Duas narrativas fantásticas

Duas narrativas fantásticas Fiódor Dostoiévski




Resenhas - Duas Narrativas Fantásticas


296 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Alane.Sthefany 23/03/2022

Duas Narrativas Fantásticas - Fiódor Dostoiévski
A Dócil

É uma novela escrita por Fiódor Dostoiévski, em 1876, que conta a história do envolvimento amoroso do dono de uma casa de penhores, um homem mais velho (considerado um ser mal), com uma adolescente de 16 anos (que é apresentada por ele - narrador personagem - como uma mulher dócil), com quem se casa, e que no final acaba culminando em uma tragédia.

Apesar de apresentar diálogos entre os protagonistas, a narrativa é basicamente em primeira pessoa, descrevendo os pensamentos e sentimos conturbados do protagonista sobre seu relacionamento com essa jovem.

?

O Sonho de Um Homem Ridículo

É um conto do escritor russo Fiódor Dostoiévski de 1877. É dividido em cinco partes, também é contado por um narrador-protagonista, que teve uma revelação através de um sonho utópico. Ele relata suas experiências a partir do momento em que conclui que não há mais nada para viver, que ele é indiferente a tudo que acontece, e que possa vir acontecer, e também a todos. Ele decide portanto, cometer suicídio, e se tornar um nada. No entanto, um encontro inesperado com uma criança o faz mudar de ideia.

[...]

Foi meu primeiro contato com Fiódor Dostoiévski, e eu amei. No primeiro (A Dócil), eu achei o início um pouco arrastado, não estava entendendo muito, devido os personagens não serem apresentados por nomes (são omitidos dentro da história), no entanto, através de pronomes pessoais a todo momento (como: ela, eu ...), mas logo peguei o ritmo da leitura e me habituei. Muito bem escrito. Entretanto, o que me prendeu foi o segundo.

Eu amei o segundo livro (O Sonho de Um Homem Ridículo), tanto, que eu já estou terminando de ler em outra edição (da Antofágica) do mesmo.

Fiódor Dostoiévski tem uma mente brilhante, escritor sensacional, com certeza lerei mais obras dele ???

Trechos Preferidos ???

1. A Dócil - Fiódor Dostoiévski

[...] eu sou uma parte daquela parte do todo que quer fazer o mal, mas cria o bem...?

.
Nós somos malditos, a vida dos homens é maldita em geral! (A minha, em particular!)
.
A docilidade, porém, atrapalhava. Quando uma criatura dessas se revolta, ainda que passe dos limites, é sempre evidente que ela só está violentando a si mesma, instigando-se a si mesma, e que ela é a primeira a não conseguir lidar com a sua pureza e a sua vergonha. É por isso que essas criaturas às vezes excedem a tal ponto a medida que você não acredita no seu próprio senso de observação. Já uma alma habituada à perversão, ao contrário, sempre vai abrandar, vai fazer sujeira pior, mas mantendo as aparências da ordem e do decoro, cuja pretensão é levar vantagem sobre os senhores.
.
Ao suportar o revólver, eu tinha me vingado de todo o meu passado sombrio. E, ainda que ninguém tenha ficado sabendo daquilo, ela porém ficou sabendo, e isso era tudo para mim, porque ela mesma era tudo para mim, toda a esperança do meu futuro que eu sonhava nos meus sonhos! Ela era a única pessoa que eu estava preparando para mim, já nem precisava de outra?e eis que ela ficou sabendo de tudo; ela ficou sabendo pelo menos que tinha se precipitado injustamente em se unir aos meus inimigos.
.
O pêndulo bate insensível, repugnante.
Duas horas da madrugada. As suas botinhas estão junto da cama, como que esperando por ela... Não, é sério, quando amanhã a levarem embora, o que é que vai ser de mim?

[...]

2. O Sonho de Um Homem Ridículo
(Quase o livro inteiro)

Senti de repente que para mim dava no mesmo que existisse um mundo
ou que nada houvesse em lugar nenhum. Passei a perceber e a sentir com todo o
meu ser que diante de mim não havia nada. No começo me parecia sempre que,
em compensação, tinha havido muita coisa antes, mas depois intuí que antes
também não tinha havido nada, apenas parecia haver, não sei por quê. Pouco a
pouco me convenci de que também não vai haver nada jamais. Então de repente
parei de me zangar com as pessoas e passei a quase nem notá-las.
[...]
Naquele dia eu quase não almoçara, e desde o começo da
noite estivera na casa de um engenheiro, que recebia mais dois amigos. Eu não
abri a boca o tempo todo, e pelo jeito eles se aborreceram comigo. Conversavam
sobre algo polêmico, e de repente até se inflamaram. Mas para eles tudo era
indiferente, eu via isso, e se acaloravam à toa. De repente desabafei-lhes isso mesmo: ?Ora, senhores, para vós tanto faz?. Não levaram a mal, apenas
começaram a rir de mim. É que falei sem nenhuma censura, e só porque para
mim tudo era indiferente. Viram mesmo que para mim tudo era iidiferente e se
alegraram muito.

