Marker 28/02/2017O texto de Valter Hugo é sempre muito especial por ter uma compreensão tão delicada e tão viva do mundo e das pessoas que o habitam que se torna um gênero textual muito específico, uma prosa poética que parece dizer respeito somente a ele. No entanto, os textos compilados neste volume de contos, ainda que muito singelos, parecem sofrer todos do mesmo esforço de parecer muito mais belos, e rebuscados, e requintados do que o necessário. Não parece o Valter de Desumanização ou Mil Homens, que brincava com as palavras e as fazia suas, mas sim um Valter que se debate com elas e tenta dominá-las à força. São textos bonitos sobre cães, lobos, e infâncias de várias idades, mas certamente não é o melhor momento dele.