Rafael 03/04/2023
Um dos maiores desastres navais em água, carvão e jornalismo
Larson constrói as correntezas da última viagem de um dos maiores transatlânticos que já existiu da mesma forma que constrói a história aqui nos apresentada. Com uma profundidade tensa e pessimista, nos deixando cada vez mais ancorados a sua escrita cautelosa, didática e histórica.
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100 anos após o bombardeio que afundou um dos maiores transatlânticos da história, Erik Larson publica a Última Viagem do Lusitania, tanto para resgatar as histórias de seus tripulantes (dos sobreviventes e dos não sobreviventes), mas também para dar enfoque no peso que está ação marítima teve no desenrolar da primeira guerra mundial.
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Deve ter ficado claro já que, o que temos aqui é um livro de não-ficção, que constrói através de relatos e diários de sobreviventes tudo sobre a última viagem do Lusitania, recontando histórias reais de personagens reais com uma crueza e elegância narrativa arrebatadora.
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Larson dança entre as diferentes perspectivas de suas múltiplas personagens, de uma forma consistente, não deixando que fiquemos muito tempo sem saber de uma personagem que lemos a um certo ponto atrás, mas falha em fazer com que nos importemos com suas tramas secundárias, fazendo com que o reaparecimento de certas personagens tragam dúvidas sobre se já conhecemos tal pessoa antes ou não, simplesmente por não termos tido tempo o suficiente em sua perspectiva, uma vez que diversas personagens diferentes são apresentadas no núcleo do navio.
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Já o grande ponto forte é a ambientação. Sentimos o peso da viagem, sentimos o peso e a tensão da guerra. Somos impactados pelo medo e a esperança de suas personagens da mesma forma que somos impactados quando o torpedo destrói o casco.
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A escrita é brilhante, imersiva e está nos quatro principais lados da história ao mesmo tempo, em um jogo de perspectivas e pontos de vista que faz com que a história seja fluída, interessante e viciante, mesmo que não entendamos nada sobre navios ou mesmo sobre a guerra.
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A guerra não é o destaque aqui, mas sim o pano de fundo, dando espaço assim para o desenrolar de estratagemas políticos e romances dispendiosos, englobados por uma ótica histórica, que não só nos ajuda a entender mais a fundo tanto a seriedade e profundidade do conflito armado, como também constrói e destrói o senso de humanidade da época de forma didática, para aqueles que nunca tinham ouvido falar do Lusitania, e de forma brutal para aqueles que conheciam.
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