano cativa nosso carinho desde sua primeira aparição. Mesmo que as vezes seja um pouco explosivo, Tito transmite uma confiança, e força sem tamanho ao longo do enredo.
Coadjuvantes vão surgindo, e também nos deixam intrigados, querendo saber mais sobre a história. Como por exemplo, a cigana Soraia que chama atenção nos poucos momentos que aparece.

Lobo de rua é intenso, real dentro de sua fantasia, e muito cativante. Recomendo, e estou bem ansiosa para a continuação!

Mais resenham em:

site: http://universotacito.blogspot.com.br/
comentários(0)comente



Horroshow 13/02/2016

Resenha por Marina Borges (Blog Horrorshow)
Eu andava um pouco desanimada com livros nacionais depois de uma péssima experiência que contei aqui no blog, até que encontrei a Janaína e o livro Lobo de Rua em uma das maravilhosas avenidas dessa cidade imensa chamada Facebook. A moça é de Paulínia – SP, bem pertinho de casa, e estudou na UNICAMP, onde eu estudo, melhor universidade, óbvio. O curso dela você jamais adivinharia: Engenharia de Alimentos. Como engenheira não sei, mas como escritora está mais do que recomendada!

Lobo de Rua é, na verdade, um prólogo, uma introdução à história da Galeria Creta. Eu, pra variar, não sabia disso quando me interessei pelo livro, até porque adoro procurar algo sem saber absolutamente nada sobre a história. Raul é um jovem morador de rua que está passando por algumas mudanças muito desagradáveis em sua vida. Toda lua cheia ele descobre a maldição que o transforma em um lobisomem. Por conta das características dessa maldição bem peculiar, encontra Tito, um lobisomem bem mais velho do que ele, que o dá abrigo e algumas direções. Temos outros personagens, como Soraia, uma cigana com um olho de cada cor, e o Minotauro, dono da Galeria Creta. O que exatamente eles são? Infelizmente também não descobri ainda.

(... Continue lendo no link abaixo)

site: http://bloghorrorshow.blogspot.com.br/2015/12/lobo-de-rua-jana-p-bianchi.html
comentários(0)comente



Dudu 10/02/2016

Pena que acaba rápido
Fico muito feliz de ver como a fantasia nacional está bem servida.

O livro é ótimo e retrata muito bem como é a vida de um morador de rua em uma cidade grande. Nos faz refletir bastante sobre a vida de pessoas que não possuem nada, que vivem todos os dias sem perspectivas.

Tudo isso recheado com uma raça lendária: Lobisomens! Esse tipo de criatura aparentemente funciona muito bem na fantasia urbana, nunca li outros livros do gênero, mas me lembrei de quão bem funcionou no jogo The Wolf Among Us da Telltale. A escrita é maravilhosa e nos faz sentir as dores e aflições dos personagens.

O único defeito na minha opinião é que acaba rápido.

Por mais que eu entenda que a história que autora quis contar não precisasse de muito mais páginas do que o livro possui, gostaria de mais um tempinho nesse universo para conhecê-lo melhor. Que venham mais livros!
comentários(0)comente



Vilson 25/01/2016

Para além de luas cheias e balas de prata.
Sempre que preciso avaliar um livro, me vejo diante de um dilema: apreciar como teórico ou como diletante?

Isso faz muita diferença, pois o pomo de ouro da análise estética é justamente ser capaz de analisar objetivamente coisas que você não gosta (mas entende que são bem construídas) e apontar erros (ainda que doa) em coisas que você gosta; o segundo, por sua vez, é o leitor que mede uma narrativa com sua régua customizada: o gosto. O teórico avalia clinicamente; o diletante só quer se apaixonar por um livro. O primeiro precisa que o livro lhe proporcione um almoço de bom tamanho; o segundo exige uma noite de amor com luz de velas, pétalas de rosa e Marvin Gaye de trilha sonora.

Com Lobo de Rua, não passei por esse dilema. Me apaixonei pelo livro tão logo comecei a leitura, e ainda tenho dificuldade em encontrar nele problemas de formais ou temáticos. É talvez o livro mais "sabonete" que li em 2015. Melhor que isso: é um livro sobre lobisomens, que se passa em São Paulo e eu, que morro de medo de narrativas de terror e suspense e costumo não gostar de fantasia urbana, grudei obsessivamente nele.

Em Lobo de Rua, Janayna Pin nos apresenta um mundo profundamente sinestésico - cada textura e odor nos é descrito com riqueza de detalhes, e isso quase nunca é agradável, mas é satisfatório pra p*rra.