.
Me irritei em consequência da conclusão de que, se eu já tinha decidido
que nessa mesma noite me mataria, então, por isso, tudo no mundo, agora mais
do que nunca, deveria me ser indiferente. Por que é que eu fui sentir de repente
que nem tudo me era indiferente, e que eu tinha pena da menina?
(...)
Parecia-me evidente que, se eu sou um homem e ainda não um nada, e enquanto
não me transformei num nada, então estou vivo, e consequentemente posso
sofrer, me zangar ou sentir vergonha pelos meus atos. Que seja. Mas se eu vou
me matar, por exemplo, daqui a duas horas, então o que é que me importa a
menina e o que é que tenho a ver com a vergonha e com o resto do mundo? Eu
me transformo em nada, num nada absoluto. E será que a consciência de que
nesse instante eu vou deixar de existir completamente, e que portanto nada mais
vai existir também, não poderia ter a mínima influência nem no sentimento de
pena pela menina, nem no sentimento de vergonha depois da baixeza cometida?
(...)
Parecia-me evidente que a vida e o mundo agora
como que dependiam de mim. Podia-se até dizer que o mundo agora como que
tinha sido feito só para mim: dou-me um tiro e não há mais mundo, pelo menos
para mim. Sem falar ainda de que, talvez, não vá haver realmente nada mais para
ninguém depois de mim, e todo o mundo, assim que se extinguir a minha
consciência, vai se extinguir no mesmo instante, como um fantasma, como um atributo apenas da minha consciência, e, porque vão sumir, talvez, todo esse
mundo e toda essa gente ? só eu é que existo.
(...)
Ocorreu-me de repente a estranha consideração de que, se eu vivesse antes na lua, ou em Marte, e lá cometesse o ato mais canalha e mais desonesto que se possa imaginar, e lá fosse achincalhado
e desonrado como só se pode sentir e imaginar às vezes dormindo, num
pesadelo, e se, vindo parar depois na terra, eu continuasse a ter consciência do
que cometi no outro planeta e, além disso, soubesse que nunca mais, de jeito
nenhum, voltaria para lá, então, olhando a lua da terra?tudo me seria
indiferente ou não? Sentiria vergonha por aquele ato ou não?
(...)
Às vezes vejo o meu irmão em sonho: ele toma parte nos
meus negócios, estamos bastante compenetrados, e no entanto, ao longo de todo
o sonho, sei e lembro muito bem que o meu irmão está morto e enterrado. Como
é que não me espanto com o fato de que, embora esteja morto, mesmo assim ele
está aqui ao meu lado e se atarefa junto comigo? Por que o meu juízo admite
tudo isso?
(...)
Eles agora caçoam de mim dizendo que isso,
afinal, foi só um sonho. Mas por acaso não dá no mesmo, seja isso um sonho ou
não, já que esse sonho me anunciou a Verdade? Pois, se você uma vez conhece a
verdade e a enxerga, então sabe que ela é a verdade e que não há outra e nem
pode haver, esteja você dormindo ou vivendo. Ora, que seja um sonho, que seja,
mas essa vida que vocês tanto exaltam, eu queria extingui-la com o suicídio, e o
meu sonho, o meu sonho?ah, ele me anunciou uma vida nova, grandiosa,
regenerada e forte!
(...)
Nos sonhos, vocês às vezes despencam das alturas, ou alguém os corta, ou
lhes bate, mas vocês nunca sentem dor, a não ser que vocês mesmos de algum
modo se machuquem de verdade na cama, aí sim vão sentir dor e quase sempre
acordar por causa dela.
(...)
Estou
morto, completamente morto, sei disso e não duvido, não enxergo e não me
movo, e no entanto sinto e raciocino. Mas logo me conformo com isso e, como
de hábito nos sonhos, aceito a realidade sem discussão.
(...)
Eu jazia e, estranho -, nada esperava, aceitando sem discussão que um morto
nada tem a esperar.
(...)
Esperava o não-ser absoluto, e por isso
dei um tiro no coração. E eis que estou nos braços de uma criatura, não humana,
é claro, mas que é, existe: ?Ah, então há também uma vida além-túmulo!?

.
Sabia que há nos espaços celestes certas estrelas cujos raios só alcançam a terra
depois de milhares e milhões de anos.

