ioro 13/07/2013
Através do espelho
O livro “O espelho dos nomes” me deixou encantado, ou seja encantado por le-lo, enfeitiçado pela sua trama e preso num canto por ter de escrever essa resenha. Esse é um exemplo do jogo de palavras e dos trocadilhos que o autor (Marcos Bagno) faz ao longo do desenrolar da trama. O livro começa de um modo um tanto quanto estranho, sem apresentar direito quem é, onde está, ou porque está o personagem principal, cujo nome de início é Gabriel (de início porque seu nome tem uma particularidade que vou mostrar mais a frente). O menino está preso numa sala escura, sem que o leitor saiba exatamente porque ou como ele chegou lá, quando chega a outra sala extremamente iluminada onde resolve uma charada e consegue um livro que, surpresa! Ele fala! (como aliás a maioria das coisas qua não deveriam falar deste livro) O livro é extremamente importante para a história e tem um ótimo senso de humor que me fez rir bastante durante a leitura.
O ponto principal do livro na minha opnião é o jogo de palavras e trocadilhos como neste trecho: “Como você ousa... como você se atreve... como você tem a petulância, o topete, a desfaçatez de dizer que estou inventando? Eu não invento nada, está ouvindo? Não invento, nem inchuva, nem intempestade! Peça dez culpas!
Des...culpe... – gagueja Rafael
O que é que você pensa que está fazendo?!! – urra o livro
Pedindo desculpas...
Então peça!!! - grita Tomenota
Desculpe...
Mas não fois isso que eu te disse para pedir!!! troveja o livro, […]
O que é que você quer afinal que eu diga?
Diga: “peço dez culpas”... – ensina Tomenota”
Como podemos ver neste trecho o autor brinca com a palavra invento, dizendo invento, inchuva e intempestade e com a palavra desculpas que na verdade era dez culpas. Esse tipo de trocadilho com a sonoridade da palavra aparece tambem em:
“Ali se faz.
Alice? Que Alice?”
os trocadilhos do livro são de tres tipos: os de sonoridade (ali se faz), os de escrita (inchuva) e os de significado (gatilho = um gato pequeno?). Durante o livro o autor vai fazendo pequenos comentário e conversando com o leitor, suas falas estão sempre entre parênteses em itálico:
“Responde o livrinhoto, que é mesmo muito descarado e desbocado (talvez porque não tenha cara nem boca).” Ou então “Responde Gabriel (que é muito menos bobo que você... que você está pensando quero dizer).”. O livro também tem ótimas piadas como: “ abre o livrusculo com a ponta do dedo. Mas a primeira página está em branco. Como, aliás, a segunda. Por sinal, a terceira também. Não que na quarta tenha algo escrito, nem muito menos na quinta. A sexta por sua vez é de uma brancura exemplar, superada talvez somente pela alvura muito alva da sétima.”
No meio de todo esse clima de risos o menino recebe uma missão que só lendo para saber e enquanto isso se passa o autor vai ensinando muitas lições para refletir ao leitor até que abruptamente a história sofre uma reviravolta e... PAM! O final é simplesmente ímprevisivel. O fim me entristeceu pois senti que a história, a aventura ficou como que incompleta por um motivo que se eu contar estraga a história, mas posso dizer que você entende toda a maluquice do livro no final. Como eu fiquei de dizer o porque do título ser o espelho dos nomes, o motivo é que a cada capítulo o nome do menino muda a cada capítulo, sempre terminando em el (Rafael, Ezequiel, Ismael, Gabriel, Ariel etc), tudo isso porque o menino não gosta do seu verdadeiro nome que também termina em el mas só lendo o último capítulo para descobri-lo, no penúltimo capítulo aparecem todos os nomes do menino de uma vez (menos Isabel que foi o nome que ele ganhou quando virou menina na sala dos espelhos, como, mais uma vez só lendo). No geral recomendo o livro para quem gostar de trocadilhos e piadas e aventura e enigmas (além da falação do livrinhoto, Tomenota,)