Neste mundo pitoresco, a licantropia é uma triste realidade, uma aflição, uma doença. Aqui, não podemos esperar por lobisomens completamente "alterizados" - nós os vemos, em sua forma humana, lamentando o que fazem quando se tornam monstros sob a influência da lua cheia: sim, eles se arrependem e tentam se controlar - o que não é possível.

Por outro lado, também não podemos esperar "monstros conscientes" aqui - ao contrário da opção de muitas narrativas de horror e ação mais recentes, os lobisomens descritos por Pin, tão logo estão transformados, são tomados pelo que há de mais básico em seus seres e se rendem por completo à fome e à libido. Nada pode parar seu avanço animalesco contra o que estiver em seu caminho.

Neste contexto, somos apresentados ao jovem morador de rua Raul (com um nome estranhamente onomatopaico) e ao italiano expatriado Tito, e só eles importam para esta análise. Não me entenda mal, outros personagens são apresentados, com destaque para o Minotauro, um ser mitológico que rege um submundo fantástico sob São Paulo - ele é uma mistura dos personagens interpretados por Tom Wilkison em Batman Begins (Chris Nolan, 2005) e Denzel Washington em Dia de Treinamento (Antoine Fuqua, 2001), sem contar a cabeça de bovino, evidentemente.

Entretanto, "carisma macho" à parte, dois terços do livro enfocam as interações entre o italiano e o menino, enquanto o primeiro tenta educar o segundo a respeito do que é ser um lobisomem - em suma, uma vida amaldiçoada e desprovida de romantismo, uma vida cujas dores psicológicas e físicas Pin descreve com muito detalhe clínico e nenhuma misericórdia. Sentimos, junto aos dois pobres diabos, o desconforto das mandíbulas em plena expansão e de um rabo brotando na base da espinha.

Aliás, falando em carisma macho, é curioso notar que a autora criou um universo extremamente masculino aqui. Há apenas duas personagens femininas, e embora ambas sejam motores tão essenciais para a trama quanto os demais, são nitidamente obscurecidas. O próprio Tito observa que ser lobisomem é uma condição irremediavelmente masculina, sem qualquer poesia ou romantismo. Com efeito, o mundo que a autora criou reflete isso duramente: um mundo de suor, acotovelamento no transporte público, feridas abertas e sanduíches de mortadela.

Mas nem tudo é presente em Lobo de Rua, e este é um de seus maiores trunfos. Pin estabelece uma história para além da história, brindando o leitor com migalhas de um suposto passado. Pelos olhos de Tito temos um suave vislumbre do que se passou em outras épocas deste, que é um mundo real, mas um tipo de real 2.0.

Problemas? Um só. Janayna Pin não é uma leitura fácil. A autora tem vocabulário e não poupa o leitor de descrições meticulosas. As descrições são tão meticulosas, na verdade, que em muitos momentos parecem saídas de um relatório médico/policial. Leitores que apreciem ação em colheradas fundas também encontrarão dificuldade com este livro de lobisomem - não há lutas ou perseguições. Trata-se, enfim, do drama de dois caras que sabem que são doentes e fazem o possível para enjaular sua doença, de forma que não venham a ferir ninguém. Se você não chorar ao fim dessa narrativa, me parece provável que você não seja capaz de chorar com muitos livros.

Quando digo que esses pontos são problemas, quero dizer que são problemas para certos tipos de leitores. Para mim, que aprecio narrativas de experiência, de ponto de vista e de busca de identidade, foi um belo de um banquete.

E, além do mais, lendo essa pérola, me senti indo mais uma vez a São Paulo, cidade que amo como só um paranaense interiorano e deslumbrado seria capaz de amar. Não tem como não gostar desse livro.
comentários(0)comente



Victor Burgos 23/01/2016

Uma História de Fantasia Urbana com Alma Brasileira
“Raul é um morador de rua que de repente se vê enlaçado pela maldição do lobisomem. Amedrontado, sem amigos e sem conhecimento do mal que há dentro de si, ele amarga sua dor nas ruas de São Paulo. Até que conhece Tito, um lobisomem mais experiente, que se compadece de sua condição e toma-o como seu protegido. Tito explica a Raul sobre a condição que aflige aos dois e fala do local onde podem “passar as horas de lobo sem perturbar nenhuma alma, além das nossas próprias”. Ele estava se referindo, é claro, à Galeria Creta.”

Escrito por Jana P. Bianchi e ilustrada por Renato Quirino, Lobo de Rua segue a história de Raul e Tito, duas pessoas muito diferentes unidas por uma maldição comum – a licantropia. A grande curiosidade desse livro é que ele busca inspiração no modelo de universo compartilhado popularizado pela Marvel no cinema. Essa é primeira parte de uma série literária que vai girar em torno da “Galeria Creta”, lugar onde seres sobrenaturais podem buscar refúgio dos perigos das metrópoles humanas.