.
Um
sentimento doce, invocatório, começou em êxtase a ressoar na minha alma: a
força motriz do universo, desse mesmo universo que me deu à luz, pulsou no
meu coração e o ressuscitou, e eu pude sentir a vida, a vida de antes, pela
primeira vez desde a minha sepultura.
(...)
Serão possíveis tais repetições no universo, será possível que seja assim a
lei da natureza?... E se lá está a terra, será possível que ela seja igual à nossa...
exatamente igual, desgraçada, pobre, mas preciosa e para sempre amada, que
gerou, até nos seus filhos mais ingratos, o mesmo torturante amor por si, como a
nossa?
(...) de repente
o sentimento estranho de uma espécie de ciúme grande, sagrado, inflamou-se no
meu coração: ?Como é possível semelhante repetição, e para quê? Eu amo, eu só
posso amar aquela terra que eu deixei, onde ficaram os respingos do meu
sangue, quando eu, ingrato, com um tiro no meu coração, extingui a minha vida.
Mas jamais, jamais deixei de amar aquela terra, e mesmo naquela noite, ao me
separar dela, talvez a amasse com mais tormento do que nunca. Existe tormento
nessa nova terra? Na nossa terra não podemos amar de verdade senão com o
tormento e só pelo tormento! De outro modo não sabemos amar e não
conhecemos amor diferente. Eu quero o tormento para poder amar. Eu tenho
desejo, eu tenho sede, neste exato instante, de beijar, banhado em lágrimas,
somente aquela terra que deixei, e não quero, não admito a vida em nenhuma
outra!...?.
(...)
Ah, tudo era
exatamente como na nossa terra, mas parecia que por toda a parte rebrilhava uma
espécie de festa e um triunfo grandioso, santo, enfim alcançado.
(...)
E, finalmente, eu vi e conheci os habitantes dessa terra
feliz. Eles mesmos se aproximaram de mim, me rodearam, me beijaram. Filhos
do sol, filhos do seu próprio sol?ah, como eles eram belos! Eu nunca tinha visto
na nossa terra tanta beleza no homem. Só nas nossas crianças, nos seus mais
tenros anos de vida, é que talvez se pudesse achar um reflexo, embora distante e
pálido, de tal beleza. Os olhos dessa gente feliz reluziam com um brilho límpido.
Os seus rostos irradiavam uma razão e uma certa consciência que já atingiu a
plena serenidade, mas esses rostos eram alegres; nas palavras e nas vozes dessa
gente soava uma alegria de criança. Ah, imediatamente, no primeiro olhar que lancei aos seus rostos, entendi tudo, tudo! Essa era a terra não profanada pelo
pecado original, nela vivia uma gente sem pecado, vivia no mesmo paraíso em
que viveram, como rezam as lendas de toda a humanidade, os nossos
antepassados pecadores, apenas com a diferença de que aqui a terra inteira era
em cada canto um único e mesmo paraíso. Essas pessoas, rindo alegremente, se
achegavam a mim e me afagavam; levaram-me consigo, e cada uma delas queria
me apaziguar. Ah, não me fizeram nenhuma pergunta, mas era como se já
soubessem de tudo, assim me pareceu, e queriam expulsar o mais depressa
possível o sofrimento do meu rosto.

Ora, e daí que foi só um sonho?

O fato de que eles, sabendo tanto, não
possuíssem a nossa ciência. Mas logo entendi que a sua sabedoria se completava
e se nutria de percepções diferentes das que temos na nossa terra, e que os seus
anseios eram também completamente diferentes. Eles não desejavam nada e
eram serenos, não ansiavam pelo conhecimento da vida como nós ansiamos por
tomar consciência dela, porque a sua vida era plena. Mas a sua sabedoria era
mais profunda e mais elevada que a da nossa ciência; uma vez que a nossa
ciência busca explicar o que é a vida, ela mesma anseia por tomar consciência da
vida para ensinar os outros a viver; ao passo que eles, mesmo sem ciência,
sabiam como viver.

Os animais, que conviviam em paz
com eles, não os atacavam e os amavam, tomados que estavam pelo seu amor.

Às vezes me perguntava, espantado: como podiam
eles, durante todo o tempo, não ferir alguém como eu e nunca despertar em
alguém como eu sentimentos de ciúme e inveja?

Alegravam-se quando lhes vinham filhos, novos participantes da
sua beatitude. Entre eles não havia brigas e não havia ciúme, e nem sequer
entendiam o que significava isso. Os seus filhos eram filhos de todos, porque
todos formavam uma só família. Quase não tinham doenças, se bem que
houvesse a morte; mas os seus velhos morriam serenamente, como que
adormecendo, cercados de pessoas que lhes diziam adeus, abençoando-as,
sorrindo-lhes, enquanto eles próprios recebiam delas sorrisos luminosos de boa
viagem. Nunca vi dor nem lágrimas nessas ocasiões, havia apenas um amor
multiplicado como que até o êxtase, mas um êxtase calmo, pleno, contemplativo.
Podia-se pensar que eles continuavam em contato com os seus mortos mesmo
depois da sua morte, e que a morte não rompia a ligação terrena entre eles.

