Alan kleber 08/09/2022
"Escrevo este livro em prol da liberdade e da tolerância."
Um dia me disseram que eu era inferior por ser judia, mas eu nunca acreditei nisso. Assim como fizeram com os judeus, os nazistas impuseram sua superioridade sobre diferentes grupos, como ciganos, homossexuais, deficientes físicos e outras minorias que eles acreditavam não se comparar à sua pureza racial. Nunca acreditei na superioridade de nenhum ser humano diante do outro, pois, tirando os aspectos culturais e de vida, temos todos a mesma essência. E é por isso que não quero que ninguém se considere inferior, para que nunca tenha que se submeter ao desejo de poder do outro, para que nunca perca sua liberdade.
Infelizmente, apesar de gritarmos constantemente ?nunca mais?, a história do homem se dá até hoje pelas guerras ? guerras sem justificativa, nas quais se esquece o valor da vida. E é por isso que o Holocausto é um acontecimento tão atual, que deve ser lembrado eternamente.
Já faz mais de setenta anos desde que fui libertada de Bergen-Belsen e pude deixar aquele campo de horror e, no entanto, lembro tudo que eu sofri naquela prisão como se fosse hoje. Para que essas experiências não aconteçam com mais ninguém, deixo a minha história registrada para o mundo. Espero que todos os jovens e todas as pessoas possam desfrutar de uma vida feliz, sempre exercitando a tolerância e o respeito ao outro.
Com este relato, quero dar voz àqueles que não mais a possuem para contar suas histórias de sofrimento.
Espero que, contando a minha trajetória nessas páginas, contribua para que o mundo não se esqueça do que aconteceu nesse período nefasto da história, e que toda a humanidade perceba que a coexistência é essencial para uma vida feliz e para o desenvolvimento da humanidade. Na Segunda Guerra Mundial fui eu, assim como tantos outros judeus, quem sofreu e, caso não seja tirada uma lição disso tudo, amanhã outras pessoas serão vítimas novamente. Eu não posso permitir que isso aconteça e por isso escrevo minha história em nome de todos aqueles que tiveram suas vozes caladas, incluindo meus pais e meu irmão.