A história começa quando o menino de rua Raul, às eminências de uma nova transformação, é encontrado pelo lobisomem veterano Tito, que decide ajudá-lo. A partir daí acompanhamos a jornada do jovem para entender a natureza de sua maldição, sua jornada até a galeria Creta e sua escolha definitiva sobre sua nova existência como licantropo. Raul pode até ser o protagonista nominal e o avatar do leitor, mas não se engane. Essa é a história de Tito. Ou melhor, de Tito e do mundo onde ele vive.

O submundo de Lobo de Rua não é um lugar amigável ou animado, e esse fato reverbera por toda narrativa. Não há nenhum propósito maior para os seres sobrenaturais, nenhuma grande guerra acontecendo debaixo do nariz das pessoas comuns e ninguém fica rico simplesmente por ser um monstro. Tudo que espera os frequentadores da Galeria é uma vida assustada de troca de favores, solidão e traições mesquinhas. O que é um verdadeiro bálsamo ante as incontáveis cópias de supernatural que povoam o subgênero. Pelo que foi possível ver até agora, a Galeria Creta promete ser um cenário interessante de fantasia urbana.

Todavia, o aspecto mais incomum dessa obra reside em seu lado humano. Os protagonistas da obra, Raul e Tito, são figuras comuns no dia a dia de qualquer cidade brasileira mas são praticamente inéditas na ficção especulativa. Quantas fantasias urbanas você já viu girar em torno de um jovem morador de rua e de um imigrante italiano? É exatamente desse tipo de inovação que a literatura fantástica nacional precisa para firmar a identidade própria.



Obviamente, Lobo de Rua tem seus defeitos. Há uma certa sobrecarga de explicações sobre o funcionamento da licantropia, especialmente no começo. No outro extremo do livro, a conclusão, apesar de ser emocionalmente satisfatória, dependeu de um personagem agir de uma forma muito dissonante do resto da narrativa. Todavia, o grande problema de Lobo de Rua é que às vezes ele passa a impressão de estar querendo contar outra história — ou antes, outras histórias. Esse é mais um ponto que esse livro tem em comum com alguns blockbusters da atualidade: a síndrome do universo cinemático. Uma doença terrível, que faz com que obras saiam prejudicadas em nome da criação de uma franquia. Quando não tratada, ela pode causar falhas de roteiro, repetições narrativas e até a morte — “O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro” que o diga.

Felizmente, Jana P. Biachi soube controlar essa mazela. A história de o lobo de rua não é prejudicada em nome das suas continuações. Ela é apenas interrompida em alguns momentos, como quando a visita de um casal à uma cartomante/vidente é descrita em detalhes ao invés de ser apenas abordada por cima.

Por fim, a licantropia em si poderia ter sido um pouco mais criativa. Apesar de bem descrita, ela cai em alguns lugares comuns como telepatia entre lobisomens e o ultrapassado conceito de “lobos alfa”. Todavia, a maldição tem um aspecto interessante: ela é uma doença sexualmente transmissível — tema também abordado pela… Eh… “excelente” serie cinematográfica “possuída”. Mas isso é mais uma questão de gosto do que um defeito propriamente dito.

Apesar dos defeitos pontuais, Lobo de Rua é uma boa obra de estreia, altamente indicada para os fãs de literatura fantástica nacional. Que venham mais histórias da Galeria Creta!

site: http://blogcinefilosreview.blogspot.com.br/
comentários(0)comente



Camila 09/01/2016

Leia!
[Resenha completa no blog The Nerd Bubble]
O foco da história é Raul, um recém-transformado lobisomem enfrentando a dura realidade de ser morador de rua e agora licantropo, o que já não é fácil por si só. A transformação é horrivelmente dolorosa e ainda pode te levar a comer coisas indigestas - tipo pessoas. Tito Agnelli, lobisomem experiente, se apieda da situação do guri, o acolhe e tenta ensinar-lhe o básico para lidar com essa nova realidade. Além dos ensinamentos, é Tito quem apresenta Raul à Galeria Creta, um local seguro para passar as noites de lua cheia (sem comer ninguém). Mas tudo tem um preço, é claro.