Sim, sim, o resultado foi que eu perverti todos eles! Como é que isso pôde
acontecer?não sei, mas lembro claramente. O sonho atravessou um milênio
voando e deixou em mim apenas a sensação do todo. Só sei que a causa do
pecado original fui eu. Como uma triquina nojenta, como um átomo de peste
infestando um Estado inteiro, assim também eu infestei com a minha presença
essa terra que antes de mim era feliz e não conhecia o pecado. Eles aprenderam a
mentir e tomaram amor pela mentira e conheceram a beleza da mentira. Ah, isso
talvez tenha começado inocentemente, por brincadeira, por coquetismo, por um
jogo de amor, na verdade, talvez, por um átomo, mas esse átomo de mentira
penetrou no seu coração e lhes agradou. Depois rapidamente nasceu a volúpia, a
volúpia gerou o ciúme, o ciúme?a crueldade... Ah, não sei, não me lembro, mas
depressa, bem depressa respingou o primeiro sangue: eles se espantaram e se
horrorizaram, e começaram a se dispersar, a se dividir. Surgiram alianças, mas
dessa vez umas contra as outras. Começaram as acusações, as censuras.
Conheceram a vergonha, e a vergonha erigiram em virtude. Nasceu a noção de
honra, e cada aliança levantou a sua própria bandeira. Passaram a molestar os
animais, e os animais fugiram deles para as florestas e se tornaram seus
inimigos. Começou a luta pela separação, pela autonomia, pela individualidade,
pelo meu e pelo teu. Passaram a falar línguas diferentes. Conheceram a dor e
tomaram amor pela dor, tinham sede de tormento e diziam que a verdade só se
alcança pelo tormento. Então no meio deles surgiu a ciência. Quando se
tornaram maus, começaram a falar em fraternidade e humanidade e entenderam
essas ideias. Quando se tornaram criminosos, conceberam a justiça e
prescreveram a si mesmos códigos inteiros para mantê-la, e para garantir os
códigos instalaram a guilhotina. Mal se lembravam daquilo que perderam, não
queriam acreditar nem mesmo que um dia foram inocentes e felizes. Riam até da
possibilidade de um passado assim para a sua felicidade, e o chamavam de
ilusão. Não conseguiam nem sequer concebê-lo em formas e imagens
(...)
E, no entanto, se pelo menos
fosse possível que eles voltassem àquele estado inocente e feliz do qual se privaram, e se pelo menos alguém de repente o mostrasse a eles de novo e lhes
perguntasse: querem voltar??eles certamente recusariam. Respondiam-me: ?E
daí que sejamos mentirosos, maus e injustos,sabemos disso e deploramos isso, e
nos afligimos por isso a nós mesmos, e nos torturamos e nos castigamos mais
até, talvez, do que aquele juiz misericordioso que nos julgará e cujo nome não
sabemos.
(...)
Cada um tornou-se tão cioso da sua individualidade que não fazia
outra coisa senão tentar com todas as forças humilhar e diminuir a dos outros, e a
isso dedicava a sua vida. Surgiu a escravidão, surgiu até a escravidão voluntária:
os fracos se submetiam de bom grado aos mais fortes, apenas para que estes os
ajudassem a esmagar os que eram ainda mais fracos que eles mesmos. Surgiram
os justos, que chegavam a essas pessoas com lágrimas nos olhos e lhes falavam
da sua dignidade, da perda da medida e da harmonia, da sua falta de vergonha.
Riam deles ou os apedrejavam. Sangue justo correu nas portas dos templos.
(...)
Por fim, esses homens
se cansaram desse trabalho absurdo, e nos seus rostos apareceu o sofrimento, e
esses homens proclamaram que o sofrimento é a beleza, já que no sofrimento
existe razão. Eles cantaram o sofrimento nas suas cantigas. Eu andava no meio
deles, torcendo as mãos, e chorava diante deles, mas os amava, talvez, até mais
do que antes, quando nos seus rostos ainda não havia sofrimento e quando eram
inocentes e tão belos. Passei a amar a terra por eles profanada ainda mais do que quando era um paraíso, só porque nela surgia a desgraça. Infelizmente, eu
sempre amei a desgraça e a dor, mas somente para mim mesmo, para mim
mesmo, enquanto que por eles eu chorava e tinha pena. Estendia-lhes os braços,
me culpando, me amaldiçoando e me desprezando em desespero. Dizia-lhes que
eu é que tinha feito tudo isso, só eu; eu é que lhes tinha trazido a perversão, a
doença e a mentira! Implorava-lhes que me pregassem numa cruz, ensinava-lhes
como se faz uma cruz.
(...)
Mas eles apenas riam de mim e passaram a me ver como um doido varrido. Eles
me justificavam, diziam que tinham recebido apenas aquilo que eles mesmos
desejavam, e que tudo o que havia agora não poderia deixar de haver. Por fim,
anunciaram-me que eu estava me tornando um perigo para eles e que me
trancariam num hospício se eu não calasse a boca. Então a dor entrou na minha
alma com tanta força que o meu coração se oprimiu e eu senti que estava prestes
a morrer, e foi aí... bem, foi aí que eu acordei.

Naquele mesmo minuto decidi que iria
pregar, e é claro que pelo resto da minha vida! Eu vou pregar, eu quero pregar ?
o quê? A verdade, pois eu a vi, eu a vi com os meus próprios olhos, eu vi toda a
sua glória!
E desde então é que estou pregando!

É que agora vejo tudo isso claro como o dia.

[...] todos seguem em
direção a uma única e mesma coisa, pelo menos todos anseiam por uma única e
mesma coisa, do mais sábio ao último dos bandidos, só que por caminhos
diferentes. Isso é uma velha verdade.
(...)
Porque eu vi a verdade, eu a vi e sei que as
pessoas podem ser belas e felizes, sem perder a capacidade de viver na terra.
Não quero e não posso acreditar que o mal seja o estado normal dos homens. E
eles, ora, continuam rindo justamente dessa minha fé. Mas como vou deixar de
acreditar: eu vi a verdade?não é que a tenha inventado com a mente, eu vi, vi, e
a sua imagem viva me encheu a alma para sempre. Eu a vi numa plenitude tão
perfeita que não posso acreditar que ela não possa existir entre os homens.
Assim, como é que eu vou me desencaminhar? Vou me desviar, é claro, várias
vezes até, e vou usar, talvez, palavras alheias inclusive, mas não por muito
tempo: a imagem viva daquilo que vi vai estar sempre comigo e sempre vai me
corrigir e me dirigir. Ah, eu estou cheio de ânimo, eu estou novo em folha, eu
vou seguir, vou seguir, ainda por mais mil anos! Sabem, eu queria até esconder,
no começo, o fato de que eu tinha pervertido todos eles, mas foi um erro?aí está
o primeiro erro! A verdade, porém, me cochichou que eu mentia e me guardou e
me aprumou o passo. Mas como instaurar o paraíso?isso eu não sei, porque não
sou capaz de transmitir isso em palavras. Depois do meu sonho, perdi as
palavras. Pelo menos todas as palavras principais, as mais necessárias. Mas não
importa: vou seguir e vou continuar falando, incansável, porque apesar de tudo
vi com os meus próprios olhos, embora não seja capaz de contar o que vi. Mas é
isso que os ridentes não entendem: ?Viu um sonho, dizem, delírio, alucinação?.
Eh! Que sabedoria é essa? E como eles se vangloriam! Um sonho? o que é um
sonho? E a nossa vida não é um sonho? E digo mais: não importa, não importa
que isso nunca se realize e que não haja o paraíso (já isso eu entendo!)?bem,
mesmo assim vou continuar pregando. E no entanto é tão simples: num dia
qualquer, numa hora qualquer- tudo se acertaria de uma vez só! O principal é ?
ame aos outros como a si mesmo, eis o principal, só isso, não é preciso nem mais
nem menos: imediatamente você vai descobrir o modo de se acertar. E no
entanto isso é só?uma velha verdade, repetida e lida um bilhão de vezes, e
mesmo assim ela não pegou! ?A consciência da vida é superior à vida, o
conhecimento das leis da felicidade?é superior à felicidade??é contra isso que
é preciso lutar! E é o que vou fazer.

E, quanto àquela menininha, eu a encontrei... E vou prosseguir! E vou prosseguir!
Húdson Canuto 27/03/2022minha estante
Ainda preparando o espírito para ler os russos... são muito completos e complexos!


Alane.Sthefany 27/03/2022minha estante
Realmente eles são. Mas recomendo você optar pelas edições atuais e mais fáceis. E quem sabe, reler o livro em uma linguagem mais antiga.

Você vai amar, O Sonho de Um Homem Ridículo ???


Canoff 28/03/2022minha estante
Eu recomendo ler o calhamaço Crime e Castigo.


Alane.Sthefany 28/03/2022minha estante
Robson,

Estou de olho nele, o "Idiota", e "Os Irmãos Karamázov" ?

Obrigado! ?


Júnior 06/04/2022minha estante
Da literatura que mais aprecio. ?


Alane.Sthefany 06/04/2022minha estante
O cara realmente era muito bom ??

Vi que as pessoas recomendam bastante quando gostam de ler ele, o autor Tolstói também.

Ainda não li nada dele, mas já coloquei na minha lista. ???




Rosangela Max 13/10/2021

Contrastes.
Dois contos muito bons.
A preocupação de um ser em esconder seus sentimentos e depois se arrepende de não os ter expressado. E o incômodo de um ser que se enxerga como anestesiado em relação ao sentir e depois descobre que sente até demais.
Escrever sobre sentimentos e pensamentos conflitantes é a especialidade de Dostoiévski.
comentários(0)comente



Pedróviz 14/07/2021

Duas Narrativas Fantásticas
O livro Duas Narrativas Fantásticas reúne dois contos fantásticos. Quero crer que aqui o termo 'fantástico' signifique admirável, pois se tratam de dois contos que lidam com o âmago da realidade da natureza humana, tão bem retratada na obra de Dostoievski. O autor, como sempre, trabalha com os pés bem no chão no campo psicológico em ambas as narrativas do livro, sendo que a primeira, A Dócil, retrata a situação de convívio de paixões (afetos) antagônicas nas almas dos protagonistas e expõe o egocentrismo disfarçado em amor. Em O Sonho de Um Homem Ridículo temos, em um ótimo conto, a história de um homem que ao se sentir o mais ridículo dos homens, pensa em se matar e compra um revólver, mas vai postergando seu plano, tentativa após tentativa. Um dia sonha com a utopia de um mundo perfeito. Noutro dia encontra uma criança pobre na rua que precisava de sua ajuda. Não direi mais.
A leitura do segundo conto faz valer a pena o livro, que avalio em 4/5.
comentários(0)comente



Maria2140 17/05/2023

Esplêndido
Terminei tem uns 3 dias já, acabei me esquecendo de vir aqui.

o livro é muito cativante, a narrativa é maravilhosa, envolvente etc. gostei muito mais de "A dócil" do que de "O sonho de um homem ridículo", mas ambos são bons, bem escritos e despertam muitas emoções
comentários(0)comente



resenhasdajulia 27/01/2022

Em "A Dócil", um homem está diante do corpo de sua mulher morta, em cima da mesa. Ela se suicidou e ele, desnorteado, procura entender o porquê.

Em "O Sonho de Um Homem Ridículo", conhecemos as angústias de um homem que não acredita mais nas pessoas e nem na vida, e quer desistir de tudo. E, após um sonho, passa a enxergar as coisas de outra maneira.

Dois contos que retratam a natureza humana e que me fizeram admirar ainda mais a escrita do autor!
comentários(0)comente



Evy 12/07/2021

Esse livro fez com quem eu entendesse que Dosto é realmente um autor sensacional e que eu leria até a lista de compras dele. São duas novelas que vão mostrar pra gente bastante do ser humano e trazer críticas e reflexões muito importantes.

Em A Dócil, um homem de 40 anos, estabilizado economicamente já que é dono de uma casa de penhores está diante do corpo de sua mulher morta em cima da mesa. Ela se suicidou e desnorteado, este homem começa a andar pela casa e tentar ligar os pontos da história dos dois para compreender.

Nos contando através de uma narrativa rápida como um fluxo de consciência, ele nos relata como os dois se conheceram, ele um ex-oficial que tem fama de covarde já que abandonou o serviço militar, porém recebeu uma herança e monta sua loja de penhor onde coloca em prática as leis da sociedade da época, e ela, uma jovem de 16 anos que passa por dificuldades e procura penhorar alguns pertences para sobreviver.

Sentindo-se da mesma forma como no trabalho que conduz de forma racionalista e fria e onde pode decidir o valor dos objetos e portanto o rumo da vida das pessoas, o protagonista sente que pode ajudar a moça casando-se com ela, evitando um outro casamento arranjado com quem ela não amava e dando-lhe uma vida estável. Porém sua forma de trabalhar acaba criando uma carapaça em sua personalidade e causa um silêncio e uma distância entre os dois que acabará por culminar no desfecho trágico.

O que fica dessa novela pra mim é o quanto o diálogo é importante, principalmente quando decidimos dividir a caminhada com alguém. Silêncios podem ser preenchidos com as mais diversas loucuras e muitas vezes, podem acabar muito mal.

Em O Sonho de Um Homem Ridículo, vamos conhecer as agruras de um rapaz que se sente ridículo, melancólico e descrente da vida e de todos a sua volta. Ele compra um revólver e todos os dias tenta, sem sucesso, tirar a própria vida. Acometido de insônia, acaba por passar as noites acordado em sua poltrona tentando encontrar uma razão.

Porém, num dado dia, voltando pra casa, uma criança pedindo ajuda lhe chama a atenção, mas acaba por se desvencilhar dela se sentindo bastante culpado depois. Neste dia, acaba adormecendo em sua poltrona em frente ao revólver carregado e tendo um dos sonhos mais espetaculares com uma vida utópica em outro planeta. Ao acordar desse sonho, o jovem consegue refletir sobre as tragédias da vida e olhar pra isso com outros olhos.

"A consciência da vida é superior à vida, o conhecimento das leis da felicidade – é superior à felicidade – é contra isso que é preciso lutar!"

Dostoiévski mostra a genialidade de sua narrativa nessas pequenas novelas, cujos personagens não tem nome e nos fazem pensar na temporalidade das coisas. A forma como desenvolve as histórias encaixando os pontos e trazendo as reflexões importantes e necessárias ao nosso conhecimento é sensacional! E diferente do que sempre imaginei, não é uma leitura super complicada e impossível, pelo contrário.

Super recomendo a leitura!
Silvestarley Oliveira 12/07/2021minha estante
Ótima resenha!


Evy 24/07/2021minha estante
Obrigada Silvestarley!




Carolina.Gomes 15/01/2023

Narrativas fantásticas de Dostô
Depois de ler O idiota, achei que não leria outro Dostô, tão cedo, mas minha relação com ele é assim: um dia estou odiando e depois? amando de novo.

Comecei a dócil odiando o personagem principal masculino, um narrador manipulador, desprezível que se casa com uma moça humilde, bem mais nova, abusando do poder econômico que detém. Ele não é só um sujeito insuportável, como também se orgulha disso. Mas o que eu não gostei, nessa novela, foi a excessiva repetição de pensamentos, palavras e o ritmo lento da narrativa.

O sonho do homem ridículo me trouxe de volta o Dostô dos Karamazov e de Crime e Castigo? o cara que bota você pra refletir sobre a vida, a partir de um sonho, aparentemente louco, de um sujeito qualquer. O início da novela já me pegou em cheio e eu adorei. Além das reflexões filosóficas, temos uma narrativa mas ágil e interessante.

Ambas tratam do tema suicídio sob aspectos diferentes e são novelas curtas cuja leitura eu recomendo.
Eliza.Beth 19/01/2023minha estante
Aeeeeeeeeee




Mateus Almeida 01/03/2014

Uma efêmera análise de algo muito maior.
Embora os contos tenham sidos publicados juntos em seu original, irei "analisa-los" de forma separada.

A Dócil

A Dócil, consolida para mim a forma genial que Dostoiévski compõem seus personagens, sempre vivos, tocantes e extremamente verossímeis. O que pode um homem pensar ao tentar reconstruir os motivos do suicídio de sua amada diante do corpo da mesma? Dostoiévski cria o cenário perfeito para a profundida de sua literatura, cenário este onde os mais absurdos pensamentos podem ser aceitos e diante dessa cena que somos introduzidos em A Dócil.

Assim que nos deparamos com o início da narrativa tudo parece em resumir-se em um homem que perdeu sua amada e quer descobrir o motivo de seu suicídio. Impressão que muda quando a narrativa começa a se desencadear, aos poucos percebemos as reais intensões do personagem. Ele não quer descobrir o que afligia sua amada, ele quer entender porque ela se matou e o causou tanta dor a ele, a dor pessoal supera as dores dos outros. Dostoiévski só consegue esse confição graças a maneira brilhante que trabalha com o inconsciente de seus personagens.O que nós somos quando temos nosso pensamentos expostos, longe de qualquer artifício do discurso?

Outro ponto interessante é a semelhança da obra de Dostoiévski com o pensamento de Arthur Schopenhauer, principalmente em suas visões sobre a felicidade e existência.

"A casmurrice! Ah, a natureza! Os homens estão sozinhos na terra essa é a desgraça! Há algum homem vivo nesses campos? grita o bogatir russo. Também grito eu, que não sou bogatir, e ninguém dá sinal de vida. Dizem que o sol anima o universo. O sol vai nascer e olhem para ele, por acaso não é um cadáver? Tudo está morto, e há cadáveres por toda a parte. Há somente os homens, e em volta deles o silêncio essa é a terra! Homens, amai-vos uns aos outros quem disse isso? De quem é esse mandamento? O pêndulo bate insensível, repugnante. Duas horas da madrugada. As suas botinhas estão junto da cama, como que esperando por ela Não, é sério, quando amanhã a levarem embora, o que é que vai ser de mim?"

---------------------------------------------------------------------
O Sonho de um homem ridículo

Não acho palavras para descrever um dos contos mais brilhantes que já li. Em apenas 32 páginas Dostoiévski desconstrói todo o mundo moderno -contemporâneo. Não ouso-me a escrever mais nenhum palavra.

"Me parecia insolúvel, por exemplo, o fato de que eles sabendo tanto, não possuíssem a nossa ciência. Mas logo entendi que a sua sabedoria se completava e se nutria de percepções diferentes das que temos na nossa terra, e que seus anseios eram também completamente diferentes. Eles não desejavam nada e eram serenos, não ansiavam pelo conhecimento da vida como nós ansiamos por tomar consciência dela, porque sua vida era plena. Mas a sua sabedoria era mais profunda e mais elevada do que a nossa ciência, uma vez que a nossa ciência busca explicar o que é a vida, ela mesma anseia por tomar consciência da vida para ensinar os outros a viver, ao passo que eles, mesmo sem ciência, sabiam como viver, e isso eu entendi, mas não conseguia entender a sua sabedoria"
comentários(0)comente



Tiago.Cecconello 21/02/2023

O sonho de DOIS HOMENS RIDÍCULOS
Elogiar Dostoiévski é chover no molhado. Qualquer obra que ele escreveu é espetacular. Esses dois contos fantásticos abordam duas questões importantes de maneira criativa e profunda: o terrorismo psicológico e o niilismo/positivismo.

Em A Dócil, um livro verdadeiramente feminista - não esse feminismo barato e chulo que vemos hoje em dia, que enfia crucifixo na vagina e quer impor, de maneira fascista, o identitarismo -, Fiódor mostra de maneira brilhante a opressão e pressão psicológica um indivíduo ressentido e reprimido impõe cruelmente à sua mulher para descontar os seus fracassos e sua masculinidade frágil. Nessa obra, como em todas as outras do escritor russo, vemos uma análise profunda da psique humana na construção brilhante de um personagem atormentado pela sua consciência. Esse livro lembra que, todos os dias, convivemos com pessoas que, muitas vezes, carregam dores e problemas que não conhecemos ou que, nós mesmos, ajudamos a potencializar. Às vezes, essas pessoas chegam a pedir ajuda, mas não recebem nossa atenção. O único caminho que sobra a elas é o suicídio. Por isso, muito cuidado com a forma como você trata outro ser humano, sobretudo aqueles que convivem mais tempo com você.

Em o Sonho de um Homem Ridículo, Dostoiévski, na verdade, fala de dois homens tidos como ridículos: o niilista/positivista e o utópico. Esse conto lembra muito O Idiota, obra-prima do próprio autor, que coloca em conflito o idiota que menospreza todos os valores e tradições x o idiota que acredita que o mundo pode ser um lugar melhor. Porém, uma coisa é ser um IDIOTA maiúsculo, aquele que nega tudo e acha que lutar por um mundo melhor é inútil, outra coisa é ser um idiota que acredita que o mundo pode ser um lugar melhor. O primeiro é um idiota absoluta, o segundo, é idiota apenas para quem é um idiota absoluto. Ou seja, ser visto como idiota por pensar utopicamente é um elogio.

O homem ridículo dizia que não se importava com nada, nem com uma criança desamparada, mas ninguém pode fugir da consciência (de novo ela, o elemento-chave dostoievskiano). Até o maior dos assassinos tenta esconder seu crime, pois sabe, em sua consciência, que está errado. Essa mesma consciência atormenta nosso personagem, mostra que ele estava errado, mas, enquanto está acordado, ele pode criar subterfúgios racionais para ignorar ou empurrar esses incômodos para debaixo do tapete. Porém, no sonho não tem escapatória. Ele possibilita que a catarse aconteça. E nosso homem ridículo por achar que pode ignorar o mundo e os valores, agora se torna um homem ridículo por acreditar em utopias, ajudar criancinhas e desejar o amor ao próximo. Convenhamos, é melhor ser um ridículo utópico, que acredita na vida, do que ser um ridículo niilista que lava as mãos.

Eu poderia ficar escrevendo aqui eternamente, pois a obra do mestre russo é tão intensa e profunda que desperta a ridícula ingenuidade de achar que esse texto será lido por alguém e poderá ajudar a disseminar essas histórias fantásticas e essenciais para mais brasileiros, de forma que a mensagem utópica de Dostoiévski toque o coração ridículo de mais gente.

Clara.Gordiano 21/02/2023minha estante
Resenha sensacional..


Tiago.Cecconello 21/02/2023minha estante
Obrigado




Jardim de histórias 03/12/2022

A consciência da vida é superior à vida...
Senti de repente que para mim dava no mesmo que existisse um mundo ou que nada houvesse em lugar nenhum. Passei a perceber e a sentir com todo o meu ser que diante de mim não havia nada. Parecia-me evidente que, se eu não sou um homem e ainda um nada, e enquanto não me transformei num nada então estou vivo, e posso sofrer por meus atos.

No auge da escatologia, Dostoiévski rompe a fronteira dos livros, aprofundando em temas como Niilismo, culpa, existência, indiferença, transcendência. Um verdadeiro olhar para dentro de si. E nessa introspecção, teremos uma reflexão sobre a vida e seus aspectos que nos fará pensar muito! Como é sublime a capacidade de Dostoiévski se aprofundar no sofrimento humano, dando um sentido ou sentimento totalmente tangível! No sonho de um homem ridículo, a experiência extra sensorial que ocorre durante o sonho utópico do narrador é inverossímil a razão, mas, simultaneamente, completamente impactante e necessário ao obscurantismo que horas nos assombram. Percebemos, que o suicídio está presente nas histórias, porém, mais na condição de não existencialidade do que a de culpa. E assim, por essas e outras, que Dostoiévski tem essa capacidade habitacional de residir e permanecer em nossa consciência.

Ele é o cara!
Jardim de histórias 03/12/2022minha estante
Na página 117 no capítulo 5, temos uma crítica analítica bastante robusta do aspecto Dostoievskiano sobre o indivíduo e suas perversões. Fantástico!




Breno 24/06/2021

A Dócil???
O Sonho de um Homem Ridículo????

Não gostei tanto do primeiro conto, talvez uma releitura resolva, achei confuso em vários momentos e o final meio vazio. Com o segundo conto foi o contrário, a leitura foi mais fluida e necessária em cada frase.
comentários(0)comente



Gabriel Torres 10/12/2022

Texto niilista, existencialista. É ler e se sentir pisando na neve do chão de Moscou, caminhando por uma noite escura sem ter para onde ir e buscando a si mesmo em cada esquina, em cada janela acesa.

o desejo sendo utópico para o sujeito medíocre o permite sonhar e se livrar dessa mediocridade que o acorrenta a um mundo que para ele não faz sentido pelo fato dele não fazer sentido nesse mundo, feito um trem que não tem trilhos.
comentários(0)comente



Karuê 28/02/2023

Fantástico
Incrivelmente detalhado, nos faz sentir como parte da obra, intenso e posso dizer que apresenta ideias a se refletir.
comentários(0)comente



Luan 12/06/2021

F A N T Á S T I C O
?A Criatura Dócil? nem tanto, por se similar ao "noites brancas" onde ambos protagonistas são pessoas bem perturbadas mentalmente, mas, ?O Sonho De Um Homem Ridículo? é fantástico com aquele tom melancólico e dramático. Surpreendente o pensamento final, digno de reflexão. Eu curti bastante e espero logo mais apreciar outra obra do Dostô.
comentários(0)comente



296 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR