O Menino Que Veio para Ficar

O Menino Que Veio para Ficar Ganymédes José




Resenhas - O Menino Que Veio para Ficar


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Vanessa Meiser 28/08/2014

balaiodelivros.blogspot.com.br
Este livrinho é uma fofura só, apesar de tratar de um tema sério e que não mudou praticamente nada com o passar do tempo, considerando que foi lançado no ano de 1977. Possui apenas 107 páginas e pode ser lido em 1 horinha ou até menos dependendo do seu ritmo de leitura.

Em "O Menino que veio para ficar" temos a emocionante história de Zé Pedro, um garoto que vive com a mãe num lugar pobre e medíocre, um cômodo no fim da rua, uma antiga garagem com banheiro pra fora. A mãe é uma mulher maltratada pela vida e que demonstra não ter nenhum amor pelo filho, por vezes ela chega mesmo a admitir que ele não foi desejado e que mesmo hoje, depois de crescido, ainda não é.

"- Preciso dar um jeito em você... - e a voz soou grave, ameaçadora. - Eu não posso mais com a sua vida...Mas tem gente que é capaz de te curar...Eu já sei o que vou fazer com você..."

Depois de um episódio em que Zé Pedro e um amigo roubam umas fitas cassete numa loja, o menino chega em casa e descobre que a mãe está arrumando as coisas dos dois para irem embora, ela não diz para onde, só fala que cansou daquele lugar horrível e sem futuro e que precisa procurar um lugar melhor para viver. Sendo assim, ela arrasta Zé Pedro com ela, porém, o que ele não esperava acaba por acontecer, a mãe o abandonou numa igreja numa cidade desconhecida e assustadoramente grande.

Zé Pedro vai parar num abrigo para crianças órfãs e de rua. Este abrigo é coordenando há vários anos por um casal que gosta de ser chamado de ‘pai e mãe’ pelas 300 crianças que moram no local. Zé Pedro custa a entender que esta é uma casa que abriga, educa e alimenta as crianças, está muito desconfiado que veio parar numa casa de correção devido ao roubo das fitas, tanto que ele só pensa em fugir e vive maquinando planos para a sua fuga que acaba nunca acontecendo. Aos poucos ele vai percebendo que na verdade deu foi é sorte na vida e que tem finalmente a oportunidade de conviver com pessoas boas e que têm muito a lhe ensinar.

O que mais me chamou a atenção no livro foi que mesmo após 37 anos da sua publicação, a realidade não mudou. Quantas crianças são abandonadas pelos pais à mercê de sua própria sorte, muitas vezes até em idades bem inferiores à de Zé Pedro que já era um menino de 13 anos. A pobreza da população não diminuiu, ao contrário, ela só aumentou e cada vez mais vem se alastrando.

Existem muitos ‘Zé Pedros’ por aí, mas poucos têm a sorte e oportunidade que o nosso personagem teve! Recomendo este livro a todos que gostam de uma leitura jovem, leve e descompromissada e que possui uma belíssima imagem de perseverança e integridade.
Joselma.Nascimento 31/03/2015minha estante
Bom dia!!! Como faço para ler esse livro? Obrigada!


Dálkia Andréia 19/06/2015minha estante
Ola
Então, provavelmente vc vai encontra-lo no sebo...é muito fofo...eu emprestei o meu e não me devolveram..snifff




Gabriela 08/02/2012

Emocionante e nos faz pensar sobre as relações humanas de convivência.
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Dálkia Andréia 16/02/2010


Zé Pedro é um menino sofrido, surrado -- um moleque. Sua história resume a de outras crianças espalhadas por esses brasis. Do abandono até a acolhida no orfanato, nasceu seu conhecimento pela vida: o significado dos fatos, o trato com as outras pessoas, o companheirismo... Enfim, o menino-moleque passa a ser o menino-irmão.


TRECHO DO LIVRO

"__ Ei, você não tem cigarro?
O menino olhou para trás, pensando que Zé Pedro estivesse falando com outra pessoa. Mas era com ele mesmo.
__ Não. Aqui, ninguém fuma.
__ Por quê?
__ Porque o fumo e a bebida são vícios que fazem mal.
__ E não acho! -- rebateu Zé Pedro.
__ Você pode não achar, dá na mesma. A Mãe não quer que a gente fume, e ninguém fuma.
__ Nem escondido?
__ Pior. Se eles descobrem, aí vem castigo.
Zé Pedro encerrou o assunto, mas sem passar a vontade de dar uma fumada. E como não encontrasse cigar-ros, começou a parafusar, até que teve a brilhante idéia:
__ Visitas!
A partir daquela lembrança, fiou na marcação. Naquela tarde, por azar, não apareceu ninguém. Mas, na hora do almoço do dia seguinte, chegou um carro azul com duas moças, um homem e um velho. Zé Pedro firmou a vista e percebeu que as moças estavam fumando. Depois que elas apearam, ele ficou vigiando cada movimento delas. E foi seguindo o grupo para aguardar a oportunidade.
Quando uma delas atirou o cigarro, Zé Pedro ficou espiando a fumacinha subindo em caracóis. A fumacinha convidava, convidava...
Assim que o grupo se afastou, com uma corrida Zé Pedro apanhou o toco, enfiou no bolso e, com cara de santo afastou-se. Desse jeito, ele conseguiu recolher três belíssimos tocos. Mas, no quarto, aconteceu um incidente: assim que ele ia-se abaixando para apanhá-lo, dona Maria e a Cida se aproximaram. Então, para disfarçar, Zé Pedro pôs o pé em cima e cruzou os braços.
Dona Maria e a Cida se enconstram na parede. A conversa não tinha fim! Será que elas iriam ficar a tarde inteira naquele papo?
Como as duas não se desgrudavam, ele teve uma idéia genial: começou a caminhar, arrastando o toco debaixo do pé. Aquilo fez com que dona Maria estranhasse:
__ Que foi, Zé Pedro? Está doente?
__ Não senhora. Estou brincando de saci-pererê que quebrou a outra perna... Não posso?
__ Claro que pode, a perna é sua!
As mulheres entraram na cozinha e ele aproveitou-se para apanhar o quarto toco que enfiou no bolso. Justamente quando o Pai apareceu!
Zé Pedro começou a assobiar. Disfarçava tanto que até deu na vista. O Pai ficou olhando para ele. Quando mais o Pai olhava, mais Zé Pedro sentia o rosto pegando fogo. A coisa piorou quando começou a sentir um ardume na perna. Ardume forte, doído, queimando... o maldito toco deveria estar queimando uma brasinha! E o Pai olhando que olhando!
De repente, Zé Pedro deu um berro, esfregou a perna e saiu correndo.
Foi esconder-se debaixo do chuchuzeiro, onde revirou os bolsos. Na perna, tinha uma pequena mancha vermelha onde ele passou cuspe. Depois, começou a desmanchar os tocos para aproveitar o fumo. Com jornal, enrolou o cigarro que acendeu com fósforo roubado da cozinha.
Puxou a tragada. Fazia tempo que não sentia a fumaça gostosa descendo pela garganta...
Zé Pedro fumou até o finzinho. Depois, foi trabalhar pois já estava atrasado.
Lá pelas quatro, o caminhão subiu, manobrou e entrou no terreiro da tulha de arroz.
Zé Pedro estava varrendo, quando o Chicão apeou. Depois de endireitar o chapéu, o Chicão foi conferir o serviço. Mas, ao passar perto de Zé Pedro, o Chicão parou:
__ Zé Pedro...
__ Que é?
__ Você fumou.
O coração de Zé Pedro deu um salto.
__ Fumei nada!
__ Fumou que eu estou sentindo o cheiro!
__ Mentira! -- defendeu-se o menino, ficando vermelho de raiva.
__ Para que você está mentindo, Zé Pedro? Eu estou sentindo o cheiro!
O medo e o ódio havia transformado a expressão de Zé Pedro. De repente, para ele, o Chicão transformava-se em um perigoso inimigo.
__ Está bem, eu fumei mesmo e está acabado -- desafiou. -- O que você tem com isso?
__ É que nem a Mãe e nem o Pai querem que as crianças fumem. O fumo e a bebida são vícios maus...
__ Eles não são os meus pais! Só se são os seus. Eles não têm nada com isso e nem você! E eu fumo o quanto eu quero!
Chicão ficou espantado porque estava longe de imaginar que aquele pirralho pudesse ficar tão agressivo.
__ Ei, calma, Zé Pedro! Não precisa "dar essa bronca"! Ninguém quer brigar com você, essa é boa! Eu só estou dizendo, aqui, ninguém pode fumar!
Zé Pedro cuspiu e ergueu os punhos. Estava cego de indignação.
__ Ninguém manda em mim! Ninguém manda em mim! Ninguém manda em mim! -- gritava com toda a força.
__ Ei, calma, menino!
__ Menino é a tua avó! Você pensa que eu não sei que todos estão me vigiando, é? Pode ir contar pra ela que eu fumei! Pode, pode, eu não tenho um pingo de medo! Vai correndo contar, linguarudo, vai, vai, vai!
__ Que bobagem é essa que você está falando?
Zé Pedro estava fora de si, parecia maluco, dizia frases sem sentido, o rosto tinha uma expressão feroz, os olhos esbugalhavam, e ele se babava todo. Impressionado com aquela reação, Chicão tentou segurar o menino que, mais louco de ódio, começou a desferir sopapos pelo ar. Um deles acerto direto no olho esquerdo do Chicão que, perdendo a paciência, aplicou-lhe tamanha bolachada na orelha, que Zé Pedro voou a uns dois metros de distância.
Chicão bufava, indignado.
__ Se você se atrever a me encostar a mão de novo, seu porcaria... eu lhe parto a cara! Ouviu bem?
Zé Pedro continuou sentando, encolhido, assustado, até que, dando meia-volta, o Chicão afastou-se.
Com as orelhas queimando de raiva e de dor, Zé Pedro continuou sentado à espera que a tontura passasse, pois o tabefe havia sido para valer.
__ Você me paga, bandido! -- prometeu, controlando as lágrimas. -- Você me paga, porque eu vou me vingar! Cachorro! Porco! Bandido! Assassino! Vagabundo!"

vale a pena ler, com certeza

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