O que mais gostei em Lobo de Rua e na escrita da Jana é o realismo; sempre fui da opinião que a verossimilhança é o mais importante quando escrevemos fantasia - ou seja, não é porque a história tem magia ou zumbis que as leis da física devem ser ignoradas e os mortos-vivos possam andar pelo teto (a não ser que seja o zumbi do Homem-aranha, aí talvez). Enfim, em Lobo de Rua tudo é cruelmente plausível e real do começo ao fim (especialmente no fim). Aqui não há lugar pra contos de fadas - o sobrenatural existe e não é coisa de criança.

Além do realismo, Jana tem um estilo de escrita bonito, técnico sem ser enfadonho, bem-humorado e sombrio em medidas proporcionais e nos momentos adequados. Eu ri, me emocionei, chorei e me contorci um pouquinho com a dor dos personagens. E isso é um baita elogio!

Por falar em personagens, não há o que reclamar. Tito e Raul são ambos profundos e muito bem construídos. Isso é, a propósito, outro elogio à autora: não deve ser fácil escrever tão bem um menino de rua, sendo que essa é uma realidade que conhecemos (em geral) superficialmente. Sei que Jana pesquisou bastante para criar Raul e isso reflete na história - eu acreditei na dor e nas ações dele, em sua humanidade. Tito, ao contrário de Raul, é um cara vivido e bem mais velho do que parece. Imigrante italiano, ainda usa algumas palavras no idioma nativo (o que eu acho uma graça, pra ser honesta). Também é uma graça e muito tocante o que passa na cabeça dele ao se relacionar com o garoto, tão sofrido e tão sozinho. Os outros personagens - a cigana Soraia, Téo e sua amiga, e o Minotauro - são tão reais quanto os outros, apenas não recebem tanta atenção na novela, o que será sanado em A Galeria Creta, eu espero.

Tendo apenas 112 páginas, alguns poderiam duvidar que a história seja satisfatória. Pois não duvidem; Lobo de Rua cumpre muito bem seu papel de prequela, deixando "pontas soltas" para o próximo livro, mas consegue também "resolver os assuntos" da própria novela. Não posso falar mais nada para não arriscar dar spoilers, porque tu NÃO vais querer estragar a experiência, então vou deixar apenas minha recomendação: se tu gostas de fantasia urbana, faça um favor a ti mesmo e leia Lobo de Rua.

site: http://mynerdbubble.blogspot.com.br/2016/01/review-lobo-de-rua-jana-p-bianchi.html
comentários(0)comente



08/01/2016

Forte, pesado... isto é: ótimo!!
Raul e Tito conhecem um ao outro enquanto os conhecemos em um momento complicado. Desde então, nada de boas notícias...

A história em muitos momentos beira o grotesco, a autora em nenhum momento tenta poupar os leitores e isso foi uma das coisas que mais me prendeu. Sinto que estou lendo, não uma história amenizada, mas tudo pelo que os personagens estão passando, sem disfarces.
Se gosta de histórias que tragam sensações fortes, recomendo muito!
Curiosa sobre as próximas incursões pela Galeria Creta!
comentários(0)comente



Paula Bunny 09/12/2015

Pra ler e pedir por mais
Você já irá se envolver assim que reconhecer os cenários postos, nada de Nova Iorque ou qualquer cidade clichê, estamos falando de São Paulo.
Ótimo ritmo, intrigante e você só para quando acaba, sério, não dá pra ir no banheiro, beber água, ver what's..... Sem saber no que irá dar o encontro de um velho lobo com o pequeno lobo de rua.
Com gostinho de quero mais, posso dizer que é instigante esperar mais criaturas místicas num submundo pertinho de nós.
comentários(0)comente



Alexia Bittencourt 06/12/2015

Fantástico!!
Lobo de rua é uma novela de introdução à Galeria Creta, conta um dia da história de Raul, um menino duplamente miserável - miserável por viver nas ruas, sem casa, sem família, amor, amizade ou esperança, e novamente miserável por ter sido contaminado pela terrível maldição lupina - e de Tito, um lobisomem com mais de 1400 luas cheias, que se torna tutor do menino e tenta ajudá-lo em sua transformação e orientá-lo a respeito da maldição. A novela também faz uma breve menção a personagens que serão importantes na continuação dessa incrível história.

Se você gosta de histórias melosas e finais "felizes para sempre", essa história provavelmente não é para você, mas se, assim como eu, você prefere histórias com aroma metálico e sabor quente e salgado (roubei a expressão do prefácio do livro, créditos pra Paola Siviero), você definitivamente tem que ler esse livro.

Sou grande fã da fantasia e o que mais gosto na literatura fantástica é quando as histórias são abordadas com o devido realismo (Como assim? Nas guerras as pessoas morrem, na vida acontecem coisas boas e coisas ruins, as pessoas nunca são 100% boas nem 100% más). O que eu mais gostei nesse livro foi exatamente isso, e que habilidade da Janayna para transformar toda a mitologia a respeito dos lobisomens enquanto conta o cotidiano de um menino nas ruas de São Paulo.

As descrições dos sintomas e das transformações são extremamente bem feitas e detalhadas, mas não se engane achando que é aquele tipo de detalhamento que torna a leitura maçante, muito pelo contrário, faz você se sentir dentro da cena, vendo tudo aquilo acontecer. A narrativa é caprichosa e a linguagem é simples e atual, tornando a leitura prazerosa.

Os personagens são bem construídos e nas poucas páginas o livro consegue abordar a chocante realidade das ruas e a esperança das pequenas boas ações transformando isso em uma mistura homogênea, tudo com um leve toque de humor.

"- Quer dizer, hoje sai exatamente à uma da manhã - corrigiu-se, em um sussurro, enquanto avançavam pelo corredor.
- Por quê? - perguntou Raul, apressando o passo para acompanhar a caminhada vigorosa de Tito em direção à rua.
(...)
- Ora. - Deu um sorriso. - Porque maldição de lobo não segue horário de verão."

E quanto aos defeitos?
Na minha opinião só teve um (pequeno), o uso excessivo de explicações de quem disse o que e o que estava fazendo ou pensando nesse momento. Não é uma coisa absurda, tanto que na primeira leitura eu estava tão cativada pela história que nem percebi, mas se existe algo que poderia ser melhor, na minha opinião, seria isso, os diálogos poderiam ser mais diretos.
comentários(0)comente



Mila 12/11/2015

Excelente nacional
A autora tem um texto muito bom, que flui com facilidade, dando agilidade e qualidade à história.
Vi que a essa publicação seguirão outras, que certamente lerei, pois gostei bastante da narrativa.
Não sou super fã do mundo lupino e confesso que fiquei surpresa com o interesse que mantive na história até o fim do livro. Nada cliché, texto bem construído, idéias bem alinhavadas. Enfim, o livro é curtinho , bom e vale a leitura.
comentários(0)comente



Rodrigo.Assis 29/10/2015

Terror urbano envolvente
É uma história de apresentação de mundo bem construída e envolvente. Parte se passa na São Paulo que conhecemos, parte num submundo literal e sobrenatural chamado Galeria Creta, onde reina um Minotauro. Os personagens são cativantes e bem delineados, com diálogos bem escritos. Após introduzir o universo, deixa várias portas abertas, aguçando a vontade do leitor de conhecê-lo melhor. Certamente pede pelas continuações. Recomendo!

site: www.grifonegro.com.br
comentários(0)comente



thiagolee 23/09/2015

Muito bem escrito
Lobisomens, vampiros e afins são temas recorrentes na literatura mundial, então é de se esperar que muitos ignorem "mais um" livro sobre o tema. Entretanto, não dar uma chance a Lobo de Rua é perder uma grande oportunidade.

O livro conta a história de Raul, garoto de rua que se torna enfermo de licantropia. Aqui, ser um lobisomem é uma disfunção, uma mazela, uma enfermidade, bem diferente dos lobisomens romantizados e super-poderosos que vemos por aí. O relato de Janayna é brutal e visceral ao nos levar ao submundo de São Paulo, onde habitam criaturas horrendas.

Ah, e se não bastasse, a escrita dela é excelente. Muito acima da média dos escritores independentes nacionais que já li.
Gerson Donizete 30/09/2015minha estante
Sou muito econômico com as palavras; então irei direto ao ponto: GOSTEI. Livro sem muitas pretensões no que se refere ao rebuscamento; só não gosto da ideia de que ainda vou ter que esperar para ver os livros que virão por aí; digo "livros", porque há personagens muito densos e fortes a serem explorados, ou seja excetuando Raul, que se foi (será?) todos os outros são possibilidades incríveis de desenvolvimento.
Janaína, se o que você queria era chamar a atenção, seguramente você conseguiu; agora cabe a você atender as expectativas; e, aqui para nós, as minhas não são poucas.
Parabéns.




ByM 21/09/2015

Uma surpresa agradável
Eu sempre gostei do mito do Lobisomem. E quão grande foi a surpresa em ler este exemplar, que dá uma atualizada no mito, usando São Paulo e o problema dos meninos de rua como cenário. As ilustrações também refletem o clima urbano do livro, que apresenta um mundo sobrenatural bastante interessante, com ótimos personagens e surpresas.

Ansioso por mais histórias nesse universo.
comentários(0)comente



83 encontrados | exibindo 61 a 76
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR